No capítulo anterior …

- Até segunda e mais uma vez muito obrigada.

- Até segunda Isabella.

Quando o ouvi, voltei a sorrir e pedi-lhe.

- Se não for muito incomodo, chame-me apenas de Bella, é como toda a gente me chama.

O senhor sorriu também e assentiu com a cabeça.

- Claro, Bella.

P. O. V. Bella

Assim que cheguei a casa, fui para o meu quarto atirando-me para a cama de seguida.

Não podia acreditar, não podia ser verdade, só podia ser obra da minha imaginação e tudo não passar de um sonho.

Sim, porque eu posso afirmar com toda a verdade que a minha vida, neste momento, era um sonho, mas não um sonho qualquer, era um sonho mais que perfeito.

Não só eu namorava com um rapaz maravilhoso, que me tratava como uma princesa e que, temos que admitir, era um verdadeiro Deus grego em carne e osso e que, por alguma espécie de milagre, também me amava. Mas não era só isso que me deixava feliz, pela primeira vez na vida eu tinha um emprego, eu seria independente, não precisaria de andar a pedir emprestado a ninguém nem de esperar pela mesada da minha mãe, claro que teria de trabalhar e ficaria com menos tempo para estudar e para estar com Edward, mas vendo a situação pelo lado positivo, eu trabalharia num sitio agradável e como bônus não estaria sozinha, Ângela trabalhava no mesmo turno que eu o que significava que teria sempre uma amiga com quem conversar e com quem poderia contar para me auxiliar quando necessitasse de ajuda em algo ou quando tivesse alguma dúvida sobre o que fazer.

Fiquei imersa em pensamentos durante mais alguns minutos até que olhei para o relógio que ficava na mesa-de-cabeceira por puro acaso. Caraças. Eram 19 horas, o que significava que apenas tinha uma hora para me preparar antes de Edward me vir buscar. Fui até ao armário à procura de uma roupa bonita para vestir, não queria ir com a mesma que fui para a entrevista, afinal uma coisa é ir a uma entrevista de trabalho, outra bem diferente era ir a um jantar romântico em casa do namorado.

Estava indecisa entre dois conjuntos quando ouvi o meu telemóvel tocar, atendi nem sequer olhando para o número enquanto tentava decidir qual dos dois usar.

- Sim? – atendi.

- Bella, amor, finalmente. A tanto tempo que não conseguia falar contigo minha filha. – revirei os olhos, Renée conseguia ser tão exagerada por vezes.

- Mãe, nós falamos a semana passada.

- Eu sei, mas parece tanto tempo, tenho tantas saudades tuas bebé, bem que me podias vir fazer uma visita.

- Eu agora não posso mãe, caso te tenhas esquecido eu ainda tenho aulas …

- E o Edward. – interrompeu-me fazendo-me rir.

- Também.

- E quanto aquela ideia de arranjares um emprego? Já conseguiste arranjar algum? Ou já desististe da ideia? Sabes que não há mal nenhum em desistires, não sabes bebé? Eu não me importo nadinha em continuar a mandar-te dinheiro todos os meses, é até um prazer querida. – voltei a revirar os olhos e suspirei.

- Ainda bem que tocas nesse assunto mãe, eu tenho uma boa notícia para ti. Hoje fui a uma entrevista para um emprego e adivinha só.

- Conseguiste? – perguntou.

- Sim, arranjei o meu primeiro emprego. – disse com a voz animada.

- Isso é ótimo querida, vais trabalhar onde? É seguro? Quando é que começas? Já conheceste alguém lá? – ela começou com a enxurrada de perguntas deixando-me tonta com a rapidez com que as pronunciava.

- Mãe? ... Mãe?! … MÃE! … Renée! – tentei chamar-lhe a atenção até que ela finalmente se calou. – Credo, tem calma, uma pergunta de cada vez, eu só tenho uma boca o que significa que apenas posso responder uma pergunta de cada vez. Vou trabalhar num café e sim, é seguro, a Ângela também trabalha lá, por isso sim, já conheço alguém e começo a trabalhar na segunda. – respondi às suas perguntas.

- Hum … se vais ter a Ângela a trabalhar contigo, acho que já me sinto mais segura. Já deste a noticia ao Edward? – perguntou-me.

- Ainda não, vou aproveitar que hoje vamos jantar os dois para lhe contar.

Ficámos a conversas por telemóvel durante mais alguns minutos até que Renée finalmente se deu por contente e desligou, olhei no relógio só para constatar que apenas faltavam 10 minutos para Edward chegar, felizmente tinha pedido à minha mãe a sua opinião sobre o que vestir e ela ajudou-me a escolher, optando por um vestido preto às bolinhas brancas e para dar um bocadinho de cor calcei umas sabrinas de um cor-de-rosa salmão, para completar coloquei um anel com duas rosas sendo uma preta e outra branca, com o cabelo não fiz nada mais simples que prender a parte da frente atrás, deixando-o com alguns caracóis.

http://www.polyvore.com/cgi/set?id=51094029

Olhei-me no espelho a fim de apreciar como ficou o produto final mas no exato momento em que me virei para o espelho a campainha tocou fazendo com que apenas pudesse dar uma olhada rápida, mas até que nem estava mal.

Quase corri até à porta e assim que lá cheguei só faltou derruba-la tamanha era a pressa com que estava em abri-la. Assim que concretizei tal feito sorri para o ser perfeito que estava do outro lado e me encarava também com um sorriso.

- Oi. – sussurrei encarando-o.

- Olá. – respondeu-me com um sorriso, olhando-me de cima a baixo. – Estás linda.

- Brigada. – e só para variar corei.

- Vamos? – perguntei e eu acenei com a cabeça.

Sai de casa pegando numa pequena malinha da cor das sabrinas com o telemóvel e tranquei a porta, pondo as chaves na mala de seguida.

Como sempre, Edward abriu-me a porta antes de entrar para o seu lugar, acho que nunca me iria habituar com este seu cavalheirismo.

O caminho para sua casa foi no meio de conversas animadas, pensei em lhe contar logo sobre o emprego mas achei melhor deixar para depois, enquanto estivéssemos a jantar.

Depois de quinze minutos a andar pelas estradas de New Hampshire percebi que nunca tinha perguntado a Edward onde ele vivia, estava quase a perguntar quando ele parou o carro em frente ao portão de um condomínio privado, pelo que Ângela me tinha contado da cidade aquele era o condomínio mais caro de toda a cidade. Edward carregou no botão de um comando fazendo o portão abrir-se. Ele foi até ao prédio mais afastado, estacionando na garagem. Saímos do carro e fomos até ao elevador, durante todo o tempo fiquei em silêncio, sem nenhuma palavra para descrever aquilo tudo. Edward carregou no botão do último andar e assim que chegamos à porta do seu apartamento e ela abriu, ai fiquei mesmo sem palavras, não sei como me consegui controlar para não ficar de boca aberta que nem uma palerma.

O apartamento era simplesmente enorme e muito bem decorado em tons claros, com a parede do fundo toda em vidro e uma varanda que dava para ver toda a cidade.

- Uau. – foi tudo o que consegui pronunciar fazendo Edward rir.

- Gostaste? – perguntou.

- Sim. E eu que pensava que o meu apartamento era grande. – disse fazendo-o rir novamente.

- Ainda bem que gostaste. Anda, vou mostrar-te toda a casa.

Todo o esquema de cores da casa era igual ao da sala, e não só era enorme como também tinha o ar de ser confortável. No final da visita guiada ele deixou-me sentada à mesa, que já estava posta, enquanto foi à cozinha buscar o jantar.

- Aqui está, couve-flor gratinada com salmão grelhado, se bem me lembro é o preferido da menina. – ele falou e eu sorri, ele lembrava-se mesmo de tudo. Era possível namorado mais perfeito?

Passamos o jantar a meio de conversas e brincadeiras, esse era o lado bom de estar com Edward, havia sempre assuntos de que falar e quando os mesmos se acabavam o silêncio que se instalava não era desagradável, muito pelo contrário, até que era confortável. (N/B: para quem estiver curioso ai, sim, o Edward também comeu)

Íamos a meio do jantar quando me lembrei que havia um assunto que queria falar com ele.

- Hum … Edward? – chamei-o fazendo-o desviar o olhar para mim. – Lembras-te de quando disse que ia começar a procurar um emprego?

- Sim. Discutimos isso ainda ontem Bella, continuo a achar que não é necessário. – ele disse, tentando desvendar onde eu queria chegar.

- Eu sei, mas hoje, a Ângela chegou a casa toda a animada e disse-me que tinha conseguido arranjar-me uma entrevista no café onde ela trabalha. Eu fui à entrevista, falei com o chefe dela e … - fiz uma pequena pausa respirando fundo. – consegui o emprego.

Edward ficou uns minutos pensativo, acho que a tentar assimilar tudo o que disse, afinal à velocidade a que falei até eu fiquei com dúvidas de que tivesse a dizer a coisa certa. No final de alguns segundos que mais pareceram horas intermináveis, ele sorriu.

- Isso é ótimo Bella, e se te deixa feliz então não há motivos para contestar. – disse sinceramente.

Fiquei tão feliz pela sua resposta que me atirei no seu colo fazendo-o rir e abraçar-me. Mais uma vez constatei algo que muitas vezes me interroguei o motivo de ser assim mas nunca tive coragem de perguntar-lhe, a pele de Edward era extremamente dura, como se fosse pedra, e não era só isso, também era gelada como se ele tivesse tomado banho numa banheira cheia de gelo.

Deixei para lá mais uma vez, ainda mantinha a fé de que quando ele se sentisse confortável me contasse o motivo de ser assim, pelo menos era o que eu esperava.

Voltei a sentar-me na minha cadeira e continuamos a jantar conversando sobre banalidades. No final, Edward foi levar a loiça para a cozinha, sozinho já que ele nem me mexer um dedo sequer. Olhei para a estante que estava embutida na parede, reparando numa foto, levantei-me indo até à estante para a ver melhor, nela estava Edward mais seis outras pessoas …

- São a minha familia, os meus irmãos e os meus pais. – Edward disse parado na outra ponta da sala. Uau, considerando que a sala não era nada pequena, como é que ele conseguiu ver que foto eu tinha na mão?

- São todos muito bonitos. – disse a verdade, todos eles pareciam super modelos.

Voltei a posar a moldura onde estava anteriormente e voltei-me para ir ter com ele mas sendo eu quem sou, ao virar-me fiquei com o pé preso na carpete fazendo-me desequilibrar e ir dar mais um abraço ao chão se dois braços fortes não me tivessem segurado.

- Como é que fizeste isso? – perguntei assim que ele me restabeleceu o equilíbrio.

- Isso o quê?

- Chegar até mim em segundos.

- Eu estava ao teu lado Bella. – respondeu nervoso.

- Não, não estavas, eu vi bem, estavas do outro lado da sala, era impossível chegares até mim em apenas segundos.

- Bella, eu estava ao teu lado e apanhei-te quando te desequilibraste. – disse olhando fixamente nos meus olhos.

Não me deixei hipnotizar pelos seus olhos dourados tal como acontecia tantas vezes.

- Edward para de me mentir, sabes que odeio isso. – pedi começando a ficar irritada.

- Bella eu não te estou a mentir.

Sai dos seus braços que ainda me seguravam.

- Estás sim, Edward por favor, até agora sempre houve muitas coisas em ti que não percebi, como o facto de seres duro como uma pedra, a tua pele ser gelada, sempre que está a fazer sol e nós temos algo planeado tu desmarcas à última da hora – nesse momento ele arregalou os olhos -, sim, também percebi isso, mas não é tudo, os teus olhos mudam de cor, ora estão dourados ora estão pretos e agora isto, é impossível tu teres atravessado a sala numa questão de segundos. Mas eu estou farta de ter tantas perguntas e nenhuma resposta.

Edward sussurrou algo que me pareceu ser: “Não é possível ela ter percebido isso tudo em tão pouco tempo.”

- Bella, por favor, tens de entender, há coisas que estão fora do meu limite, que não te posso explicar. – ele pediu suplicante. – Eu queria tanto poder te contar tudo, mas não posso, não sabes como isso me tem torturado durante estas semanas.

- Eu pensava que não tínhamos segredos, mas tudo bem, eu posso entender. Se tu não me queres contar não há nada que eu posso fazer para te obrigar, isso é uma decisão tua. E deixe, já não vais ter de viver mais com esse peso que te vem torturando. Eu vou para casa. – disse num fio de voz e com a cabeça baixa.

Comecei a dirigir-me até à porta, pegando na minha mala que estava no sofá, quando senti a sua mão agarrar-me.

- Não, Bella. – tentei soltar-me da sua mão mas ele apertou-me com mais força.

- Estás-me a magoar. – disse entre dentes, fazendo-o largar-me no mesmo instante.

Sabia que muito provavelmente estava a agir como uma criança mimada mas fiquei mesmo triste por descobrir que ele não confiava em mim o suficiente para me contar os seus segredos quando eu confiei plenamente nele, sempre lhe contando tudo.

- Eu levo-te a casa. – disse baixo.

- Não é preciso, eu apanho um táxi. – disse e sai de sua casa.

E assim, de um momento para o outro, o sonho desfez-se …