Pretending escrita por yris


Capítulo 22
22. Desconfiança


Notas iniciais do capítulo

Hey, gente! Não to muito legal hoje, mas vim postar porque amo vocês!



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ISABELLA

– Você sabe se alguém quer vender algum carro? – Tami perguntou assim que entrou no carro segurando uma sacola grande da Starbucks.

– Acho que uma concessionária. – Isabella riu e deu partida em direção a sua casa.

– Eu estou falando sério! Eu sei que você já está cheia de mim. Foi até legal você sendo minha motorista, mas isso tá ficando chato.

– Relaxa, é bom que se nada der certo eu posso virar taxista! – Isabella brincou e sorriu condescendente para Tami – Olha, se eu souber de algo eu te aviso, mas você já procurou algum na internet?

– Não, posso começar quando chegarmos à nossa casa...

– Nossa casa?

– É, o apartamento é seu, mas é que eu passo tanto tempo lá que eu esqueço que tenho uma família. Você sabe que os dias com os meus pais não estão sendo os melhores... Minha mãe até me perguntou ontem como eu ainda lembrava do meu endereço. Ela estava sendo sarcástica, mas também não se importa muito com isso. Que sorte eu tenho de você morar sozinha, Bel! Não sei o que faria se tivesse que ficar o tempo livre lá!

– Você teria outra amiga e se aproveitaria dela exatamente como você faz comigo! – Isabella disse sem tirar os olhos do volante – Mas eu já me acostumei com isso, faz com que eu me sinta menos só aqui nessa cidade.

– Awn. Também te amo, Bel. – Tami falou com a voz manhosa. – Mas aposto que você não tá nenhum pouco só agora com o Harry, não é? – ela completou maliciosamente.

Isabella riu e ficou vermelha.

– Ainda não me acostumei com essa coisa que nós estamos tendo, mas eu sinto muita saudade dele o tempo todo. Parece que essa viagem é uma eternidade! Mas ele me disse que já está pra voltar... provavelmente estão na Irlanda agora.

– Poxa, nem deu pra dizer pro Niall mandar um beijo pros meus sogros.

– Já trocou o Zayn?!

– Nem me fale desse infeliz agora, que só de pensar dá vontade de quebrar aquele pescocinho! – Tami falou esmagando um pescoço imaginário na sua frente – Eu não consigo entender como ele consegue ser assim! Isabella, me diz como alguém te olha nos olhos, fala várias coisas lindas, me beija e no outro dia está dizendo que está super feliz com a namorada? Isso não faz sentido! E eu não me perdoo por ter me deixado levar! – Tami despejou.

– Isso tem uma explicação, eu tenho absoluta certeza...

– Safadeza, essa é a explicação! Mas eu não vou mover um dedo que seja atrás dele, já chega de humilhação! Vou seguir em frente e encontrar alguém descente e disponível pra mim!

– Tami, eu não vou mais ficar falando pra você conversar com Zayn, vocês dois já são grandes e sabem o que fazem. Mas eu sei que você não vai ficar em paz até entender todo esse mistério chamado Malik – Isabella continuou falando pra amiga não ser tão birrenta com essa história.

Mas a garota sabia que Tami não era tão fácil de lidar quando estava com raiva, então ficou e deu várias versões sobre o que podia estar se passando na cabeça de Zayn. Mas nenhuma delas fazia aquelas contradições fazerem sentido. Elas falavam e falavam, mas sempre chegavam às mesmas perguntas. Enquanto isso o sol tímido se escondia entre as nuvens naquele fim de tarde animado nas ruas da cidade cinzenta que abrigava todo tipo de gente nas ruas largas.

– Para aí um momento, por favor! – Tami pediu.

– O que foi? – Isabella perguntou procurando uma vaga no acostamento.

– Acho que vi uma conhecida passando ali na calçada. Eu vou descer, espera, ok? – Tami falou olhando fixamente para uma pessoa que passava, destravando o cinto de segurança automaticamente.

Isabella achou aquilo estranho, mas achou melhor não discutir com a amiga que continuava numa espécie de susto desconfiado.

E observou Tami caminhar até parar alguns metros à sua frente, interceptando uma garota ruiva de jeans surrados e um casaco preto que segurava algumas sacolas. E ficou ali vendo a cena das duas conversando, e aparentemente as duas estavam surpresas por se encontrarem. Um bipe tirou Isabella de sua concentração. Era seu celular novamente. Outra mensagem da prima Vic.

Isabella, quero falar com você! Quando puder me liga, por favor!, era o que estava escrito.

A garota decidiu que retornaria assim que estivesse sozinha na sua casa. Não sabia o que imaginar sobre essas mensagens, mas depois de tanto tempo, Vic provavelmente estava planejando alguma viagem a Londres e queria ficar com Isabella. Essa ideia não foi nenhum pouco agradável pra ela – se havia uma coisa que Isabella não gostava, era de pessoas estranhas dentro de seu refúgio. Ela havia se acostumado a viver só, e da última vez que um parente passou uns dias com ela, não fora uma experiência muito agradável.

Quando voltou a colocar o celular no bolso, viu que Tami estava voltando acompanhada da menina ruiva que não parecia ter mais que dezessete anos. Isabella saiu do carro e esperou para saber quem era. Ela sorriu amistosamente quando as duas se aproximaram.

– Isabella, essa é Vanessa. – Tami apontou pra menina ruiva. – Vanessa, essa é a Isabella.

– Hey, tudo bem? – Isabella cumprimentou a garota com um aceno leve.

– Oi, tudo bem sim. – A menina respondeu depois de engolir em seco, sorrindo.

Isabella notou que Vanessa parecia nervosa, mas deixou isso de lado.

– Bel, será que você pode dar uma carona pra Vanessa? Ela disse que está vindo das compras, e está sozinha. Não é bom que uma garota ande só cheia de sacolas. – Tami pediu.

– Sem problema, só me dizer pra onde você quer ir! – Isabella respondeu dando de ombros e indicou para que as garotas entrassem no carro.

Enquanto Isabella travava o cinto, perguntou silenciosamente a Tami quem era essa garota. Tami mexeu de leve com a sobrancelha como se dissesse pra ela esperar um pouco. Mas notou que a amiga continuava desconfiada de algo. Quando Tami ficava com o cenho suavemente franzido e com um sorriso não tão espontâneo, era porque ela estava pensando em algo sério.

– Então, Bel, a Vanessa é uma garota que conheci umas semanas atrás quando estava almoçando com o Niall no Nando’s! – Tami contou piscando o olho para Vanessa, que estava no banco de trás. – Acho que te falei dela durante a aula, não foi?

– Ah, sim! Lembrei agora... A garota de Manchester!

– Pois é, ela me contou que prolongou a estadia dela aqui em Londres – Tami continuou. – Mas as suas aulas ainda não voltaram, Vanessa?

– Ainda tenho alguns dias, vou aproveitar o máximo essa cidade. – Vanessa disse ajeitando a postura.

– Pensei que as aulas voltassem quando o verão acabasse, e tecnicamente já acabou. – Tami disse – Mas hoje essas escolas são meio malucas, não é? – Tami riu.

– Você já saiu muito? Tem uns lugares ótimos aqui pra visitar. Semana passada estava tendo um festival de literatura... Foi logo depois do festival de cinema! – Isabella disse. – Parece que a J. K. Rowling estava no parque de Harry Potter também, eu não pude ir, mas ouvi dizer que foi muito legal. Tinham muitas pessoas vestidas de bruxos gritando Avada Kedrava lá! – ela riu tentando interpretar o feitiço.

– Ah, eu só fui ao parque de Harry Potter, mas não a encontrei lá... – Vanessa disse meio decepcionada.

– Ah, você ainda não disse para onde quer ir! – Tami falou num sobressalto.

– Na verdade, eu não quero ir pra casa. Vocês poderiam me deixar no shopping que tem a alguns quarteirões daqui...

– Você ainda vai comprar mais?! – Tami perguntou – Ah, desculpa, que indelicadeza minha, pode fazer o que você quiser.

– Não, eu só ia parar pra lanchar, depois iria... eu gosto de andar, sabe... – Vanessa respondeu olhando pras suas sacolas ao seu lado.

Isabella viu pelo retrovisor que a menina não parecia muito feliz.

– Ah, nós estamos indo pra minha casa só pra passar o tempo também. Tami não quer ir pra casa dela e nem você! Quer ir também? A Tami comprou café e eu posso pedir pizza! Eu iria fazer isso de qualquer maneira. – Isabella convidou.

Tami fez uma expressão que demonstrava que ela não esperava isso de Isabella.

Vanessa arregalou os olhos e ficou em silêncio por alguns minutos, até que falou:

– Você tá falando sério? Acabou de me conhecer!

– Se você fosse uma má pessoa, Tami não te deixaria entrar aqui! – Isabella revelou sorrindo – Pode ficar tranquila, como eu sou uma pessoa de bom coração, eu te dou uma carona de volta, não tenho nada pra fazer mesmo.

Tami continuava olhando para Isabella como se ela fosse uma alienígena. O olhar de Vanessa se iluminou um pouco mais.

– Okay, eu aceito ir até sua casa, Isabella. – Vanessa respondeu sorrindo timidamente.

-

TAMI

Tami esperou uma brecha para conseguir ficar sozinha com Isabella e tirar umas coisas a limpo. Aproveitou quando Vanessa pediu licença para ir ao banheiro e correu em direção à Isabella que levava os pratos e copos sujos para pia. Fazia uns bons minutos desde que elas devoraram uma pizza grande e conversavam besteiras. Mas esse tempo serviu para alimentar a pulga atrás da orelha que Tami tinha sobre Vanessa.

Desde que a encontrou na rua carregando várias sacolas, Tami não tinha engolido muito bem aquela história de Vanessa ainda estar de férias sendo que o período letivo do colegial já havia voltado. E porque ela estava voltando das compras e iria ao shopping novamente só para lanchar? Não fazia muito sentido. Tami percebeu que a garota estava o tempo todo apreensiva e sorrindo nervosamente, como se tivesse tomando cuidado com o que estava falando.

– Tem alguma coisa de errado com essa garota – Tami sussurrou para Isabella. – Você notou como ela se comporta estranhamente?

– O quê? Vai ver ela só não está acostumada a ser parada na rua por uma conhecida e ir para casa de uma desconhecida. – Isabella disse enxaguando os copos.

– Não é só isso. E eu tenho certeza que ela sabe que você está com o Harry, ela só não quer falar nada. Ela é directioner. Ela sabia de mim antes de me conhecer... provavelmente ligou os pontos e viu que você é a desconhecida que sai com o Harry. – Tami continuou deduzindo aos sussurros.

– Não tem problema se ela sabe ou não... Deixa a garota, se ela está escondendo alguma coisa, a gente vai saber. Nada fica encoberto por muito tempo. – Isabella disse.

E Tami sabia que Isabella tinha razão. Nenhuma mentira permanece por muito tempo, porque uma mentira leva a uma sequência de outras mentiras que sustentam a farsa inicial. E Vanessa não parecia ser tão dissimulada. Tami conhecia pessoas falsas de longe, mas Vanessa era um caso diferente.

Tami deixou Isabella na cozinha e voltou para sala. Ela se sentou encolhendo as pernas junto de si e resolveu mandar uma mensagem para Niall, já que ele estava na Irlanda.

Não deixa que os duendes te prendam aí!, Tami enviou.

Eles são da paz, sabem que eu tenho que voltar pra você. Ela recebeu instantes depois.

Olha que eu espero, hein? Dá um beijo nos meus sogros por mim, ok?

Vou dar um beijo neles aqui e quando tiver aí de novo você me dá uns também. Niall enviou e Tami deu um grito meio risada.

Não faça propostas indecentes, cadê o príncipe?

Você acabou de chamar meus pais de sogros, assim eu sou seu marido. E maridos ganham beijos das esposas. Não é assim?

Estou espantada com o seu raciocínio, Nialler. Nunca pensei nisso.

Ironia. Também sei o que é isso. Mas não muda nada.

Beijo com validade de 72 horas. Depois disso, sem beijo.

Isso é chantagem. Só porque vou ficar mais um tempo aqui em Mullingar.

Prometo que não sabia disso. Pensei que estava voltando amanhã!

Vou fingir que não sei sobre esse prazo e fica tudo certo.

Acabo de entrar com o pedido de divórcio. Você não é mais meu marido.

Pedido recusado, Niall enviou e Tami riu de novo.

Mas sua audiência de separação com Niall foi interrompida por Isabella e Vanessa. Elas vinham conversando sobre algo que Tami não estava ouvindo.

– Posso saber quem é o palhaço? – Isabella perguntou se jogando no outro sofá encarando Tami com curiosidade.

Okay, depois a gente conversa sobre esse assunto. Tem mais pessoas que me amam aqui querendo atenção. Cuidado com o pote de ouro no fim do arco-íris. Tami enviou e colocou o celular no bolso.

– Que palhaço? – Tami se fez de desentendida.

– Aham, não me enrola, Thalia. – Isabella respondeu.

– O que nós vamos fazer agora? – Tami perguntou e ligou a TV.

– Acho que tenho que voltar pra casa. – Vanessa falou.

– Já? – Isabella perguntou.

– As horas se passaram e eu nem vi. Tenho que ir também... antes que a mamãe diga que a casa dela não é um albergue. – Tami disse e se levantou de má vontade. – Vamos, motorista.

Tami sorriu zombeteiramente para Isabella e procurou por sua bolsa.

Vanessa parecia estar mais tranquila. Tami imaginou se aquela desconfiança não era loucura da sua mente. Não era porque uma pessoa era mentirosa – quer dizer, Zayn – todas as outras tinham que ser assim também. Tami se sentiu mal por ter pensado coisas ruins de Vanessa. Mesmo se ela estivesse escondendo alguma coisa, alguma hora a verdade apareceria.

Mais cedo ou mais tarde, a verdade vem sempre à tona.


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Notas finais do capítulo

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