A Canção De Hohen escrita por MrMartins


Capítulo 21
A garota que perseguia estrelas - Parte IV


Notas iniciais do capítulo

Introduções crípticas é o que há.
E essas frases ficam cada vez menos claras.
Ah, bem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/273082/chapter/21

Conforme se aproximavam do lugar marcado para o encontro, o estrondo dos raios crescia e mais pessoas confusas surgiam nas janelas, nas portas e nas ruas. Hart e Ellienne seguiam por escadas, através de passarelas até o prédio de onde o barulho partia. No teto se via os feixes de luz disparados, porém era só. Todo o topo do prédio estava oculto por uma densa névoa. Na frente do edifício, policiais impediam que alguém da multidão de curiosos entrasse no lugar.

— Exército de Hohen! — Hart falou para os guardas. — Me deixa entrar!

— Credenciais!

Hart tirou a carteira do bolso e mostrou seu certificado. Assim que viram o documento, os policiais abriram caminho.

— Me espera aqui! — o soldado falou para Ellienne. — Se alguma coisa der errado, chame a Hilde!

— Boa sorte, Hart.

— Obrigado!

Hart subiu correndo pelo prédio. Nos últimos andares a névoa já começava a tomar o ambiente, diminuindo gradualmente a visibilidade, enquanto o som de tambores, violinos e um coro furioso estremeciam o ar. No penúltimo andar, havia dois policiais em guarda.

— Quem é você? — um deles gritou para Hart.

— Eu sou do exército! O que está acontecendo aí em cima?

— Não faço ideia, mas só pode ser uma briga de magos!

— Droga! Eu vou lá!

— Espera, rapaz! Ninguém sabe como as coisas estão lá em cima! Você pode acabar morto se for descuidado!

— Mas se isso continuar algum civil pode se ferir ou pior! Temos que ir lá!

— Nós não temos nem mesmo um plano!

— Eu tenho!

Hart desembainhou a espada e correu contra a porta, derrubando-a com um chute. Do lado de fora tudo era névoa e fúria. Mal se conseguia ver cinco metros à frente, a música explodia como houvesse uma orquestra fantasma tocando ali e raios rasgavam o nevoeiro com clarões e brados retumbantes. Os dois policiais apareceram correndo pouco depois, espadas em punho, confusão estampada em seus rostos.

— Mas o que diabos é isso? — disse um deles.

— Eu não faço ideia — Hart respondeu. — Karl! Karl!

Mas por mais que gritasse, não havia resposta. Todo som ali era abafado por aquela música onipresente. Às cegas, Hart avançou pela neblina em busca de alguma coisa. Os policiais vinham logo atrás, sempre em guarda. Eis que um lampejo ardeu em frente à Hart e num brusco movimento ele se atirou contra o chão. O estampido resultante ensurdeceu-o, a luz fechou suas vistas. Sem seus sentidos, ele rolou pelo chão para tentar fugir de um ataque subsequente até enfim recuperar-se. E quando novamente pôde enxergar, a primeira imagem que lhe surgiu foi o brutal estado do corpo de um dos policiais — apenas um cadáver seco e escurecido. E do outro não havia nem sinal.

Mais um raio partiu em sua direção, forçando Hart a mover-se rápido para evitar a morte certa. Mais rajadas de energia vinham em sua direção, cada uma mais precisa e mais rápida que a anterior. Ele correu a plenos pulmões em direção à fonte dos disparos até ver diante de si um espelho feito do lhe pareceu gelo. Hart encarou confuso objeto até vê-lo começar a brilhar. No último instante desviou a tempo de escapar de mais um disparo.

— Então é isso? Vamos ver então!

Hart golpeou o espelho com força, estilhaçando-o em milhões de fragmentos. No mesmo instante a névoa e a música diminuíram. Pouco após outro raio veio contra ele, porém a esquiva foi mais ágil. Após passarem a cegueira e a surdez, viu que outra vez som e visão estavam mais claros. Karl provavelmente já estava destruindo aqueles espelhos também.

Um sorriso selvagem surgiu no soldado.

Partindo com a sobre-humana velocidade concedida pela técnica ensinada pelo Gew, Hart avançou contra os raios, jogando-se para os lados, saltando, se jogando no chão, rolando, evitando cada raio que o tentava fulminar e destruindo os espelhos durante todo o processo. Logo a visão era mais clara e entre a névoa já se podiam distinguir duras figuras correndo e outra, no centro da arena, parada em meio ao que pareciam ser quatro pequenos espelhos iguais aos que estavam atirando os feixes de raio. A cada um dos grandes espelhos que Hart destruía, um dos menores que cercavam a figura se partia. E quando o último caiu, o nevoeiro e a orquestra cessaram.

Agora Hart podia distinguir Karl e Ydel em cantos separados do prédio, assim como ver em detalhes a terceira figura. Era uma mulher de cabelos escuros e pele dourada, vestida num terno preto sem mangas. A mulher se virou para Hart, revelando em seu ombro direito uma tatuagem — uma coroa de flores vermelhas sobre uma espada.

— A Rosa-Espada… — Hart murmurou.

— E pensar que na mesma noite eu iria encontrar duas pessoas que conseguiriam sobreviver ao meu Teatro de Espelhos. Parece que eu ainda tenho muito que melhorar. Você escolhe bem suas companhias, Karl querido.

— Quem é você?

— Quem, eu me pergunto. E você, quem é?

Hart respondeu avançando contra a mulher, porém sua espada parou antes de tocá-la. Outra lâmina a impedira. O homem que a segurava, baixo e magro, de cabelos ruivos presos num rabo-de-cavalo surgira num instante. Assim como a mulher, ele vestia um terno preto e tinha, na mão, aquela mesma tatuagem. O homem empurrou Hart para trás e se colocou ao lado da mulher.

— Você devia ser mais cuidadosa — ele falou para ela.

— Eu tenho você exatamente para não ter que me preocupar com esse tipo de coisa, amor.

A mulher se virou para Karl e tirou do bolso um pequeno pedaço de papel.

— Dessa vez vamos ter que deixar passar, Karl querido, mas só dessa vez e só pelo seu irmão. Quando nos virmos de novo eu não vou poder se tão boazinha. Estamos saindo, amor. E até que nos encontremos novamente, espero que a sorte esteja ao seu lado, “Mestre do Jogo”.

A mulher derrubou no chão o papel que segurava e então sob seus pés as retas do espaço se curvaram em círculos até formarem uma fenda que sugou a ela e ao homem que então se fechou, retornando ao normal o espaço distorcido.

Uma vez que os dois foram embora, Hart abaixou a guarda, assim como Ydel. Karl, porém, foi até a borda do prédio e ali parou encarando a noite.

— Ela te conhecia — Hart falou.

— Isso não é importante — Karl retrucou.

— Não é importante? Ela era uma Rosa-Espada! Os dois eram!

— Eu sei disso.

— E de onde você conhece alguém assim?

— Para de fazer tanto caso por isso – Karl gritou. — Temos coisas mais importantes com que nos preocupar.

— Como?

— Como o fato de que a Rosa-Espada está atrás dos livros da garota.

— Eu disse para você! — Ydel exclamou. — Eu disse que era real!

— E o que vamos fazer agora? — Hart falou.

— Não podemos deixar que eles a peguem. Eu não sei o que está acontecendo aqui, mas se a Rosa-Espada está atrás dela então a situação é pior do que esperávamos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

"Ei, esse arco é basicamente worldbuilding puro!"
Yep, vocês me pegaram. Mas achei que fosse preciso um jeito decente de apresentar informações. Parágrafos inteiros de descrição de uma sociedade no meio de um texto me incomodam quando não ficam disfarçados.
Mas com tudo que aconteceu nesse capítulo aposto que surgiram algumas perguntas. Que se há de fazer, não?
haha. Até breve.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Canção De Hohen" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.