ISABELLA

A garota acordou confusa... Ainda de olhos fechados, ela roçou os lençóis macios daquela cama superconfortável e logo percebeu que não estava na sua casa. Aí ela se lembrou de onde estava e ficou com medo de abrir os olhos. Até que sua mão encontrou o corpo de alguém que estava ao seu lado na cama. Ela sentiu falta de ar naquele momento e se esforçou para voltar a respirar normalmente.

Isabella abriu os olhos lentamente e se deparou com um teto branco com várias lâmpadas pequenas e brancas. Girou a cabeça milimetricamente e se deparou com um Harry dormindo. Ah, ele era tão lindo dormindo que ela teve vontade de ficar ali o olhando para sempre... Mas Isabella queria saber que horas era aquilo, ela tinha que trabalhar no sábado de tarde. Pela cortina fechada dava pra perceber que já estava claro lá fora.

E ela se levantou da cama tão vagarosa e cuidadosamente como se estivesse pisando em ovos. Isabella se livrou do lençol e agradeceu por ainda estar com seu vestido preto. Ela caminhou pelo quarto grande e bagunçado procurando pelo banheiro, precisava saber se estava apresentável. Ela se assustou com o tamanho do banheiro e se perguntou se não era outro quarto... até que encontrou uma grande pia de mármore e um espelho imenso.

O rosto dela estava um pouco borrado pela maquiagem, então Isabella tratou logo de lavá-lo com água. Ela abriu um armário pequeno que tinha ali no balcão e encontrou vários vidros... eram produtos pro rosto: esfoliante, loção de barbear, pomada anti-acne, hidratante anti-oleosidade e – até o que ela estava procurando – uma loção demaquilante que usou um pouco lavando o rosto. Até que se olhou no espelho e ficou satisfeita com o resultado.

Isabella estava quase normal, se não fosse pela aparência de sono. Eles haviam dormido tarde demais – pra falar a verdade, a garota havia adormecido no sofá após uma maratona de jogos no vídeo game, após ver o clipe “de primeira mão” e rir muito com Harry; ela não se lembrava de como parou na cama dele.

Isabella desamassou o vestido com as mãos, mas não teve muita diferença; então ela desfez o coque e escovou o cabelo, deixando-o solto. Pronto. Isabella sorriu para seu reflexo e resolveu sair do banheiro... mas ela não acordaria Harry de jeito nenhum. Pensou em ir embora sem se despedir, mas seria muita desconsideração com ele.

Ela o observou de longe por mais alguns minutos, até que algum celular tocou. Reconheceu que não era o dela, mas sim o de Harry. Ele resmungou alguma coisa e ela correu para a mesinha de cabeceira e olhou pro visor do iPhone, mas não era ele que chamava. Ela abriu uma gavetinha e viu que era o Blackberry que tocava. E quem ligava era Niall. Isabella desligou a chamada.

Ela ficou olhando para o celular e novamente ele começou a tocar. Relutante, Isabella atendeu e foi para fora do quarto sem falar nada.

– Hey, seu filho da puta! Por que tá com essa frescura pra atender o celular? – Niall falou do outro lado da linha.

– Ahm... o Harry tá dormindo ainda. – Isabella respondeu morta de vergonha.

– Ai meu Deus, me desculpa! Isabella, é você?

– Não, é a Megan Fox. – Isabella riu.

– Não acredito que o Harry conseguiu a Megan Fox! – Niall soltou uma gargalhada.

– Okay, você quer que eu o acorde? Ele tá tão fofo dormindo...

– Fofo?! Eu, hein, Isabella, o Harry não é fofo nenhum pouco, você ainda não percebeu?

– Você é mais fofo ainda, até falando palavrão! – Isabella riu pra provocar.

– Desculpa por dizer aquilo pra você, era pro Harry!

– Relaxa, eu já to acostumada com esse tipo de coisa... e eu sei que é brincadeira.

– Ah, enfim, eu ia chamar o Harry pra almoçar, mas eu vou deixar te deixar babando por ele.

– O quê?! ALMOÇO? QUE HORAS SÃO?!

– Calma, ainda são nove horas! – Niall disse rindo daquele jeito.

E Isabella riu também preocupada se havia acordado Harry com seu grito.

– É que eu ainda tenho que trabalhar de tarde, não posso perder o horário.

– Então é melhor você acordar o Harry... pelo que eu sei, ele não vai querer acordar e ir correndo te deixar em casa.

– Ah... então vai ser o jeito acordar esse garoto...

– Eu ligo depois, então! Foi bom falar com você, a gente poderia se falar mais!

– Então vou roubar o seu número daqui do Harry e envio uma mensagem do meu, ok?

– Roubar! – Niall gargalhou de novo. – Você fala como se fosse um crime!

– Estou quase me sentindo assim, sério.

– Então tá, criminosa. Acorda aquele puto do Harry de uma vez!

– Pode deixar! Beijo, Nini. – ela falou rindo.

Isabella desligou a chamada e voltou para o quarto de Harry. Ele continuava dormindo como um anjo com o cabelo cobrindo o rosto todo.

Ela suspirou e se sentou na cama ao lado do garoto.

– Harry... – ela chamou baixinho. – Harry... tá na hora de acordar, preguiçoso...

Mas ele só gemeu baixinho e se virou na direção dela num abraço.

– Harry... eu também não queria acordar agora, mas tá na hora, sabe? – Ela falou passando a mão no cabelo dele pra tirar da frente dos olhos. – Por favor, vai... Harryzinhooo.

Isabella se encurvou sobre o rosto dele e ficou esperando. Ela deu um beijinho nos cachos dele, depois na testa, nas bochechas e na ponta do nariz dele.

– To esperando o último, agora... – Harry falou num sussurro rouco e muito lento com os olhos fechados.

– Hum, tudo bem, seu belo adormecido... – ela se aproximou dos lábios dele – tomara que eu seja sua príncipa.

Ela encostou os lábios nos dele num selinho demorado. Isabella estava adorando aquela brincadeira. Ela se afastou sorrindo e ele não abriu os olhos.

– Foi muito rápido, nem senti... – Harry arrastadamente todo manhoso.

– Eita que essa maldição é das fortes... – Isabella riu e deu outro selinho.

Ela ia se afastar dele, mas Harry a segurou num pulo e a jogou na cama com um beijo de verdade. E ela já estava sentindo um calor queimar seu corpo, ela tentou não olhar muito para Harry só de boxer em cima dela... ele era tão lindo. Isabella já estava ficando tonta e fora de si. Mas ele parecia incansável e gostava de brincar entre os lábios e o pescoço dela.

– Harry... – Isabella disse arfando, tentando buscar pensamentos não tão impróprios.

– Hm, que foi? – ele perguntou e deu mais um beijo no pescoço da garota.

– Eu to com fome... – aquilo não era totalmente verdade.

– Eu também. – ele disse e a beijou os lábios novamente.

– Eu to falando de comida comestível, de verdade...

– Eu também.

– Harry! – ela riu e tentou respirar.

– Você quer mesmo sair daqui? – Ele perguntou num choramingo.

– Querer eu não quero, mas é que eu tenho coisas pra fazer.

– Eu também quero fazer coisas com você.

– É, mas eu tenho que trabalhar mais tarde.

– Mas hoje é sábado.

– Por isso mesmo.

Isabella sorriu o mais convincente possível para Harry praticamente pelado. Ela sabia que estava corando e queria que ele não percebesse ou imaginasse que tipo de coisa ela estava pensando naquele momento. E Harry devolveu o mesmo sorriso torto, semicerrando os olhos.

– Tenho quase certeza que sei o que você tá pensando.

– A gente pode pular esse assunto? – Ela meio que riu e suspirou tentando não olhar diretamente pra ele.

– Agora eu tenho certeza absoluta, ou seja, você não quer sair daqui agora.

– Harry, nem sempre eu faço tudo que eu quero, infelizmente. – Ela falou tentando se libertar dos braços dele.

– Hm... você não me dá chance mesmo...

– Deixa de ser manhoso, menino. Eu não to indo pra força, só quero levantar e tomar café da manhã... a gente pode pular pro almoço logo. Eu só não posso me atrasar.

– Você trabalha onde mesmo? – ele perguntou encarando-a sem ceder às tentativas dela de sair.

– Na Pizza Hut do shopping que tem lá perto da minha casa. Aliás, hoje é sábado... meu Deus! Eu deveria ter ido à lavanderia hoje de manhã! – ela falou meio triste com o esquecimento.

– Você faz muita coisa... Acho que vou comer uma pizza hoje pra compensar todo esse prejuízo.

– Até parece. – ela debochou. – Eu gosto de me manter ocupada, torna as coisas menos difíceis.

– Ah, é tão difícil assim? – ele perguntou cínico.

– Você não sabe o quanto. – ela falou e teve uma ideia.

Isabella passou as mãos de leve no abdômen de Harry fazendo-o se arrepiar. Ele sorriu e ela começou a fazer cócegas nele. Ele tentou revidar, mas a menina foi mais rápida e no meio das gargalhadas ela conseguiu dar um pulo pra fora da cama.

Ela teve que se segurar na parede pra não cair de tanto rir da cara que Harry fez. Ele também soltava suas gargalhadas.

– Isso foi golpe baixo... eu tava sendo tão bonzinho com você! – ele falou entre risos.

– Foi necessário, agora vamos! – Isabella deu de ombros lamentando.

Isabella saiu do quarto desamassando o vestido com as mãos, à procura dos seus sapatos, e ainda faltava achar sua bolsa com o celular. Ela foi para sala e encontrou suas coisas espalhadas entre o sofá e uma mesinha. Não havia nenhuma chamada perdida, ela suspirou agradecida.

– Gosta de panquecas? – Ela ouviu Harry perguntar e se virou pra ele.

Ele continuava só de cuecas e com a cara toda amassada. Isabella sentiu o coração falhar.

– Ah, perfeito. Você vai pedir o café? – ela falou tentando se concentrar em algo que não fosse ele.

– Vou fazer, é rápido. Quer me ajudar?

– Vou me esforçar pra não causar nenhuma tragédia na sua cozinha – Isabella riu, levou o celular na mão e acompanhou Harry para a cozinha.

– Sabe fazer panqueca?

– Eu tento, às vezes saem boas... Ah, mas eu sei fazer chá, chocolate quente... essas coisas complicadas! – ela ironizou.

– Bom saber, agora você vai elevar o nível com o que eu vou te ensinar. – Harry falou lentamente presunçoso.

– Sério, Prof. Styles? – ela provocou.

– Posso te ensinar muita coisa, essa vai ser a primeira lição!

– Hm, vou me esforçar pra não dormir na aula dessa vez...

Os dois riram e Isabella apertou uma covinha de um dos lados da bochecha dele. Harry tentou morder o dedo dela, mas não conseguiu. Harry a segurou num abraço forte e a levou pra cozinha.

-

Isabella observava Harry preparar a massa da panqueca e paralelamente cuidava do recheio que refogava na panela. Ela colocou água pra ferver para fazer chocolate quente e chá e esperou – naquela cozinha espaçosa em um banco perto do balcão –, observando Harry ser tão preciso e ágil com os alimentos.

Ela ficou absorta nele, entre mil pensamentos que levavam à mesma conclusão: estar com ele fazia tudo ficar perfeito. Sem mais. Sem ninguém pra falar nada.

– Que foi? – Harry perguntou e levantou o rosto para olhá-la.

Ele estava cortando um tomate em cubinhos.

– Nada... sabia que você realmente leva jeito pra cozinhar? Eu pensava que a sua mãe e o Lou te elogiavam demais na cozinha, mas eles têm razão. – Isabella disse soltando o ar num riso curto.

– Então você não acreditava na minha capacidade, né? – Harry estreitou os olhos com um meio sorriso.

– Não é isso... é que eu tenho dificuldade em acreditar que existem pessoas boas em tudo, praticamente perfeitas.

– Eu não sou bom em tudo...

– Harry... você faz milhares e milhares de pessoas felizes só por existir, isso já é tudo. – Isabella disse assentindo.

– Não tava falando desse tudo... mas é realmente um bom argumento. – ele falou pensativo.

– Só não vai ficar se achando o máximo, ok? – Isabella sorriu.

O celular dela emitiu um bip e Isabella viu que era uma mensagem de Tami, e leu:

“Hey, se vc já tiver acordada, dá uma olhada nisso aqui ah, já entrou no twitter tbm?”

Isabella estranhou aquela mensagem, afinal, o que tinha de tão importante assim? Ela clicou no link enviado e esperou a página abrir. E levou um susto com a frase de letras garrafais como título da matéria.

UM NOVO AMOR PARA HARRY STYLES?

Isabella se esqueceu de respirar ao ler aquilo e ver uma foto sua com Harry na noite anterior saindo do restaurante. Os dois estavam lado a lado sorrindo, ela segurava um dos braços dele e olhava para o chão como se estivesse tentando não cair.

Mil coisas passaram pela cabeça dela e fez com que ela se segurasse no balcão para não despencar.

– O que aconteceu? – Harry perguntou preocupado com uma faca na mão.

– Ahn, nada, é só a Tami falando besteira.

– Não parece ser besteira, você tá pálida demais.

– Deve ser fome, eu te avisei. – Isabella soltou uma risada nervosa e fechou a matéria jogando o celular sobre a bancada.

– Não vai demorar muito prometo. – Harry sorriu e o mundo tremeluziu. – Acho que a água do chá já tá no ponto. – Ele indicou a panela de água.

– Tá mesmo. Obrigada – por tudo, te amo; ela quis dizer, mas apenas sorriu de volta.

Isabella não queria colocar tudo a perder naquele momento, ele era importante demais pra isso. Ela sabia que uma hora ou outra aquilo iria estourar – era como uma bomba relógio – a garota só não sabia se estava preparada pra enfrentar aquilo.