My Angel escrita por Lolita T


Capítulo 5
Acontecimento Inesperado




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O sinal tocou, interrompendo minha aproximação, e Sophie, assustada, se afastou de mim:

-Sophie, - eu segurei levemente sua mão. - não me deixe. Por favor.

-Não... não era minha intenção Nick. É que eu me assustei com o sinal. - ela respondeu sorrindo.

Vimos os alunos subindo as escadas e voltando para suas salas. De todos eles, o que mais nos chamou a atenção foi Matthew. Percebi que Sophie ficou assustada ao vê-lo:

-Sophie, pode ir se quiser. - sussurrei, olhando em seus olhos.

-Eu já disse, não quero. - ela sussurrou de volta segurando firmemente minha mão.

Matthew se aproximava de nós, com uma expressão de fúria estampada em seu rosto. Eu e Sophie trocamos olhares discretamente e continuamos lá, confiantes:

-Sophie. - a voz de Matthew chamou-a.

-Sim Matthew. - ela pronunciou o nome dele com certo desprezo.

-O que você faz com ele? - ele disse ao olhar para mim.

-Nick? Bom... ele é meu amigo. E ele me ajuda. Coisa que você jamais pensou em fazer.

-Você conhece esse panaca há um dia, e já acha que ele é melhor do que eu.

-E talvez seja mesmo. - ela disse soltando minha mão e tomando o rumo da sala.

Ficamos apenas os dois no corredor. Todas as outras pessoas já haviam para a aula. Eu sentia que aquele espaço era pequeno demais para nós dois.

Olhei fixamente para ele por alguns instantes. Matthew se virou e foi embora e eu fiz o mesmo.

Entrei na sala, atrasado. O que o professor fez foi apenas me mandar sentar e não repetir o ocorrido. Mas, os alunos... eu podia ouvi-los cochichando, murmurando meu nome e criando versões próprias do que haviam escutado e visto durante o intervalo.

Caminhei até minha mesa com todos os olhares me seguindo. Mas de todos eles, apenas um me importava. Sophie me observava com aqueles belos olhos verdes. Eu podia sentir que ela estava preocupada, que achava que havia me colocado em um problema. Um problema que era apenas dela e de Matthew.

Ela estava enganada. Completamente enganada. Eu mesmo havia me colocado no meio daquele problema ao descumprir a promessa que havia feito à Ordem; ao me deixar levar pelos impulsos. Ao me aproximar dela, quando na verdade deveria tê-la matado desde o primeiro instante no qual a vi.

Porém, como eu poderia resistir a tão fascinante criatura? Sophie me fez despertar sentimentos adormecidos. Ela me trouxe toda a felicidade que um grande amor pode dar; ela me fez sorrir. 

Quando a conheci, não poderia matá-la. Que criatura com sentimentos faria aquilo com alguém tão jovem em tão péssimo estado? Ali estava o problema. Eu não deveria ter sentimentos. Era, e ainda sou, um demônio. E ela? Ela era uma jovem com alguns dons sobrenaturais imprescindíveis para o lado inimigo da guerra na qual participávamos.

Eu jamais havia falhado, minha família jamais havia falhado, por isso a Ordem confiou a mim tal missão. Mas eu não podia. Se o fizesse, nunca me perdoaria por ter roubado a vida de meu amor. Se não o fizesse, morreria nas mãos daquela organização estúpida.

Pensei, durante aquele tempo que restava da aula, no que deveria fazer. Mas não cheguei a conclusão nenhuma. A única coisa que sabia era que a amava.

A aula acabou, e mais uma vez vi todos irem embora, enquanto ficava para trás. Saí da sala com um desânimo mais do que aparente. No entanto, ao virar o rosto para o lado todo aquele desânimo sumiu. Sophie me esperava do lado de fora, com aquele sorriso característico:

-Nick, - sua voz encantadora me chamou. - quer ir embora comigo?

-Claro. - respondi sem pestanejar.

No caminho, conversávamos sobre os mais diversos assuntos, quando de repente, fui tomado por um desejo súbito e não consegui me controlar. No ímpeto peguei as mão finas e delicadas de Sophie e tomei seu corpo para mim, envolvendo-a em meus braços.

Sua primeira reação foi de espanto. Mas em nenhum momento ela pareceu indignada nem me impediu de realizar tal ato. Sophie simplesmente deixou ser levada e em alguns momentos estávamos juntos. Nossos corpos estavam unidos, podíamos sentir um a respiração do outro:

-Nick, - ela ofegava pela proximidade entre nós dois. - o que é isso?

-Sinto muito. - sussurrei, soltando-a.

-Não tem problema.

-Vamos esquecer isso. - pronunciei, mais frio do que de costume.

-Eu não acho que seja o melhor para nós dois, esquecê-lo.

-Apenas faça.

Continuamos a andar, dessa vez em silêncio. Nenhum de nós ousava pronunciar nenhuma palavra. Preferimos tentar adivinhar, em pensamento, o que o outro havia pensado sobre aquele acontecimento inesperado.

Chegamos até a praça daquela noite. Onde nossos caminhos haviam se cruzado e onde, naquele momento, iriam se separar, pois morávamos em lados opostos:

-Até mais Nick. - ela pronunciou ao se virar para ir para casa.

-Até Sophie. - sussurrei, chegando perto de seu ouvido. Ao ouvir seu nome sendo pronunciado daquela forma, percebi que Sophie se arrepiou.

Ela tomou o caminho de sua casa, e eu fiquei lá vendo sua silhueta sumir na névoa.


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