A Bela Não Está Adormecida escrita por Coala Voador


Capítulo 6
Eu devo matar ou Eu devo morrer ?


Notas iniciais do capítulo

Vamos deixar o tempo agir um pouco sobre nossa pequena Aurora.



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Aurora riu, ela estava realmente se divertindo com o que o garoto havia acabado de falar.

 Você ? Meu protetor ? Só pode estar louco.

– Acha mesmo que eu tenho medo de você Bela ?-  Ele perguntou enquanto sorria, ele também estava se divertindo muito com a irritação da garota.

– Deveria. - rosnou.

– E o que vai fazer ? Me matar ?

– Não sabe do que sou capaz...

– De continuar ai sentada olhando para o céu. - Cruzou os braços se recostando na janela. 

A garota virou a cabeça alguns centímetros para o lado, de forma que fitasse diretamente o garoto. Ele se perdeu na imensidão dos olhos azulados, e já não conseguia mais se mexer.

– E agora ? – Disse ela se levantando – E se eu decidisse te matar ?Te fazer em pequenos pedaços, e jogar janela abaixo ?

– Você...o que é isso...? – Ele tentava se mover, mas era em vão. Era como se todo o seu corpo tivesse virado pedra, como se tudo tivesse parado ao seu redor e seu corpo não respondesse mais ao seus comandos. 

– Isso é apenas o começo da sua morte, garoto. 

– Você não me mataria... - Retrucou um tanto relutante, olhando para a garota com um semblante mais que irritado. 

– Ou mataria ? – ela mantinha um sorriso macabro no rosto – Quem sabe eu só brinque um pouquinho com você, assim como eu brinco com as minhas bonecas... – disse ela olhando para o chão e apontando as bonecas em retalhos espalhados pelo tapete rosado.

– Você não é a única com ambições aqui...Não é a única psicopata...

– Então, você também quer matar pessoas ? - Ela falou, sentando-se no chão de pernas cruzadas, seus olhos denunciavam o interesse na fala do garoto. 

– Não é que eu quero matar, eu mato.

– Certo, você mata e eu também mato...Portanto siga seu caminho, que eu seguirei o meu. - Falou com as sobrancelhas juntas e os olhos ainda fitanto intensamente os do garoto.

– Até segundos atrás dizia que ia me matar.. - Ele zombou.

– Se você quer tanto morrer eu não me incomodo – Ela se levantou e seguiu lentamente para perto do garoto, que arregalou os olhos em surpresa.

– Não, não, não...Err... Não quero morrer. - Ele sabia que estava em uma situação muito delicada, já que estava lidando com uma psicopata. 

– Certo – Ela disse sorrindo – Então me deixe em paz e pare com essa ideia de querer me proteger.

O garoto sentiu seu corpo retornar a vida, ele olhou para os braços, pernas, estava tudo se mexendo e no devido lugar e ele ficou aliviado. O garoto novamente se transformou em uma bela coruja negra, e voou pela janela.

A garota retornou a trucidar- ou seria brincar ? - com suas bonecas, enquanto esperava minuciosamente o castelo adormecer para ela poder realizar mais atos sanguinários.

A noite caiu, junto com uma fina chuva que banhava a pequena cidade. Aurora andava pelas ruas, com sua adaga em mãos.
As mãos estavam ensanguentadas, o vestido parcialmente rasgado e sujo, os olhos brilhavam diante de um cenário de destruição que ia deixando onde passava. O número de mortes naquela noite ? Ela não fazia ideia.
Muitas, muitas pessoas morreram pela sua adaga, muitas pessoas adormeceram pelo seus olhos.

A garota estava andando, quando caiu de joelhos no chão, chorando sob a chuva.

“ O que eu estou fazendo ? O que eu me tornei ? eu...eu...”

A Serenidade, ou sensatez foi um dos dons dados a garota para tentar encobrir a psicose, mais aos poucos as duas coisas iam se confrontando dentro dela, iam fazendo com que ela se sentisse mal por matar, ao mesmo tempo que se sentia bem.

Em um ato de desespero, aurora pegou a adaga e pôs contra si.
Assim que ia deferir o golpe, algo a parou.

– E você ainda diz que não precisa de proteção. - Hiei falou enquanto pegava a adaga das mãos da garota, que estava prestes a emperrar o objeto em seu peito.

– Me deixe em paz! - Ela se descontrolou e sentou-se no chão. 

– Você ia se matar - argumentou convencido, guardando a adaga no bolso. 

– Não viu o que eu fiz ? Já andou pela cidade...? - Ela parecia arrependida ao mesmo tempo que estava feliz, era como um confronto de personalidades.

– Já, e cá entre nós, você fez um belo estrago...

– Não está ajudando. - vociferou - O Pior,é ter consciência de que tirei a vida de inocentes.

– E daí ? Esses inocentes querem tirar a suavida Bela.

– Mas isso não justifica... - tentou argumentar.

– Tem que arrumar um outro jeito de usar essa sua sanidade. – Disse  segurando-a pelo braço para que ela pudesse se levantar.

Aurora não sabia o que fazer, o que lhe restava era chorar. Os dois sentimentos estavam cada vez mais intensos, ela não estava aguentando tanto confronto dentro de si mesma. 

– Pare de chorar Aurora... – Ele  tinha um tom autoritário, não gostava de ver a garota chorando. 

– Não compreende...você não compreende Hiei! - Esbravejou.

– E pra falar a verdade nem quero - Ele falou, demonstrando não se importar nem um pouco e estar muito incomodado com a fraqueza momentânea da garota.

– Você não passa de um insensível. - confrontou, ela não precisava de proteção, não da proteção dele. 

– Ah e você é bem sensível não é mesmo ?

– Tsc...

Os dois foram andando até a entrada do castelo, onde Hiei deixou Aurora. Ela ainda estava com o semblante irritado, parecendo decepcionada consigo mesma, e estava. Ela, ao mesmo tempo que se mutilava por dentro pensava em mil maneiras de mutilar Hiei, que não estava ajudando em nada.

– Quando sair de novo – Disse ele olhando para trás – Tente não ser atingida por si própria... – Disse com um sorriso acolhedor, devolvendo a adaga que estava guardada em seu bolso. 

- Hunf... – Ela resmungou entrando pela porta dos fundos e indo se deitar em seu quarto.



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