Ele olhou diretamente nos olhos dela, quase como se tivesse tido algum problema para entender o que ela tivesse dito.Deu dois passos para dentro do quarto e fechou a porta, não o fez com força, porém deu um pequeno susto em Isabela que no mesmo instante deu um pequeno pulo.

- Conversar? - Edward perguntou.

- Sim.

- Não temos o que conversar... Você quer falar sobre algo do divorcio?

- Edward, não precisamos chegar a isso... Nós podemos contornar a situação, impedir que nossos filhos cresçam sem a presença de um dos pais. Vamos conversar!

- Seja honesta, o que eu preciso falar e o que eu preciso escutar? - Foi quase uma pergunta retórica.

- Você precisa escutar o meu lado disto, saber a minha versão. - Disse, enquanto ele se sentava na beirada da cama.

- Acho que só preciso ouvir outra versão, quando não conheço a história. - Deu de ombros. - E acredite essa eu sei de cor, não preciso de desculpas. Eu sei o que aconteceu. Eu sei os seus erros, e sei os meus também, e por isso eu acho que não precisamos ter uma conversa, isso não servirá para nada.

- As coisas não são assim, desde que você pediu o divorcio, eu já não tenho mais o direito de falar, é sempre você, você e você. Eu sei os erros que cometi, todo mundo comete, não é uma desculpa plausível e eu sei disso. Mas nós sempre erramos sem nos dar conta disso, por que não conversou comigo quando percebeu que eu estava deixando minha vida de lado e vivendo para o trabalho? Por que não me disse que eu estava acabando com nosso casamento? Por que não? - Sua estava quase em tom de choro.

- Não tente por a culpa em cima de mim. - Edward disse com a voz baixa.

Nesse momento ele se perguntava também.

- Não estou fazendo isso, Edward, só quero saber. Você não... Sentiu minha falta? Nunca pensou em chamar para sair nesse tempo?

- E eu não chamei? Deixava recados no celular, deixava com sua secretária, te mandei flores com cartão... E sabe como eu acabava a noite? Sozinho em um restaurante esperando minha esposa que nunca ia. - Ele levantou-se ficando de frente para ela.

Ela engoliu em seco,  por um lado pelo que ele havia acabado de falar, por outro pela proximidade. Sentiu-se mal ao saber disso, pensar nele sozinho esperando-a em uma mesa de restaurante rodeado pro casais, enquanto ela provavelmente estava jogada em algum contrato ou processo, fazia com que ela se perguntasse: O que mais havia perdido?

Sentiu-se fraca, por estar afetada com a presença dele em meio a uma briga, que com toda certeza não iria acabar com um sexo selvagem ala " Sr. e Sra. Smith".

- Desculpe.

- Não precisa se desculpar, já superei. - Ele piscou o olho, como se não fosse nada demais.

Ele fingia não se importar, mas se importava. Poderia parecer bobo, mas ele gostaria que no aniversario de casamento, eles passassem o dia inteiro juntos e isso faria com que, eles lembrassem do por que terem se casado. Ele gostaria de sair com a mulher e os filhos no final de semana, ir a praia, fazer um piquenique ou viajar nas ferias, ele queria que quando ele chegasse em casa depois do trabalho ela viesse recebe-lo com um beijo.

Clichê? Não, demonstração completa de amor.

- Desculpe as coisas não serem como você queria que fosse, desculpe eu não alcançar suas expectativas, eu sei que como esposa eu deixo a desejar, eu sei que como mãe eu não preencho todas as lacunas, sei que errei muito, mas não fiz isso com a intenção de te magoar e nem de afundar nosso casamento, eu simplesmente não percebi, não percebi que estava deixando minha vida de lado e não percebi que você sentia minha falta. Desculpe não ser a pessoa certa para você. 

Ela terminou de falar abaixando o rosto. Ela não estava fazendo isso para que ele sentisse pena, ao contrário, ela é do tipo de pessoa que prefere morrer de fome ao ter que lidar com a pena de alguém para comer. Ela simplesmente sentiu vergonha de olhar nos olhos dele.

Sentiu vergonha, por que saberia que veria ali, tudo, extremamente tudo, que toda a mulher queria ver em um homem. Um homem bonito, por que querendo admitir ou não, todo mundo quer uma boa dose de beleza ao lado, inteligencia, companheirismo, persistência, amoroso, um excelente pai...Sentiu vergonha de não poder admira-lo da maneira que deveria ter feito enquanto teve tempo.

- Não queria que você fosse a pessoa certa, Bella, isso não existe, eu queria que você tentasse e lutasse para que nós conseguissemos dar certo, por que era isso que eu tentava fazer. Eu tentei em todos os sentidos, eu tentava ser romântico e atencioso, mas sem ser grudento, eu era sincero sem ser grosso, te elogiava sem pedir nada em troca por que tudo era sincero, mas não foi o suficiente. - Ele deu de ombros, mantendo a expressão neutra no rosto.

- Foi, foi o suficiente sim, foi mais do que e o suficiente. Você não sabe como fiquei feliz ao te ver na minha primeira audiência, eu estava tão nervosa e quando te vi ali, me veio determinação para continuar. Por você eu tentava ser a melhor, por você eu lutei até onde pude, eu queria que você olhasse para mim com admiração, queria que você pensassem em mim e dissesse que soube escolher bem a sua mulher... Queria ser uma mulher completa para você. - Ela admitiu por fim, deixando sua lagrimas caírem, sem soluços ou total desespero, apenas o desabafo de quem estava cansada.

- E você era, era quando me dava um beijo de bom dia, quando me esperava para jantar, quando me acompanhava em eventos, quando combinávamos de sair... Você não tem ideia de como eu me sentia vitorioso ao entrar com você em um restaurante, como eu gostava de ver os homens querendo algo que só eu tinha. Eu ficava maravilhado quando te encontrava conversando com nossos bebes ainda dentro de sua barriga, lembra que sempre assistíamos a ultrassom? E sempre apostávamos com que eles iriam se parecer... 

Eles se encararam, ambos sentiam falta um do outro, mas não conseguiam, simplesmente não conseguiam colocar essa ultima parte para fora, não conseguiam admitir para o outro... Faltava coragem para isso.Ambos se desejavam, queriam aquilo, queriam se provar novamente, compensar o tempo perdido, mas como nada acontece do jeito que nós queremos.

- Se estava bom, por que não pode tentar novamente? - Ela criou coragem e perguntou.

- Desilusões machucam.

- Você consegue ser ainda mais cabeça dura do que Charlie era. - Ela comentou, ele deu um pequeno riso, porém o clima continuou tenso.- Acho que você não quer mais me escutar, e parece estar com sono.. Vou para meu quarto. - Ela murmurou, já caminhando para a porta.

- Bella... Procure uma caixa vermelha no closet. - Ele disse.

- Por que? - Perguntou sem entender.

-Só procure.

Ela saiu do quarto intrigada, quase sem aguentar a curiosidade, ela correu em direção ao seu quarto, abriu a porta e a fechou com um empurrão. Respirou fundo, e entrou no closet.

Era grande, ainda tinha varias peças de Edward, principalmente camisas, e obviamente muitas de Bella, em sua maioria, roupas apropriadas para o trabalho.Foi até o final do closet e como não conseguia ver tudo que tinha na ultima prateleira, ela puxou uma especie de bau, e subiu em cima dele com cuidado para não cair, colocou as mãos sobre a madeira e procurou alguma caixa vermelha.

Se apressou em afastar algumas sacolas quando viu algo de cor forte brilhar, quase pulou de felicidade quando viu a caixa brilhante, grande e vermelha ali, pegou e pulou do bau, sem se importar em coloca-lo de volta no lugar de onde havia tirado-o.

Foi com a caixa que estava com um peso considerável para a cama, sentou-se e abriu a tal caixa.E então entendeu o por que de Edward ter dito para ela procurar a caixa.Ali dentro, ela reconheceu de cara os álbuns dos meninos, pegou-os, já sentindo os olhos marejados.

A primeira " Pagina" do álbum, era na verdade uma página que seria me braco se não fosse as marcas dos pequenos pés e das mãozinhas dos meninos, ela contornou-as, foi passando as paginas.As primeiras fotos eram na sala do parto, ela estava suada, e descabelada, Edward ao seu lado e seus meninos magrinhos e chorando. Algumas na incubadora,  a do primeiro banho.

Uma sequencia absurda de fotos deles com Edward, e com Bella, com os tios, principalmente com Emmett, ela riu um pouco quando viu Edward com Isaac mordendo o nariz dele.Ela foi virando e analisando foto por foto. Quando acabaram, ela fechou os álbuns e se voltou para a caixa. E dessa vez ela realmente se controlou para não chorar, sair correndo do quarto e ir para Edward.

O álbum do seu casamento.Aquele dia havia sido perfeito em tudo, desde seu vestido, maquiagem penteado, cor das unhas, a decoração. Em todas as fotos eles sorriam felizes, em todas os braços dele estavam em volta dela, em muitas eles se olhavam nos olhos ignorando a câmera.

Do outro lado do corredor, Edward ligava para os irmãos, para informar o que tinha acontecido.

- Mas ele ta bem, mano? - Jasper perguntou.

- Esta sim, só que... Não posso ir viajar.

- Ok, esta tudo bem, eu vou, não tem problema, vou contar ao Emm o que aconteceu, compro minha passagem e vou hoje mesmo... Vou ter que passar ai e pegar uns documentos. - Jasper disse já planejando tudo que teria que fazer.

- Ok, vou ligar para Tânia a pedir para ela remarcar a reunião para amanhã. - Edward disse e depois que falou, deu um sorriso. - Alias, ótima oportunidade para vocês se resolverem não é?Jasper ficou mudo por alguns instantes.

- O que aconteceu entre ela e eu, foi a muito tempo...

- E você ainda gosta dela, é serio, Jasper, resolve isso e vai ser feliz.

- Vou cuidar em tudo por aqui, daqui a pouco chego ai para pegar os documentos. - Desligou em seguida, fazendo Edward soltar um leve gargalhada.

Ele conversou com Tânia, explicou tudo,pediu desculpas por atrasar uma reunião, mas era necessário, ela tranquilizou-o, dizendo que provavelmente alguns acionistas não poderiam estar presente na reunião, e ela sendo amanhã ficaria mais fácil para todos.

Jasper foi em sua casa pegar os documentos, porém não se demorou para não entrar no assunto Tânia, ele poderia ser amigo dos irmãos, mas não gostava de entrar no assunto garotas, quando a garota em questão significava alguma coisa para ele.     

         *~~~*~~~~*~~~~*

Durante a madrugada, uma forte chuva caia, e com ela trovões e raios. Edward estava dormindo profundamente, até que foi acordado pelo grito de Isabela. Ele bem sabia do medo que ela tinha dessas tempestades, sem saber se era ou não um boa ideia, ele levantou-se rapidamente, esquecendo-se de vestir uma bermuda ou um roupão.

Normalmente estaria escuro, mas os relâmpagos davam certos clarões nos corredores, e ele logo chegou ao seu antigo quarto, tentou acender a luz, porem não adiantou, nessas horas a energia tinha de sumir.Foi tateando até encontrar a cama.

- Bella?

- Edward? - Sua voz saiu insegura, chorosa.Ele subiu na cama, e novamente sem pensar, ele a abraçou.

- Hei, fica calma, eu estou aqui. - Ele disse firme, apertando com força o corpo dela, que tremia um pouco, ela simplesmnete soluçou, e afundou o rosto no peito dele.

Ela gostava de ficar ali, se sentia confortável, protegida.

Ele gostava de tê-la ali, gostava de portegê-la.

Ali era o lugar deles, ao menos até aquela tempestade passar.