Tomando Chá Com Os Mortos escrita por IFToldoTASilva


Capítulo 19
Sem esperança


Notas iniciais do capítulo

Oiiiiii meus lindos e lindas! o/
Quem ta feliz?! ooooo/
Enfim, gente demorou muito?
Foi sem querer eu juro!
Mas tá ai o novo capitulo... Matando a curiosidade de vocês e outras coisas como uma pessoa em especial... Maggie Má!
Boa leitura e até lá embaixo (:



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/263131/chapter/19

Meu coração, se ainda batia, batia tão rápido que nem dava para senti-lo, meu corpo tremia, minha mente girava e os meus olhos escorriam. Minha boca aberta não saia som algum, eu não conseguia pensar e muito menos olhar para outro lado ou fechar os olhos, tudo parecia uma cena de filme de terror, eu não acreditava no que meus olhos viam.

Eu quis vomitar, desmaiar ou gritar, mas eu não conseguia me mover. Eu estava em pânico nunca tinha me sentido assim antes, Na morte da minha mãe eu simplesmente não acreditei, na morte da Hort eu fiquei em choque, mas agora era diferente por que eu nunca tinha visto cena igual aquela.

Comecei a soluçar e minha respiração falhava, e em apenas vinte segundos de volta ao normal eu fechei os olhos e levei as mãos sujas de sangue para o rosto, eu tinha que fazer algo, mas eu ainda não acreditava que era real, então me levantei.

Meu corpo ainda tremia, e o meu coração ainda batia rápido de mais. Minha respiração falhava e eu ainda mantive as mãos na boca, caminhei o mais lento possível para dentro do quarto, cuidando para que as minhas pernas não cedessem e eu caísse outra vez.

Lá estava ele, com os olhinhos aberto, o medo transbordando por eles, com o rostinho molhado por lagrimas e sangue, com as mãos sujas de sangue, e a boca levemente aberta e o sangue escorrendo por ela, mas não era apenas isso, seu corpo esguichava sangue por pequenos cortes, em seus pulsos cordas como se alguém o tivesse amarrado em algo, talvez na cadeira que se encontrava ao lado dele caída no chão sujo de sangue.

Apesar de verificar todos esses detalhes eu focava apensas no seu rostinho doce seus olhos castanhos e suas bochechas rosadas, ao descer meus olhos um pouco caio outra vez no chão com o choque maior do que o anterior, agora sim eu entrava em desespero.

Seu peito estava aberto, sim completamente aberto! Dava para ver seu coração e ao lado do mesmo outro coração, não fazia idéia de quem seria o segundo coração que fora arrancado do peito e que agora se encontrava frio e negro ali ao lado do coração quente e vermelho do pequeno Migg.

Como alguém pode ser tão cruel?! Ele é apenas uma criança! Não tem culpa de nada! Era apenas uma doce criança que perdera seu bem mais precioso e agora também perdera a vida.

Ao lado do seu corpo encontrava-se um martelo, o que pode ter sido usado para quebrar seus ossos e ainda tinha uma faca que eu me lembrava muito bem dela, era a mesma faca que a Margarett tinha obrigado o Migg a cortar o pescoço da Hort, como ela pode?!

Eu olho para o quarto, todas as janelas fechadas, e nas paredes alem de sangue respingado havia palavras escritas com sangue.

“Você me matou”

“Assassino”

“Eu ti amava e você fez isso comigo”

“Como pode?”

Eu não acreditava no que lia, não bastava matá-lo tinha que torturá-lo, seja fisicamente com os cortes pelo corpo e psicologicamente culpando ele pela morte da Hort. Eu não acredito que a Margarett seja humana ou tenha um coração, isso era crueldade demais para suportar.

Ainda percorrendo pelo quarto meus olhos param em algo que está no meio do quarto, era um caixinha, aquelas caixinhas de susto, aquelas que você roda a manivela e toca uma música, mas ao chegar a certo ponto a caixa se abre do nada e sai de lá um palhaço para assustar quem estiver rodando a manivela.

Ainda no chão estico meu braço e pego ela, começo a rodar a manivela e reconheço aquela música, é a mesma música que eu escutei quando estava escondida de madrugada no corredor aqui próximo, e era a Margarett que passava com ela.

Quando parou de rodar, saio lá de dentro um pote vaziou, mas todo sujo de sangue e um bilhete escrito “Esse é o meu coração que você fez parar de bater!”. No mesmo instante eu olho para o coração ao lado do coração do Migg, aquele coração antes desconhecido agora era da Hort, eu deixei a caixinha cair ao meu lado e me levantei, eu tinha que fazer algo.

Sai pela porta, não me importando com o sangue que pingava da minha roupa, olhei para todos os lados do corredor, a minha vista estava embasada, mas eu não conseguia me mexer, então graças à raiva que eu estava sentindo eu gritei.

-SOCORRO!

-Sam?! O QUE ACONTECEU?!

Nicolas vinha correndo pelo corredor, eu senti o tom de desespero em sua voz.

-Sam?! O que foi? Por que você está coberta de sangue?! O que está acontecendo?!

Ele segurou os meus braços, ele estava tão desesperado quanto eu.

-Nick...

Foi tudo o que eu consegui dizer, antes de despencar no chão e voltar a soluçar por causa do choro.

Ele, então, entrou no quarto, eu só ouvi o seu choro e quando ele caiu de joelhos no chão esmurrando com toda a força o mesmo.

Ele dizia baixo “Não, não, não...” e era interrompido por soluços.

-Nick...

Me levantei e fui até ele.

-Eu vou chamar ajuda...

Ele apenas me olhou e voltou seus olhos para o corpo frio de Migg. Eu sai correndo o mais rápido que pude, então eu ouvi o sino que anunciava o almoço. Fui em direção do refeitório e logo avistei em meio à multidão de pessoas o cabelo loiro da Hannah acompanhada por Bórnis e Garru.

-Eu estou falando pra vocês, as minhas sementes de rosas estão sumindo! Alguém deve estar roubando!

-Quem vai roubar rosas, loira?

-Eu não sei! Um ladrão de rosas?

-De todo o jeito Hannah você tem um monte dessas sementes.

-Mas elas estão diminuindo e...

-HANNAH!

Gritei e todos me olharam.

-Sam?

-HANNAH! SOCORRO!

Eles vieram correndo e logo chegaram até mim, não quis responder as perguntas deles só corri de volta para o dormitório masculino e eles me seguiram.

Quando chegamos ao espetáculo de sangue e horrores todos entraram em pânico, Hannah chorava desesperadamente enquanto Garru a abraçava tentando consola-la e si consolar. Ela se aproximou do pequeno corpo de Migg, que ficou tão minúsculo ao lado de tanto sangue e machucados, tão frágil. Ela acariciou seu rosto e fechou seus grandes olhos, e disse, quase sussurrando:

- Agora, ele está apenas dormindo em um sono profundo!

Hannah limpa suas lágrimas, em vão, pois logo mais lágrimas jorram de seus olhos.

-Precisamos... Precisamos enterra-lo! Antes que a Margarett, o leve, como ela fez com a Hort.

Falo decidida.

- Mas a Magarett, ela não vai deixar. Ela pode fazer o mesmo conosco, não podemos correr o risco.

- O Bórnis tem razão Sam, não sabemos quais são os planos da Margarett, e quem será o próximo de sua lista.

A Hannah fala, a única que achei que me entenderia e me apoiaria. Porém não era sensato, apesar de Margarett ser apenas uma e nós a maioria, não podemos brincar com ela. Agora, que sabemos do que ela é capaz. Nick ainda no chão, irado e inconformado, começou a falar desesperado.

- Eu não deveria, não deveria ter deixado ele sozinho. Eu deveria ter imaginado que Margarett faria isso com ele. Isso é culpa minha.

Lágrimas jorravam de seus olhos, descendo até o seu peito coberto por sangue e suor. Hannah se aproximou dele o abraçando tentando confortá-lo.

Então as palavras saem da minha boca sem minha permissão.

-Nick, você não tem culpa. Todos nós sabemos disso, se a Margarett não tivesse feito isso hoje, ela faria amanhã, depois ou quando ela achasse que deveria ser feito. Sabemos do que ela é capaz, Matar torturar... Mas nós não sabemos quando e quem.

-O que a Sam esta falando é certo, é a Margarett que manda aqui no orfanato inteiro. E é ela quem decide quem morrerá e quem viverá a única coisa que podemos fazer e tentar salvar quem poder ser salvo.

Hannah diz, tentando segurar o choro.

- Não deveríamos deixar que ela controlasse nossas vidas assim, afinal somos vários e ela é apenas uma.

- Mas Nick, ela pode ser apenas uma, porém é ela quem cuida do orfanato, ela quem o conhece, e ela possui... Você sabe armas.

-Podíamos fugir...

Bórnis diz, escondendo o rosto como se não quisesse que ninguém o visse chorando.

-Você e o Nick tentam isso dês da morte do Alexander, ela sempre pega, e quando não pega a cerca que envolve o orfanato quase mata vocês de choque!

-Podíamos procurar onde o lugar onde a cerca é ligada...

-Chega! Vocês querem morrer é isso?! Ninguém sabe onde se liga esse negocio, e se a Margarett descobrir que a gente ta pensando em fugir ela mata a gente de uma vez só...

-Todos nós vamos morrer mesmo...

Rapidamente todos olham para o Nicolas, Hannah ignorando a ultima fala dele continua:

-... E do mais não sobreviveríamos na floresta, que por um acaso a Margarett conhece mais do que qualquer um, e pode muito bem matar a gente lá mesmo.

 Após a fala da Hannah, um longo silêncio se instalou na sala, até que foi interrompido, quando o som de passos foi ouvido. A primeira pessoa que me veio na cabeça era obviamente a Margarett, porém não era ela, era Laisa juntamente com Pietro. Ambos estavam sujos de terra, dos pés a cabeça. Laisa assustada fala rapidamente, que não consigo entender a metade do que disse apenas: “Ela está vindo, vindo para pega-lo”.

- Ela não pode... Não pode leva-lo, ela já levou a Hort e agora ele?! Por que ela está fazendo isso?

Hannah indignada diz, porém nossas palavras são como nada para a Margarett. A música de terror volta a tocar e vai aumentar cada vez mais, e agora ouvimos passos acompanhando a   música que tinha som de morte. Ela se aproximava todos nós queríamos fugir, mas não tínhamos lugar para ir e não poderíamos deixar Migg sozinho com ela.

A cada passo que escutávamos a sensação de medo e de insegurança. Ela estava mais próximos, todos estavam em silêncio como se ela não pudesse nos escutar e nem nos ver. Mas estávamos errados, sabíamos disso. E finalmente a querida Maggie, apareceu na porta do dormitório, onde o Migg por sua causa dormiria para sempre.

- Olá queridos inúteis, vejo que estão todos reunidos aqui. Nessa bela, vamos dizer paisagem. HAHAHA.

Todos estavam calados obviamente, não queríamos interrompe-la, não queríamos mais mortes.

- Por que estão tão calados, crianças. E essas lágrimas? São de alegria, sim eu sei que é uma bela cena esta, mas não precisam chorar. Principalmente você, querida sobrinha. Sua mãe chorava assim igual a um bebê. Mas é claro que ela não viveu tempo suficiente, para te ensinar a ser inútil como ela.

Margarett queria provocar a Hannah, queria provocar a todos nós. Para ela matar crianças inocentes era um passatempo. Ela via o medo estampado em nossos rostos e gostava disso.

- Tudo bem crianças, se não querem falar nada... Bom eu e o Migg temos negócios a serem feitos, devo leva-lo para junto de sua querida irmã. Eles precisam ficar juntos. Agora me deem espaço, anão ser é claro que queiram ir junto. HAHAHAHA

Ela começou a andar, indo em direção a Migg. Eu queria fazer algo, mas o que eu poderia fazer, ela é a Margarett e eu sou apenas... Eu. Não resisti e comecei a chorar novamente, não podia acreditar que ela faria isso novamente, mataria e levaria o corpo, como se fosse apenas um lixo, não posso acreditar que eu não possa fazer nada para impedir, e que mais um amigo meu morrerá em suas mãos.

Ela novamente começa a falar, sua voz era medonha.

- Então queridos, está um pouco sujo aqui. Apesar de que eu goste muito desta arte, creio que se tivermos alguma visita ela não veria isso de bom grado. Portanto Nicolas, Bórnis e Garru tratem disso. Os outros deverão voltar as suas tarefas imediatamente.

Todos nós começamos a nos preparar, não queríamos ir, mas não poderíamos fazer nada. Seguimos para o corredor, virei para trás, e avistei Margarett, pegando o Migg pelo mesmo jeito que fizera com a Hort, segurou firmemente em seu cabelo sujo de sangue e lágrimas, e começou a arrasta-lo pelo corredor em direção contraria a nossa. Ela olhou no rosto dele, soltou os seus cabelos, abaixou e abriu os seus olhos, que Hannah fechara há pouco tempo, retornou a pegar em seus cabelos e arrastou até que a perdi de vista, e me virei assustada.

Hannah também estava, trocamos olhares durante um tempo, seus olhos estavam inchados e vermelhos,suas bochechas vermelhas de sangue, e as roupas também. Caminhamos em silêncio até onde deveríamos “trabalhar”.

A cozinha estava muito suja e éramos poucos comparados ao seu tamanho. Porém logo terminamos, não sei se era a vontade de se ver livre disso ou pelo simples fato de estarmos abalados demais e acharmos que fazer algo nos livraria de pensamentos indesejáveis daquilo. Margarett ainda estava fora há um bom tempo, mas não quero pensar nela, nem no que ela fez.

A imagem do pequeno Migg continuava na minha mente e na mente de todos. Margarett não apareceu na hora do jantar como sempre faz para amedrontar as crianças mais novas. Já nós, comemos em silencio absoluto, às vezes eu vi alguém na mesa limpar os olhos que teimavam em escorrer. A mesa que antes era cheia de risos, conversar, sorrisos e pessoas, agora reinava em silencio com lagrimas e três lugares vazios.

Nos dirigimos para o dormitório e antes de nos separar dos meninos eu vi Garru soluçando, Migg era o melhor amigo dele sem sombra de duvidas, e agora ele estava se sentindo sozinho, isso não era nada bom, era de cortar o coração ver todos aqueles rostos tristes e desnutridos destinados a morte cruel, não era justo.

Chegamos a porta do dormitório das meninas que estava fechada, quando abrimos ouvimos o sinal de recolher seguidos por passos apressados, Laisa vinha correndo do outro lado do corredor toda suja de terra, mas eu tive a leve impressão de que tinha sangue em suas mãos, de todo jeito não estava com cabeça para pensar naquilo.

Eu e Hannah nos arrumamos e fomos deitar, eu já sabia que nem eu e nem a Hannah dormiríamos essa noite, e como resposta uma pergunta veio na minha mente e já deitada na cama perguntei a Hannah: 

- Hannah, eu queria saber por que ela faz isso? Quem será o próximo? E quando?

Como resposta só ouvi o seu choro baixo. Estávamos perdidos e sem esperança.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Luto eterno depois desse capitulo...
Serio, eu já chorei escrevendo a morte da Hort e chorei com esse capitulo também...
Mas mudando de uma assunto triste para um feliz:
Gente! Quem ainda não curtiu curte! Tomando Chá com Os Mortos no Fcebook! Estamos tendo muitas coisas legais por la garanto...
http://www.facebook.com/TomandoChaComOsMortos?ref=stream
Deixem comentários por que depois desse luto eu to precisando para continuar, serio...
Beijos sabor Migg lindo, doce e perfeito... Adeus....



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Tomando Chá Com Os Mortos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.