Capítulo 3: Dúvidas do coração

Naruto agora se encontrava abraçado a seu pai. A emoção era tanta que ele chorava.

—Touchan? —Perguntava ainda sem acreditar que seu maior sonho estava se realizando. Ele tinha um pai.

—Hai Naruto-chan…—Minato falava com a voz embargada. De alguma maneira ele se sentia ligado ao garoto mesmo tendo acabado de conhece-lo, tanto que ele já não sabia se conseguiria deixar seu filho ir com a mãe quando essa regressasse.

Depois que ambos finalmente se acostumaram com a ideia, mesmo que em parte, eles se separaram, mas encaravam um ao outro.

—Humm… E então Naruto-chan, o que você quer fazer? —Minato perguntou sorrindo para o filho que o encarava com os olhinhos brilhantes.

—Vamos comer rámem? —Perguntou com a mão na barriga por essa estar roncando.

—Você não podia ter tido ideia melhor, musuko! —Respondeu o loiro mais velho já puxando o mais novo pela mão se dirigindo pra cozinha.

Amanhecia em Konoha, o sol já brilhava forte naquele começo de dia já mostrando aos moradores da cidade o quão lindo o dia seria. A felicidade já rondava a residência do hokage, parecia que o lindo dia que raiava do lado de fora da casa refletia a alegria dos ocupantes da mesma.

Naruto levantou-se de sua cama e foi em direção ao quarto de seu pai. Para ele era um sonho realizado. Seu pai. Como ele sonhou com esse dia.

Ele entrou no quarto do pai de fininho ocultando seu chakra, para que o hokage não sentisse sua presença, e se preparou para pular no loiro que dormia tranquilamente na cama. Se preparou e pulou.

—AAAAAAAAAAAH! —Ele aterrissou confuso no colchão vazio. —Ué??? Cadê ele?

—Buuuuuuu! — O hokage gritou aparecendo na frente de Naruto e rindo do susto que deu no filho. —Eu sou o hokage lembra? Sou o ninja mais forte de toda a aldeia e preciso estar preparado para qualquer coisa o tempo todo. Você não vai conseguir me dar um susto Naruto-chan!

Minato sorria para o filho enquanto explicava com um tom divertido na voz. Mas havia algo surpreendente no garoto que a principio o assustou, e agora é um bom momento de tirar a limpo sem parecer tão sério com seu filho.

—Naruto-chan, como é que você conseguiu esconder o seu chakra? Essa é uma técnica nível gennin e se não chunnin! —Ele perguntou curioso e impressionado.

—A Kaachan me ensinou. Tinha muitas pessoas malvadas que tentavam machucar a mim e a kaachan, então ela ensinou muitas técnicas ninjas pra mim ser tão forte como ela e como você, touchan. Ela sempre disse que você era o ninja mais forte que ela conhecia. —O loiro mais novo contou enquanto subi nas costas do pai que ainda estava abaixado na sua direção.

O hokage parou pra pensar nas palavras do filho. Eles já devem ter sofrido muito, já devem ter sido muito perseguidos e isso seria muito pior se descobrissem que o loirinho era seu filho. Se quisesse reconquistar Kushina e juntar sua família, precisaria deixar sua família segura. Então iria começar ensinando tudo o que pudesse ao filho.

—Naruto-chan, gostaria de aprender um novo jutso depois do café-da-manhã? O meu jutso? Só eu e o Jiraya-sensei conhecemos e você também vai conhecer se quiser. Então, você quer? —O lindo loiro perguntou ao seu filho que agora tinha os olhos brilhantes e um largo sorriso no rosto.

Os cinco dias da missão de Kushina passaram rapidamente. Todos os dias o hokage enviava um kage bushin para o escritório e passava o dia todo com seu filho. As pessoas estranhavam o comportamento de Minato, pois depois das visitas de Kushina, ele sempre ficava cabisbaixo e deprimido, mas nesses dias ele estava alegre e inquieto como se estivesse com pressa o tempo todo, o que era muito estranho para a maioria das pessoas.

Aquele era o dia que Kushina voltaria da missão. Naruto e Minato estavam morrendo de saudades da ruiva escandalosa. Nesse dia Naruto foi para o escritório do pai junto com ele. Ficou lá brincando com pai toda vez que ele ficava sozinho. Minato nunca esteve tão feliz. Desde que sua ruiva foi embora ele havia entrado em uma intensa depressão que foi amenizando com o passar do tempo, mas seu filho trouxe de volta a alegria aos olhos do Namikaze.

Uma batida soou na porta da sala do hokage. Naruto rapidamente se escondeu debaixo da mesa aos pés do seu pai, e esse assim que viu seu filho em segurança permitiu a entrada.

A ruiva entrou intempestiva na sala como um furacão e bateu a porta com força antes de procurar seu filho por todo o escritório.

—Minato, cadê o meu filho? —A ruiva já tinha a apreensão estampada na face.

O Namikaze olhou pra baixo da mesa de onde saiu um outro loiro tão intempestivo quanto a ruiva.

—KAA-CHAN!!! —O loirinho apareceu gritando e abraçou a mãe apertou o mais forte que podia. —Senti tanta saudade, kaachan e o touchan também!

Kushina e Minato ficaram corados com o comentário do menino que não notou o constrangimento dos adultos e continuou exalando felicidade por ter ambos os pais no recinto.

—Então… Naruto-kun, pode ficar ali no sofá enquanto eu falo  com seu touchan? — Perguntou a ruiva docemente depois de beijar carinhosamente a testa do filho.

O loirinho assentiu e sentou-se no sofá se distraindo tentando reproduzir o jutso que havia aprendido com seu pai.

 A ruiva ficou o mais distante possível do filho enquanto encarou o loiro mais velho que a olhava sem expressão no rosto.

—Vejo que contou a verdade a ele… —Ela comentou para iniciar a conversa.

—Claro que sim, Kushina. Ele é meu filho afinal de contas e ele precisa do pai, além do que ele é um garoto maravilhoso. Além de um excelente ninja. Ele já tem um nível chunnin, mesmo tendo cinco anos de idade. — Ele falou olhando para o filho com um sorriso orgulhoso.

Kushina sorriu vendo a expressão dele, mas assumiu a seriedade ao lembrar-se do porque queria conversar com ele. Abaixou a cabeça pensando em como começar a conversa.

— Gomém Minato! Eu devia ter te contado assim que soube sobre Naruto, mas…— Ela finalizou levantando a cabeça e encontrando o olhar bondoso no rosto do homem que tanto amava.

Ele lhe sorriu minimamente e pegou a mão da mulher surpreendendo a mesma.

—Kushina-chan… Não posso dizer que não fiquei com raiva de você quando soube da verdade e que você a havia escondido de mim por tanto tempo, mas eu entendo por que fez isso e sei que estava magoada. Mesmo que tenha coisas sobre aquele dia que você precisa saber, que você deve saber, embora saiba que você agora não vai querer escutar. Mas o que importa é a felicidade do nosso filho. Eu gostaria de tê-lo na minha vida Kushina. De vê-lo todos os dias e eu sei que é o que você também quer para ele. Obrigado Kushina-chan por me tornar pai. Obrigado por me dar um filho. — O hokage falou com um tom profundo e emocionado fazendo a ruiva o abraçar forte com lágrimas nos olhos. E Minato retribuiu feliz o abraço.

Ficaram alguns minutos assim, e assim que percebeu o que fez Kushina o soltou e corou violentamente. Minato deixou escapar uma leve e baixa risada.

Ela engoliu o constrangimento e o fitou.

—Minato, acho que devemos contar a verdade sobre Naruto. As pessoas já estão começando a me pressionar e se você quiser passar mais tempo com ele despreocupado vamos ter que contar a verdade. —A ruiva falou insegura. Algo atípico dela. Ela ainda não se sentia confortável para contar a todos sobre o filho.

Minato a olhou compreendendo e assentiu.

—Eu concordo com você, mas acho que antes vai precisar saber de algo que aconteceu no dia que você foi embora e acredito que você não vai querer saber por mim. Então antes de ter certeza de que é isso que você quer, procure o Inoichi, e pergunte a ele o que aconteceu. Hoje a noite vou na sua casa ver o Naruto-chan. —Ele afirmou seriamente e a ruiva assentiu curiosa, mas receosa com o que ele quis dizer sobre algo que ela precisava saber.

Kushina saiu do escritório de Minato com Naruto no colo e apareceu em sua casa ainda apreensiva. Assim que Minato terminara de falar, o restante de sua equipe chegou com o relatório da missão e ela teve que sair de lá imediatamente para ninguém suspeitar de nada.

Naruto estava tão cansado que dormiu na sala do pai. Por isso a ruiva o colocou na cama.

“O que Minato quis dizer com aquela história de que tinha algo sobre aquela  noite que eu deveria saber? Será que eu devo ir falar com Inoichi? Larga disso Kushina aquele baka te traiu! Mas eu o amo tanto! Argh! Já se passaram cinco anos Kushina, você já deveria tê-lo esquecido. Mas como esquecer do homem que me fez tão feliz? Argh! Eu acho que vou ver o Inoichi, não há nada que possa ser pior do que a dor de vê-lo na cama com aquela… miserável!”

Kushina fez um bushin para vigiar seu filho que ainda dormia e com esses pensamentos se dirigiu a casa do loiro Yamanaka. Apenas uma pergunta rondava-lhe a mente: O que Inoshi tinha haver com aquela história?

A ruiva andava com os pensamentos distantes e nem percebeu quando chegou ao seu destino. Entrou no clã insegura e hesitante bateu na porta da casa que sabia pertencer a seu amigo.

A figura que abriu a porta fez com que ela tremesse e com que seu rosto ficasse vermelho. A fúria que ela se encontrava era tão intensa que por um momento pensou que perderia o controle da kyuubi, mas aí se lembrou que não era mais a jinchuuriki.

—Yugito!? —Falou baixo e sibilando.

A loira a principio se assustou com a visita, mas depois a culpa ocultou a sua surpresa.

—Kushina…—Ela sussurrou abaixando a cabeça.