Filha De... Tem Certeza?! escrita por Mrs Darcy


Capítulo 14
Esses deuses não me deixam em paz!


Notas iniciais do capítulo

Vocês se superaram comentando tão rápido, mas eu também me superei atualizando na terça né?
10 comentários ou uma recomendação e eu posto o próximo



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Eu já tinha visto a casa grande diversas vezes enquanto dava meus passeios matutinos pelo acampamento, mas nunca tinha reparado em como ela se destacava do resto do acampamento; enquanto tudo nele seguia um estilo mais clássico, a imensa mansão a minha frente parecia ter sido feita para ser pratica e não ostentosa, porem, nem assim, deixava a desejar em beleza. A casa era de um amarelo que lembrava o campo e as arvores ao redor somente ajudavam a engrandecer o efeito. A região também era bem menos movimentada, o que até me passaria uma sensação de paz se não fosse a situação delicada em que me encontrava.  

Encontrei Dionisio me esperando no batente da porta de entrada, ele me olhava impaciente, como se eu estivesse andando nessa velocidade só para irrita-lo. Revirando os olhos eu acelerei o passo, minha situação já estava ruim o bastante sem mais esse ônus. Entrando na sala eu observei Dionisio caminhar até o bar que ficava em um canto, servir duas taças com um vinho de aspecto caro e colocar alguns cachos de uvas de diversos tipos em uma bandeja. Acenando para que eu me sentasse ele colocou tudo sobre a mesa, comeu alguns grãos da fruta, antes de levar um dos cálices a boca e o liquido instantaneamente se transformar em agua. 

Ofeguei em choque, sem entender o que estava acontecendo. Dionisio, por outro lado, apenas me lançou um olhar penetrante e um suspiro cansado antes de se acomodar melhor no sofá.

- Para uma deusa, você parece muito surpresa.

Não havia nada que ele pudesse me falar e me abalasse mais que essa frase, embora eu viesse me preparando para ela a dias. Eu automaticamente contrai a musculação e comecei a balançar as pernas ritmicamente, a procura de um pouco de calma. Foram necessários alguns minutos para eu conseguir buscar em meu cérebro algo a dizer.

- Digamos que eu não sou uma deusa normal- ele pareceu surpreso em como eu admiti de forma fácil o que eu era, como se esperasse maior resistência, mas eu sabia que não adiantaria mais mentir, restava convence-lo a guardar segredo.

- Você não vai tomar seu vinho?- ele perguntou olhando melancolicamente para meu cálice cheio.

- Pode tomar se quiser- falei percebendo se olhar desejoso.

- Você viu o que aconteceu com a minha dose; seria horrível desperdiçar uma bebida tão boa.  

Então, mesmo não gostando muito de vinho, eu bebi um gole sob o olhar atento do deus que parecia saborear junto comigo e me surpreendi por ser bem mais doce do que esperava.

- Imaginei que gostaria desse, é francês e tem um sabor bastante suave, adequado para aqueles que não estão acostumados a beber.

- Desculpe perguntar, mas porque você escolheu esse vinho? Eu não acho que tenha feito isso só para me agradar. E porque ele virou agua quando você tentou tomar?

- Você realmente não sabe?- perguntou de maneira rude.

- Não- ignorei seu tom e respondi de maneira educada.

Depois de me encarar, como que avaliando, por um longo tempo, ele falou de má vontade:

- Eu fui por muito tempo apaixonado por uma ninfa dos céus. Eu a queria muito, fiz loucuras por ela, mas apesar de tudo ela não sentiu interesse nenhum por um bebum como eu. Afinal, quem se interessaria quando tem como opção o próprio Zeus? 

Dito isso ele se levantou e saiu da sala, como se tudo ja tivesse sido explicado, e eu, sem saber o que fazer, fiquei esperado por alguns minutos na sala antes dele voltar com uma diet Coke e um baralho de cartas na mão. Ele embaralhou as cartas despreocupadamente, alheio ao meu olhar confuso.

- Sabe jogar canastra?- perguntou quando finalmente resolveu falar.

Eu somente balancei a cabeça em negação antes de ele me dar um básico resumo de como funcionava o jogo, qual era o objetivo e começar a distribuir as cartas. Ele venceu rapido, afinal eu não sabia jogar, e, quando estávamos lá pela metade da segunda partida eu resolvi me arriscar e pedir que ele continuasse a história.

- O senhor não me explicou como ficou impossibilitado de beber e nem porque está sendo legal comigo.

Ele me olhou como se eu fosse terrivelmente estúpida antes de ceder e começar a falar.

- Um dia, depois de uma festa maravilhosa que eu fui no subúrbio de Atenas, bebida a vontade imagine!.., eu voltei para o olimpo ligeiramente embriagado e encontrei a ninfa nadando nua em um lago. Quando Zeus nos encontrou horas depois ele achou melhor acreditar na historia dela do que na minha. E eu nem estava tão bêbado! Bom- suspirou- no fim e acabei sendo mandado pra cá como castigo, e, como se isso não fosse ruim o bastante, fui proibido de beber por um século. Eu século inteiro! Como ele quer que eu sobreviva?

- Mas isso nao explica o porque de voce estar sendo legal comigo- falei me segurando para não rir ao imaginar a historia.

- Não seja estúpida garota! Não é possível que você ainda não tenha entendido. Eu até aceito que você não tenha ficado sabendo da piada do Olimpo aqui, afinal seu pai deve te-lá mantido em uma torre, mas dai a não conseguir chegar a conclusão do porque eu te trouxe aqui é ridículo!

Eu recuei instantaneamente da raiva do deus, me encolhendo como a medrosa que eu sou, e levantei-me para ir embora.

- Desculpe, já estou retirando minha insignificância daqui- falei , irritada, quase correndo para porta.

O sol já estava se pondo quando resolvi aproveitar o final do dia sentada no píer, sozinha. A ultima parte acabou não dando muito certo quando certo loiro sentou ao meu lado.

- É lindo, não é?

- O que?

- O sol.

- É realmente muito bonito, embora eu venha aqui mais pelo mar.

- Por isso que eu o represento, sabe, o deus mais lindo do Olimpo tinha que ficar com esse dom.

- O que você faz aqui Apolo?- me virei para ele repentinamente. 

- Eu vim falar com você, é claro, você é a única aqui digna de meu tempo, eu sou muito ocupado, ser eu cansa muito.

Eu somente bufei indignada e, desistindo de meu final de tarde calmo e tranquilo, comecei a voltar para o chale, mas é claro que o estorvo me seguiu. 

- Eu fiz reserva em um restaurante maravilhoso para nós na sexta, na verdade eles nem tinham mais vagas, mas quando a atendente me viu ela deu um jeito.

- Apolo.- parei no meio do caminho, me virando para ele.- Em primeiro lugar, primeiro você pergunta pra garota se ela QUER jantar com você, depois faz as reservas. Em segundo lugar, quando você for "convidar" ela pra sair você exalta as qualidades dela, e não suas- expliquei como se falasse com uma criança.

Ele ficou alguns segundos sem reação antes de alargar o sorriso.

- Entao, você vai sair comigo? Eu ja até marquei horário no salão de beleza pra você na sexta a tarde.

- AHHH DESISTO- eu sai andando antes que Apolo tivesse a chance de reagir e me tranquei no meu chale de Hefesto. Meus planos eram ir direto pra oficina, terminar de trabalhar na minha mais nova invenção, e eu teria indo se não tivesse um homem na minha cama, deitado, olhando para o teto fixamente. Eu caminhei lentamente até ele, hesitante, antes de reconhece-lo. Era o mesmo homem que eu vira em meu primeiro dia no olimpo, Hermes, o deus dos viajantes. Embora ele estivesse aparentando estar mais novo, mais como um adolescente que como um adulto, sem duvidas era ele.

-  Você também veio me encher o saco agora?- pergunte ainda irritada; Apolo tinha esse dom.

- Calma, eu vim em missão de paz- ele levantou os dois braços em sinal de rendição, sentando na cama. Vestia a roupa típica de um carteiro e carregava uma bolsa com um grande pacote dentro em uma das mãos.

- Foi mal, mas é que parece que os deuses tiraram o dia pra me irritar hoje.

Ele sorriu, um sorriso maroto que, eu lembrava, só ele tinha.

- Eu vim aqui pra melhorar seu dia então- na voz de Apolo isso seria apenas mais uma demonstração de superego, mas na de Hermes era obviamente uma brincadeira, portanto sorri.

- E o que o traz aqui então "ó grande salvador de dias"?

- Na verdade é o seu pai que me traz aqui- falou rindo antes de me entregar o pacote que carregava.- Ele mandou isso. 

- O que será que é?-olhei curiosa para o pacote.

- E uma arma especial.

- Como você sabe?- olhei-o intrigada.

- Eu estava curioso- O deus dos ladrões se justificou fazendo beicinho.

- Você abriu a minha correspondência?

- Me desculpa vai.

- Tudo bem- acabei rindo e fui sentar na minha cama.-Agora me deixa sozinha que eu quero abrir meu presente, por favor?

- Ah, mas eu já vi o que é, então certamente não tem problema nenhum se eu ficar aqui, né?- antes mesmo que eu respondesse ele já estava deitado com a cabeça apoiada nas minhas pernas e olhando para o pacote que nem uma criança. Que a vida me de forças, esses deuses não me deixam em paz!


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Notas finais do capítulo

10 comentários ou uma recomendação e eu posto outro ainda essa semana :)