Nico:

Era meio complicado aproveitar os poucos momentos de felicidade quando tem tanta coisa ruim acontecendo. Mas por incrível que parece, nós conseguimos fazer isso.

Thalia e eu ficamos dançando até o fim da festa, até que só nós dois restávamos rodando pelo salão feito idiotas apaixonados. O que, por algum acaso do destino, nós somos.

Abracei sua cintura, rindo, enquanto ela apoiava o queixo em meu ombro e suspirava.

Queria que aquele momento nunca acabasse. Que pudéssemos ficar rodopiando para sempre ali e esquecer a que mundo pertencíamos, mas não podia fazer isso.

Rodei-a mais uma vez, lentamente, e paramos um de frente para o outro. Voltamos a ter expressões sérias de um segundo pro outro.

- Nós temos que voltar Thals... – sussurrei.

-Eu sei que sim. – respondeu, e me puxou para o chalé de Zeus. Parei na porta.

- Não posso entrar aqui. – disse engolindo em seco, puxando minha mão da dela. Ela sorriu pra mim.

- Relaxa di Angelo. Não vou te morder. Não agora. – respondeu, voltando a segurar minha mão. – E duvido que meu pai vá fazer alguma coisa com você, porque ele teria que passar por cima de mim. – completou, sussurrando em meu ouvido.

Me arrepiei com seu tom de voz. Essa garota ainda vai me matar, eu sei disso...

Soltei um muxoxo de reprovação, mas assenti. E ela me puxou para dentro.

Nunca havia entrado ali antes, então fiquei estupefato com a magnitude daquele chalé.

A estátua de mármore de Zeus bem no centro, com um beliche em cada extremo do quarto amplo, tingido num tom de azul aconchegante, exceto pelo espaço de Thalia, pintado como azul elétrico no tom exato de seus olhos. Me senti um intruso ali.

Thalia me puxou até seu beliche e me deitou ali, se aconchegando ao meu lado.

- Eu ainda acho melhor ir pro meu chalé... –murmurei, contrariado.

- Cala essa boca, Nico. – ela riu, me abraçando.

- Só estou preocupado. E se seu irmão entrar aqui? – tentei convencê-la.

- Ele deve estar se divertindo com alguma filha de Afrodite agora mesmo. - respondeu convicta, sorrindo. E então engatinhou sobre mim até que seu rosto ficou da altura do meu.  – E se você não fosse tão chato, poderíamos estar nos divertindo também...

E então ela me beijou. E eu me arrepiei de novo. Droga.

Me sentei devagar, e ela continuou me beijando, sentada no meu colo.

Me desvencilhei de seus beijos contra minha vontade, mas aquilo estava tomando um rumo perigoso demais, até mesmo para mim.

- Thals, se você continuar com isso eu não me responsabilizo pelos meus atos... – avisei, com a voz rouca.

- Quer que eu pare? – perguntou, mordendo o lóbulo da minha orelha e puxando devagar.

- Quero. – respondi, de má vontade, lutando contra a vontade de morder seu ombro nu.

- Tem certeza disso? – ela me deu outra chance. Senti seus dentes raspando a pele do meu pescoço...

E lá se foi meu controle.

Segurei suas cochas e a virei, me mantendo apoiado nas mãos, e a beijei ferozmente.

Ela passou as pernas pela minha cintura e puxou meus cabelos em sua direção, pedindo por mais.

Me afastei, arfando, quando me faltou o ar.

- O que você está fazendo, Thalia Grace? Quem você pensa que é pra me fazer perder o controle? – perguntei, voltando a me sentar. Ela sorriu novamente, vitoriosa.

- Não culpe a mim... Não ouvi você reclamando quando eu estava em cima de você.

Soltei um muxoxo baixo. Ela tinha razão.

Ela se inclinou para mim novamente, e quando nossos lábios estavam quase se colando novamente, uma luz colorida invadiu o chalé, e Zeus apareceu na nossa frente numa mensagem de íris 10 vezes maior que o normal. Me afastei de Thalia tão rápido que acabei batendo a cabeça na madeira do beliche.

- Pai! – ela gritou, surpresa,  tentando ajeitar o cabelo. – O que faz aqui?

- Filha... – cumprimentou Zeus, depois me observou de cima a baixo com cara de poucos amigos. – ... E sobrinho, é claro...

Ele girou o quarto com os olhos, e voltou a nós novamente.

- O conselho decidiu o que fazer com vocês. – Anunciou sério.

- E o que decidiram? – perguntei, saindo do meu estado de choque.

Sério, se seu “sogro” entra no quarto da sua namorada e te encontra num momento íntimo com ela... Não é lá uma coisa muito agradável.

- Os Olimpianos decidiram que vocês serão submetidos a alguns... Testes. – ele lutou para achar uma palavra adequada.  – Veremos se vocês merecem nossa ajuda para se livrar dos castigos que Ártemis sugeriu pra vocês dois.

Eu e Thalia nos entreolhamos.

-Testes? – indagou ela. – Como... O que você quer dizer com isso?

- Que cada vocês dois irão passar por 12 desafios no próximo mês. – ele foi direto com a resposta. – Cada um deles planejado com cuidado por um dos 12 Olimpianos. Serão submetidos ao que cada um deles desejar, e só serão livres para ficarem juntos ao final de todos os testes. – Ele se virou para nós, com pesar estampado nos olhos. Parecia extremamente cansado. – Lamento muito por vocês filha, mas foi o melhor acordo que Eu, Afrodite e Hades conseguimos para vocês. Pode parecer estranho a vocês, mas eu não quero que isso termine em morte para nenhum de vocês. Eu amo a família que tenho, mas não há nada que eu possa fazer quanto a isso. Como Ártemis mesmo afirmou, Thalia fez um juramento a ela... – Ele suspirou. – Preparem-se, crianças. Isso não vai ser fácil para vocês... – E a mensagem sumiu.

Fiquei ali com Thalia, digerindo a informação.

Teríamos um mês. E Isso realmente não seria nada fácil.