My Happy Pill escrita por Gabby


Capítulo 28
Devaneio de Verão


Notas iniciais do capítulo

FÉÉÉÉRIAAAS! A propósito, oi. Espero que gostem do capítulo.
AGRADECIMENTOS:
Rukia (cara, eu amei essa palavra: "brutal", que você usou para descrever a fic)
Matsumoto Naumy
Rachel Nelliel



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/275779/chapter/28

Capítulo 28

Devaneio de Verão

Se te comparo a um dia de verão,

És por certo mais belo e mais ameno.

O vento espalha as folhas pelo chão

E o tempo de verão é bem pequeno.

As vezes brilha o sol em demasia,

Outras vezes desmaia em tristeza;

O que é belo declina em um só dia,

Na eterna mutação da natureza.

Mas em ti o tempo de verão será eterno,

E a beleza que tens não perderá;

Nem chegará da morte ao triste inverno:

Nestas linhas com o tempo crescerás.

E enquanto nessa terra houver um ser,

Meus versos vivos te farão viver

William Shakespeare, Soneto XVIII

O sol nascia quadrado por aquela janelinha irritantemente minúscula que havia perto da mesa de Halibel. Sua mesa ficava antes da sala de Hitsugaya, onde antigamente —embora ainda tendo algumas cadeiras e aquele bendito bebedouro— ficava a sala onde ela esperara tão ansiosamente pelo seu emprego. O sol tinha um brilho fraco e branco, e ela já havia se acostumado —até gostava —do cheiro do gelado ar de ar condicionado daquela empresa.

As horas naquela empresa eram até boas horas. Ao contrário de outras áreas, á da publicidade, por exemplo, o silêncio era dominante. Geralmente, naquela sala, era só ela; algumas vezes aparecia mais alguém para falar com Hitsugaya, mas isso não era constante. Rangiku, que voltara a trabalhar, não ficava muito em sua sala; ela vagava pela empresa inteira, fazendo-sei-lá-o-que que Matsumoto julgava importante, e como Hitsugaya não reclamava, possivelmente era. Rangiku gostava de Halibel e, embora não conversassem muito, Halibel também gostava da ruiva.

Ela, inicialmente, pensara que veria mais Stark, sendo que trabalhavam na mesma empresa. Mas isso não acontecia; eles se viam apenas no intervalo do almoço e na hora de ir embora. O departamento de contabilidade era muito longe do de Halibel para ela poder abandonar a mesa por alguns minutinhos para conversar com Stark.

Mas, ah, se a presença de Stark fosse substituível, seria pela de Hitsugaya.

Aquele garoto de catorze anos, o chefe dela, parecia ter uma grande simpatia por ela e ela por ele. Eles conversavam entre uma hora e outra, quando não tinham nada para fazer, e perceberam que tinham muito em comum. Suas conversas eram inteligentes e interessantes; não eram pessoais, mas Halibel já sentia que conhecia Hitsugaya Toushiro, afinal eles partilhavam todas as suas ideologias, e ideologias fazem o homem.

Havia também aquela garota, Hinamori Momo, uma menina de cabelo castanho e olhos tímidos. Era uma menina doce e gentil; e Halibel via como ela deixava Toushiro —ou Shiro-chan, de acordo com Hinamori. Ela sorria ao vê-los, as brincadeiras que faziam, as bochechas coradas de Hitsugaya, e ficava feliz ao ver que alguém podia derreter o coração de gelo de seu chefe. Ela aparecia ali —sempre que podia —no período da tarde, já que estudava de manhã.

Sua faculdade era, digamos, legal. Ela gostava dos professores, achava que ensinavam bem; e gostava do que estava estudando, e isso era o essencial; o resto era só resto. Estudava no período da noite, e os trabalhos, assim como os estudos, quando não estavam muito atarefados, Hitsugaya deixava a morena fazer no trabalho. Claro que os finais de semana, folgas dela, geralmente tinham pelo menos a metade de sua duração reservada para os estudos da faculdade.

Apesar disso, apesar de uma vida razoavelmente agradável e feliz, ela sentia falta de seu antigo lar. Sentia falta da água gelada do mar; de suas amigas; do surf; de tudo. Sentia falta de poder observar animais marinhos, na água cristalina do mar de sua cidadezinha. Sentia falta dos respingos de água quando atravessava uma onda; sentia falta do sol ardente e das queimaduras. Sentia falta das conversas idiotas que tinha com suas amigas; sentia falta dos risos delas e do próprio riso. Sentia falta dos turistas, bobos e alegres. Sentia falta dos namoricos de verão; até das cantadas ridículas passadas por outros surfistas.

Aspirou e sentiu o cheiro de mar, areia e madeira. Viu-se no seu quiosque favorito, tomando água de coco, a dona do quiosque que a conhecia do outro lado do balcão, conversando com ela. A água do mar respingando no chão, a prancha na sua mão. Virou-se e viu atrás de si seus amigos, sentados em uma mesa, uma cadeira reservada para ela, rindo e sorrindo.

De repente estava no mar, dentro de uma onda. O sol se punha pela passagem ainda aberta no final do túnel da onda, a luz alaranjada iluminando o cabelo de Halibel, e fazendo uma mistura bonita de cores no céu. Ela olhou para o lado, e viu a sombra de peixinhos nadando na onda. Sorriu, franzindo o nariz e respirando o sal do mar. Sentiu a água respingando em si, e estendeu a mão para tocar a onda. Olhou fixamente para a passagem que ela sairia depois, o sol laranja, as gaivotas; e o tempo parou, como sempre parava para Halibel nesta hora, os respingos de água voando lentamente na frente dos seus olhos —ela sentia-se infinita.

O telefone tocou, um barulho irritante como o de um despertador; ela nunca o odiou tanto. O telefone acabara de a tirar de um bonito e realístico devaneio de verão.

ﺶﺶﺶ

Orihime teve um pesadelo. Ela estava em um gigantesco castelo, trancafiada, uma meia-lua se pendurava pela janela, o céu totalmente negro, sem nenhuma estrela. Havia apenas a lua; um rasgo na escuridão, um sorriso como o do gato de Cheshire.

E de repente lá estava ele. Ulquiorra. Mas uma versão perversa do mesmo. Os olhos, verdes esmeraldinos, conservavam-se, mas de lá lágrimas permanentes surgiam. Estava mais branco ainda, contrastando com os lábios negros. Ela viu, com horror, o buraco escuro e vazio que ele tinha na garganta e arfou.

A cena mudou-se; agora ela estava na areia, tão branca como a neve. Ulquiorra estendia a mão para ela, asas de morcego á suas costas. Ele balbuciou algo, que ela não conseguiu ouvir. Ela estendeu a mão para ele, mas antes de eles se tocarem, a mão de Ulquiorra se reduziu á cinzas, assim como todo o seu ser.

Ela acordou, suada, em sua cama. Estava enrolada em cobertores, e os tirou tudo de uma vez. Ainda com calor ela abriu a janela, para o vento entrar; e viu ele, dormindo em sua cama. Um misto de felicidade e dor passou por seu peito.

ﺶﺶﺶ

No dia seguinte, no finalzinho do expediente de Tier Halibel, houve uma espécie de reunião naquele lugar. Halibel foi ver como Hitsugaya Toushiro estava, lembrando-se assim que entrou no local que ele estava com Hinamori e Matsumoto. As duas pareciam divertidas e, embora Hitsugaya estivesse com uma cara emburrada, ela via que ele se divertia também.

—Ai, meu deus, Halibel! —exclamou Rangiku. —Ainda bem que chegou! Diga a Toushiro que precisa de umas férias, pegar uma corzinha. Veja, ele está muito branco: precisa de praia e já!

—Matsumoto, mal começou a trabalhar e já quer ficar de férias de novo, é? —indagou Hitsugaya. —Pois se quer mais férias, eu posso te dar permanentes!

Hinamori riu um pouquinho, e olhou para Halibel constrangida. Tentou acalmar Hitsugaya com palavras docinhas.

—Mas, ora, Hit-chan! Estou dizendo que você precisa de férias, e não eu! Se bem que...—Matsumoto acrescentou rapidamente, pensando no assunto.

—“Se bem que” nada, Matsumoto! Não basta chegar atrasada e com cara de peixe bêbado...

—Com cara de peixe bêbado, Shirou-chan? —ecoou Momo, fazendo uma cara engraçada.

—...ainda me falta com respeito, chamando-me de Hit-chan e fazendo essas palhaçadas. —o menino continuou. —Olha a Halibel, ela me trata com respeito!

—Por favor, não me meta nessas suas discussões. —pediu Halibel, e Matsumoto e Hinamori caíram na gargalhada, enquanto Toushiro ficava com uma careta enfezada.

Enquanto isso, Ichimaru Gin e Kira Izuru entraram. Sendo que a recepcionista indicou o lugar onde possivelmente Matsumoto Rangiku estava, e não havia ninguém na— acharam eles— sala de espera, eles entraram direto. Os gritos só foram cessados, e presença dos dois notada, quando Gin saudou Matsumoto.

Ela correu para ele, beijou-o e o abraçou.

—O que está fazendo aqui? —ela perguntou.

—Vim te buscar. —Gin explicou. —Encontro surpresa.

—Ai, meus deus, encontro surpresa! —Rangiku exclamou. —Mas eu não estava preparada para ele!

—Exatamente por isso que é surpresa. —Gin sorriu.

Matsumoto fez um barulho de quem está surpresa bastante exagerado e depois os dois riram.

—Desculpe vir assim em uma hora importante para vocês —Gin disse. —mas, de acordo com o relógio, esse é o fim do expediente de minha namorada, e eu não podia esperar mais para vê-la.

Matsumoto o beijou mais uma vez.

—Baba-ovo. —ela resmungou.

Hitsugaya revirou os olhos.

—Vai, Matsumoto, não deixe seu namorado esperando.

Ela saiu dos braços de Ichimaru e deu um beijo na bochecha de Hitsugaya, o que o fez corar e franzir tudo na cara que podia-se franzir.

—Vamos, Izuru. —chamou Gin, mas o loiro estava olhando fixamente para Hinamori Momo.

Ela semicerrou os olhos, depois abriu a boca, animada, para falar:

—Você é...

—Kira. —ele respondeu, a garota se animou. —Hinamori?

—Eu! —ela exclamou, e veio correndo para abraçar o loirinho. —Kira-kun!

—Hinamori! —ele exclamou também, a abraçando. Matsumoto e Gin os observavam como que assistindo uma peça interessantíssima; Hitsugaya os observava descontente. —Há quanto tempo!

—Sim! —os dois se soltaram. Hinamori olhou para trás, para Hitsugaya. —Toushiro-kun, lembra-se de Kira-kun? —Hitsugaya não respondeu; Momo não deu tempo para que ele falasse. —Estudávamos na mesma escola; ah, era tão legal!

—Sim, sim! Ah!, bons tempos aqueles. —exclamou Kira, como se fosse velho, os olhos mais no passado do que no futuro.

E o resto da conversa foi burburinhos animados, sorrisos de ambos. Hinamori e Kira, surpreendentemente, foram os primeiros a sair do escritório e a passear, com os assuntos vindos de Hinamori nunca acabando. No final do passeio, houve um convite:

—Ei, Kira-kun! Já que você geralmente vem em Karakura com o Ichimaru-san, nós devíamos nos ver mais. —falou Hinamori, um pouco corada. Sua delicadeza, como uma flor, era surpreendente. —Você sabe, para relembrar os velhos tempos.

—Sim. —Kira sorriu. Hinamori estava perfeita; o rosto redondo e delicado, as maças do rosto rosadas, os olhos amendoados e brilhantes. —Devíamos sair um dia desses.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

NOOOSSA! Acabei de perceber que esse já é o capítulo 28 e eu to nessa fic há quase dois anos! Caramba!
*Poema de Shakespeare porque sim.
Estou pensando em fazer uns capítulos especiais sobre o passado do pessoal. O que acham?
—--------------------------------CANTINHO NADA Á VER DA AUTORA----------------------------------------
Inicialmente fiquei com raiva da Alemanha, por causa do 7x1 e tals, mas depois percebi o quanto eles eram gente boa; o tanto que foram humildes e respeitosos enquanto estiveram aqui; e vi que se divertiram aqui no Brasil, pois os jogadores alemães elogiaram o Brasil muito em suas redes sociais. Alemanha é diva