Folhas De Outono escrita por Sheeranator Mafia


Capítulo 78
Resgate




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Dois anos se passaram. Eu com dezessete anos, prestes a completar dezoito. Camilla com onze anos. “Em breve” estava demorando para acontecer. De acordo com Cristina, quando eu completasse dezoito, estaria livre daquele lugar, mas sem Camilla. Eu não sairia de lá sem ela. Sei que assim que me jogassem na rua, iriam se mudar e nunca mais eu encontraria Camilla novamente. Luiz a usou por mais quatro vezes e a mim, ele nem se quer tocou ou outro homem. Ela já não chorava mais. Na terceira vez, entrou no quarto comendo um cachorro-quente. Isso foi em 2007. Soube que Mary não havia voltado para a Inglaterra e que ainda estava na pousada com Ana, que estava muito doente. Não sei ao certo o que ela tinha, mas era grave. Luiz nos prometeu que tentaria negociar algo com Mary para ter Camilla e eu de volta. Eles estavam em crise e quase passando fome, precisavam desse dinheiro.

Era agosto de 2008. Luiz estava decidido a ligar para Mary e pedir duzentos mil. Nunca que Mary e Ana conseguiriam esse dinheiro. Cristina queria cobrar mais, mas Luiz insistiu nos duzentos mil.

Camilla agora tinha o cabelo cortado na altura do queixo e estava preto. Eu nada mudei. Os seios da Camilla cresceram, junto com seu corpo. Ela já não acreditava mais em contos de fadas ou em papai Noel.

O filho de Rafael, aquele o qual mostrei o endereço de Ana, não resolveu meu problema. Rafael disse que ele tem dezesseis anos e nunca saiu de Angra dos Reis. Camilla se apaixonou pelo último homem o qual Luiz a vendeu. Segundo ela, ele não deveria ter mais de trinta anos e tinha olhos verdes e a pele mais branca que leite e cheirava a baunilha. Ela disse que, ao contrário dos outros, ele foi muito gentil e depois da transa, assistiram três episódios de “Um maluco no pedaço” . Eu não sei se conseguiria fazer isso, muito menos gostar de alguém que está contribuindo com a pedofilia.

Luiz entrou no porão com um telefone sem fio e se sentou no degrau da escada. Fez um sinal para que nos aproximássemos.

“Vou ligar para Ana e a liberdade de vocês depende dela.” –Ele disse.

Luiz tirou de seu bolso, uma pequena agenda. Lá tinha o número de Ana e Mary. Ele discou.

“Ana? Sou eu, Luiz...cala a boca e deixa eu falar... não... elas estão bem...deixa eu falar...quero duzentos mil por elas...não... duzentos mil, esta surda?....Elas estão aqui... tão comendo bem... estão ótimas... dois anos com elas....cala a boca... em frente ao maracanã... levarei elas... sim... sem policiais... no máximo a Mary...já disse, sem policiais ou elas morrem.” –Luiz desligou o telefone.

Como Luiz era mentiroso, Camilla e eu não comíamos bem. Perdi dez quilos e Camilla oito. No banheiro tinha uma balança e toda semana nos pesávamos. Eu estava mais abaixo do peso do que Camilla. Eu parecia a Olivia Palito e ela estava começando a criar corpo. As vezes parecia que ela era mais velha que eu.

Nos arrumamos e Cristina e uma mulher desconhecida, amarrou nossas mãos e pés. Rafael carregou uma de cada vez até o carro. Camilla foi primeiro. Estávamos em outro carro, não era o velho do Luiz. Cristina nos vendou e minutos depois, o carro começou a andar. Ela quem estava dirigindo. Pelo o que entendi, Luiz estava em um carro na frente e Cristina o seguia.

Finalmente chegamos ao Maracanã. Cristina tirou nossas vendas, mas permanecemos no carro. Estávamos longe de onde Luiz parou. Pude ver Mary. Como ela estava acabada. Estava magra demais e com o cabelo tomado pelo branco. Ana estava no carro e cobria seu cabelo com um lenço azul. Não dava para ouvir o que eles falavam. Mas pude ver um policial sair de trás de um carro estacionado próximo a eles. Foi tudo tão rápido. Me abaixei e não vi o que aconteceu. Ouvi vários disparos e Cristina partiu com o carro. Levantei e vi Mary no chão. Foi tudo o que meus olhos conseguiram ver. Mary com uma mancha vermelha em sua blusa branca. Parecia que o mundo estava girando devagar. Só senti a mão gelada de Camilla em meu braço esquerdo. Olhei para ela e ouvia longe ela perguntar se eu estava bem. Eu não conseguia respirar.

Vimos todo o caminho, mas eu não prestei atenção nele em nenhum momento. Chegamos em casa e me sentei com Camilla no sofá.

“Mary está morta.” –Eu não parava de repetir.

“Luiz provavelmente deve estar também.” –Disse Cristina levando suas mãos a cabeça.

“Que esteja!” –Eu disse me levantando. –“Você deveria ter ido junto.”

Cristina acertou um tapa em meu rosto e eu revidei. Não era mais aquela garota de quinze anos boba. Meu tapa foi mais forte que o dela. Cristina correu para seu quarto. Me sentei no sofá e comecei a chorar descontroladamente.

“Talvez ela não tenha morrido.” –Disse Camilla.

Algo me dizia que eu nunca mais veria Mary. A mãe pela qual eu sempre lutei ter, agora estava longe. Ou perto até demais. Eu só pensava na Amy agora. Ela teria sua mãe de volta. Como eu estava rezando para Luiz ter morrido também. Sequei as lágrimas e peguei o telefone. Rafael não me impediu e se sentou no sofá oposto.

“Pousada Brasilish, boa tarde.” –Era voz de Pedro.

“Pedro! Sou eu, Yolanda!” –Eu disse quase gritando.

“Yolanda...?” –Pedro disse quase sem voz.

Um longo silêncio tomou conta da nossa conversa.

“Ainda se lembra de mim?” –Perguntei.

“Penso em você todo dia.” –Ele disse.

Deixei um sorriso escapar e depois lembrei de tudo o que eu tinha para dizer a ele.

“Pedro... acho que a Mary está morta!” –Eu disse. –“A negociação não deu certo, me ajuda.”

“Onde você está?” –Ele perguntou.

“Estou em Angra dos Reis.” –Eu disse.

“Isso é longe!” –Ele exclamou. –“Em que lugar exatamente?”

Olhei para Rafael, que prestava atenção na conversa.

“Aqui é que parte de Angra?” –Perguntei a ele.

“Fazendinha.” –Ele respondeu.

Disse o endereço completo para Pedro e ele desligou o telefone. Ele estava a caminho. Eu não conseguia mais chorar. Abracei Camilla e ficamos no sofá mesmo. Sem Luiz no lugar, estávamos quase livres.

Horas se passaram e nada de Pedro chegar. Talvez estivesse perdido. Eu andava de um lado para o outro, estava ansiosa demais. Para Camilla, parecia que nada tinha acontecido. Ela estava deitada no sofá assistindo a novela.

Bateram na porta, corri para atender. A abri e não era o Pedro.



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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler minha fanfic *------------*
----- GENTE, VAI TER ENCONTRO MÊS QUE VEM, olhem na página SHEERANATOR MAFIA ou no site Ed Sheeran Brasil. Estou organizando junto com o site!
Participem, Little Leaves. ♥ Jenny eddictedhoran



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