Back To Baker escrita por Mel Devas
Notas iniciais do capítulo
Desculpem a demora, não só tive bloqueio, como também TPM x.x Misericórdia, enfim, acho que consegui postar em tempo.
BOA LEITURA!!!!
Eu até pensei em falar alguma coisa, mas as palavras estavam presas na minha garganta, a única coisa que consegui fazer foi uma pequena mesura enquanto encarava os olhos castanhos do homem à minha frente.
Sherlock Holmes.
Engoli saliva nervosamente, já era informação demais pra mim, mas conhecer seu detetive favorito é totalmente desconcertante. Watson, percebendo minha situação me apresentou:
– Esta aqui é a Senhorita Holly, acho que vai se interessar por ela. – Eu estendi a mão num cumprimento, o médico começou a explicar para seu companheiro sobre eu vir do futuro, e etc e tal, coisas básicas. Este assentia e levantava as sobrancelhas, só interrompendo esse ritual para colocar mais tabaco em seu cachimbo.
Quando Watson terminou ele deu um profundo suspiro e se inclinou para trás em sua poltrona, apoiando a cabeça nos braços. Afastei minha vista dele quando percebi que Salem se mexeu levemente, aliviada, dei-lhe carícias atrás da orelha.
– Senhorita... – Holmes começou depois de dois minutos de silêncio. – Deixe eu observar sua mão. – Eu estendi-a para ele, que olhou com curiosidade.
– Bem, é uma mão de uma preguiçosa qualquer... – Fui reclamar, porém fui interrompida. – Exceto esse calo. – Ele apontou na mão o canto oposto ao polegar da palma, o mais embaixo possível antes do pulso.
Comecei a gargalhar. Ele provavelmente ficaria surpreso ao saber que praticamente todo mundo do meu tempo tem esse calo, às vezes menor ou maior, dependendo. Nem sei como ele percebeu o meu, que era bem leve.
– I-I-Isso é... – Tentei falar, ainda rindo. – Um calo de... de... computador!!! A maioria na minha época tem.
Ele me olhou confuso, e parecia desconcertado com isso. O fenomenal Sherlock Holmes não gostava de se sentir confuso, notei.
– Computadores são máquinas que são usadas para acessar a internet entre outros. – Expliquei prontamente, mas só aumentei a incerteza do detetive. – Internet é uma coisa que se usa para navegar entre páginas online, ou seja, em tempo real, esses sites podem ter informações, jogos, filmes, seriados, livros... Ah!! Um monte de coisa!! – Era um tanto quando cansativo explicar sobre o futuro, tudo está interligado e uma coisa depende da outra.
– Enfim... – Holmes abanou a mão. – Acho que entendi... Pelo menos a essência. E bem, o que pretende fazer aqui?
– Te responderia se soubesse, mas não faço nem a mínima ideia de como em VIM pra cá. – Suspirei dando de ombros. – Sei tanto da Inglaterra de 1890-1910 quanto um jogador de futebol sabe cantar o Hino Nacional.
– Como você chegou aqui? Melhor começarmos com isso, não acha? – Watson sugeriu, tentando ser útil.
– Ahn... Claro, mas é tão bizarro quanto ao fato deu estar aqui... Eu estava arrumando o sótão da minha nova casa quando eu encontrei uns objetos... – Me interrompi. Não queria falar sobre o diário de Watson. Os dois me olharam, inquisidores. Não, eu não ia contar. – Entre eles estavam uma bicicleta de rodas grandes... – Eu observei uma praticamente idêntica passando pela janela. – roupas da época e... Esse cachimbo. – Apontei justo quando o detetive recarregava e acendia-o de novo.
– A senhorita está querendo dizer que eu furtei seu cachimbo? – Ele sugou de leve o bocal do instrumento algumas vezes e soltou uma grande baforada de fumaça.
– Não. – Ri com a perspectiva de Holmes roubando meu cachimbo, depois de tanto tempo naquela fumaça enjoativa e da minha viagem-sem-noção-nem-sentido-no-tempo não queria nem pensar em chegar perto daquele cachimbo de novo. – Estou só dizendo que provavelmente é o cachimbo que me fez parar aqui. Ele me cobriu com uma fumaça e quando acordei estava aqui.
Ele pareceu refletir, pousou novamente o cenho nos dedos entrelaçados, olhando para o tampo de sua mesa. Ficou assim uns 5 minutos até eu perceber que Salem, totalmente curado, tinha escapado de meus braços e percorria curioso pela mesa de Sherlock. Olhei para Watson alarmada, arregalando os olhos tentando fazê-lo entender meu sinal. Ele simplesmente sorriu e maneou a cabeça, num óbvio: “Vamos ver no que vai dar...”.
O gato preto colocou o focinho num pote cheio de tinta nanquim e espirrou, espalhando borrifos pretos para todo lado, fiquei preocupada com ele, o médico, atrás de mim, tentava conter uma gargalhada. Claramente incomodado, Salem procurou um lugar para esfregar o nariz, molhando as patas na tinta também e imprimindo patinhas felinas por toda a mesa. Holmes não esboçou nenhuma reação, na verdade, ele não tinha saído da posição, mal dava para percebê-lo respirando.
Salem, meu gato e, consequentemente outro retardado, foi esfregar seu nariz no detetive, aliviado de ter tirado a sujeira, miou satisfeito, balançou o rabo e lambeu a bochecha do Holmes, este, por sua vez, despertou com a língua áspera do gato. Levemente estupefato, mas sem esboçar nenhuma outra reação, ele encarou a mim e a seu parceiro.
– Então, meu caro companheiro? – Zombou Watson.
– Andei pensando sobre a vinda senhorita e...
– E o que?? – Me empertiguei na cadeira, curiosa.
– Elementar, meu caro Watson! Isso elementarmente não faz sentido nenhum! – Ele parecia desconcertado. - Não vi nada parecido ou que tenha lógica! Isso tudo deve ser uma grande mentira!
Ele se levantou de sua mesa afoito, assustando Salem. Ainda com a marca do focinho de gato no seu nariz, pegou seu sobretudo, chapéu e bengala e saiu, batendo a porta.
–-x---
Eu e Watson estávamos comendo biscoitos e tomando o chá depois da súbita fúria do companheiro de quarto do médico. Sra. Hudson enxugava as louças enquanto conversava calmamente conosco. Era bom ter uma mulher ali. Estendi as pernas e cruzei-as debaixo da mesa.
Não tenho a mínima noção de quando que eu fiquei tão relaxada naquele lugar, mas, depois de bebericar mais uma vez meu chá verde, me perguntei o que estava pensando anteriormente.
Mas meu estado relaxado foi completamente interrompido quando Holmes entrou, afobado:
– Watson, estavam procurando por você lá fora e olha o que achei.
O detetive havia escancarado a porta empurrando um garoto enfurecido, com sua elegante bengala de mogno. O menino protestava, mas Sherlock não aliviou, sem tirar a bengala do lugar, fechou a porta com pé e pendurou o sobretudo e o chapéu no cabide.
Tentei achar algo de estranho, observei melhor o garoto:
Ele usava calça jeans.
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Não sei se eu consegui captar as essências do Watson e do Holmes, estou dando meu melhor, mas é tão difícil... x.x
Espero que tenham gostado, qualquer crítica é só falar o/