Hurts Like Heaven escrita por imagine


Capítulo 3
PARTE 3 (FINAL)




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Franzindo o nariz e a testa, ele colocou uma xícara laranja na frente dela sobre a mesa da cozinha, tentando espantar o cheiro do chá de Hortelã que ela tanto gostava; ela sorriu para ele num agradecimento mudo. Depois que Percy chegou e tirou-a do banho, ela havia colocado um suéter cinza que destacava seus olhos, e por mais que estivesse cansada, pelos deuses, ela estava muito bonita, como sempre.

- Acho que podemos conversar agora – ela anunciou, e ele confirmou com a cabeça.

Percy encarou-a amavelmente por alguns segundos do outro lado da mesa.

- Primeiramente – Annabeth disse, juntando as mãos na frente do peito. – gostaria de pedir desculpas por hoje de manhã. Não deveria ter julgado você por ter dormido fora. Deveria ter entendido.

Ele balançou a cabeça como se as desculpas não fossem necessárias.

- Creio que você sabe, querido – ela murmurou, envergonhada, mas, como era bom ouvi-la chamando daquela maneira. – que eu não sou um monstro. Nunca, em toda a minha vida, eu achei que tivesse que entrar numa clínica de aborto. Nunca achei que consideraria fazer uma coisa dessas.

Percy lutou contra a vontade de fechar os olhos, culpado por fazê-la se sentir como um monstro ou fazê-la pensar que ele achasse que ela fosse um.

- Você também sabe que eu sempre tive problemas de abandono – ela forçou as palavras para fora de sua garganta. – Uma mãe orgulhosa, um pai que nunca realmente se importou comigo, uma madrasta e meio-irmãos que nunca me apreciaram e que nunca quis e, finalmente, Luke, que falhou comigo tantas vezes...

A mente dele borbulhou de raiva e pesar com a lembrança de Luke, que havia mentido para sua Annabeth quando ela era apenas uma criança, que havia cometido erros e a machucado tão profundamente que sua esposa nunca fora capaz de esquecer. Um Luke que um dia ela chamou de irmão, que um dia, ela havia confiado.

Quando ela voltou a falar, estava chorando. Percy segurou suas mãos num aperto afetuoso, afinal, caramba, os dois finalmente estavam conversando, e ele a amava tanto...

- Mas eu sempre soube que mesmo que nunca ninguém realmente me amasse – Annabeth gaguejou, fechando os olhos, fazendo mais uma cascata de lágrimas caíssem de seus olhos. – sabia que eu sempre teria a Arquitetura. Ela foi minha primeira paixão, sabia que me faria feliz. Por um bom tempo, foi tudo o que eu queria, e minha única certeza na vida.

Soluços saíam dos lábios rosados de Annabeth, os lábios que Percy havia beijado por tantos anos.

- Até você aparecer, claro – quando ela afirmou, um sorriso cruzou o rosto dos dois ao mesmo tempo. – eu simplesmente não conseguia considerar a ínfima possibilidade que alguém me amasse. Por isso, passei muito tempo me torturando, dizendo que você não me amava, e que eu não deveria amar você também.

- Annie... – ele disse em vão, o coração pesado de pena. Nunca imaginara que ela havia se torturado dessa maneira.

- É claro que houve um momento que percebi que não podia fazer isso – Annabeth riu. – você era muito persistente, sabia? Quando me pediu eu casamento, te juro que passei noites seguidas me perguntando se eu deveria mesmo me casar com você, visto que eu nunca me consideraria boa o suficiente.

Percy considerou perguntá-la se estava brincando. Ele sempre havia considerado Annabeth uma espécie de anjo bondoso e perfeito, ao mesmo tempo, cego por escolher um cônjuge como ele, um cônjuge imaturo e infantil.

- As coisas mudaram agora – ela anunciou, sorrindo, então ele presumiu que fosse uma mudança boa. – eu não me sinto mais como antigamente. Você sabe que eu amo muito mais você do que qualquer emprego, Percy. Mas não sei o que fazer, honestamente.

- Tenho uma ideia – ele arriscou. – sente-se aqui, vamos fechar os olhos.

Felizmente, Annabeth riu quando Percy apontou seu colo, mas ela levantou-se da cadeira e sentou-se sobre suas pernas, envolvendo o pescoço dele com seus braços e encostando a cabeça em seu ombro.

- Agora, feche os olhos – ele pediu novamente. – e pense no que mais deseja.

- Percy! – ela riu, e, caramba, como era bom ouvir aquele som. – Aonde quer chegar?

- Minha mãe sempre dizia pra eu fazer isso – ele deu de ombros, seus olhos fechados. – vamos lá, não me faça parecer um idiota aqui.

- Ok, ok – Annabeth concordou, tentando segurar mais um riso, e acompanhando-o no ato aleatório.

Os dois permaneceram quietos e encarando a escuridão pelo que pareceram apenas dez segundos.

- Não preciso fechar os olhos pra saber o que eu mais quero – ela anunciou. – eu posso ver o que mais desejo mesmo de olhos abertos. Eu vejo você, segurando um bebê, um pedacinho de nós dois. Eu quero ficar com o bebê, Percy, por você. E, sinceramente, por mim também.

Ele sentiu-se nocauteado pela claridade – afinal, havia se acostumado com a escuridão por um tempo – e pelas palavras de Annabeth. Piscou algumas vezes, incrédulo, sendo banhado pela mesma onda de felicidade que o havia atingido quando descobriram que ia ter a criança.

- S-sério? – ele gaguejou.

- Sim, você pode aloprar agora, se quiser. – ela sorriu.

Percy agradeceu a si mesmo por ter autocontrole: ele a segurou tão forte, que nunca abraçaria alguém tão perto na vida; ele a beijou com tanta convicção, que tinha absoluta certeza que nunca amaria alguém como amava sua Annabeth.

XXX

Graças aos bons deuses, Annabeth não era um tipo de grávida doida.

Ela raramente tinha surtos por causa de comidas malucas, e quando os hormônios atacavam, as consequências eram sempre crises de choro sem motivo. Às vezes, ela ficava brava com ele, mas como a própria admitia, ela sempre estava brava com ele.

Sendo assim, quando ela completou o quinto mês de gravidez e os dois foram ao Obstetra para finalmente descobrir o sexo do bebê, ela estava estranhamente calma. Nem ansiosa, nem triste, nem estressada. Apenas sorriu pra ele da mesma maneira e os dois saíram do carro juntos, entrando na clínica pintada de verde oliva.

Por mais difícil que fosse admitir Percy quase dormiu enquanto segurava a mão de Annabeth: os dois sempre tinham o azar de pegarem a médica idosa que demorava um século só para ligar a máquina; por outro lado, quando a silhueta em preto e branco do bebê apareceu na tela, seus olhos – e os de Annabeth, como ele podia ver – lotaram-se de lágrimas.

Graças aos deuses Nico não estava ali para encher o saco.

Depois de alguns minutos esperando a médica-dinossaura finalizar o exame, a resposta finalmente veio.

 - É uma menina – ela anunciou, e, depois, pelo que Percy conseguiu perceber, a velha meio que havia dormido em sua cadeira de rodinhas.

- Uma menina? – Annabeth sorriu para o vazio, já que aparentemente a médica adormecera, ou havia tido um derrame, ou coisa assim. – nós vamos ter uma menininha, Percy!

Pra variar, ele ainda não havia processado a ideia muito bem, porque ele ia ter outra pessoinha com eles em casa em menos de cinco meses, outra garotinha, que ele rezava para que os deuses concedessem a inteligência da mãe, e, na verdade, um pouquinho de tudo dela.

Assim que saíram do consultório, Annabeth sugeriu que os dois fossem em outra loja de coisas para bebês – que ele nunca entendeu muito bem – mas, diabos, eles compram um berço e um trocador de madeira branca, e toneladas de roupinhas cor-de-rosa, e brinquedos de pelúcia inúteis, e até um cobertor branco bordado e um bando de outras coisas caras que o bebê nem saberia para que serviriam, mas ele se sente tão bem que realmente considera em ter no mínimo uns dez filhos.

XXX

Dois dias depois, após falhar em tentar pintar o quarto da filha de um tom claro de amarelo que ele e Annabeth haviam escolhido, Percy finalmente engoliu o orgulho e chamou alguém para pintar pra eles. O quarto havia ficado simpático, principalmente depois que o berço, os outros móveis e os brinquedos foram deixados em seus devidos lugares.

Percy surpreendeu-se quando voltara do trabalho e encontrando Annabeth lendo na poltrona branca do quarto da bebê, porque geralmente o fazia em sua biblioteca; ela tinha um livro de capa dourada sobre a barriga, que ele reconheceu facilmente – Alice no País das Maravilhas – e um sorriso estampado no rosto.

- Hey – ele a cumprimentou, andando em direção à poltrona.  – como estão minhas meninas hoje?

- Estamos bem – ela respondeu antes que ele a beijasse. – ela anda chutando muito, essa danadinha. Passamos o dia todo aqui.

- Mas que coisa – ele brincou, sentando-se no braço da poltrona, passando uma das mãos pela barriga inchada de Annabeth. – nem nasceu e já é inquieta? Estou começando a achar que ela vai dar trabalho. Droga, são meus genes.

Annabeth gargalhou, o som de sua risada contagiante fazendo o corpo de Percy enrijecer de alegria.

XXX


- Idina Louise Jackson – Annabeth disse para si mesma em voz alta. – é um nome bonito, certo?

Era o nome que haviam escolhido fazia alguns meses, mas caramba, era surreal que alguém realmente tivesse aquele nome agora.

Percy fez que sim, e a enfermeira que até então permanecera quieta no canto do quarto anotou o nome em uma prancheta e se retirou. Foi só então que voltou a olhar para Annabeth, que por sua vez, trazia em seus braços uma bolinha vestida de cor-de-rosa.

Ele sentou-se hesitante ao lado dela na cama, todos os seus músculos congelados; pra variar, não sabia muito bem o que fazer e seu cérebro lutava para registrar tudo o que tinha acontecido em apenas sete horas: Annabeth começara a xingá-lo de todos os nomes possíveis, dizendo que a bebê chegaria dois dias antes do marcado, e que isso era inaceitável e que ela não abriria as pernas até que a data chegasse. 

Quando chegaram ao hospital, o médico gritou com ela e, bom, fez que ela abrisse as pernas, o que não deixou ela nada feliz, e, de novo, ela passou horas xingando de todos os nomes possíveis, xingando ele, xingando o médico, xingando até sua mãe, pelo amor dos deuses.

Aos finalmentes, soltando um grito tão alto que certamente acordou até os chineses, Annabeth recebeu uma resposta, um choro tão sonoro quanto seus gemidos de dor, um choro de frio, e um choro de bebê.

A enfermeira fez menção de entregar a bolinha limpa e sonolenta para Annabeth, e ele quase desmaiou, porque – droga – era a filha dele e ela poderia quebrar-se em um milhão de pedaços a qualquer momento, mas quando Annabeth a segurou com uma tranquilidade e experiência, ele relaxou. Como ela poderia parecer tão calma?

Seus batimentos cardíacos finalmente voltaram ao normal, depois de observar o bebê por alguns minutos; a pequenina era, bem, muito pequena, e havia um tufo de cabelos pretos e incrivelmente macios saindo de sua cabeça minúscula; seus olhos, por sua vez, eram imensos e de um tom de azul claríssimo, que ele não sabia de aonde tinha vindo, se seria uma mistura de seus olhos verdes com os cinza de Annabeth.

Estava apavorado, mas caramba, como queria encostar nem que fosse um dedo em sua pele de bebê.

- Você pode segurar ela, se quiser – Annabeth sorriu, como se lesse seus pensamentos, mas caramba, ele não disse nada sobre segurar, afinal, ele havia prometido para ele mesmo que pegaria Idina pela primeira vez quando ela completasse cinco ou seis meses e –

Antes que ele pudesse protestar, Annabeth aninhou a bolinha de olhos muito claros em seus braços, e mais uma vez, ele congelou. Queria gritar para o mundo tudo que sentia no momento, como ele achava que Idina era a coisa mais linda que ele já havia visto, como ele estava completamente apaixonado por ela e como ele queria levá-la para casa naquele instante.

Controlando-se, ele apenas acariciou sua cabecinha como se fosse feita de vidro; surpreendentemente, Idina contorceu-se em seus antebraços, virando- se com o ímpeto de procurar Annabeth. Não era possível que ela já soubesse quem era sua mãe, era?

- Acho que ela prefere você – ele encolheu os ombros, mas sorria.

- Que bobagem – Annabeth disse, retribuindo os olhares de adoração que o bebê lhe dava. – Nina ama você do mesmo jeito que me ama.

- Nina? – Percy levantou uma sobrancelha, provocando-a. Quando os dois escolheram o nome da filha, Annabeth disse que seria feio dá-la o apelido de Nina sendo que seu nome era tão bonito. Pelo visto, ela havia adotado o apelido bem antes dele.

Os dois permaneceram naquele silêncio perfeito por alguns minutos, até que Idina finalmente virou sua cabecinha de volta para ele. Acho que ela sabe quem eu sou também, Percy pensou, satisfeito.

- Ei, Annie? – ele perguntou, notando que Annabeth estava quase adormecendo.

- Sim? – ela respondeu, bocejando, mas não falhando em dar aquele olhar que fazia seu coração falhar.

- Ahm... – ele vacilou, corando, e caramba, eles já se conheciam fazia tanto tempo, e eles acabaram de ter uma filha juntos, pelo amor dos deuses. – Eu te amo.

- Seu idiota – Annabeth riu, dando-lhe um beijo preguiçoso nos lábios. – Eu te amo também.

XXX


Usando um vestido preto com contas para bebês – ele não fazia ideia que isso existia – estava uma sorridente Idina, seus cabelos pretos e cacheados presos num bonito coque, e seus olhos azuis, ainda muito claros, brilhantes. Em uma de suas minúsculas mãozinhas, havia uma rosa vermelha.

- Olhe lá – Percy apontou para uma mulher de cabelos loiros encaracolados e olhos cinza, que conversava animadamente com um senhor. – vai levar a flor pra ela, querida.

Ele colocou Idina de pé no chão gentilmente, e com as sandálias pretas (também de um tamanho pequeno) ela saiu saltitante até Annabeth.

- Pra você, mami – Idina sorriu, elevando a flor o mais alto que podia em direção à Annabeth, que deu um suspiro de surpresa e pegou a filha no colo, recolhendo a flor com a outra mão.

- Mas poxa vida! – Annabeth exclamou. – você que pegou a flor pra mim, Nina?

- Sim! – Idina respondeu, satisfeita, colocando as mãozinhas fofas na cintura.

- E papai não te ajudou? – Annabeth levantou uma sobrancelha sugestivamente para o marido, que ainda estava parado há alguns metros de distância.

- Não! – Nina corou, abraçando o pescoço de Annabeth.

- Você está linda, sabia? – Annabeth disse, admirando o vestido de seda preto que se destacava numa pele branca como a neve de Nina.

- Pensei que estivesse sempre linda! – Idina franziu o cenho. – vovó me disse semana passada.

- Tem razão, tem razão. – a loira concordou. – você está mesmo sempre linda.

Sentindo o cheiro de shampoo de mel infantil da filha, Annabeth abraçou Idina mais forte, sua pele contra a pele macia da pequenina, que mal tinha completado dois anos de idade e já falava e se vestia como uma moça, e certamente era a criança mais bonita que ela já havia visto; sua opinião era compartilhada por muitos outros: era impossível não se apaixonar por Nina, que era cativante e falante, sempre saltitando e cantando músicas “de adulto” que ela mesma escutava no carro.

- Você se saiu ótima, amor – Percy tirou-a de seus pensamentos profundos, fazendo Idina levantar sua cabeça do ombro da mãe. – não entendo porcaria nenhuma de Arquitetura, mas você sabe o que eu quis dizer.

- Claro que sei – Annabeth riu, e os dois se beijaram rapidamente, enquanto Nina fazia uma careta.

- Que foi, moça ciumenta? – Percy perguntou, fazendo cócegas no pescoço exposto de Idina, que estava envolvido por um colar prateado. – quer um beijo também?

- Não estou com ciúme! – Nina riu, tentando afastar a mão do pai. – estou com nejo.

- Ah, sim, nojo. – Percy piscou para a esposa. – você é terrível, sabia? Tem só dois anos e já é como sua mãe.

Idina pulou para o colo do pai, abraçando seu pescoço e deitando a cabeça sobre seu terno preto.  Antes que o evento terminasse, o resto dos convidados veio cumprimentar Annabeth e Percy tinha que concordar com todos quando diziam que Idina era o bebê mais lindo do mundo, e seu peito se enchia de orgulho, porque, afinal, aquela criaturinha branca, de olhos anil e cachos pretos era parte dele, também.

- Te amo, papai – Idina bocejou enquanto ele a segurava e Annabeth terminava de cumprimentar os colegas.

Ah, diabos, seu coração havia virado gelatina de novo.

- Também te amo, Nina – ele respondeu sincero, ainda olhando para Annabeth, se perguntando como é pessoas tão boas o amavam como ele fazia.

Duas horas depois, com Idina dormindo em sua cadeirinha no banco de trás do carro, a família deixou o evento, já que estava bem perto da meia-noite.

- Percy? – Annabeth disse de repente, enquanto ele dirigia.

- Sim, amor? – ele respondeu, sem tirar os olhos da estrada.

- Obrigada.

- Pelo quê? – ele franziu o cenho.

- Por tudo. – Annabeth sorriu, olhando amavelmente para Idina.

- Sem problemas – Percy respondeu confuso, pensando em tudo que ela havia feito por ele e como era ele que deveria estar agradecendo-a por, bem, ter lhe dado o mundo.

XXX

  Parecia irônico que ambos eram pais de uma menininha que tinha completado cinco anos, e estavam debaixo dos cobertores de sua suíte; Annabeth tentava abafar seus risos, mas falhava. Enfeitando seus cabelos, havia um chapeuzinho de festa em formato de pirâmide, que ela recusava a tirar; aliás, o chapeuzinho era a única coisa que ela estava usando.

Era esperado que Annabeth tivesse uma crise de choro na festinha de aniversário de Idina; a comemoração foi feita no próprio quintal grande do casal, e depois que Nina assoprou as velinhas de seu bolo de morango, Annabeth havia o abraçado e chorado em seu ombro, sussurrando: Eu quero outro.

Desde que todos haviam ido embora e Atena havia prometido ficar acordada para cuidar de Idina, que não queria cochilar nem que chovesse confete, os dois haviam entrado no quarto, trancado a porta e não saído mais.

- Ei, você disse sério quando... – Percy corou. – disse que queria outro?

- Claro que sim – o rosto de Annabeth também ficou vermelho. – não te falei nada, mas eu larguei as pílulas anticoncepcionais fazem umas duas semanas. Considerando todo esse tempo, e, bom, as duas últimas horas, pode ser que eu já esteja grávida.

- S-sério? – ele gaguejou, abraçando-a, já pensando na possibilidade que ela estivesse grávida.

- Sim. – Annabeth respondeu. – mas por via das dúvidas, acho melhor você me beijar e fazer mais sacanagens comigo, afinal...

Antes que ele pudesse obedecer, os dois ouviram três batidas animadas na porta e ele congelou; bom, se fosse Atena, ela provavelmente o castraria se visse ele pelado na cama, ainda mais em cima da filha dela.

- Mamãe! Mamãe! – a voz de Idina chamou do lado de fora. – estou com fome!

- A porta está trancada. – Annabeth sussurrou, fazendo-o relaxar. – Peça para a vovó fazer algo pra você, Nina!

- Ah, mami! – ela reclamou. Percy podia imaginar seus olhos azuis claros em agonia e ela fazendo biquinho com seus lábios rosados do outro lado da porta, usando seu vestido de festa lilás, seus cachos pretos soltos e cheirando mel. – a vovó está dormindo! Você sabe que ela é impossível de acordar.

Percy segurou um riso: parecia engraçado que Atena, que passava 90% do tempo odiando-o, caía num profundo sono assim que tinha a oportunidade.

- Já estou indo, Nina! – Annabeth riu, empurrando-o, colocando rapidamente um vestido que havia jogado no chão horas antes. – desculpe, querido. Tenho que alimentar sua filha.

Mais uma vez, Percy pegou-se encarando Annabeth com adoração enquanto ela abria a porta do banheiro, tirava o chapéu de festa dos cabelos dourados e tentava parecer arrumada: ela derrubou a escova no chão no mínimo umas dez vezes, e, diabos, como ele a amava.

Ela abriu a porta, e ele viu sua linda Nina do lado de fora, que deu um sorriso gigantesco quando a mãe saiu pela porta.

- Obrigada, mami! – ela beijou a coxa de Annabeth, abraçando-a. – Oi, papai!

A porta foi fechada, e ele escutou Idina falando sobre sanduíches e estrelas douradas. Antes que pudesse cochilar, Annabeth enfiou a cabeça para dentro do quarto, um sorriso diabólico em seus lábios.

- Tem certeza que quer mais um? – ela perguntou.

- Com certeza – ele piscou para ela.

- Mami! – Idina protestou, sua vozinha vinda do corredor. – Venha logo fazer o sanduíche! Você prometeu!

Logo estava absorto em pensamentos, pensando sobre as próximas gravidez turbulentas, as promoções no emprego, os passeios na cidade, quem sabe até comprar um cachorro ou uma casa maior, e todas as interrupções sobre sanduíches que estavam por vir.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Hehehe, passou o susto, né?! :3
Gostaria muito que vocês deixassem review! Pretendo postar uma One-Shot nova logo...