Decline escrita por Yumi Saito


Capítulo 42
XXXVII — Convite.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo editado. [10/08/2014].



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P.O.V JANE SLANDER.

Dois anos se passaram.

Eu vivi muitas coisas ao longo do tempo. Mas nada se comparou ao que eu passei em Sweet Amoris. Eu acho que a melhor coisa que eu fiz na minha vida foi sair de lá.

O meu maior susto foi pensar que eu poderia, possivelmente, estar esperando um filho do Castiel. E realmente só foi um susto. Estava tudo bem comigo, era só nervosismo e medo. Na primeira semana, minha mãe praticamente me ignorou em casa. Mas, na segunda, ela se rendeu e disse que pensava que eu iria demorar mais para voltar. Também disse que iria atrás de mim, porque se achava desnaturada em saber que eu poderia estar quase morrendo em outra cidade e ela trabalhando.

Se eu quiser sair de casa agora, eu posso. Eu fiz dezenove anos há pouco tempo, mas acabei percebendo que o meu lugar é aqui. E acho que sempre vai ser.

Estou cursando faculdade de tecnologia faz um ano. Com dezessete, eu percebi que não sabia quase nada, porque matava aula sempre que podia. Então, minha mãe decidiu me colocar em um curso integral que prepara as pessoas para o vestibular. E como na Europa toda é concorrido o curso, eu passei só na metade do ano quando fiz dezoito.

Eu estou amando!

No dia em que eu passei, a Íris me ligou. Ela falou que estava de plantão no site, eu dei risada com isso, porque a gente não se falava tanto e ela ainda lembrava de mim. Fizemos uma curta comemoração por telefone, o que foi extremamente engraçado e meu ouvido ficou inchado.

Recebi uma ligação de Armin também... nos falamos por cinco minutos, até ele ter uma ideia — ótima para o meu ouvido direito — de se falar por web cam. Viramos a noite e a madrugada conversando e jogando rpg. Foi demais! Eu me lembrei dos velhos tempos com ele, em que fazíamos de tudo quando o Alexy saía de casa para comprar roupas.

Lysandre e Nathaniel também ligaram para me desejarem felicidades. Nathaniel cursa a mesma faculdade que a minha, não estamos na mesma sala, mas geralmente passamos o intervalo de aulas juntos. Ele está muito legal e... às vezes diz algumas coisas sobre Ambre, tudo o que os pais deles dizem, porque ele não mantém contato com ela.

Eu nunca pensei que pudesse fazer isso, mas... eu troquei tudo o que eu fazia por estudos. Sim! Eu troquei jogos, festas, e outras diversões, só para estudar. Eu passei noites em claro, sequei garrafas de café, só pra estudar. A minha única pausa era para ir ao banheiro, mas senão, eu estava caída nos livros de matemática, física, química e biologia. Cálculos e mais cálculos... nunca pensei que iria me apaixonar por uma coisa que eu odiava em época de colegial.

A melhor coisa que uma pessoa faz na vida é sair do colégio. É outro nível quando se está na universidade.

Decidi por mim mesma também que não manteria muito contato com as pessoas da universidade. Meu único foco é passar, passar e passar. Conseguir meu diploma e arranjar um emprego. Eu iria conseguir. E por incrível que pareça, eu consigo ser invisível no meio de tanta gente popular que gosta bastante de festas. Há exceções, é claro.

Estou realmente gostando da minha vida agora. Ela é tão monótona, mas tão boa.

* * *

P.O.V CASTIEL TISSOT.

É impossível você andar na rua e ninguém te perguntar sobre a Jane. Eu não sabia que ela tinha deixado uma marca tão grande aqui na cidade... E eu não sabia que os boatos da gravidez dela rolariam tão rápido. Ela foi embora sem me avisar que eu poderia ser pai! O lado bom disso é que eu não fui pai.

Ou ela mentiu, sei lá.

Não me importo. Não quero pirralho na minha vida.

Ela já deve ter me esquecido. O problema é que eu não consigo mais arranjar uma garota mais de um mês. Depois da Jane, as coisas pioraram. Eu fiquei com uma imagem ruim pra caralho, e todas as garotas têm medo de serem mães. É nisso que dá se meter com uma novata.

Aquela inútil.

Escutei algumas batidas na porta.

Saí da cama e caminhei rapidamente até a sala. Sem hesitar, abri a porta, me deparando com Lysandre. Ele tinha deixado de usar os cabelos prateados para adotar uma nova cor, pintou totalmente o cabelo de preto, mas o corte continuava o mesmo. Lysandre, agora, usa lentes verdes, para esconder a outra cor do seu olho.

Ele era exótico e agora virou o maior retardado do mundo.

Faaala, Lysandre!

Dei um abraço nele. Quase destruí as costas dele, garanto que foi a Íris que deixou ele boiola assim.

— Oi, Castiel — continua com aquela voz meio estranha: — Tudo bem contigo?

Fui para o lado, dando passagem para ele entrar.

— Tudo certo. Nem vou perguntar como tu tá, eu sei que tu vai responder que tá nas mil maravilhas e que a Íris é muito boa de cama. Aliás, poderia experimentar pra ter certeza que ela é isso tudo?

Ele me jogou uma almofada na cara.

— Seu puto — reclamei. — Tava brincando.

— Ouse tocar na Íris!

— O que você vai fazer? Virar homem?

Dei um sorriso sarcástico. Ele riu, e disse que eu não mudaria nunca. Não vejo problema em ser eu mesmo. Ele que é um baita de um chato viadão.

Ficamos conversando por um tempo, e ele sequer mencionou o nome de Íris na conversa, foi realmente bom isso. Conversamos sobre muitas coisas, praticamente tudo. Bebemos um pouco de Jack Daniel's que eu tinha, e tocamos um pouco de guitarra, como nos velhos tempos.

— Ei.

Parei de tocar e olhei para Lysandre:

— O quê?

— Algumas pessoas do colégio estavam pensando em fazer uma festa de reencontro. Achamos uma boa ideia. E você iria?

— Festa de reencontro? — indaguei, prendendo a vontade de rir.

— Alguns colegas vão arrumar a festa de reencontro do terceiro ano. Vai ser semana que vem, se eu não me engano. Íris está...

— Tinha que ser!

— Me deixa continuar — ele disse, me encarando com tédio: — E a Íris está planejando tudo. Eles até começaram a arrumar um local para que a festa aconteça. Talvez vai ser no ginásio do colégio.

— Legal, cara.

— É. Eles já estão distribuindo os convites. Você quer? Eu tenho aqui.

Estendi minha mão. Lysandre puxou um papel branco, mais denso. Me entregou ele. Analisei aquela bobagem... não seria tão mal ir naquela festa, vai que rola alguma coisa e eu consigo pegar a Violette — duvido que aquela "santinha" ainda seja virgem.

— Até a Ambre vai.

Larguei o papel no chão.

— O quê? — quase gritei. — Sério que aquela desgraça vai?

— Pagaram fiança pra ela — respondeu. — O caso foi parar na mão do juiz e ela conseguiu sair. Acho que tá todo mundo sabendo disso... mas a Ambre não vai conseguir refazer a vida dela tão fácil.

— Bem feito pra ela.

Lysandre deu de ombros e voltou a ficar quieto.

Passamos a tarde inteira tocando, ou improvisando algumas melodias. Pela noite, decidimos ir até um bar, tentei empurrar alguma garota para o Lysandre, mas lembrei que ele estava sob feitiço da Íris.

Aquele demônio, vai pagar por ter roubado a alma do Lysandre.

* * *

P.O.V AMBRE.

Festa de reencontro? Pf, que lixo.

Não tem nada pior do que você sair da cadeia e chegar em casa sem uma alma viva dentro dela. Meus pais fugiram de mim e de Nathaniel. Agora Nathaniel fugiu de mim, foi cursar sei lá o quê em Paris. Meus pais... sei lá, eles nos deixaram como se fôssemos insignificantes.

Eu tenho uma mansão caindo aos pedaços pra mim. Isso é literalmente uma merda. Como eu vou lidar com as contas sem ter dinheiro algum?

Peguei meu telefone e selecionei o número de Li. Em poucos segundos ela atendeu?

— Alô? Li?

— Ambre! Sim, sou eu!

Revirei meus olhos.

— Preciso da sua ajuda. Me encontre em uma hora no parque.

Desliguei o telefone.

É isso aí... eu estou voltando aos poucos, e eu vou me reerguer lentamente.

* * *

P.O.V JANE SLANDER.

Eu não posso negar que morro de saudade de algumas pessoas de lá.

Abri meu notebook e chequei meus e-mails. Vi algumas notícias da atualidade, e percebi que as oportunidades de trabalho na área de tecnologia estavam acessíveis para quem tinha um bom curso e um diploma. Espero que não seja problema pra mim.

Voltei a olhar meus e-mails e percebi um perdido... era a Íris. Dei dois cliques em cima e imediatamente fui dirigida ao e-mail dela:

Oi, Jane.

Faz dois anos que a gente não se vê, e acho que está na hora, certo?

O tempo passou muito rápido, e por isso, alguns colegas nossos se reuniram para que uma festa de reencontro acontecesse. Imagina? O terceiro ano inteiro reunido por uma noite no ginásio da escola? Vai ser muita nostalgia.

Dia 27 de Novembro, ou seja semana que vem. Espero que você se interesse e apareça. Eu sei que é difícil, mas eu amaria te ver por lá.

PS: Tenho uma novidade bombástica.

Um beijo, Íris.

Festa de reencontro? Novidade bombástica?

Acho que abrirei uma exceção. Eu vou ir, acabei de decidir isso.

Só espero não desistir na última hora, como eu sempre faço.


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