Crashing escrita por Camis


Capítulo 2
Capítulo 2




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Quinze minutos mais tarde, vejo o carro do meu pai apontar na área de desembarque do aeroporto. Andava de um lado pro outro, esperando ele conseguir parar. Quando isso aconteceu, corri pro carro, jogando minha mochila no banco de trás.

– Fala logo, o que aconteceu ? – Perguntei, nervosa.

– Então, você tem que prometer que vai ficar calma – Ele respondeu.

– Aham

– E que não vai pular do carro e voltar pro aeroporto com a roupa do corpo.

– E por que eu faria isso ? – Perguntei de volta

– Promete ? – Ele me olhou sem conseguir esconder a animação

– PROMETO, FALA PAI !

– Ontem de manhã, recebemos uma carta da Universidade da California. Sobre o seu formulário de inscrição. Você sabe como é o sistema para estudantes internacionais né ? É muito rigido, não facil eles aceitarem pessoas de fora que pretendem fazer uma graduação completa. – Ele continuou falando, menos animado agora.

– Eu não fui aceita né ? – Perguntei, já adivinhando o que poderia ter acontecido. É claro que eles não iam me aceitar. Estudei a vida toda na escola pública da minha cidade. Eu era uma boa aluna, mas é claro que queriam saber da reputação da minha escola também, e não sei se essa os agradaria.

– Seu curso ta pago, meu bem ! Sua mãe fez o pagamento ontem mesmo, online ! Sua faculdade começa no Outono ! Só precisa comprar a passagem e procurar um apartamento. Você tá indo pra Los Angeles !

– QUÊ QUE CÊ TA FALANDO ? COMO ASSIM ?

– É Lory, to falando grego ?? Você foi aceita ! Tá indo pra Los Angeles em menos de dois meses ! Por que ? Vai desistir agora ?

– NÃO PAI ! Claro que eu não vou desistir !! HAHAHAHA Eu só não tava esperando ! Meu Deus, eu não acreditoooooooo ! Mas espera aí ! Preciso de um trabalho, como eu vou me virar lá ? Não posso ir sem ter onde trabalhar ! – Respondi. Não podia deixar de pensar no futuro. Meu pai ja havia pago meu curso, não podia faze-lo pagar todo o resto. Tudo bem que eu tinha minhas economias, tinha a minha poupança, mas não seria o suficiente pros meus 5 anos de curso... Talvez fosse o suficiente pros três primeiros meses. O que eu ia fazer ?

– Calma ow ! Pensa em uma coisa de cada vez. Primeiro, você vai comprar sua passagem, reservar um hotel pra ter tempo de achar um apartamento e começar a ver isso. Você tem suas economias, faça um bom proveito delas. Quando suas economias acabarem, sua mãe e eu tomamos conta do resto. Você vai ter tempo de achar alguma coisa nesse meio tempo. Não se preocupe ! A unica coisa que queremos é que você mantenha sua reputação, seja uma boa aluna, e uma excelente roteirista, diretora ou seja lá o que você quer fazer. E claro, alugue um apartamento em Beverly Hills, por favor !

– Aham, Beverly Hills, claro, super barato. – Respondo, ironica.

– Para de ser chata Lory ! – meu pai riu e seguimos pra casa.

Do dia seguinte em diante, eu tinha muito o que fazer. Precisava abandonar o meu futuro ex-trabalho numa produtora de video, cancelar todos os cursos que eu havia previsto pra aquela época, achar uma passagem de avião, cuidar de visto e entrevista, achar possíveis apartamentos (em Beverly Hills) e possíveis propostas de trabalho.

Comecei todas as minhas pesquisas, encontrei uma boa passagem no dia perfeito, enviei alguns em-mails pra possíveis vagas em estudios e produtoras e procurava por apartamentos. Fiz a resereva no hotel.

Os dias passaram rápido.

Acordei em uma quarta feira ensolarada, exatamente uma semana antes do meu vôo pra Los Angeles. Olhei pro relógio na cabeceira da minha cama e lembrei que precisava começar a arrumar as coisas pra viagem. Peguei o telefone e liguei pra Mel.

– Hmmmmm ?? – ouvi ela dizer, ainda dormindo do outro lado.

– Mel ?

– Quê ? – ela respondeu.

– Você tem uma semana pra abusar da minha nobre presença. Estou indo pra Los Angeles. Quer ir ao shopping ? Preciso de malas e algumas roupas.

– Quê ? Que que cê ta falando, Lory ? Eu tô sonhando ? – Mel respondeu, ainda meio dormindo.

– ACORDA MELISSA, CARALHO ! – gritei no ouvido dela. A gente se amava, apesar do palavreado.

– TA, ACORDEI. Passa aqui, meia hora ! Não to entendendo nada ! Vem logo.

– 45 minutos, acabei de acordar. Fica pronta. – Respondi e fui ao banheiro, me arrumar.

Desci as escadas de casa correndo e apanhando as chaves do carro na mesinha perto da porta de saída. Gritei um tchau pra minha mãe e fui em direção a casa de Mel.

Buzinei na porta da casa dela, e ela não demorou nem um minuto completo pra sair na porta. Entrou no carro cheia de perguntas.

– Meu, que história é essa que você ta falando ? Não entendi nada ! Que que você vai fazer em Los Angeles ? Uma semana ? To confusa. – Ela disparou, sem parar nem pra respirar.

– CALMA MELISSA, CALMA ! Vou explicar. Fui aceita em uma faculdade na California amiga, Los Angeles, uma das melhores do mundo. Meu vôo ta marcado pra quarta que vem. Já tenho visto, possíveis apartamentos e trabalhos. Só preciso das malas, e você ta inclusa nessa parte. – Respondi, emolgada

– Ahhhh !! Então pra parte das malas você lembra de mim ? Eu quero é férias em Santa Mônica. E quero saber por que você só ta me falando isso agora. – Senti que ela estava meio emburrada, mas sabia que ia passar logo.

– Porque eu estava esperando dar tudo certo antes, por isso. Você vai ter férias em Beverly Hills meu bem, se me ajudar com as malas. – Respondi, já a ponto de estacionar o carro no shopping. Continuamos conversando animadas, olhando vitrines e procurando pelas coisas que eu precisava.

– Lory, por que uma mala tão sem graça ? A pink é muito mais bonita ! Azul marinho amiga ? Pelo amor de Deus ! – Mel disse, enquanto eu me decidia entre algumas opções.

– Não, azul marinho é melhor ! Vai ser essa aqui mesmo. – respondi

– Tá então né, se você diz. Isso ai não é nadinha Beverly Hills. – ela disse.

Dei risada e continuamos as compras.

Depois de duas horas, o meu saldo era um jogo de malas, uma bolsa, dois casacos, uma calça, uma bota, duas blusinhas e uma echarpe, além de um vestido de festa e um salto bem sofisticado. Mel carregava algumas coisas também.

– Lory, você precisa de umas opções pras entrevistas, amiga. Um sapato e pelo menos dois conjuntos. Mas não pode ser muito sofisticado, porque você sabe, essa gente que trabalha com cinema é tudo meio doida. – Mel disse, olhando as vitrines.

– Ahh, não preciso não, acho que tenho o suficiente. – respondi

– Não não, acho que você devia tentar aquele vestido ali ó, e aquele sapato também. E aquela saia com aquela blusa são a sua cara. Só mais esses, vai, faz sua amiga orgulhosa. – ela ria, apontando pra uma vitrine qualquer.

– Tá bom, Mel. Vamos hahaha – e fomos em direção a loja.

Duas sacolas a mais no meu saldo, e uma a mais no da Mel, e fomos à praça de alimentação pro almoço. Conversamos mais e mais, e mais. Depois, voltamos pra minha casa.

Mel passou alguns dias comigo, o que fez os dias passarem mais rápido ainda.

Quando nos demos conta, era segunda a noite.

– Só mais um dia – Mel disse, enquanto assistiamos a um filme, com pipoca e coca-cola na mesa de centro da sala de TV.

– É amiga, vai ficar com saudades ? – perguntei pra Mel, divertida.

– Só do seu closet três vezes maior que o meu. – ela respondeu, triste, encarando o nada.

– E AI OW, meu closet fica ! – dei risada - não da pra por na mala. Você pode vir buscar quando quiser.

– Não vai ter a mesma graça. – ela disse com a voz embargada.

– Mas você vai pra Los Angeles, me visitar – respondi

– Só se a gente for pra Santa Monica.

– A GENTE VAI, PESTE. – respondi dando risada, e a Mel me abraçou, tentando não chorar.

No dia seguinte, passamos a tarde no parque, e depois Mel voltou pra casa, se despedindo de mim, sem saber por quanto tempo. Eu voltei pra minha, melancólica, mas feliz. Meu sonho estaria se realizando no dia seguinte.

Acordei na quarta bem cedo, tomei banho, me arrumei. Desci pra tomar café da manhã com meus pais. Seria meu ultimo café da manhã com eles. Depois, eles me levaram até o aeroporto. No portão de embarque, minha mãe chorava e meu pai fazia tchau, super animado, tirando o máximo de fotos possível dos meus ultimos passos em solo brasileiro. Entrei em direção ao meu avião, e meu sonho.



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