Percy

A viagem até Dean.St estava ótima, mencionei que no frigobar de Robert tinha Doritos?
Pois é, parecíamos uma "família" normal, tirando o fato que éramos 6 adolescentes sujos, esfarrapados e famintos em um jipe.
Charles sorria constantemente enquanto dirigia, Annabeth tinha o nariz enfiado em um livro (que, francamente! Não sei nem de onde ela tirou), Julie devorava o 4º pacote de fandangos, Nico e Hazel dormiam encostados um no outro, enfim, uma família normal.
De repente Charles freiou me jogando para frente.
– O que aconteceu? Me deixem dormir... - Nico resmungou.
– Hmm - Hazel bocejou.
– Cof Cof Cof... - Julie tossia desesperada.
– Aí meu Zeus! O que era aquilo? - Annabeth perguntou.
– Aquilo o que? - Perguntei ainda de boca cheia.
– Hmm, nada pensei te visto um... Um drakon... Provavelmente não era nada. - Charles disse mordendo o lábio inferior.
– O que eu estou ouvindo são sirenes? - Hazel disse, esfregando os olhos.
Eu e Charles trocamos olhares preocupados.
Ele havia feito 16 anos há uns mesês atrás, podia legalmente dirigir, só faltava a habilitação.
– Não podemos ser presos, não é? - Perguntei a Annabeth.
– Eu não sei... - Ela franziu a sobrancelha - Hazel, Nico e Julie tem 13 anos. Se Charles não tiver habilitação...
Annabeth olhou para ele, Charles balançou a cabeça negativamente.
– É, vamos ser presos.
– Talvez não seja com a gente. - Nico sugeriu.
Olhei ao redor, Robert era o único carro da rua, atrás de nós vinha uma viatura da policia.
Engoli em seco, era só eu que achava que aquele lugar deveria estar mais movimentado?
– Hmm, Annabeth...? - Perguntei.
– É, deveria ter mais carros por aqui... - Ela disse, olhando ao redor.
– Não estava nos meus planos ir para cadeia com 13 anos... - Nico falou baixinho.
– Vamos sair dessa, está tudo bem, chegamos até aqui e não vamos ser detidos pela policia dos mortais. - Hazel dizia, tentando acalmar a todos.
Charles assentia, suor escorria por sua testa. Ele estacionou o carro e o policial parou atrás de nós.
Um sujeito afro-americano saiu do carro, ele vestia um uniforme azul e óculos escuros Ray-Ban.
O policial baixou os óculos e cruzou os braços.
– Carteira de motorista? - Ele perguntou.
Charles deu um sorrisinho. Do meu lado, Nico bateu na propia testa, imediatamente o policial olhou para ele.
– Sem carteira e transportando menores de idade? - Ele tornou a perguntar apontando para Hazel, Julie e Nico.
– Eu... Hã, tenho 16 anos... - Eu falei.
– Eu também... - Charles e Annabeth falaram ao mesmo tempo.
– Carteira? - Ele perguntou tirando os olhos da multa que estava escrevendo.
– Não... - Annabeth baixou a cabeça.
– Er... Não... - Eu disse.
– Sinto muito, os 3 vão para a delegacia. - Ele disse colando a multa em Robert.
– E nós? - Julie perguntou.
– Conselho de Menores Infratores. - O policial falou baixando os óculos.
Era só o que em faltava! Ser preso aos 16 anos! Minha mãe não ia gostar nada, nada disso...

Annabeth

O policial, que a propósito se chamava Joe, levou Percy, Charles e eu para a delegacia. Robert foi apreendido (fomos acusados de roubo também) e Hazel, Julie e Nico foram levados a um centro para menores infratores.
Mas eu devo dizer que tentamos de tudo antes de sermos realmente presos, justificamos, imploramos e até usamos a névoa, mas nada deu certo.
Acabamos em uma cela malcheirosa e pequena, com um companheiro de cela não muito agradável.

Nico

Eu, Hazel e Julie fomos levados até o CMI (Centro para Menores Infratores, mas eu fiquei sabendo por fontes seguras que as crianças de lá chamavam de Centro para Maníacos Inquestionáveis).
Ficamos em uma pequena sala de espera pintada de branco, alguns pufes estavam espalhados pelo cômodo, no lado esquerdo da sala estava um balcão de mogno, atrás dele uma mulher com uma expressão carrancuda estava sentada, acima dela havia um letreiro azul, onde se lia "CMI".
Além de nós, só havia uma garota ruiva com mechas pretas nos cabelos, usando coturnos, jeans surrados e camiseta sem mangas estilo militar, ela mascava chiclete e ouvia um rock as alturas no ¡Pod.
Suspirei, devia ser mais fácil sair daquela sala do que de uma cela. Olhei para Hazel, que sussurrou:
– Precisamos sair daqui, agora!
– Por onde? - Eu perguntei no mesmo tom de voz.
Ela olhou para uma pequena janela fechada por dois grandes cadeados.
– Precisamos de uma distração... Eu posso abrir a janela. - Julie falou, sentando ao lado de Hazel.
Hazel assentiu - Distração... Ok, mais seja rápida.
Ela respirou fundo e foi até a recepcionista.
– Hm, com licença, eu não estou me sentindo muito bem... - Ela disse.
A mulher tirou os olhos da revista que estava lendo e olhou para Hazel.
– Sim? - Ela perguntou.
– Eu acho que vou ... - Hazel estava ficando verde, ela levou as mãos a boca.
– Ah não, menina! Aqui não! - A mulher levou Hazel para uma salinha no fim do corredor, talvez a enfermaria
Julie sacou sua adaga, que em suas mãos se transformou em um machado.
Ela deu um golpe na janela, o vidro se estilhaçou e uma avalanche de poeira invadiu a sala.
– Eu não posso sair por um minuto e... - A recepcionista se calou.
A poeira baixou revelando um enorme buraco na parede.
– Mas o que...? - A garota ruiva nos olhava com uma expressão estranha no rosto, uma mistura de medo e admiração.
– Andem! - Hazel gritou, enquanto passava correndo pela cratera na parede.