- Você não se arrepende do que fez a ela? – me pergunta uma garota ruiva e com brilhantes olhos azuis.

                - O que? Eu não fiz nada à aquela garota, ela que entendeu errado – digo, sem demonstrar que me importo pelo menos um pouco com elas. Isso porque eu realmente não me importo. Eu nunca prometi nada à elas.

                - E quanto aos sonhos delas? Você não se sente mal por ter acabado com eles? – ela me pergunta com um cara de criança e um tom de voz inocente.

                - Não. – respondo apenas.

                - Tem certeza?

                - Tenho.

                - Tudo bem, então. – fala a Garota-dos-Brilhantes-Olhos-Azuis, logo em seguida dando meia-volta e sumindo de vista.

Capítulo 1 –  Inocência.

                Quando a Garota-dos-Brilhantes-Olhos-Azuis veio falar comigo logo após me ver dando o fora em uma garota, eu achei que ela iria me xingar, me chamar de tudo quanto é nome, enfim, que iria me encher o saco.  Mas não. Ela apenas sorriu, falou tudo bem, se virou e foi embora.

                Apesar de ter achado isso estranho, pois as garotas sempre reagiam ao contrario (sendo a garota que estava levando o fora ou a “plateia”), eu continuei minha vida normalmente.

                As garotas, todas, se derretiam por mim. Eram fáceis, fúteis e burras. Caiam que nem um patinho. Todas ficam encantadas comigo e faziam qualquer coisa que eu pedisse.

                Eu era o que elas chamavam de playboy, mas eu não estava nem aí pra como elas me chamavam ou o que achavam. Eu me livraria delas logo depois mesmo.

                E assim se passaram alguns meses. Eu matava a maioria das aulas, colava nas provas e os professores me davam uma boa nota, meu pai continuava a me mandar dinheiro, por isso não precisava trabalhar e, claro, as mulheres continuavam aos meus pés.

                Minha vida estava um conto de fadas até aí. E foi quando encontrei novamente a tal Garota-dos-Brilhantes-Olhos-Azuis.

                No começo não a reconheço. Afinal, eu conhecia várias mulheres, não havia como lembrar de tantos nomes e rostos. Mas ela parecia ser diferente. Seus brilhantes olhos me chamavam a atenção, lhe davam uma inocência, quase como uma criança.

                Não demorou para que eu fosse falar com ela. Acabei por descobrir que ela havia se mudado há alguns dias e não conhecia ninguém na cidade. Achei estranho, além de que fiquei pensando se da vez em que nos encontramos ela não tinha nenhum amigo ou amiga. No entanto não dei muita importância.

                Eu me ofereci para lhe ajudar e ser seu “amigo”. Ela claro, havia ficado super feliz.

                Como nós eramos “amigos”, ficamos um tempo conversando.

                O nome dela era Luhna. Acho que era assim que ela havia mencionado que era escrito. Havia se mudado para cá por causa de um trabalho. Achei estranho, pois ela parecia nova para trabalhar e, ainda por cima, morar sozinha. Devia ter uns 16 anos.

                Mostrei à ela a parte famosa da cidade. Via seus olhos brilharem mais (como se fosse possível) enquanto ela observava a cidade iluminada por luzes elétricas, as pétalas de flores caindo das arvores de cerejeira, a lua nova, tão branca, como jamais a havia visto, os casais andando de mãos dadas, sentados nos bancos conversando e rindo...

                Peguei na mão dela, esperando uma expressão de surpresa em seu rosto, ou um corado em suas bochechas, como todas as outras, mas não, ela se virou para mim e sorriu. Sorriu com os lábios, mostrando seus belos dentes brancos, mas também sorriu com os olhos.