Folhas De Outono escrita por Sheeranator Mafia


Capítulo 49
O momento deles




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“Não vai me responder?” –Perguntei.

“Eu vou até a sua casa.” –Ele disse.

“Não, nos vemos na escola então.” –Eu disse e desliguei o telefone.

Eu sabia que Teddy havia um grande motivo para ir na casa da April sem me contar, mas não queria saber disso agora. O livro ainda não aparecera e eu tenho que devolvê-lo, se não Mary terá que comprar outro e meu plano de esconder o assunto ia por água abaixo.

Acordei com calor, estava uma manhã quente, para a minha surpresa. Eu estava deitada virada para a janela e pude ver dois pássaros passarem em frente a ela. Me levantei, arrumei minha cama e fui em direção ao quarto de Mary, que estava com a porta totalmente aberta e vazio. Desci as escadas e Mary estava esquentando a água para o café, ela abomina cafeteiras.

“Se sente melhor?” –Perguntei entrando na cozinha.

“Sim, pareço outra pessoa!” –Ela disse, parecendo bem disposta.

Me sentei a mesa e esperei Mary servir meu café, a mesa já estava arrumada com bolho de milho. Cortei um pedaço do bolo, que ainda estava inteiro, enquanto Mary colocava meu café na mesa. Demoramos cerca de vinte e cinco minutos para terminar o café da manhã. Corri para o quarto, me arrumei para a escola e pude ouvir a buzina do ônibus escolar. Desci correndo.

“Tchau, Mary!” –Gritei ao passar em frente a porta da cozinha.

Entrei no ônibus e pude notar os olhos de Teddy voltados para mim. Caminhei em sua direção e sentei ao seu lado.

“Landy, eu...” –Disse Teddy, até eu interrompê-lo.

“A gente conversa na escola.” –Eu disse olhando para frente.

Teddy permaneceu me olhando e aos poucos foi olhando para a janela e nada disse até chegarmos. Enfim na escola, desci primeiro que ele.

“Agora podemos conversar?” –Ele perguntou descendo do ônibus.

“Tá bom, Teddy, vamos conversar.” –Eu disse parando de andar e me virando para ele.

“Mas quero que me ouça.” –Ele disse.

“Acho que estou te ouvindo.” –Eu disse.

“Landy, quando eu gostava da April, eu me aproximei muito da mãe dela, para fazer um agrado e hoje a mãe dela está em estado terminal e talvez não passe desse mês e quando soube, fui até a casa da April pra ver como estavam as coisas e marcar um dia para eu visitar a mãe dela e será hoje e... é isso.” –Ele disse.

“Teddy, eu... me sinto uma idiota.” –Eu disse.

“Você não sabia, te entendo, Landy. Esqueci o celular na casa dela porque sai muito abalado...” –Ele disse.

“Eu sinto muito...” –Eu disse.

“Se quiser, pode ir conosco.” –Ele disse.

“Não sei, acho que é um momento de vocês. Estranho dizer isso mas... é o momento de vocês.” –Eu disse.

Teddy me abraçou, ele realmente aparentava estar abalado com a possível morte da mãe de April e por um momento, esqueci de tudo de ruim que eu pensava sobre ela e só pensava o quanto ela deveria estar sofrendo com a futura perda de sua mãe. Incrível era como April nunca se demonstrou frágil e sensível, para sua mãe estar em terminal, desde o início do período, mais ou menos, sua mãe já deveria estar no hospital lutando contra a sua doença e ainda assim ela insistia em ser o que era, sem demonstrar um pingo de dor.

Ao fim da primeira prova, Teddy e eu nos sentamos no pátio externo e logo apareceram Beth e Samy e nos fizeram companhia.

“Ed?” –A voz da April vinha atrás de mim.

“Oi?” –Disse Teddy se levantando.

“A diretora me liberou para ir no hospital agora e já comentei que você iria comigo e ... pode ir agora?” –Ela perguntou.

Não parecia a April a qual eu tentava lidar todos os dias, aquela que eu queria que sofresse de certa forma e bom, agora ela esta sofrendo mais do que eu na verdade desejei a ela, talvez, eu nunca tenha desejado de fato, o seu mal mas, era estranho vê-la daquele jeito. O sofrimento de ninguém deve ser comparado ao do outro, isso não é uma concorrência de “eu sofri mais que você, tenha pena de mim”, não, isso é errado, chegamos a um ponto da humanidade que disputamos até isso e não creio que seja uma competição saudável.

“Claro, vamos!” –Ele disse.

Teddy se agachou ao meu lado.

“Certeza que não quer vir?” –Ele perguntou.

“Sei que eu deveria lhe acompanhar nesse momento difícil mas, eu seria uma barreira entre vocês dois...Qualquer coisa me liga.” –Eu disse segurando a mão dele. –“Me dá o endereço do hospital? Qualquer hora que me ligar, eu posso passar lá.” –Eu disse para Teddy.

“Espera um minuto.” –Disse April abrindo sua bolsa.

Ela tirou de dentro de sua bolsa marrom, um pequeno caderno e em sua espiral tinha uma caneta rosa com gliter. Ela abriu o caderno em uma página aleatória e começou a escrever. April arrancou a folha do caderno e me deu.

“Esse é o endereço do hospital.” –Ela disse.

“Obrigada. Irei se precisarem de mim.” –Eu disse olhando para April.

Ela deu um leve sorriso e guardou suas coisas.

“Vou indo.” –Disse Teddy.

Ele beijou a minha testa e se levantou e acompanhou April até a saída. Assim que eles saíram, o sinal tocara para a próxima aula, mais uma prova seria aplicada e eu não estava com cabeça para fazê-la. Terminei a prova em vinte minutos e já estava liberada para ir para casa. Teddy provavelmente teria que vir a escola no próximo sábado para fazer a outra chamada. Fui caminhando sozinha para casa e nenhuma mensagem chegara no meu celular até então. Não queria ligar, poderia atrapalhar, não queria parecer chata ou algo do tipo.

No meio do caminho decidi ir até a casa do Teddy, pra conversar com sua mãe. Toquei a campainha três vezes e ninguém me atendeu, quando eu estava me virando para ir para casa, ouvi a porta se abrir, era o Matt, caminhei em direção a ele.

“Teddy ainda está no hospital?” –Perguntei.

“Sim, estou indo para lá agora, ele acabou de me ligar avisando que a mãe da April faleceu assim que os viu.” –Ele disse.

“Ele nem me avisou isso...” –Eu disse.

“Na verdade, ele pediu pra eu não te contar, mas não vi motivo para isso. Quer ir comigo?” –Ele perguntou fechando a porta.

“Ele não queria que eu soubesse, por que iria me querer lá?” –Perguntei.

“Ele parecia bem abalado pelo telefone, Yolanda, seria bom que o ajudasse.” –Disse Matt.

Não disse nada e afirmei com a cabeça, e o acompanhei. Demoramos uma hora para chegar no hospital, Matt caminhou até a recepção e conversou com uma mulher, que aparentava ter uns quarenta anos. Ele voltou até a mim.

“Ela disse que não podemos entrar e devemos esperar aqui.” –Ele disse.

“Tudo bem.” –Eu disse.

Nos sentamos em uns bancos que ficavam do lado direito da porta e ficava em frente a uma porta dupla que dava para uma área restrita. Estava para completar uma hora de espera e eles finalmente apareceram, Teddy estava de mãos dadas com April e a soltou assim que me viu. Me levantei e esperei Teddy se aproximar.

“Por que contou para ela?” –Ele perguntou a Matt.

“Cara, ela é sua namorada, relaxa, ela foi lá em casa.” –Disse Matt.

“Não queria me contar para isso?” –Eu disse apontando para April.

“Me recuso a perder meu tempo brigando ou dando satisfações para você agora.” –Ele disse para mim.

“Okay então!” –Eu disse.

Fui até a April.

“Sinto muito pela sua mãe.” –Eu disse.

Não dei tempo de respostar para ela e caminhei rapidamente até a porta de saída. Sei que Teddy estava chateado com a morte, mas não poderia estar fazendo essas coisas comigo. As vezes eu acho que pensando assim, sou egoísta demais e ao mesmo tempo acho que ele é o egoísta.

“Yolanda? Espera!” –Era a voz de Matt.

Já fora do hospital, parei de andar e me virei para Matt.

“O que foi?” –Perguntei.

“Vai embora sozinha?” –Ele perguntou.

“Vou, não vou ficar aqui ocupando o tempo do Teddy.” –Eu disse.

“Não se zangue com ele, Yolanda.” –Disse Matt.

“Não estou zangada, só não quero conversar com ele enquanto estiver assim.” –Eu disse.

“Mas ele precisa de você.” –Ele disse.

“Não precisa, Matt!” –Eu disse aumentando meu tom de voz.

O meu celular começou a tocar, o nome do Ethan piscava na tela, o celular tocou quatro vezes e finalmente atendi.

“Alô?” –Eu disse.

“Onde você está? Liguei para sua casa e Mary disse que você ainda não tinha chegado.” –Ele disse.

“Estou no hospital.” –Eu respondi.

“Meu Deus, você está bem?” –Ele perguntou.

“Sim, eu sim, é que a mãe da April morreu.” –Eu disse.

“Não sabia que eram amigas.” –Ele disse.

“É e não somos, ela é amiga do Teddy e ele está aqui, só que eu quero ir embora, porque não me querem aqui.” –Eu disse.

“Yolanda, não...” –Disse Matt sussurrando.

“Shhh!” –Eu disse pra ele.

“Quer que eu te busque?” –Ele perguntou.

“Não, não quero dar trabalho a sua mãe.” –Eu disse.

“Ela vai sair daqui a pouco para ir ao mercado. Me diz onde você está.” –Ele disse.

“Estou no...” –Parei de falar e olhei para a faixada do hospital. –“Estou no Framlingham Union”- Eu disse.

“Já passo ai, me espera.” –Ele disse e desligou.

“Você vai embora?” –Matt perguntou.

“Claro!” –Eu disse ficando de costas para Matt.

“Não deveria.” –Ele disse.

“Eu não deveria ter vindo, isso sim, Matt.” –Eu disse ainda de costas.

Ele ficou em silêncio e um tempo depois, pude ouvir a porta do hospital se abri, virei minha cabeça e Matt não estava mais lá. Esperei muito por Ethan e já estava me cansando, mas antes que ele chegasse, April saiu com seu pai, Teddy e Matt.

“Ainda aqui?” –Ele perguntou.

“Estou esperando o Ethan!” –Eu disse de costas para ele.

“Ethan?” –Ele perguntou.

Ethan chegou na mesma hora, com sua mãe. Ele saiu do carro, estava no banco de carona e ficou segurando a porta aberta. Fui até ele, sem falar com Teddy e me sentei no banco de trás, Ethan entrou logo em seguida.

“Você está bem, querida?” –A mãe de Ethan me perguntou.

“Estou sim. A gente já pode ir.” –Eu disse.

O carro começou a andar e finalmente olhei para Teddy, que estava entre April e seu pai. Não olhei para trás e relaxei no banco.

“Vamos passar no mercado antes de te deixar em casa, ok?” –Disse a mãe do Ethan.

“Claro, eu ia sugerir isso!” –Eu disse. –“Alias, qual o nome da senhora?” –Perguntei.

“Eunice.” –Ela respondeu

Fomos ao mercado, não era tão grande como imaginei. Ethan não parecia feliz por estar ali e eu começava a achar o máximo poder ajudar Eunice nas compras. Ethan empurrava o carrinho enquanto nós escolhíamos as coisas.

“Qual seu bolo favorito?” –Ela perguntou.

“Bom, a minha mãe faz um bolo de milho delicioso mas, confesso que não sou muito fã dele.”- Eu disse rindo. –“Eu gosto mesmo é de bolo de cenoura com cobertura de chocolate. Comia muito no Brasil mas ainda não o vi por aqui.” –Eu completei.

“Posso fazer para você!” –Ela disse.

“Mesmo? Eu adoraria mas, por que a senhora faria um bolo pra mim?” –Perguntei.

“Porque estou a convidando para tomar o chá das 5 conosco amanhã.” –Ela respondeu.

“Adorei o convite, muito obrigada.” –Eu disse sorrindo.

Eunice estava se mostrando uma excelente pessoa e me lembrava a Mary, de alguma forma e isso fazia com que eu me sentia a vontade com sua presença.

“Vocês pretendem demorar muito nesse mercado?” –Ethan perguntou.

“Não reclame, Ethan.” –Eu disse.

“Vocês querem levar o mercado inteiro!” –Ele disse.

“Deixa eu esperar no carro?” –Ele perguntou.

“Sua função é empurrar o carrinho, que deve estar um pouco pesado.” –Disse Eunice.

“Sim, um pouco.” –Disse Ethan.

“Deixa ele ir e eu empurro.” –Eu disse.

Coloquei a mão no carrinho e Ethan ficou me encarando.

“Ta bom... eu continuo aqui. Se apressem, por favor.” –Ele disse.

Abri um largo sorriso e beijei seu rosto, Ethan sorriu um pouco sem graça e Eunice e eu voltamos a andar a procura de coisas que estavam na lista dela. Foi uma tarde agradável, apesar de o início dela ter sido frustrante e desagradável. O meu celular começou a tocar e o nome do Teddy piscava na tela.


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Notas finais do capítulo

Como já sabem, estou cheia de trabalhos para fazer, por causa do fim do período, deixei de adiantar um trabalho para fazer isso para vocês, não é uma obrigação minha escrever, mas me sinto mal quando demoro a postar aqui.
-- Espero que tenham gostado desse capítulo, muito obrigada por ainda estarem me acompanhando. ♥



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