Deus Deve Odiar-me! - 1 Temporada escrita por BouvierDesrosiers


Capítulo 1
A minha história


Notas iniciais do capítulo

Os primeiros capítulos são mais calmos, pois é só o início da história. Eu postarei um capítulo todos os Sábados, por causa das aulas e isso... Espero que acompanhem :)



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Quem sou eu? Sou apenas mais um ser neste planeta a que chamam Terra. Nasci em Montreal, no Canadá, mas não vivi lá muito tempo. Aos quatro anos, os meus pais mudaram-se para São Francisco, na Califórnia. O meu pai era director de uma das maiores empresas dos Estados Unidos e, como não podia dirigir a empresa no Canadá, teve de se mudar. Visto que era muito pequena, não me lembro dos primeiros tempos lá e ainda bem, porque a minha adaptação foi bem mais fácil. Não sou como o meu irmão, que é totalmente extrovertido e adapta-se a todas as mudanças facilmente. Enquanto andava na escola, era sempre ele que me protegia e me ajudava em tudo. Não temos grande diferença de idades, por isso, ele conseguiu acompanhar praticamente todo o meu tempo na escola. Basicamente, sempre foi ele que tomou conta de mim, desde pequenos. O nosso pai passava a vida a trabalhar e quando estava em casa, estava sempre fechado no escritório, claro, a trabalhar. A nossa mãe não era muito diferente. Ela era directora de um hospital e a vida dela era passada lá. Estão a ver? Dois miúdos, deixados sempre ao abandono? Pelo menos, era assim que eu me sentia. Sentia-me abandonada pelos pais e apenas tinha o meu irmão. Ele sim, sempre esteve ao meu lado para tudo. Ele é irmão, pai e mãe. Não sei mesmo o que seria de mim sem ele.

Como eu estava a dizer, mudamo-nos para a Califórnia, onde crescemos e fizemos a nossa vida. Arranjei amigos que, por coincidência ou não, eram amigos do meu irmão também. E, na sua maioria, para não dizer totalidade, eram rapazes. Não sei, mas sempre tive mais facilidade de me dar com rapazes do que com raparigas. As miúdas são sempre tão mesquinhas e fúteis. Só se preocupando com roupas, saídas, rapazes. Não me enquadro aí. Bem, enquadro-me na ultima, não pensem que jogo no outro campo! Mas não da mesma maneira do que as outras. Usam esquemas, produzem-se exageradamente… Tudo para atrair a atenção de um rapaz que, na verdade, vai acabar por apenas as usar. No meu entender, o que tiver de ser será. Nunca precisei de fazer as figuras tristes que elas fazem para ter a atenção dos rapazes. Isso também foi uma das coisas que me complicou a relação com elas. Elas não gostavam que eu lhes “roubasse” o protagonismo com a minha simplicidade. Sim, porque elas podiam estar todas produzidas, de minissaia, grandes decotes, todas maquilhadas, que era sempre a minha boa disposição, naturalidade e sinceridade que captava a atenção deles.

O meu irmão formou-se em Música, mesmo contra a vontade dos nossos pais. Eles queriam que ele seguisse Gestão Empresarial, para seguir os negócios do nosso pai ou então que fosse Médico, para seguir as pisadas da nossa mãe. Mas não era isso que ele queria. Ele canta. E muito bem. Adoro ouvir o som da sua voz e amo quando ele canta para mim. Parece que todos os problemas desaparecem. Mas os nossos pais não pensavam assim. Apesar disso ele foi contra a vontade deles e acabou o curso. O ambiente em casa ficou do piorio. Havia discussões todos os dias. E todos os dias os nossos pais atiravam à cara que não nos andaram a sustentar para escolhermos ser músicos. Para eles, isso não era uma profissão. Bem, eu também não ajudei, quando decidi que queria seguir Música como o meu irmão. Tudo piorou, quando acabei o Secundário e decidi revelar aos nossos pais a minha escolha. Ainda pensei em desistir e seguir Medicina, para fazer a vontade da minha mãe, mas o meu irmão não me deixou. Ele disse-me sempre que nunca seria feliz a fazer uma coisa que escolhi so para agradar a alguém. Ele ajudou-me a perceber que eu devia seguir aquilo que me fazia feliz. E a Música fazia. Sentia-me bem, tão feliz.

Como é óbvio, lá em casa, aquilo estava um pandemónio. Os nossos pais mal nos falavam, no pouco tempo que estavam connosco. Era insuportável. O meu irmão não aguentou mais e pensou numa solução. Um dia, foi ter comigo ao meu quarto e revelou-me a ideia que teve. Ele queria voltar para Montreal. Para a nossa casa de lá e recomeçar a vida lá. Ele nunca perdeu o contacto com os amigos que lá tinha feito, e pelo que me contou, todos eles tinham seguido Música ou ainda estavam a acabar o curso, no caso de um deles, que era da minha idade e só agora ia para o último ano. Pretendiam formar uma banda. Eu fiquei um pouco reticente com esta ideia. Não me via sem o meu irmão ao meu lado. Quem é que ia tomar conta de mim? Sim, já sou crescidinha, mas eu preciso dele e vou precisar sempre! Quando eu lhe disse que ele não me podia abandonar, ele riu-se e disse que não pretendia deixar-me, porque eu iria com ele. Era complicado. Eu ia para o último bimestre e não achava que os nossos pais fossem reagir bem. Quero eu dizer, eles não iam reagir de todo bem. Mas foi inútil. Eles bem tentaram impedir-nos, mas em vão. Estávamos decididos a sair dali e voltar para casa. Sim, Montreal é a nossa casa. Além disso, não vejo grande diferença em viver com eles ou sem eles. A única pessoa de que preciso é o meu irmão. Mais ninguém.

O meu irmão conhecia a faculdade de Música em Montreal. Foi lá onde os amigos dele se formaram. Como um querido que é, tratou de tudo para a minha transferência. Os nossos pais usaram todo o tipo de desculpas para nos impedir de sair de casa. Comecei a questionar-me se o problema era mesmo sairmos, se era termos seguido um curso que não aprovavam ou se era voltar para o Canadá. Sim, porque quando dissemos que íamos para a nossa casa em Montreal, eles ficaram histéricos, principalmente o meu pai. Nem percebi bem, mas dizia que era uma estupidez voltar para Montreal, que ali nunca conseguiríamos ser ninguém e mais umas quantas desculpas sem nexo. Como é óbvio, não lhes ligamos nenhum. Fizemos as malas e despedimo-nos, sem grande afectividade. Não pensem que somos cruéis, mas porque haveríamos de mostrar algo que não sentimos? Eles nunca foram uns pais presentes. Eu não me lembro de eles me darem um beijo de boa noite e de me aconchegarem a roupa, não me lembro de eles me darem os medicamentos quando estava doente, não me lembro de me terem acompanhado à escola no meu primeiro dia de aulas, não me lembro de irem aos recitais da escola. Era sempre o meu irmão que fazia isso. Eu nem sequer me lembro de um Natal em que tenhamos jantado todos juntos. De que vale ter tanto dinheiro, boas casas, carros, roupas, tudo e mais alguma coisa se falta o mais importante? Amor de pais. Eu não sei o que é isso e o meu irmão muito menos. Por isso, deixar esta casa e vivermos sozinhos, não será muito diferente. Para nosso espanto, eles prontificaram-se a ajudar-nos monetariamente. Prometeram, todos os meses depositar na conta de ambos, uma quantia suficiente para nos desenrascarmos. A única coisa que aprecio neles é o seu sentido de “mãos largas”.


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Notas finais do capítulo

E aí, reviews? ♥



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