Dada a hora para a aula de violino, Ethan se atrasara apenas cinco minutos. Ethan se sentou na minha frente, Teddy estava no meu lado esquerdo e observava cada movimento que Ethan fazia.

“Estava pensando em escrever uma música.” – Disse Ethan me entregando o violino.

“Também?” – Perguntei surpresa.

“Nunca consegui terminar uma música.” – Ele disse.

“Isso não me surpreende.” – Ed disse.

Ethan nada respondeu, apenas olhou para Ed, sem expressar em seu rosto o que sentia com o comentário de Teddy. Eu já me sentia bem íntima do violino, já irei completar um mês de aula e isso me deixava muito feliz e orgulhosa de mim. Em todas as aulas de violino, eu me imaginava na orquestra da escola e eu acreditei sempre, que um dia eu conseguiria. Ethan daria um excelente professor e poderia ganhar dinheiro com isso. Uma vez comentei sobre isso e ele fugira do assunto. Ed já queria dar aulas de violão para crianças que não podem pagar uma, falei para me esperar, para darmos aulas juntos e ele não pensou duas vezes e aceitou a ideia.

Dada duas horas de aula, Ethan recolheu suas coisas e ficamos conversando por vinte minutos. Teddy conversara com Ethan sem nenhuma indireta ou ofensas de ambas as partes. Confesso que esse clima de paz era estranho, porém eu poderia me acostumar. Ethan fora muito bondoso e nos deu carona até a minha casa. Mary preparou o jantar para mim e Teddy e fomos direto para a cozinha para comer e ficamos por lá, meia hora. Quando saímos da cozinha, fomos descansar na sala ao lado de Mary.

“Tenho uma surpresa para você!” – Ela disse.

“Pra mim:?” – Perguntei surpresa.

“Sim, leia este papel.” – Ela disse me entregando-o.

Peguei o papel, era impressão de um site de viagens aéreas e conforme fui lendo, pude notar que Mary havia comprado duas passagens, de ida e volta, para o Rio de Janeiro na época do Reveillon; Demorei para acreditar que estava lendo isso. Olhei para Mary e senti meus olhos acumularem água e por impulso, a abracei. Senti seus braços me apertarem e me sentia acolhida. Demorei para soltá-la.

“Isso... isso é verdade?” – Perguntei soltando-a.

“Claro que sim, sei o quanto gosta dessa época do ano e sua cidade.” – Ela disse.-“Você pode vir conosco, Ed.” – Ela completou.

“Creio que eu não possa ir, mas obrigado pelo convite.” – Ele disse.

“Uma pena...”- Mary lamentou.

Eu apenas conseguia pensar na minha volta para o Brasil e que eu poderia conhecer melhor minha cidade, a qual eu apenas fui mantida presa. Queria tanto que Teddy pudesse desfrutar dessa felicidade comigo, mas sabia que seria difícil. Pelo o que li no papel, passaremos uma semana no Rio. Eu nasci e fui criada no bairro da Glória e nunca andei longe do bairro, só conheço seus entorno.

Os pais de Ed estavam em Londres e ainda não haviam chegado em Framlingham. Mary não queria que Ed ficasse sozinho em casa, por mais que ele já estivesse acostumado. O telefone de casa tocou e Mary atendeu e logo passara para Ed, era sua mãe. Eles ficaram conversando por, aproximadamente, dez minutos, até que Teddy desliga o telefone e vai conversar com Mary, os observo e ela nega com a cabeça e ambos vem em minha direção.

“Diz pro Ed que ele vai dormir aqui!” – Disse Mary.

“Mas por que?” – Perguntei.

“Os pais dele só voltam amanhã, agora diz pra ele ficar.” – Ela disse.

Olhei para Ed, que estava em pé do lado esquerdo de Mary. É lógico que eu queria que ele ficasse, mas não o obrigaria a nada, sei o quanto é importante a livre decisão de escolha.

“Bom, queria muito que ficasse, mas ele é quem sabe. Por mim, ele dorme aqui!” – Eu disse.

Mary olhou para Ed, que parecia estar pensando em uma resposta e olhava para Mary confuso.

“Olha, te levo na sua casa, espero lá fora, ou você arruma algumas coisas para trazer para cá, ou você fica, combinado?” – Sugeriu Mary.

“Boa ideia, vamos!” – Eu disse me levantando.

“Você fica.” – Disse Mary. –“Sem se despedir dele, assim ele vai ficar, aposto.”

Teddy e Mary saíram e eu fiquei na sala, esperando. Até que meia hora depois, Mary entra pela sala e logo em seguida, aparece Teddy com uma cara de “vocês venceram” e fui em direção a ele e o abracei. Fui tomar meu banho e Mary forrou o sofá para que ficasse mais confortável para Ed, afinal, o quarto que seria para hospedes, virou o escritório de Mary. Ela foi dormir, mas deixou biscoitos e leite, na mesa do centro, para Ed e eu comermos. Nós ficamos acordados até as 1AM, assistindo a um filme de comédia que passara na TV à cabo. Teve uma hora que cheguei a cochilar em seu ombro, mas logo acordei, mas fingi que ainda dormia, para ter a desculpa de permanecer deitada. Eu não conseguia acreditar que ele estava ali comigo, a noite inteira.