Só Mais Uma Vez escrita por Anna Liberatori


Capítulo 12
Capitulo 12- O Misterioso Fim do Mundo


Notas iniciais do capítulo

Olá amorecos, demorei mas postei. ^^ Esse está bem mais legal. Eu disse que era melhor desconfiar quando as coisas estão boas demais, não? É eu disse ^^ Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/273371/chapter/12

Até que enfim a semana letiva começou! Cheguei normalmente na escola (Agora com um olho de ser humano), falei com Pedro e depois fui falar com Ale. Ela me disse que estava rolando boatos na escola que ele ia me pedir em namoro... Não posso negar, isso me deixou intrigada, mas não levei fé. Continuei minha manha, o dia mal começou, e tinha que aturar o professor chato de física falando alguma coisa que eu não entendo. Foda-se, dormi na carteira, acordei com uma amiga me balançando e com o professor me olhando com cara de quem não faz sexo a cinco meses. Fui pra coordenação. Mereço, levei uma advertência por dormir em sala de aula, como se fosse a coisa mais anormal e catastrófica do mundo. Mas que professor mau! Só rindo mesmo...! Sai da coordenação, já estava na hora do intervalo, pelo menos perdi o resto da aula.

Voltei para sala, ia pegar meus fones de ouvido que eu havia deixado na mochila, quando de repente, vejo Pedro e Bárbara conversando. Tolice pensar que eu ia estragar uma chances dessas entrando lá. Fiquei do lado de fora da porta, eles não me viam, eu os via. Merda, não dava pra ouvir direito. Mas não importa, foi o necessário para meu mundo despencar novamente: eles conversavam, Bárbara foi se aproximando, ele não chegou pra trás... Ela o beijou. Sai correndo no mesmo instante, eu não poderia ficar ali. Não aguentaria.

Fui para o banheiro, entrei numa cabine. Chorei, chorei, chorei. Como eu queria minha lâmina. Pena que eu não estava com a mochila perto, tinha uma lá. O recreio acabou, e eu continuei. Agora, aparentemente mais calma, mas ainda chorando. É quando eu ouço, no meio de um tempo de aula, alguém entrar no banheiro. Chorando, ela estava. Mas de uma forma calma, silenciosa e extremamente dolorida. Fiquei quieta. Ela entrou em uma cabine depois da minha. Eis então que ouço uma vozinha fina:

–O que houve?- como ela poderia saber que eu estava aqui? Como saberia que eu estava mal? Será que estava falando comigo? Nunca a havia visto. Pelo menos eu acho, pois não consegui enxerga-la direito.- Sim, é com você mesmo que estou falando. Sei que está ai. O que houve?

–Quem é você?

–Do que isso importa?

–Não sei. Vai que é mais uma da lista de quem me odeia?

–Acredite, não sou.

–Como iria acreditar?

–Apenas acredite.

–Não.- Silêncio. Após alguns minutos, perguntei:

–E com você? O que houve?

–Nada demais, só relembrando coisas. As vezes as lembranças machucam. As vezes os demônios voltam a me assombrar, eles sempre voltam.

–Por que está me contando isso? Nem me conhece. E se eu usar isso para foder sua vida.

–Exato, nem me conhece. O que faria contra mim se nem ao menos sabe quem sou? Foder minha vida? A vontade. As vezes parece que isso que ela precisa. Um pouco de foda.

–Touché.

–Você foderia minha vida?

–Não que eu saiba.

–Respondida sua pergunta.

–Mas posso estar mentindo.

–Você está?

–Não.

–Então.- Mais silêncio. Só que dessa vez, ela quem o quebrou.

–Então tchau.

–Tchau...- E foi embora. Eu continuei. Só que dessa vez, em um profundo silêncio, em um profundo estado de desolação. Uma alma dilacerada, sentada em cima de um vazo sanitário da escola que nunca gostou, apenas sendo consumida por seus próprios demônios. A menina tinha razão. Os demônios sempre voltam para assombrar.

Liguei para o celular da Ale. Ela me atendeu desesperada. Pedi para ela trazer minha mochila ao banheiro que eu explicava tudo. Dito e feito, deixei de fora apenas a parte da garota misteriosa. No término da história, um turbilhão de xingamentos são gritados pela boca de Ale.

–Ale, para.

–Por que? Ele é realmente um galinha filho da puta ordinário chupador de pinto de cavalo. -Não resisti, uma tímida risada saiu da minha boca. Aquela risada do tipo "não credito que você disse isso".

–Mesmo assim, para. Não quero saber o que ele é. Isso eu descobri hoje. Só quero saber como vou ficar agora.- Me despenquei em lágrimas. Ela me abraçou e disse "você vai ficar bem", era tudo o que eu queria ouvir naquele momento.

Fui para casa sozinha, pedi isso a ela. Não queria falar sobre, conversar nada com ninguém em relação a isso, pelo menos não agora. Eu sai andando pela cidade. Não muito, mas fui até a casa do Pedro. Nessa altura, já tinhas umas oito chamadas dele não atendidas no meu celular.

Não tínhamos nada, mas ele me traiu. Fui apenas um brinquedinho para ele. Comeu e jogou fora. Típico, não? Tola, tola, tola. Como fui acreditar nesse clichê adolescente? Alguém me explica como consegui ser tão burra? Fiquei encantada. Tive atenção. Vi nele a resposta aos meus pedidos de socorro. Eu me sentia tão protegida, tão segura. Como se nada no mundo fosse me abalar, como se ele fosse me proteger de tudo que me fazia mal. E olha, vejam só! Quão irônico isso é! Justo ele, me magoou. Justo ele, que me fazia bem. E o que fazer quando a pessoa que te acalmava, é a que estragou sua vida. Antes, ele nunca tivesse me ajudado, era melhor que tivesse me deixado lá, na merda onde eu estava.

Voltei pra casa. Minha mãe não havia chegado. Fui para o banheiro. Reencontrei minha velha amiga. "Senti sua falta", minha boca sussurrou como se estivesse programada para falar isso. E eu fiquei lá, sentindo o gosto do cheiro do sangue que saia do meu corpo. Sinto a prazerosa sensação que escorria por mim, sentindo o resto do corpo se arrepiar a cada passada de lâmina sobre minha pele.

Não, eu não estava me cortando por um garoto. O fato dele ter sido meu... Meu... Meu o que?! Não importa! O fato de ser ele, não é um fator que me levou a isso. O que me levou a isso foi simplesmente o fato de que nada nunca dar certo para mim. Todos me deixam, todos me fodem. É isso, estava tudo fodido. Como sempre esteve. Por que caralhos as pessoa vão embora de uma hora pra outra?! Alguém me explica o prazer em me ver sangrando. É como se tivesse sal em meus cortes. Tiraram tudo o que eu tinha, e me deixaram lá. Me empurraram novamente para o fundo do poço. Deram facadas em mim, e surpreendentemente, eu estava viva. Agora só faltava decidir se isso era uma coisa boa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews?! Críticas?! Elogios?! Bjsss