Nunca diga que as coisas não podem ficar piores porque elas ficam acredite. Eu estava treinando juntamente com a familia Cullen e os Meio-Sangues do acampamento, havia uma semana que eu havia descoberto quem eu era, mas no fim eu não sabia quem eram meus pais.

 Alguns (a maioria pode se dizer) dos Meio-Sangue não falavam comigo, não sabia lhes dizer se era medo, ou por inveja, ciúmes, mas eles quase nunca me dirigiam a palavra, quando todos souberam que eu era filha de um dos grandes Deuses a coisa ficou ainda pior, todos diziam que eu tinha tratamento especial, etc.

 Junto com Edward e Alice, eu descobri meu poder vampírico; eu poderia usar o poder de qualquer vampiro desde que ele esteja por perto, isso significava que no dia da batalha eu usaria muitos poderes. Edward era minha perdição em pessoa, aquele sorriso torto que deixavam todas as mulheres loucas, aquela risada rouca e perfeita, eu sabia perfeitamente que ele nunca me olharia como mulher, todos me tratavam como irmã, mas eu sentia dentro de mim que merecia mais.

 Estavamos todos reunidos perto da floresta para que Quiron pudesse nos dizer o que queria, os Cullen não podiam participar das atividades do acampamento então eles estavam sentados um pouco longe de nós, eu agradeci por isso, usaria meus poderes nessa atividade seja ela qual for.

– Ok pessoal, muitos de vocês já conhecem esse jogo, vamos brincar de capturar a bandeira. – Ele disse e logo gritos foram ouvidos, Annabeth (filha de Athenas), Percy (Filho de Poseidon e namorado de Annabeth) e Clarisse estavam do meu lado e riram para mim.

– Não importa em qual equipe você cairá, terá algum de nós para lhe ajudar não se preocupe. –Annabeth disse e passou a mão por meu cabelo.

 Annabeth era uma ótima garota, ela era bem mais velha que eu, com 17 anos. Eles me contaram que salvaram o Olimpo no ano anterior por isso eram como celebridades para os Meio-Sangues.

– Vamos lá na equipe azul teremos... – Ele olhou no papel rindo. – Isso vai ser interessante. – Ele resaltou. – Os chalés de Zeus (que não há nenhuma criança), o chalé de Athenas, Poseidon, Hermes, Apolo, Hera (que tambem não há ninguém), e acredito eu que a de Hermes deva ajuda-los. – Na outra teremos Hades, Ares, Arthemis (que não a ninguém), Afrodite, Hefesto e Dionisio. – Bom, a regra é simples: quem pegar a bandeira primeiro ganha, agora todos para seus postos.

 Assim eu corri ao lado de Annabeth e Percy e os outros para dentro da floresta, ao pararmos do nosso lado todos fizeram uma roda para ouvir Annabeth falar, afinal Athenas era conhecida por sua estratégia em luta.

– Ok, vocês vão por aquele lado e vocês por ali. – Annabeth comandou.

– Annabeth. – Chamei, ela me olhou e sorriu. – Se importa de eu ir com a equipe que pega a bandeira?

– Você nem conhece o jogo. – Um garoto disse rindo tentando me humilhar.

– Mas tenho poderes que você não tem. – Eu ressaltei. – Veja, se Edward continuar onde está eu posso ler a mente das pessoas e prever o que elas vão fazer.

– Isso parece útil. – Uma garota disse, filha de Apolo.

– Ok. Bella, Percy e eu ficamos com a bandeira, o resto de vocês protejam nossa bandeira. –Annabeth ordenou e logo estavamos tomando nossas posições esperando um sinal.

– Se vamos lutar com Clarisse estamos em problemas certo? Afinal o pai dela é o Deus da Guerra. – Eu disse.

– É por que você não viu colocarem os filhos de Athenas com os filhos de Ares, é assustador. – Um dos filhos de Hermes disse nos fazendo ri.

Ouvimos um barulho e era nossa deixa. Corremos nos afastando de todos, lutamos e desviamos de golpes, uma espada estava em minha mão e eu tinha que me lembrar o tempo inteiro que apesar de não ser tão fortes como um vampiro, eu ainda era mais forte que os humanos, minha velocidade também me ajudou muito, logo Annabeth e Percy estavam lutando com alguns e gritaram para mim seguir em frente sozinha, eu corri como vampira e quase não fui vista, quando ia pegar a bandeira ouvi o barulho de algo vindo em minha direção e desviei, uma lança que ótimo.

– Não tão rapido. – Nico, filho de Hades, disse e eu me virei em sua direção.

– Ora Nico, eu achei realmente que você estaria do outro lado do campo nesse momento. – Eu disse levantando a sombracelha, realmente havia imaginado ele e Clarisse do outro lado do campo, afinal eram os melhores.

– Não somos filhos de Athenas, Bella, mas era lógico que você, Percy ou Annabeth eram quem pegaria a bandeira. – Ele disse e deu um passo na minha direção e atacou.

 Desviei do seu golpe e tentei acertá-lo, ele também desviou, percebi olhares em nossa direção, agradeci por Edward estar ali e comecei a ler a mente de Nico. Ele tentou trapassear, se é que nesse jogo isso existe, e abriu um buraco no chão, impucionei meus joelhos e pulei para trás, usei minha velocidade para ele não me visse e fui para trás dele.

– Bu. – Eu disse e coloquei a espada em seu pescoço. Sem nenhum corte, sem nenhum arranhão, eu tinha derrotado Nico.

 Andei para a bandeira ouvindo aplausos e a toquei rindo, a levantei e apontei para Nico, não podiamos dizer que eramos amigos, mas definitivamente não eramos inimigos. Clarisse sorriu para mim um pouco mais longe.

 Para nossa surpresa o céu se fechou sobre nossas cabeça muito rápido. Eu continuei olhando para cima onde raios ricocheteavam, fiquei parada onde estava enquanto todos pareciam saber o que acontecia. Segundo Quiron a magia do lugar não deixava que ouvesse mudança de clima, a não ser que os deuses estivessem zangados ou querendo brincar conosco. Ouvi um passo atrás de mim e me virei pronta para me defender, foi quando eles entraram no meu campo de visão.

Vestindo preto e com um brasão em seus sobretudo, a mulher que os liderava era branca como a neve, seus olhos tão castanhos chegando ao chocolate, seus cabelos na mesma cor que o meu, ali eu sabia que ela era minha mãe.

– Reneé querida isso é você? – Quiron questionou apontando para o céu.

– Não Quiron, não sou eu. – Ela disse sem desviar os olhos de mim.

Então como todos ali perceberam o modo como ela me olhava e começaram a cochichar que aquela era minha mãe e que agora eu teria mais alguns para me mimar e o monte de coisa, foi quando eu me irritei e fechei os olhos, Jasper estava ao meu lado no minuto seguinte com as mãos no meu ombro tentando me acalmar. Eu o olhei agradecida e me preparei para ir a minha mãe, mas no segundo passo eu senti algo me atingir, não foi doloroso, olhei para minhas mãos e eu brilhava, prendi a respiração sabendo que aquilo significava que eu estava sendo reclamada por meu pai. Ouvi pessoas surpresas, olhei para Percy, Annabeth, Clarisse e Nico que estavam tão chocados como os outros e olhei para cima.

 Um grande raio estava sobre minha cabeça e naquele momento o que não poderia ficar pior, piorou. Ser filha da Rainha dos Bruxos, sendo ela uma meia-vampira bruxa, já não era a melhor coisa, ser filha de um dos três grandes não ajudava, mas ser filha de Zeus, bom naquele momento eu sabia que eu estava fudida.

– Parece que eu cheguei a tempo. – Reneé disse sorrindo.

– Pessíma hora. – Eu disse e soltei minha espada, passando em direção os chalés sem olhar para trás. Senti que iria explodir de tanta raiva! Eu estava com raiva de todos os semi-deuses por ficarem me tratando ruim, estava com raiva de Reneé por ter abdicado de mim e estou com raiva de Zeus por ser meu pai e ter me querido morta, se não fosse a profecia era o que tinha acontecido.

 Entrei no chalé de Hermes, peguei minhas coisas e entrei no chalé de Zeus sentindo os olhares dos Cullens e de alguns semi-deuses. Chutei a porta com uma força desnecessária.

– Eu lhe odeio Zeus. – Eu disse olhando para a estátua dele que há no chalé.

– Não faça isso filha. – Reneé disse quando eu estava prestes a destruir a escultura de Zeus a minha frente.

– Eu também odeio você, acredite. – Eu disse a encarando.

– Eu sei. – Ela disse e respirou fundo. – Veja Bella, eu entendo toda sua dor, odiei por muitos anos todos os bruxos e vampiros que não fossem os Cullen, mas agora eu entendo que sou um deles e o passado não importa.

– Importa para mim. – Eu disse. – Zeus me quis morta e eu só estou viva por que a porcaria de um Oráculo teve uma profecia ao meu respeito. Porque Zeus, inferno, poderia ser qualquer um, menos Zeus.

– Qual o problema? – Ela questionou.

– Você viu o tratamento que eu recebo dos semi-deuses, isso agora vai piorar. – Eu disse sentindo lágrimas lavarem meu rosto. – Eu não queria ser diferente.

– Ser diferente é bom querida, te faz única. – Ela disse e me abraçou. – Senti tanto a sua falta, meu bebê. – Ela sussurrrou no meu cabelo enquanto eu chorava. – Não se preocupe sim, não faça nada por Zeus, nem por mim, nem por aqueles que não gostam de você. Faça por você, por seus amigos, por aqueles que merecem.

– Tem noção do tamanho dessa responsabilidade Reneé? – Questionei enxugando os olhos. – Eu posso salvar os três mundos ou eu posso destruí-los.

– No fim são quatro. – Ela disse calmamente me puxando para a cama que ali havia.

– Como? – Questionei me sentando.

– Se uma guerra começar em qualquer mundo afeta o mundo humano. – Ela disse. – Veja, temos os mundos Vampiro, Bruxo e dos Semi-deuses, mas também há o mundo humano.

– Ótimo! – Eu disse me jogando para trás deixando meu corpo bater no colchão.

– Não se preocupe querida, você se sairá bem. – Ela disse. – Lhe ensinaremos tudo que você deve saber.

 A verdade estava ali, eu não poderia mudá-la. Olhei para o teto enquanto o silencio prevalecia no local, ela acariciava minha mão enquanto eu tentava colocar as ideias no lugar, mas parecia que não havia uma segunda opção. Porque a segunta opção não era algo aceitável, eu não poderia simplesmente mudar de lado ou não lutar, quatro mundos precisavam de mim e três dos mundos estavam em mim, no meu sangue, na minha pele, nos meus olhos. Olhos como a tempestade, olhos como o céu nebuloso que esteve a pouco do lado de fora, mas agora não era mais só meus olhos que eram tempestuosos e nebulosos isso incluia também a minha mente.