Tomando Chá Com Os Mortos escrita por IFToldoTASilva


Capítulo 21
Presente de Aniversário -Parte 2 (Morte)


Notas iniciais do capítulo

Heyy pessoas sexys!
Como vão vocês?
Eu vou muito bem obrigada...
Enfim, minhas tentativas de postar o capitulo mais cedo não deram certo... Semana de provas... mas de todo o jeito vim aqui postar pra vocês! mesmo minha mãe gritando comigo que eu tenho que estudar para prova de biologia... enfim... Bom capitulo! e comentem seus lindos e lindas..



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E lá estava eu...

Com o coração nas mãos, sem pensamento algum, com os olhos fechado e já dentro do quarto.

A porta fechada atrás de mim e um frio absurdo que me faz tremer.

Não tinha coragem de me mexer e muito menos de abrir os olhos... Quando de longe eu escuto um grito, não era um grito conhecido e infelizmente não era somente um grito era vários gritos e ao mesmo tempo... O que estava acontecendo?

O pânico tomou conta de mim e por um impulso eu abro os olhos. Pisco incansavelmente muitas vezes e meus olhos lagrimejam com a claridade do lugar.

Dava para notar que algumas coisas foram feitas de ultima hora como as luzes no teto e o piso do chão que foi arrancado, mas o que mais me impressionou não foi a capacidade da Margarett de fazer reformas, mas sim o tanto que a sala estava vazia, tudo o que tinha nela era aquele buraco enorme no chão e mais nada...

Fico com medo de me aproximar do buraco, mas a curiosidade de olhar dentro dele me da forças para andar.

Caminho lentamente olhando algumas vezes para trás. Ainda escuto os gritos mais abafados agora...

Me ajoelho  ao lado do grande buraco e tomo toda coragem insana para olhar lá dentro. É um buraco fundo e escuro, não tem absolutamente nada lá, além de um vidro que contorna ele por completo.

Aquilo me dá calafrios, não sei o que está acontecendo e nem o que vai acontecer, mas quero que isso acabe logo.

-Ah como é bom mais um ano de vida... Feliz aniversário meu orfanato. Agora crianças, espero que estejam gostando do meu presente, e se todos conseguirem passar por está fácil prova até as 6 horas terão o dia livre para fazer o que quiserem... Viu como eu sou boazinha? Sem mais delongas aproveitem!

A voz da Margarett sai de uma caixa de som improvisada no canto de uma parede.

Me levanto o mais rápido possível, como o chão é de terra acabo escorregando um pouco mais não caio. Vou correndo para a porta, e sem pensar, tento abri-la, faço todo o esforço possível, quero sair daqui!

Mas é impossível abri-la, desisto. Observo bem a porta e percebo que ela foi modificada também, a maçaneta não gira, impossibilitando que a porta se abra pelo lado de dentro.

Me arrependo por não ter colocado um tênis, mas não tenho outra escolha, não consigo pensar direito então vai ser isso mesmo, começo a chutar a porta com toda a força. Paro instantaneamente, simplesmente por impulso.

Escuto passos, talvez seja da minha imaginação, mas podem ser da querida tia Maggie que vem me fazer uma visita, e creio que ela não gostaria de saber que tenho chutado o seu maravilhoso presente, então paro de chutar, de mexer e de respirar.

 Sinto que o barulho se aproxima, e de repente tudo fica silencioso. Tento respirar o mais baixo possível, meu coração praticamente para de bater, e a maçaneta começa girar lentamente como se a pessoa que estivesse do lado de trás quisesse me assustar, se esse fosse o objetivo com certeza conseguiu.

A maçaneta para e a porta começa a se abrir lentamente, o barulho da porta é incrivelmente assustador e agoniante, não sei o que me espera, porém sinto cheiro de morte.

A porta totalmente aberta mostra a imagem que menos queria ver, a mãe dos meus pesadelos e dos meus mais profundos terrores. Lá estava à querida Maggie, mais reluzente do que nunca, usava a mesma roupa que estava antes, uma saia um pouco acima dos joelhos e uma camisa branca que estava manchada de sangue, então eu não sou a primeira que ela visita.

 Seus dentes estavam vermelhos como sempre, o porquê disso agora é um mistério. Ela chega mais perto, muito próxima de meu rosto, nunca tinha percebido, mas os seus olhos eram tão castanhos que possuíam uma leve pigmentação vermelho, isso me assustou. Queria me afastar, mas não saberia qual reação ela teria. Ela começa a falar rapidamente, como se estivesse com pressa, ou atrasada.

- Olá querida Sam, vejo que não gostou muito do meu presente!

Ela aponta para a porta, que estava com algumas marcas de chutes, e continua a falar:

- Ora minha querida, não sei os motivos desta atitude. O seu presente foi o mais difícil de preparar, e você o trata assim. Mas vamos ao que nos interessa. Você deve estar se perguntando o que vai acontecer não se preocupe com isso. Apenas obedeça as minhas breves instruções, e tudo dará certo, agora caso você faça o contrario, teremos serias complicações. Mas é claro criança.

Ela aperta minha bochecha com força e continua.

 - Ah esqueça, não temos tempo a perder certo?! Tenho muitas coisas para fazer, e sei que você vai me obedecer.

 Ela olha pensativa para mim, vejo que no fundo ela possui um olhar de preocupação. Como se algo estivesse dando errado, ou ela tenha esquecido algo. Então ela retira um papel dobrado do bolso, e começa a ler apenas com os olhos, ao terminar olha para mim, sorri de lado mostrando seus grandes dentes vermelhos.

-Então vamos comemorar?

Ela me pergunta, não consigo responder, é como se a minha língua tivesse congelado, então devagar me afasto.

Ela sorri, como se já esperasse por isso. Dou mais um passo e olho para trás para garantir que não estou à beira de cair no buraco.

Ainda estou um pouco longe dele, mas para garantir eu não me arrisco a dar mais um passo para trás, dessa vez quem da um passo é a tia Maggie e infelizmente é um passo para frente.

-Você não deveria ter feito isso com a porta Sam... Você não ama esse lugar?! Pois eu amo...

Margarett segura meu braço direito com força, levo minha mão esquerda até a sua mão fria e tento retira-la, sem sucesso. Margarett então me puxa para mais perto dela, então, com a mão livre ela me da um soco, minha visão fica turva por alguns segundos e sinto gosto de sangue na boca.

Margarett solta meu braço e segura meus cabelos negros, puxa meus cabelos para baixo me forçando a levantar o rosto, então com a outra mão ela aperta meu pescoço me deixando sem ar, levo minhas mãos para o meu pescoço com a intenção de retirar as mãos de Margarett de lá, sem sucesso outra vez, ela é forte, e sorri como uma criança na loja de brinquedos e eu sou o seu brinquedo favorito.

Ela aperta com força minha garganta e me empurra sim ela me empurra, para aquele grande buraco do quarto.  Não vejo nada durante um grande período de tempo, tudo estava preto e escuro, senti que estava nas trevas, senti que tinha morrido ou então estava em um pesadelo. E simplesmente comecei a sonhar, o mesmo sonho que tive algumas noites atrás, aquele em que estava sendo enterrada viva, possuindo apenas algumas modificações, como por exemplo, a escuridão, estava mais escuro do que antes.

De qualquer forma, todo sonho acaba e o meu também teve um fim, abro meus olhos rapidamente. E me deparo com a Margarett em cima de mim as suas mães seguravam o meu pulso direito e o amarrava em uma corda, ao olhar para o meu outro braço percebo que ele está amarrado e preso em uma espécie de argola que está fixa no vidro, me debate desesperada, a sensação de estar sendo presa me deixa simplesmente louca.

Fecho os olhos por um longo tempo, e a Maggie sai de cima de mim, ela pega o papel que estava novamente em seu bolso e risca, como se lá estivesse às instruções do que ela deveria fazer com o seu brinquedo, e o guarda. Então olha para todo o meu corpo, que se encontra totalmente preso por cordas, a cabeça, os pulsos e os tornozelos.

Ela ri histericamente e sai de dentro do buraco. Eu tento gritar mas minha língua parece estar presa também, como meu corpo, coração e mente. Tudo preso em um pesadelo, ser enterrada viva, meu maior medo.

Margarett puxa com uma certa dificuldade uma tampa de vidro e a joga em cima de mim. Juro que pensei que o vidro iria se quebrar e me cortar por completo, mas com um estrondo forte ele me fecha mais ainda. Sim, estou em um orfanato, minha mãe está morta, meu pai eu o considero morto, meus amigos, tenho medo de pensar que estejam mortos também, estou em pânico, dentro de uma sala que antes era um quarto de guardar material de jardinagem, estou dentro de um buraco, em um caixão de vidro e por fim, tem uma maníaca que irá me enterrar viva. Se antes eu ache que estava morta, agora eu tenho certeza.

 Margarett pega uma pá e começa a pegar um monte de terra que se encontrava ao seu lado, e começou a jogar em cima de mim. Primeiro em meus pés, depois a minha barriga como se quisesse guardar o melhor por ultimo.

 Finalmente depois de todo o tempo descubro o que tudo significava como fui lenta para descobrir!  Depois de todas as suas insinuações, os bonecos e “enfrentar nosso maior medo”. Margarett está fazendo, literalmente, todos nós enfrentarmos o nosso maior medo. Mas como ela descobriu que este era meu maior medo? E o medo dos outros?  

Não tive tempo para pensar, comecei a me debater loucamente.

Quando todo o meu corpo estava coberto por terra, sobrando apenas a minha cabeça Maggie sorri como se aquilo fosse o paraíso.

-Feliz aniversário do nosso orfanato Samantha...

Ela ri.

 Percebi que não tinha saída, apenas esperar, pensei que era só isso, mas não Maggie não tinha terminado afinal meu rosto não foi enterrado, ou seja, a tarefa não tinha sido completa então ela começou a jogar mais terra, até toda a minha visão foi tampada e vi apenas escuridão, ouvi aquela mesma músiquinha apavorante e a porta bater.

Agora o que me resta é clamar pela vida, já sabendo que não tenho muito mais tempo de oxigênio aqui dentro... É não tem como sobreviver.

Mesmo sem esperança, tento soltar minhas mãos e pés. Maggie não tem realmente nenhuma compaixão, as cordas estão muito apertadas, não tem como soltar.

As lágrimas começam a cair pelo meu rosto, estou desesperada.

Sempre achei que morrer fosse uma boa escolha, principalmente para mim. Sempre pensei que se eu morresse tudo iria fica muito melhor, para quem eu amo e até mesmo pra mim afinal vou parar de sofrer, mas agora que eu tenho certeza da morte, percebo que isso não é uma escolha, isso é um erro.

Minha mãe se sacrificou por mim, e tudo o que eu queria era morrer para deixar ela feliz e livre, mas o que eu não sabia era que a minha morte faria mal a ela, afinal a morte de quem você ama ti faz mal, igual à morte dela me fez mal, a minha faria mal a ela, por que ela me amava.  

Aquele bilhete que ela me deixou, era uma prova de amor... Quando se ama alguém você está sempre junto da pessoa, mesmo depois da morte, por que ela vive em você, vive dentro do seu coração. Era isso que a Hannah queria que eu entendesse com todas aquelas palavras doces e melosas, mas com um tom de tristeza, a morte não separa ninguém, mas o erro de cometê-la sim, por que a morte é um erro mais o suicídio é uma escolha.

E agora eu vejo o tanto que eu sou idiota por ter pensado em escolhê-lo.

Aqui dentro desse caixão de vidro e coberta de terra, percebo que a morte é passiva, ela vem a qualquer minuto e você nunca está preparado pra ela.

Morte não tem uma definição, morte não tem um sentido, morte não tem uma explicação, é apenas sumir, sem saber o que vai acontecer.

Percebo que o oxigênio vai acabando, quando vou ficando cansada... Minha respiração ofegante, e meu coração desacelerando...

-Olá morte...

Essas serão minhas últimas palavras...

-SAM!


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Notas finais do capítulo

Não ficou muito grande como eu queria, mas espero que gostem...
deixem comentários e muito obrigada a todos que recomendarão e aqueles lindos que deixaram comentários do capitulo anterior (: amo vcs! kk
Beijos sabor morte... (ou não...)



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