Na escola ajudei Ed, agora Teddy, a divulgar seu CD. Muitas pessoas se interessaram pelo CD e outros interessados em se tornar amigo dele. Realmente o mundo está cheio de interesseiros, bons ou ruins. Nós distribuímos papéis com a foto do CD e onde seria o lançamento. Não demorou muito e Lori apareceu.

“Sumo por um tempo e olha o que acontece!” – Disse Lori olhando para o panfleto.

“Vai ver que foi por isso que finalmente aconteceu.” – Eu disse.

Lori ficou me olhando por um tempo e olhou para Ed quando notou que ele queria rir.

“Eu até comentaria, mas não entendi.” – Ela disse me devolvendo o panfleto.

“Deveria me surpreender?” – Perguntei.

Como de costume, fui a última a falar e observei Lori ir embora, com seu nariz em pé. Teddy e eu permanecemos na porta distribuindo panfletos até o sinal bater. Tinha aula de violino a tarde e estava ansiosa para a mesma. As provas já estavam marcadas para a próxima semana e não teríamos treinos a tarde, para poder estudar na própria escola.

Já era hora do intervalo e James passou do meu lado e nada disse, como se não tivesse me visto e isso era um alívio. Ed, Samiya e eu fomos para o pátio externo e pude notar Ethan sentado sozinho, um pouco distante de nós. Sabia que Teddy não gostaria muito da ideia de chamar Ethan para se sentar conosco, mas decidi arriscar.

“Vou chamar o Ethan para se juntar a nós.” – Eu disse me levantando.

“Tudo bem!” – Disse Teddy.

Ele reagiu melhor do que eu imaginei, não parecia irônico ou chateado. Cheguei próxima a Ethan e ele não me notara, porque estava prestando atenção em algum livro.

“Ethan?” – Chamei.

Ele demorou um pouco, mas me olhou. Ele abriu um lindo sorriso e fechou seu livro.

“Yolanda!” – Ele disse.

“O que faz aqui sozinho?” – Perguntei me agachando ao seu lado.

“Ah, eu estava lendo um livro.” – Ele disse.

“Quer se juntar a nós?” – Perguntei apontando para Samy, que nos olhava.

“Não sei...” – Ele disse olhando para Samy.

“Se o problema é o Ed, eu...” – Fui interrompida.

“Não, não tem problema algum...” – Disse ele.

“Então, nos acompanhe. A menos que prefira ficar sozinho.” – Eu disse me levantando.

“Eu vou!” – Ele disse se levantando também.

Fomos em direção a Teddy e Samu. Ethan me acompanhava pelo meu lado esquerdo. Não demoramos muito e logo chegamos até ele. Me sentei ao lado de Teddy, ele ficou entre mim e Samy. Ethan se sentara ao lado de Samyia, que o recebeu com um largo sorriso. Ela não parava de puxar assunto com Ethan, que pouco respondia. Teddy, deitara sua cabeça em minhas coxas enquanto eu escrevia em meu caderno.

“Sabe quando você acorda ansiosa por viver? Meus dias se resumiam a essa ansiedade. Não me sentia um corpo vazio, não comentavam mais que eu meu olhar era fundo e sem fim. A vida é sempre bonita, mas sempre existem barreiras que bloqueiam a nossa vista privilegiada. Um lindo dia de sol não é melhor que um dia chuvoso e nublado, a luz do sol toca nossa pele da mesma forma, não com a mesma intensidade, aliás, isso é irônico porque, quando o sol está belo e forte, fugimos dele e quando ele some, nós o perseguimos. Metaforicamente, resumi a nossa vida.”

Fechei meu caderno e fiquei observando Teddy deitando em meu colo e Samy ainda puxando assunto com Ethan. Queria que esse grupo permanecesse até o fim da escola, me sentia segura ao lado deles. Uma segurança física e mental. Eu já me sentia parte deles porque cada sentimento novo que descobri aqui, partia deles. Era hora voltar para a sala...

Ao final da aula, Teddy e eu fomos almoçar no refeitório, Samy fora embora para sua casa e Ethan foi almoçar em sua casa e seu pai o traria de volta na hora da minha aula de violino. Comemos um frango, até gostoso, no almoço e uma maçã na sobremesa. Não demoramos quarenta minutos comendo e logo fomos nos deitar na grama, como de costume. Já estávamos em outubro e eu já pensava em férias, não que eu quisesse me livrar da escola, mas queria voltar ao Brasil. Sei que Ed não poderia ir e isso era o que me fazia pensar duas vezes antes de voltar, mas eu precisava voltar. Não sabia se meus pais ainda estavam presos e se sabiam onde eu estava agora e isso me incomodava muito. Minha vida agora passava tão rápido que eu nem consigo mais controlar, até o ano passado, eu rezava para que os anos passassem como minutos, talvez segundos. Agora os dias eram como águas em uma forte correnteza...