Eu caminhava lentamente pelo cemitério da Corte, já conseguia ver uma silhueta sentada entre os túmulos, seus cabelos castanhos tão escuros sendo bagunçados pelo vento. A cada passo que eu me aproximava conseguia ver que mesmo com a expressão triste e as lágrimas secas nos olhos Rose continuava linda, era difícil ser imune a beleza dela, mesmo quando estava com Lissa não podia negar que sempre a achei muito bonita.

— Posso me juntar a vocês? – Perguntei me sentando ao seu lado e passando um braço pelo seu ombro, puxando a para meu peito.

— Claro. Estava contando as novidades. – Rose respondeu com um pequeno sorriso e voz um pouco rouca.

— Contou que eu já matei 10 Strigois? O guardião agora sou eu. – Disse com orgulho emanando de minha voz.

Eu me alimentava tentando ao máximo ignorar o barulho constante de Rose batendo o pé impacientemente enquanto me esperava na porta. Nós estávamos em um bar na França que era frequentado apenas por Morois e tinham salas reservadas com alimentadores, o que me poupava de pedir um em nosso hotel.

— Fica difícil me concentrar em alguma coisa com você quase destruindo o chão. – Disse irritado apontando para seu pé.

— Você demorou demais, achei que já estava pensando em se tornar um Strigoi. – Rose respondeu cruzando os braços no peito com um sorriso provocador, antes de virar e ir em direção à saída do bar. – Já até escureceu, termos que ir de táxi.

Ela reclamou e eu balancei a cabeça exasperado, ignorando Rose mais uma vez e comecei a caminhar em direção ao ponto que ficava a cinco ruas dali. Mas antes que pudéssemos chegar, um homem pálido como a morte e com brilhantes íris vermelhas saiu de uma viela segurando o braço de Rose e a jogando contra a parede, tendo vantagem por ter nos pego de surpresa.

Eu não pensei duas vezes e saquei minha estaca que estava escondida por baixo da minha camiseta. O Strigoi se jogou para cima de mim, tentando me puxar para dentro da rua mais deserta, eu permiti que ele me pegasse, e segurei seu braço, fazendo o pegar fogo onde tinha tocado e antes que ele pudesse reagir, enfiei minha estaca em seu coração.

— Mas que porra! – Rose exclamou quando Strigoi caiu entre nós. Analisei a com cuidado e suspirei aliviado quando vi que estava intacta. Ela me olhava com indignação por não ter participado da pequena luta.

— Você supera. – Disse rindo e puxando sua cintura depois de chutar o corpo de volta para a viela e voltar para o nosso caminho.

Minha lembrança foi interrompida quando ela me perguntou sobre onde eu estava e contei sobre Mia. Havia procurado por ela assim que cheguei à corte, sendo que agora era a única amiga que ainda estava por aqui, já que Jill e Eddie tinham ido para Palm Spring com Adrian, assim como ela me disse. E contou também que estava noiva. Contei tudo para Rose em um rápido resumo sem me esquecer do pedido de Mia para que ela fosse encontrar com ela no dia seguinte, mas nunca tirando os olhos da lápide de pedra que estavam marcando o nome da primeira e única mulher que eu já amei.

Ainda era difícil aceitar que Lissa havia morrido e que nunca mais nos veríamos. Mais difícil ainda saber que ela morreu por um tiro disparado pela minha tia, que agora também estava morta. Tinha dias que eu acordava pensando que iria me levantar e encontrar Lissa no sótão da igreja depois do toque de recolher ou pelo jardim da Corte, e esses dias eram os mais difíceis de sobreviver.

Rose aconchegou sua cabeça em meu peito, tirando rapidamente minha atenção do tumulo e não consegui segurar um pequeno sorriso. Eu devia tanto a ela. Minha vida, inúmeras vezes e até mesmo minha sanidade agora. Rose e toda sua impetuosidade e vitalidade era o que me mantinham forte. E ai tinham os momentos em que ela estava mal, e aquilo só me fazia querer ser ainda mais forte, por ela, para que ela soubesse que eu estava ali e que também estaria cuidando dela.

O sol já estava alto no céu quando Rose se levantou se espreguiçando, podia ser noite para os Morois, mas já vivíamos tanto tempo entre os humanos que era difícil ter sono essas horas, então propus um treino que Rose nem precisou responder, apenas saímos correndo até o ginásio como duas crianças.

— Já está cansada, Rose? – Perguntei um pouco ofegante quando ela se sentou para estabilizar sua respiração.

Rose se levantou em um pulo, ficando em posição de ataque a minha frente. Eu convidei a avançar com a mão, que assim o fez. Então uma dança sincronizada entre golpes começou. Eu poderia não ser tão bem treinado como a maioria dos Dhampirs, mas passar a maior parte do dia treinando com Rose tinha me dado uma boa experiência além de todos os músculos.

Mas não era com isso que eu me importava agora. Rose estava em ação e aquilo me hipnotizava, eu poderia passar horas olhando ela lutar. Tão sexy e letal. Seus movimentos e golpes certeiros. Eu até consegui acertar alguns socos, mas demoraria alguns anos para poder ser um bom oponente para ela, então tinha que usar as vantagens que tinha.

Passei uma rasteira nela quando um soco em sua cabeça fez com que ela ficasse um pouco instável e me joguei contra ela, nos derrubando. Ela me deu um soco no rosto, conseguindo me afastar um pouco, mas prendi suas pernas nas minhas e coloquei todo o peso do meu corpo contra seu peito, imobilizando a.

Eu sentia sua respiração quente e entrecortada em meu rosto. Dava para sentir cada curva do seu corpo sob o meu. Sua boca rosada e lábios carnudos tão próximos e convidativos. Os olhos castanhos de Rose me encaravam de maneira diferente, um brilho de desejo passou por eles e eu não consegui impedir meu movimento seguinte.

Minha boca foi para dela sem hesitar, com cuidado, apenas um roçar de lábios, então me afastei esperando por sua reação. Rose continuou parada me olhando, agora um pouco confusa, mas o desejo ainda estava ali. Voltei meus lábios para o dela, dessa vez me demorando mais, soltei suas mãos que prendia a cima de sua cabeça e desci deslizando ela pelo seu corpo até a cintura, e com a outra entrelacei nossos dedos, a mão livre dela foi até minha nuca enquanto nossos lábios estavam em total sintonia.

Algo pareceu mudar e Rose ficou tensa e me empurrou se arrastando até ficar um pouco longe de mim, me olhando com total confusão. Seu rosto corado e cabelos bagunçados, além dos lábios ainda mais rosados pelo beijo.

— Até que não foi tão mal assim. – Eu disse tentando acalmar meu coração que batia acelerado.

—Esse foi seu melhor, Ozera? – Rose provocou se levantando sem olhar para mim, eu vi que ela já iria ir embora e não consegui aceitar.

Me levantei no mesmo instante passando meu braço pela sua cintura e a virando contra mim, levei minha outra mão até seus cabelos e a enrosquei ali, puxando com cuidado para que ela me olhasse, ou melhor, para que sua boca ficasse livre para que eu pudesse beija-la novamente como meu corpo quase implorava.

Eu a beijava com urgência, deixando meus desejos me controlarem. Não posso negar que já fazia um tempo que eu imaginava isso acontecendo, me perguntava como seria ter Rose em meus braços, sua boca na minha e eu estava realmente satisfeito com o resultado.

Rose puxou meus ombros contra ela, colando ainda mais nossos corpos, fazendo um arrepio percorrer meu corpo. Meu coração agora parecia que sairia pela boca a qualquer momento e senti algo quente me dominando ao sentir o coração dela no mesmo ritmo que o meu.

Me afastei com cuidado, mantendo meu rosto próximo e sem soltar sua cintura.

— Vai dizer que não gostou. – Sussurrei maliciosamente me deliciando ao vê-la ainda de olhos fechados, totalmente afetada assim como eu também estava.

— Não foi tão mal assim. – Rose ecoou minhas últimas palavras e eu ri daquilo.

Mas então ela se soltou de mim e saiu quase que correndo do ginásio, eu fui atrás dela, seguindo direto para o meu quarto e a um banho frio. Deixei a água controlar meus sentimentos confusos. Tinha sido tão bom, a pele macia de Rose sobre meu toque, seus lábios se encaixando perfeitamente nos meus.

Imagens de Lissa e Rose sempre juntas invadiram minha cabeça e a saudade fez meu coração doer. Eu amava Lissa, e sempre iria amar, isso era um fato, mas não imaginava que meu corpo reagiria assim a Rose, e a única coisa que eu tinha certeza agora é que eu queria mais.

Muito mais.