Capitulo 1: Lembranças de um rio de lágrimas

A ruiva se aproximava receosa da entrada da vila. Em suas mãos estavam as coisas mais importantes de sua vida. De um lado o pergaminho onde estava selado todas as coisas que possuía e do outro segurava a mão de seu filho, a coisa mais preciosa para ela, a única lembrança do único homem que amou e que deixou depois que teve seu coração cruelmente partido.

—Okaasan… Não vamos entrar?—Perguntou o garotinho de apenas 5 anos. Loiro, de lindos olhos azuis tão brilhantes e azuis como o céu naquele lindo dia ensolarado que a encarava com um misto de curiosidade e preocupação. Como ela o amava.

—Hai, Naruto-chan. A okaasan só está um pouquinho nervosa por estar aqui novamente. – Ela abaixou os olhos para encarar o filho, porém seu olhar agora não tinha mias o brilho de anos atrás e a dor era explícita. Tão explícita que a criança de cinco anos pode visualiza-la.

—Por que você está tão triste okaasan?—Naruto perguntava preocupado com sua mãe. Toda a vez que ela lembrava-se daquela cidade ou ele perguntava sobre o pai, que nunca conheceu, a linda ruiva ficava assim: Triste, cabisbaixa, chorosa.

—Por nada musuko. São apenas lembranças ruins… — A ruiva agora entrava na vila de cabeça erguida e um sorriso esperançoso por uma vida melhor. Ela não queria estar ali, mas estava com dificuldade em encontrar missões ninjas, já que não podia ficar muito tempo fora por causa do filho e do preconceito que sofria por ser mãe solteira, além de que, por mais que doesse em seu coração, seu filho precisava do pai e o pai precisava saber que tinha um filho.

Ela caminhava pra casa que deixara na vila quando foi embora. Seu desespero era tanto, que largara tudo e saíra do jeito que estava. Nem voltara para casa. Duas semanas depois encontrou Tsunade em um de seus jogos e enchendo a cara de sakê. A loira largou tudo para ajudar a amiga, descobrindo no dia seguinte que a ruiva estava grávida. Desse dia em diante ela se dedicou inteiramente ao filho e só a ele, e Naruto foi o maior presente que a Uzumaki já tinha recebido. Seu bebê, o seu filho com ele: O amor da sua vida.

Kushina entrou na casa percebendo que essa estava limpa e arrumada, como se alguém fosse lá constantemente e a conservasse. Qual das suas amigas fizera isso?

Naruto correu em direção ao seu quarto. A casa tinha dois quartos, na qual um era de Naruto (que antes era para hóspedes e que pertencera a ruiva quando essa era criança) e o outro era o de Kushina( que pertencera aos pais da ruiva quando esses ainda eram vivos), uma cozinha, dois banheiros(um que ficava no final do corredor onde ficavam os quartos e o outro dava pro quarto de Kushina, que era uma suíte), uma sala de estar e uma linda varanda com direito a balanço e dossel de flores nas delicadas pilastras que a ornamentavam. Na frente da casa havia um delicado jardim que dava nas ruas de Konoha.

Enquanto Naruto brincava em seu quarto a ruiva punha em ordem a casa guardando as coisas que trouxera nos seus devidos lugares. Quando, enfim, terminou, gritou Naruto e disse que se apresentaria ao hokage e que era para ele ficar quietinho, que ela já voltava. Criou um bushin para deixar com o filho e foi se apresentar ao hokage.

Entrou temerosa na sala, afinal deixou Konoha sem avisar o mesmo, embora certamente ele tenha ficado sabendo do que acontecera, e ainda derrotara todos os ninjas enviados para levá-la de volta a konoha.

Bateu na porta suavemente e logo recebera a ordem para entrar e de cabeça baixa entrou na sala já falando sem nem olhar pro hokage , apenas fitando o chão por causa do constrangimento.

—Hokage-sama. E-eu voltei pra vila. Espero que me perdoe por ter saído daquele jeito anos atrás. Espero que entenda o meu lado, mas se quiser me punir eu irei aceitar sem reclamar, mas peço que não seja algo tão duro, já que agora eu tenho um filho e cuido dele sozinha e sem mim, ele não teria ninguém, então eu gostaria que me admitisse de volta a vi… — A Ruiva falava com receio e vergonha se dirigindo ao sandaime hokage, mas quando seus olhos deixaram de fitar o chão para encarar o hokage a sua frente ela se calou ao reconhecer o homem a sua frente. Aquele a quem ela deixou anos atrás, o único que ela realmente amou.

— Mi-mi-mi-mi-na-na-na-na-to-to-to…--A ruiva gaguejava. Ela não pretendia encontra-lo tão cedo, e quando o encontra tinha que ser  logo no seu primeiro dia e ainda como hokage?

—Kushina… — O loiro disse baixo até que ela se lembrou. Da primeira vez que ele disse o seu nome daquela maneira.

O dia amanhecia encantador, desde o dia em que fora resgatada pelo loiro Namikase, todos os dias eram bonitos. Tudo tinha mais cor.

A ruiva andava calmamente para o campo de treinamento 5 onde, certamente, encontraria o loiro que habitava seus pensamentos.

— Ohayo gozaimassu Minato-kun… — A ruiva dizia aparecendo na frente do Namikase enquanto esse jogava uma kunai em direção ao alvo. Seria algo simples para qualquer ninja, se o alvo não fosse uma folha que caia da árvore a 10 km de distância do loiro enquanto esse estava de olhos vendados enquanto corria paralelo a árvore ao longe.

Em um movimento ágil, ele correu em direção da Uzumaki, muito mais rápido do que a kunai, a tirando da direção do objeto e aparecendo com ela em seus braços em cima da árvore antes dessa atingir a folha exatamente no centro e a cravando no tronco da árvore.

—Kushina… — Ele falou surpreso e com um leve tom de preocupação retirando a venda dos olhos.

Os dois ficaram se encarando no escritório, como se estivessem presos em seus próprios mundos ao encarar os olhos um do outro.

Até que a ruiva pareceu acordar do transe.

— O que faz aqui Minato? — A ruiva tentou soar ríspida, embora tenha falhado miseravelmente, soando mais nervosa do que ríspida.

O Namikase pareceu acordar ao escutar a voz da mulher que tanto amava.

—Eu sou o Yondaime Hokage, Kushina. Fui nomeado tem menos de duas semanas. —Falou suavemente para a bela mulher a sua frente.

A ruiva fez uma careta ao pensar que teria que encará-lo todos os dias se quisesse permanecer na vila e também pensava que teria que esconder seu filho dentro de casa. Se alguém se quer olhasse para Naruto, logo saberia que o Namikase era o pai e logo ELE saberia que era pai e ela ainda não estava preparada para lidar com isso.

—Omedetou! –Desejava ela contrariada.

—Arigato! —Ele sorriu minimamente. O mesmo sorriso que deu início aquela noite:

A noite estava incrivelmente chuvosa. A Uzumaki estava na casa do seu namorado. Já estavam juntos a 6 anos. Desde os 13 anos.

A ruiva e o loiro decidiram parar para assistir um filme na casa de Minato quando começou a chover e chovia cada vez mais.

—Minato-kun, e agora? Eu não quero ir pra casa com toda essa chuva. — A ruiva flou com voz inocente enquanto sorria maliciosamente engatinhando sensualmente por cima do namorado que estava sentado no chão com a namorada. O Namikase então engoliu em seco.

—E-e-eu nã-nã-não sei Ku-ku-kushi-i-i-ina-chan…—O loiro gaguejava enquanto tentava se afastar da namorada que se aproximava vagarosamente e sedutoramente. Em uma situação comum ele já teria dado a ela uma ótima solução, mas com aquela aproximação ele não conseguia nem se lembrar do seu nome.

—Eu tenho uma solução meu loirinho. Que tal nós darmos mais um passo no nosso relacionamento? —Ela agora sussurrava na orelha dele sentindo-o estremecer, antes de agarrá-la pela cintura e fazer exatamente aquilo o que ela queria. Ele agora a fazia mulher e, sem saber, também concebiam Naruto naquele momento.

Ela corou e como consequência, ele deixou escapar uma leve risadinha, mas logo sua expressão ficou séria quando se lembrou do que ela havia dito. “Filho? Então ela é mãe? E como assim cuida dele sozinha? Ela se casou e o marido morreu ou ela também o abandonou?” pensou o Hokage com uma dor aguda no coração. A dor era muito maior do que a dor de mil kunais cegas perfurando o seu coração.

— Filho? Você… já… é mãe?—Perguntou tristemente com um leve toque de traição na voz. Era assim que ele se sentia: Traído. Ela o abandonara, sem ao menos escutá-lo, e prosseguira com a vida, enquanto ele não conseguia esquecê-la.

A ruiva também percebeu como ele se sentia. Era se sentira assim no dia em que abandonou a vila. E isso despertou sua lembrança. A que ela tão fielmente tentara esquecer todos esses anos, porém ela não saia de sua memória.

A bela ruiva andava feliz pela vila. Seu relacionamento com o, na opinião dela, homem mais lindo, inteligente e carinhoso de toda Konoha estava indo maravilhosamente bem, e isso a fazia tão feliz.

Deixava evidente a todos o belo sorriso de felicidade enquanto andava em direção ao apartamento do loiro.

“O que nós podemos fazer hoje?  Minato não tem me deixado chegar muito perto dele depois daquela noite. Mas eu estou louquinha para repetir a experiência e eu sei que ele também!” A ruiva pensava sorrindo enquanto abria a porta do apartamento do loiro encontrando a casa totalmente bagunçada. Parecia que um furacão havia passado pelo local.

Ela mudou a expressão de feliz para preocupada, mas logo para de horror quando entrou no quarto.

Minato-seu grande amor, motivo da sua felicidade- estava na cama com Sora Yugito- a loira mais odiosa de toda a aldeia. Por que? Ele a traiu?

Ele a traiu.

Como ele pode?

A ruiva desabou no chão fazendo um estrondo, acordando assim o loiro que sorriu quando a viu, mas logo ficou preocupado ao perceber que ela chorava copiosamente. A dor de cabeça que sentia era enorme, mas se assustou ao perceber um leve peso em cima do seu corpo e quando percebeu era Yugito. O que ela fazia ali? Ele se perguntava, até a fixa cair e notar a situação em que se encontrava.

O desespero banhou sua face enquanto se afastava bruscamente da loira tentando entender como ela foi parar ali. E como explicar pra ruiva que chorava desesperada no chão do quarto que ele nunca a trairia e que não sabia o que estava acontecendo.

Mas a Uzumaki levantou-se do chão e saiu correndo enquanto ele vestia a roupa rapidamente para ir atrás dela, porém nunca mais a encontrou e aquela foi a última vez que se viram.

Ele deu um passo a frente como se fosse tocar o lindo rosto da mulher. Mas essa deu um passo pra traz com uma expressão hostil.

—Não se aproxime! Eu já me apresentei ao hokage. Seja qual for a decisão que você tomar ou se a vila precisar dos meus serviços é só me chamar estarei em casa cuidando do meu filho! —A ruiva passou pela porta apressadamente e correu pra sua casa. Sentando encolhida no canto do quarto e chorando.

Naruto que escutou o barulho da porta foi até o quarto da mãe e a abraçou tentando confortá-la. O coração do jovem casal estava despedaçado, mas há segredos que só Kami pode desvendar, e esse segredo já estava na hora de ser descoberto.