Simplesmente Elementar escrita por Rakeel


Capítulo 47
Pemonições




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/273437/chapter/47

As horas se arrastaram lentamente era estranho telo novamente ali do meu lado quase como se nunca tivesse partido, e por mais que tentasse não conseguia parar de sorrir como boba. Não conversamos muito, ele ocupando se em ler atento seu diário, apesar de ter diversas perguntas no momento não me preocupei em fazê-las ficar ao seu lado já me era suficiente e também tinha muito para ocupar meus pensamentos.


____Esta ficando tarde é melhor eu ir. Disse se levantando seguindo até a porta eu o seguindo ___E obrigada por isso. Disse se referindo ao diário, virando se repentinamente ao chegar á porta, ficando sem jeito quando quase colidimos.

____Não foi nada. Respondi não podendo deixar de rir de seu embaraço e por novamente constatar que algumas coisas não mudam. Abri a porta, ele cruzando a soleira parando ao corredor, virando se para mim no intuito de se despedir hesitando um pouco sem saber como fazê-lo.

_____Até logo. Disse por fim, me estendendo então a mão de forma indecisa.

Respondi pegando sua mão, mas antes que pudesse solta-la o puxei para mim e ficando na ponta dos pés uni nossos lábios, pude sentir seu corpo estremecer com a surpresa, e me deixava contente saber que ainda tinha esse efeito sobre ele. Demorou alguns segundos para me corresponder, mas depois se inclinou para que o alcançasse com mais facilidade.

___Tchau. Disse lhe pro fim quando separei nossos lábios, ele me sorrindo corado e sem jeito antes de se virar saindo ao corredor, eu observando seu percurso parada a frente da porta, mas antes que torna se a entrar ele parou e voltou se em minha direção.

___Posso... te ver amanhã. Pediu de jeito doce, o que fez meu coração estremecer, enquanto assentia de imediato antes dele partir, e foi quando vi Grazi e Karol adentrando no corredor ambas olhando para Victor que deu lhes um pequeno aceno com a cabeça quando cruzaram por ele.

___Quem é ele. Perguntou Karol assim que chegaram à frente da porta do apartamento onde permanecia.


____Um amigo. Respondi enquanto entravam e era estranho me encontrar novamente na situação de não poder chama-lo de namorado.

____Eu não beijo meus amigos, você beija Grazi? Perguntou sarcástica, não aceitando minha resposta.

____Se tivesse um amigo bonito como esse da Rachel, com certeza beijaria. Respondeu Grazi rindo, e fiquei feliz de seu comentário desviar a conotação da conversa me permitindo dar respostas menos concretas.

Sentamos no sofá e conversamos por um bom tempo, eu respondendo lhes diversas perguntas e fiquei impressionada com a facilidade que conseguia inventar historias e explicações, com certeza estava ficado boa nisso.


___Então vocês eram vizinhos e colegas de classe, chegaram a ser namorados, mas a família dele se mudou e foram separados e agora por capricho do destino se reencontraram. Narrou Karol dramaticamente, após ouvir minha historia. ____E, nós pensando que você era uma encalhada. Completou rindo eu dando lhe um empurrão em protesto

____Com certeza você é uma garota de sorte Rachel... Comentou Grazi pensativa, pausando se por alguns segundos antes de continuar ____Mas mudando de assunto as férias de fim de ano estão ai oque pretendem fazer? Perguntou dirigindo o olhar para ambas, Karol dando de ombros em sinal que não tinha planos os olhares então se voltando para mim.

_____Não sei, talvez vá ver meus tios. Disse um tanto incerta a respeito disso, pois não gostava da ideia de me distanciar de Victor, não agora que havia conseguido me reaproximar dele sem falar que tinha de me manter atenta a Elisa que certamente não facilitaria as coisas.

____A gente podia viajar todas juntas, convidar Douglas, Lucas e quem sabe até seu “amigo” Victor. Sugeriu Karol brincalhona delineando aspas com os dedos ao pronunciar á palavra, amigo.

A ideia de Karol me pareceu muito boa, pois se levasse Victor para nossa antiga cidade quem sabe ele se lembrasse de algo, sem falar que se tivesse sorte conseguiria despistar Elisa por algum tempo. Conversamos por mais algumas horas eu amadurecendo diversas ideias e por vezes me perdendo deleitosa em memorias do meu dia. Acabamos de jantar e algumas horas já avançadas da noite as meninas se despediram indo embora. Tomei um banho longo aproveitando para pensar, vesti meu pijama me joguei sobre a cama e abracei meu travesseiro sorrindo ao tomar uma decisão, conversaria com os Betone sobre a hipótese deles viajarem comigo até a casa de meus tios, peguei no sono depressa tendo a noite embalada por sonhos a maioria felizes, mas um me preocupou...

(...)

Eu e Victor caminhávamos juntos por uma trilha em meio as arvores, ele segurava minha mão e sorriamos um para o outro ao trocar olhares durante o percurso, podia sentir a brisa fresca soprar contra meu rosto e o cheiro úmido e amadeirado da floresta invadir minhas narinas, chegamos a uma clareira ladeada por arvores frondosas, sua área escarpada preenchida por pequenas flores amarelas e brancas que pareciam dançar ao vendo, a luz clara do sol tingindo tudo de forma cintilante.

____Esse lugar é lindo Disse sorrindo e correndo entre as flores com meu vestido ao vento, com o olhar terno e quente de Victor á me seguir todo tempo, retornei correndo e me atirei sobre ele envolvendo seu pescoço em um abraço, ele em resposta me enlaçando pela cintura, erguendo e rodopiando me no ar e ambos riam, enquanto girava em seus braços era como se o mundo a nossa volta não existisse, era como se tudo se resumisse a nos dois, mas algo mudou quando me pós no chão, ergui os olhos para fitar seu rosto e pude ver que olhava de sobre minha cabeça, me virei instintivamente procurando oque lhe entretia.

Senti um arrepio cortar minha espinha e minha respiração falhar ao ver Amhom Arthur e Feliphe se aproximando de nós a passos lentos, Victor pôs se a minha frente enquanto permanecia imóvel observando a chegada daqueles três homens assustadores, estranhamente o sol que brilhava no céu segundos atrás agora se escondia dando lugar á densas nuvens escuras e agorentas.

Olhei para o rosto de Victor e ele sorriu de uma forma estranha, tentei puxa-lo para que fugíssemos dali, mas permaneceu imóvel enquanto mantinha o olhar fixo no grupo que se aproximava, eu então, também voltando meu olhar a eles, mas desta vez não eram mais apenas três e sim quatro, Elisa seguia a frente com um vestido verde esvoaçante de aparência impecável e sorria o que tornava sua presença ainda mais encantadora aos olhos. Param diante de nós e ela estendeu a mão para Victor que a segurou sem hesitar se separando de mim, tentei impedi-lo, mas me empurrou violentamente ao encontro do chão enquanto me lançava um olhar de desdém, levantei-me agora toda suja de lama, pois o escarpado florido onde nos encontrávamos agora mais parecia um pântano escuro e lamacento. Victor e Elisa ainda com as mãos dadas começaram a se afastar, tentei segui-los, mas mãos pesadas se puseram sobre meus ombros me jogando novamente ao chão e a lama, Amhon Filhipe e Arthur me rodearam e riam de meus esforços para me levantar me atirando novamente sempre que o conseguia. Chamei por Victor que já ia ao longe, mas ele nem se quer olhou para traz, aos prantos implorei-a a qualquer um para que me ajudasse oque só fazia meus captores rirem mais e de forma mais doentia. Entre as lagrimas que já se faziam volumosas em meus olhos, fitei em volta buscando por socorro, mas a visão aterradora que tive fez com que um grito seco se forma se em meu amago sem expresso quando me pus de pé, corri empurrando com força os que me cercavam que dessa vez me deram passagem ainda rindo e se divertindo da minha desgraça, ajoelhei-me ao lado dos corpos sem vida de meus tios e a alguns metros a mesma cena se repetia, Grazi, Karol, Lucas, Bia, Eduardo, Sara, Douglas, Vivi, Lisandra, Hugo e Fernando Betone, todos estavam mortos, pilhas de corpos de todas as pessoas que eram importantes para mim se estendiam a minha frente. Levantei, olhando em volta fitando á desolação e á morte que me cercavam. Sentia-me entorpecida sem poder crer que aquilo era real, quando vi não muito ao longe o corpo de Victor, me encaminhei até ele temerosa caindo de joelhos ao confirmar que era ele.

____Não, não... Eram as únicas palavras que conseguia proferir com minha voz tremula e falhada, enquanto puxava seu corpo para meu colo, embalando o em um semi abraço desesperado, foi quando se súbito ele abriu os olhos.

_____Rachel... Pronunciou quase sem emitir som.

____Victor... eu estou aqui, vai ficar tudo bem...Disse olhando em volta sem saber oque fazer.

____Porque me deixou sozinho... porque me abandonou? Perguntou erguendo uma das mãos fracas para tocar a lateral do meu rosto.

_____Eu estou aqui não te abandonei Disse cobrindo sua mão coma a minha.

___Você não estava lá para me impedir... E eu fiz isso... Contou pausadamente fechando os olhos ao pronunciar a ultima frase___... Tornei-me oque eles queriam...

Não entendi oque Victor queria dizer, tentei acorda-lo desesperada, mas seu corpo já se encontrava sem vida em meus braços, e foi quando mãos agarram se a meus ombros me arrastando para longe onde fui engolida pela escuridão...

Acordei com a respiração ofegante e meu rosto encontrava se molhado com lagrimas de verdade, sentei-me na cama e encarrei o quarto escuro e silencioso, nada parecia fora do lugar me deitei novamente, mas a memoria do sonho não me deixava pegar no sono, ainda podia sentir todo medo e desespero dentro de mim ao lembrar-se das cenas.

____Foi só um sonho Rachel... só um sonho. Disse para mim mesma tentando-me acalmar, mas isso não surtira muito efeito.

Quando era criança e tinha pesadelos minha tia sempre me abraçava e acariciava meu cabelo cantando para mim até que me acalmasse e volta-se a dormir, e antes que pudesse perceber já havia pegado o telefone na cabeceira da cama e ligado para ela, a imagem de meus tios mortos ainda era lucida demais na minha memoria e precisava pelo menos ouvir a voz deles.

____Alo. Atendeu após alguns toques com uma voz sonolenta.

____Oi tia, sou eu Rachel. Disse sentido um alivio tremendo ao ouvi-la

_____Meu Deus querida, são três da manhã, aconteceu alguma coisa? Perguntou preocupada e antes que pudesse responder pude ouvir ao fundo a voz do meu tio perguntando com quem ela falava.

____Esta tudo bem, não precisam se preocupar, eu só queria dizer que amo vocês. Disse sentindo as lagrimas escorrerem por meu rosto.

_____Nos também te amamos querida, mas nos diga oque aconteceu posso notar que esta chorando. Replicou, e pude ouvir meu tio se manifestar ao fundo querendo pegar o telefone e minha tia o repreendendo.

_____Não foi nada só tive um sonho ruim, me desculpe por acorda-los. Contei agora me sentindo um pouco mais calma por falar com ela.

____Meu amor, sonhos são apenas sonhos não podem te fazer mal, mas se não achar que esta muito velha para isso ainda posso cantar para você. Ofereceu brincalhona.

_____Nunca vou estar velha demais para isso. Respondi apagando o abajur e me recostando ao travesseiro esperando que começasse.

A voz da minha tia nunca foi das melhores, mas no momento era tudo que eu precisava, ela começou lentamente, ritmada e doce...

___Quieto bebezinho não diga nada, mamãe vai lhe comprar um passarinho e se o passarinho não quiser cantar... Entoou, pausando se nessa parte voltando a cantar num tom diferente____....suas asas e suas peninhas todas eu vou arrancar. Concluiu acelerada e não pude deixar de rir surpresa.

____Que musica horrível. Disse ainda rindo.

____Eu sei, mas ela cumpriu seu papel você esta rindo. Explicou sábia de um modo que em geral só as mães sabem ser.

____Obrigada. Agradeci após alguns segundo de silencio.

_____Disponha, mas agora durma tá bem, e lembre se que seu tio e eu amamos você. Disse por fim antes de desligar. Coloquei o telefone no lugar e me virei na cama me enrolando no edredom.

As memorias do pesadelo vislumbraram minha mente por um segundo.

____ Rachel, sonhos são apenas sonhos, não podem te fazer mal. Afirmei a mim mesma repetindo as palavras da minha tia dispersando os pensamentos ruins pegando no sono em seguida, mas bem no fundo ainda torcendo para que minha tia não estivesse errada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Simplesmente Elementar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.