O ser encapuzado parou.

Eun Jo ajeitou o capuz da blusa sobre seu rosto. Ela odiava quando encontrava um daqueles pela cidade, odiava a ideia de ter que se locomover quando se deparava com um. Mas ela tinha que admitir aquelas pessoas eram insistentes.

Afinal já havia passado 8 anos, e ainda sim elas continuavam a colar cartazes pelos lugares com sua foto e a palavra desaparecida sobre essa.

–Não estou desaparecida. – sussurrou ela olhando o cartaz. –Somente não quero que me vejam.

Ela virou as costas para si e seguiu para o lugar que esteve vivendo naquelas últimas semanas, teria que pegar suas coisas e sair dali, mais uma vez. Aquela coisa toda de esconde-esconde era cansativo demais, contudo era algo que ela decidira para sua vida, e por isso continuaria. Mas é claro que a insistência daquelas pessoas – tal como viu o cartaz pela primeira vez – sempre lhe abala, a faz se sentir confortável.

Entretanto um medo também vem junto. E um medo que Eun Jo não sabe mais qual é, entretanto está lá, instalado em seu coração.

Ela andou em passos rápidos e adentrou no restaurante de comida coreana e seguiu para o balcão.

–Terei que ir embora.

O dono do estabelecimento, que estava arrumando mais um pedido, parou para encarar a garota.

–E o que eu tenho haver com isso?

–Preciso do dinheiro que está me devendo.

–Devendo? Esqueceu que você come aqui e dorme?

Ela respirou fundo.

–Esquece.

Dito isso ela seguiu para uma porta lateral e dessa seguiu um estreito corredor que a levou a uma antiga escada de madeira, qual sempre a fazia se perguntar como não caia. Dali ela seguiu outro corredor, com portas em ambos os lados e parou diante da ultima porta a abrindo com dificuldade, na certa seu futon havia se desenrolado como no dia anterior.

Empurrando com força ela conseguiu entrar no quarto, o cheiro de mofo atingiu sua narina, como sempre, mas era algo que ela estava acostumada, ela já havia dormido em lugares piores. Ela pegou o futon desenrolado e o enrolou o amarrando com uma de sua blusa de algodão. Em seguida arrumou suas coisas. Agora a sua bolsinha de fuga, foi substituída por uma mala de rodinha, era mais incomoda, mas dava para colocar mas coisas.

Dentro dessa ela também colocou seu futon e depois de uma ultima olhada no quarto, sabendo que não sentiria saudades do lugar, saiu dali em passos rápidos.

Quando voltou para o restaurante o dono deste lhe deu uma olhada desconfiada.

–Peguei somente o que é meu. – garantiu ela .

Ele nada disse, desviou o olhar e continuou com seus afazeres. Eun Jo continuou a olhá-lo por alguns segundos, gravando em sua mente o que ele havia feito para ela. ‘Ainda nos encontraremos’ .

Sem se despedir de ninguém, pois para ela não valia a pena, ela saiu daquele lugar e continuando a cobrir seu rosto seguiu para o ponto de ônibus. Ela achou que seria interessante, depois de um ano, voltar para Seul...