Decline escrita por Yumi Saito


Capítulo 30
XXV — Amizade.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo editado. [22/04/2014].



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P.O.V JANE SLANDER.

Havia se passado uma semana. Debrah, nestes cinco dias de aula, não deu sinal de vida no colégio e nem no hospital. Espero que ela tenha pegado uma virose e que fique eternamente trancafiada em casa, mesmo estando curada.

Eu ando visitando Castiel todos os dias... Não devia, ou devia, tanto faz. Mas só de pensar que ele está em coma, me faz correr para o hospital e ficar uma hora chorando no peito dele. De fato, ele não merece isso... Nem um pouco. Eu o odeio.

Mas também o amo.

No colégio, permaneci em todas as aulas. Não tinha graça assistir o que o professor de Biologia falava sem ter Castiel sussurrando ao pé do meu ouvido algo contraditório. Isso é deprimente...

Para de pensar nele!

Impossível!

Então vai se ferrar.

Escutei alguém me chamar. No início, pensei que era a Íris, até eu distinguir bem que aquela era uma voz masculina. Então, quando olhei para frente, percebi que o professor estava me chamando. Era chato, porque eu sempre conseguia ir para o meu mundo sem que ninguém perceber... mas, pelo jeito, hoje não foi meu dia de sorte.

* * *

O sinal havia tocado. Era o melhor horário de quando você fica no colégio. O majestoso intervalo.

Sentei embaixo das árvores que havia lá, junto de Íris e Lysandre. A ruiva estava abraçada a ele. E, eu, segurando uma vela invisível. Não tem nada mais humilhante que isso, mas é melhor passar o intervalo com ela. Porque a quenga do Armin não veio e nem o Alexy. Vai saber o que deu com eles.

Um pouco de saco cheio, me levantei de lá. Íris percebeu que eu iria, então, antes de me deixar ir, pegou na barra da minha camiseta:

— Ei, Jane! — ela me chamou. — Já vai?

— Sim — respondi. — Nos vemos depois.

— Tudo bem.

Fui para o corredor, e como sou um imã de azar, esbarrei em alguém. Quando olhei para frente, vi que era Nathaniel. Não demorou muito para que ele se abaixasse e pegasse as pastas que eu havia ajudado a derrubar no chão.

Abaixei-me e tratei de ajudá-lo também.

— Foi mal, cara — falei.

— Tudo bem — ele disse. — Eu estava um pouco distraído.

— Digo o mesmo.

Ele agradeceu e pegou as pastas. Nos levantamos no mesmo instante:

— Então... — ele disse. — Você está a fim de ir comigo no Grêmio e me ajudar a colocar essas pastas em cima do armário dos alunos? Melody não veio hoje, então estou desesperado por ajuda.

— Sem problemas, Nathaniel — falei. — Vamos que eu te ajudo.

Fomos até o Grêmio Estudantil. Entramos e começamos a separar pasta por pasta. Algumas informações jogamos fora, porque a impressão estava repetida. Nathaniel disse que foi erro de impressão. Na verdade, aquilo não me importava nem um pouco, mas fiquei quieta, para não parecer um pouco grossa.

Ou grossa demais. Tanto faz.

Empilhamos todas as pastas em cima do armário, após isso, tiramos o histórico da Debrah. Foi muito interessante. Nathaniel se sentou em uma cadeira e eu ao lado dele. O loiro começou a ler seu histórico normal, que nada passava de seus dados pessoais. E, após isso, a convivência em sala de aula.

Pelo que parece, Debrah era adorada por muitos. Mas suas notas não eram lá grandes coisas, exceto em Física, cujo ela mandava bem. Após uns dois minutos, Nathaniel grampeou uma folha de volta ao colégio dela e retornou a guardar a folha.

Ele ficou quieto o tempo inteiro, e nem perguntei, não queria incomodá-lo.

— Quer café?

Dei um singelo pulo na cadeira, de susto. Estava absorvida em meus pensamentos, que nem notei o meu redor.

— Eu vou aceitar...

Ele soltou uma risada pelo nariz.

Veio até a mesa e se sentou ao meu lado novamente. Nathaniel estava estranho... Não sei, mas estava quieto. Talvez seja o normal dele ser assim, mas pelo que eu notei, ele parece mais quieto do que já é. Ah, que se dane.

— Quer biscoitos?

— Claro! — falei. — Eu adoro biscoitos.

Ele sorriu gentilmente. Pegou a bandeja e me ofereceu. Comi um, mas depois ataquei outro... biscoitos são vida! Aprendi isso com o Kentin. Sinto saudades dele, sério mesmo.

— São muito bons...

Ele assentiu, comendo um também.

Depois disto, conversamos um pouco. A cada minuto, ficava olhando o relógio no celular. O intervalo era de meia hora, então não teria de me preocupar muito. Mas, na minha cabeça, estava fazendo um plano de dar o fora daqui depois do intervalo. É só inventar que vou para o dentista e sair do colégio.

Tenho que arranjar um apartamento pra morar...

Me despedi de Nathaniel e saí da sala. Nem dois segundos depois, Íris surgiu do além, pegando-me fortemente pelos ombros.

— Jane! — ela exclamou. — Onde estava?

— No Grêmio, ajudando Nathaniel — falei, com os olhos estreitos.

— Hm — ela sorriu maliciosa. — Ajudando... Sei.

— Não faça essas brincadeiras — disse, fria. — Sabe que eu não estou nem um pouco no clima disso. Merda. Me desculpa. Eu não queria ser grossa. Eu sou tão estúpida! Eu me odeio.

— Você é bipolar — ela riu. — Tudo bem, vamos dar o fora daqui.

— Você lê pensamentos? — perguntei.

— Talvez!

Ela passou o braço direito pela minha nuca e nos dirigimos até a sala da diretora. Chegamos lá de fininho, treinamos aqueles olhos super grandes e convincentes para ganhar permissão da diretora. E, então, respiramos fundo e atravessamos a porta.

— O que desejam? — ela falou de imediato.

— Diretora, querida diretora... — Íris começou. — Tenho uma consulta com meu dentista agora. Como a senhorita sabe, sou emancipada e sou responsável de Jane Slander enquanto sua mãe está fora, à trabalho. Por isso, peço-lhe que nos libere essa manhã. Recuperaremos a matéria com a aluna Rosalya.

— Você vai, mas Jane fica — foi tudo o que a cobra velha disse. — Espere um momento, vou te dar a licença para sair.

— Mas, diretora...

— Estamos entendidas?

Íris acenou positivamente umas quinhentas vezes.

Saímos da sala. Eu iria voltar para a sala, até Íris me puxar pelo braço. Não protestei. Chegamos perto do guarda e pedimos a permissão para sair. Então, ele cobrou a minha licença, mas Íris disse que estava junto da dela.

E foi assim que eu consegui sair do colégio facilmente.

Em seguida, fomos para a casa dela. Ficamos falando mal das meninas do colégio, era o que tinha para aquele dia, confesso. Era legal, porque tinha cada criatura exótica naquele colégio que só vendo para acreditar.

Depois, assistimos um filme muito louco. Era um suspense meio fajuto, com policiais e outras coisas. Mas eu gostei do filme, embora fosse idiota, ele te prende do começo ao fim.

Foi um dia inteiramente comum. Mas na minha vida, esse dia foi diferente... Meus dias andam totalmente de cabeça para baixo, que ter algumas horas com a minha amiga se torna algo único, especial e fora dos padrões.

Só estou sentindo falta de Armin... precisamos zerar, juntos, mais de dez jogos. Ele não deu as caras no colégio hoje, mas amanhã eu caço ele. Ou apareço na casa dele. Tanto faz.


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