Apolo adentrou o campo de treinamento assim que enxergou as costas nuas de sua irmã ao longe, atirando flechas sem cessar em um alvo a exatamente 1 Km. de distância de onde ela se encontrava.

Ele se aproximou dela sorrateiramente, e percebeu que ou sua irmã estava realmente nervosa, ou ela estava... Bem, "naqueles dias". 

A garota puxava uma flecha atrás da outra, e nunca errava o ponto vermelho no  centro do alvo, tamanha era sua fúria pelo filho de Hades.

Quem ele pensava que era, afinal?

Tudo que ele pensava que sabia sobre ela eram apenas partes de uma história grande demais que, por algum motivo um tanto questionável, não tinha o final feliz que ela havia desejado.

Gotas de suor grudavam seus cabelos dourados na testa e ao redor do rosto, e assim que percebeu a presença de alguém ás suas costas, ela girou o arco repentinamente, parando a flecha em suas mãos apontada diretamente para Apolo, a exatos dois dedos de sua testa. Ele ergueu as mãos ao lado do tronco, surpreso com a atitude voraz da irmã.

-O que quer?! - perguntou, grossa, um pouco antes de girar o corpo para o alvo novamente. Por muito pouco não disparara a flecha prateada contra o cérebro dele.

-Como se sente? - ele respondeu com outra pergunta. Nem Zeus poderia imaginar o quanto ela odiava quando seu irmão o fazia. Ela permaneceu em silêncio até que as últimas flechas atravessassem o ponto vermelho. Abaixou o arco, dando um suspiro.

-Uma tola por acreditar que Thalia fosse enxergar a verdade antes que fosse tarde demais. - respondeu, não deixando transparecer um pingo de emoção em sua voz. - Ela vai aprender do jeito mais difícil o que eu tentei explicar...

Apolo pousou as mãos morenas e quentes sobre os ombros frios de Ártemis pouco antes de suspirar.

- Porque sempre tem que agir com frieza?

Ela deu de ombros.

- É de minha natureza ser tão fria quanto a lua, assim como a sua é ser tão quente quanto o sol.

Ele bufou, divertido.

-Tem sempre uma resposta pra tudo, não é? Porque não pode simplesmente entender que eles se amam e admitir seu erro?

-Porque eu sei que estou certa. - Ela respondeu simplesmente.

Ele a observou, e se aproximou um pouco mais de Ártemis. 

Como ela podia ser tão linda quando ficava nervosa?

-Deveria tentar ser um pouco mais humilde, irmãzinha. Pare de se colocar acima deles um pouco. Você já passou por isso antes, mas não estava na posição de juíza que está tomando agora. Seja compreensiva...

A expressão de Ártemis ficou dura, e ela se aproximou ainda mais de Apolo, fazendo com que seus narizes quase se encostassem.

-E quem é você pra falar de humildade? Vive se vangloriando por ser tão bonito e charmoso antes meso de ser elogiado. Seu ego é tão grande quanto o sol. - disse ela, olhando no fundo daqueles olhos dourados e penetrantes. 

Deuses, como ela queria que eles não mexessem tanto com ela.

Apolo deu um sorrisinho de canto.

- Mas mesmo o sol se põe para deixar a lua brilhar. 

Ele segurou seu rosto entre as mãos, abaixou seu rosto, e a beijou.

Ártemis não ficou para trás: logo abraçou o pescoço do seu irmão, e retribuiu o beijo.

Os lábios quentes do deus- Sol moviam-se contra os seus num ritmo entorpecedor, tanto que a deusa nem ao menos se lembrava de quem era, do que falavam...

Quem dirá sobre seu voto de castidade?

Ele abriu a boca, e forçou- a a fazer o mesmo tocando sua língua em seus lábios já inchados. E ela cedeu mais uma vez , sem pestanejar. Afinal, quem o faria?

O calor da boca dele invadiu o frio da dela, e eles descobriram assim, juntos, que gelo e fogo combinam perfeitamente.

Não era necessário nada em especial para tornar essa combinação perfeita. Ela, por si só, já o era.