Esperando O Fim escrita por Chiisana Hana


Capítulo 2
Capítulo II




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Os personagens de Saint Seiya pertencem ao tio Kurumada e é ele quem enche os bolsinhos. Todos os outros personagens são meus, eu não ganho nenhum centavo com eles, mas morro de ciúmes.

ESPERANDO O FIM

Chiisana Hana

 

 

Capítulo II

Shunrei dava instruções detalhadas do destino ao motorista do táxi onde ela e Saori estavam e logo a deusa percebeu que conhecia muito bem o local indicado.

— Estamos indo para o Santuário? – ela perguntou, aterrorizada.

— Claro, para onde mais? – Shunrei respondeu. – Lá você estará protegida. O que quer que você ache que Julian pode fazer, lá ele não poderá entrar. Não entendo muito bem essas coisas de vocês, mas me parece que é preciso autorização para entrar e ninguém pode chegar lá em cima sem passar pelas Doze Casas, não é assim que funciona?

— Sim – Saori confirmou –, mas Shunrei, para isso os cavaleiros de ouro...

— É – a chinesa completou o raciocínio –, eles terão de estar em suas casas.

— Não, eu não quero isso. Vamos voltar agora. O Julian vai enlouquecer se eu não estiver no shopping quando der a hora combinada.

Shunrei ainda tentou argumentar, mas Saori nem quis ouvir.

— Por favor – suplicou a deusa, soando realmente desesperada –, eu não quero criar problemas. Vamos voltar para o shopping.

Shunrei cedeu e pediu para o taxista voltar ao destino inicial. Sentia-se frustrada por não ter convencido Saori a embarcar no plano, mas já começava a maquinar outra solução para ajudá-la.

— Certo, Saori, mas e sobre a criança, como vai ser com o Julian? Em breve será impossível esconder a gravidez.

— Ele tem certeza de que eu não engravidei naquela noite de Natal porque... – ela hesitou. Ia mencionar o remédio que Julian achava que a tinha obrigado a tomar, mas refreou-se. Shunrei ficaria chocada e as chances de ela contar a Shiryu seriam enormes.

— Está bem – Shunrei disse, sentindo que havia algo que Saori não queria contar. – Continue sem falar nada para ele. Precisamos arrumar um médico que ateste uma data posterior para a gravidez. E não se preocupe, eu vou cuidar disso.

— Obrigada, Shunrei – Saori agradeceu, profundamente comovida. – Você nem imagina como isso vai me ajudar.

— Você sabe que pode contar comigo.

— Sei sim. Vou sentir saudades quando você e Shiryu voltarem para o Japão... – admitiu.

— Nós não vamos voltar. Pelo menos não agora.

— Por minha causa? Não, por favor, não façam isso!

— Na verdade, estamos mesmo pensando em morar aqui para ficarmos mais perto do mestre. E de você, claro.

Saori sorriu, feliz por saber que não estava sozinha, mas no fundo sentiu-se preocupada com a proporção que a coisa toda estava tomando, mexendo com a vida de todo mundo, exatamente como ela não queria que fosse.

—S-A-I-N-T-S-

Condomínio Olympus.

Desde o último encontro com Saori, Seiya não conseguia parar de pensar nas coisas que ela disse. Aquela conversa de "estar fazendo o que tem de ser feito" definitivamente não era verdade. E o beijo... Ele repassava mentalmente o momento do beijo ao qual ela correspondeu de forma tão febril.

— Não consigo entender... – ele murmurou consigo, trancado no quarto da casa de Dohko onde estava hospedado. Evitava sair da casa para não haver um desagradável encontro com Shina. Limitava-se a ficar ali, vendo tevê, conversando com Shiryu e Shunrei, jogando damas com o criado ou ouvindo os sábios conselhos do Mestre. Também gostava de conversar com Fatma e de ouvir as histórias que ela contava, especialmente as picantes. Lembrava com tristeza que não procurou outra mulher desde o que aconteceu entre ele e Saori no Natal, mas pretendia continuar assim até que pudesse estar nos braços da deusa outra vez.

Sentia muito a falta de Seika, e falava com ela várias vezes por dia pelo telefone, mas não pretendia voltar para Tóquio. Sua prioridade era Saori e ele sabia que precisava ficar na Grécia por ela.

—S-A-I-N-T-S-

De volta à casa de Dohko, Shunrei esperou ansiosamente que Shiryu chegasse para contar tudo o que se passara no shopping, tomando o cuidado de fazê-lo no quarto para evitar que Seiya ouvisse. Depois de seu relato, ela arrematou, indignada:

— Desde o nosso casamento que eu acho esse Julian estranho. Que homem nojento! Usar os medos da Saori para manter um relacionamento? É muita falta de amor próprio!

— Não precisa se exaltar, Shunrei – Shiryu sugeriu calmamente, abraçando a esposa.

— Como não? É terrível! Tenho vontade de pular no pescoço dele e torcer como se ele fosse uma galinha! Não se faz isso! Não se faz! E o pior é que ela acha que precisa passar por isso para garantir que todos nós, eu, você, os outros, os dourados, todos tenhamos vidas normais! Ela acha que é um 'sacrifício' pelo qual tem de passar!

— E o que nós vamos fazer agora que o plano não deu certo?

— O plano era muito bom! Eu ia levá-la para o Santuário e então vocês fariam o que sempre fazem: iam para lá protegê-la. Ainda não desisti disso! De algum jeito vou conseguir levá-la para lá. Nem que seja à força!

Ela parou um pouco e pensou no que acabou de dizer.

— É isso!! Vai ter que ser à força!

Surpreso, Shiryu olhou para Shunrei.

— Nunca pensei que ia ouvir algo assim de você – ele disse – e, pior ainda, concordar.

Shunrei abriu um largo sorriso e olhou para o marido com olhos ansiosos.

— Então você vai me ajudar? – ela perguntou.

— E o que mais eu poderia fazer? – ele disse e levantou-se. – Vou falar com o Seiya, reunir o pessoal e nós vamos lá tirar a Saori da casa do Julian.

— Assim é que se fala, meu Dragão!

Shiryu sorriu satisfeito. Era dessa forma que esperava que Shunrei se sentisse sempre: orgulhosa do marido cavaleiro.

— Mas tem uma coisa – ele advertiu –, fique ciente de que pode acabar tendo de ir visitar o marido na delegacia, já que vamos invadir uma propriedade privada.

— Tudo bem! – ela riu. – Se você for preso, arrumarei um bom advogado e levarei comidinhas gostosas pra você e pra quem mais estiver lá!

Shiryu caiu na gargalhada.

— Ok, minha esposa! Vamos começar nossa estratégia de guerra!

 

—S-A-I-N-T-S-

Los Angeles, Estados Unidos.

Começava a amanhecer na cidade quando Elise espreguiçou-se gostosamente no apartamento de Hyoga, depois de ter passado uma noite intensa com o russo.

— Então você é meio russo, meio japonês? – ela perguntou, debruçando-se sobre a cama onde Hyoga estava deitado. Ele respondeu afirmativamente.

— Minha mãe é filha de italiano com irlandês, e meu pai é mexicano.

Hyoga riu ao pensar que Elise se sentiria em casa no Santuário, com todos aqueles cavaleiros, cada um de um lugar do mundo. A moça não entendeu o riso e ele estava com preguiça de explicar. Ela não insistiu e foi tomar banho, enquanto ele aproveitou para cochilar mais um pouco.

Quando saiu do banho, Elise recolheu as roupas espalhadas pelo chão, vestiu-as e, gentilmente, acordou Hyoga.

— Eu preciso ir. Ainda tenho faculdade e trabalho hoje... mas vamos nos ver de novo?

Hyoga respondeu com um beijo que deixou Elise sem fôlego.

— Isso responde sua pergunta?

— Mais ou menos – ela disse, fazendo um biquinho sensual.

— Quando você vai estar de folga? – ele perguntou.

— Na próxima quarta-feira.

— Vou passar lá no restaurante para te buscar.

— Certo, mas vem cá, e a sua namorada?

— Vou resolver a situação com ela ainda hoje – garantiu ele e despediu-se de Elise com outro beijo.

Mais tarde Hyoga e Rumiko reencontraram-se no curso e, no intervalo das aulas, ele chamou-a para uma conversa definitiva.

— Como é que é? – ela perguntou indignada depois que ele disse que estava tudo acabado. – Você está terminando o namoro?

— É. Não dá mais, Rumiko.

— É por causa daquela garçonete, não é?

— Não, é porque eu não quero mais.

— Então é assim? Você me usa e descarta?

— Não faça disso um drama, Rumiko! E eu não usei você! Estávamos juntos, foi bom, mas acabou.

— Isso não vai ficar assim, Hyoga! Não vai! – a japonesa gritou e saiu pisando duro. Hyoga deu de ombros e voltou tranquilamente para a aula.

—S-A-I-N-T-S-

Tóquio, Japão.


Shun e June estavam reunidos com Agatha e Saga no apartamento onde o jovem casal morava. Já estavam de partida para a Grécia quando a treinadora e o cavaleiro dourado bateram à porta e contaram uma história surreal de que June seria na verdade a filha perdida de Agatha.

— Agatha, seria ótimo se eu fosse mesmo sua filha – June argumentou depois de ouvir atentamente a história –, mas eu acho pouquíssimo provável.

— Eu sei que é difícil de acreditar, mas se levarmos em conta sua idade, é possível.

— Pelo que você disse, apenas o ano bate – June disse. – O mês e o dia de nascimento não.

— Seu pai deve ter falsificado seus documentos, querida. Eu sempre me perguntei por que não havia nenhum rastro seu nesses anos todos.

— A resposta só pode ser essa – Saga disse. – Ele deve ter arrumado documentos falsos mesmo.

June continuava desconfiada da história, enquanto Agatha estava desesperada para convencê-la a acreditar. Chegava a dar pena vê-la assim, tão vulnerável. E Saga era um enigma. Parecia preocupado e gentil, mas há um brilho estranho no olhar do cavaleiro.

— Eu não sei, Agatha – June disse. – É tudo muito confuso.

— Bom, já que não viajamos – Shun disse para interromper o clima pesado –, que tal pedirmos algo para jantar? Seria um prazer se vocês ficassem conosco.

— Claro – Agatha concordou.

Queria passar o máximo de tempo perto de June porque achava que assim poderia convencê-la, mas foi inútil. Mesmo durante o jantar, a garota continuou cética e o namorado também não ajudou. Ao final, deixou o apartamento frustrada com a reação fria de June e foi para um hotel com Saga.

— Então, o que você acha? – June perguntou a Shun enquanto tirava a mesa.

— A minha intuição é de que há algo errado, Ju – ele disse. – Não da parte dela… A Agatha parece realmente acreditar no que fala.

— Eu também estou achando muito estranha essa história. Muita estranha mesmo.

—S-A-I-N-T-S-

Peru.

— Vamos pousar, senhor – o piloto do helicóptero informou a Ikki.

O coração dele acelerou. Não havia retornado à Ilha da Rainha da Morte desde que partiu com os cavaleiros negros e agora sentia uma ansiedade incomum. O helicóptero começou a descer no solo árido da ilha e Ikki respirou fundo buscando algum autocontrole diante da situação. Reviu os anos de terror que passou ali, os gritos do mestre, a insistência para odiar tudo e todos e não pôde evitar que um palavrão escapasse da sua boca. Lembrou-se também de Esmeralda a confortá-lo nos dias de maior sofrimento, da doçura dela que contrastava com a dureza da ilha, e da dor que sentiu ao vê-la morrer.

— Você me espera aqui – ele disse ao piloto.

Pegou a enorme sacola que trouxe consigo e desembarcou. O piloto ficou rezando para que ele não demorasse. A aparência da ilha não era nada boa e ouvira histórias terríveis sobre um bando que vivia ali e se intitulava 'os cavaleiros negros'.

Ikki partiu, observando como a ilha parecia ainda mais árida do que ele lembrava. Sabia bem onde tinha enterrado Esmeralda e não foi difícil chegar lá, onde ainda estava a cruz que ele lhe fizera, agora já pendendo para um lado. Retirou-a e guardou-a na sacola.

— Esmeralda – murmurou com dificuldade, um nó se formando na garganta por conta da saudade devastadora que ainda sentia, mesmo depois de tanto tempo.

Retirou da sacola uma pá e cravou a ferramenta na terra seca, murmurando pedidos de perdão por mexer na sepultura da amada. Cavou, procurando vestígios do caixão de madeira rústica, feito com restos de caixotes, onde puseram Esmeralda. Finalmente ele sentiu a pá bater na madeira. Cavou cuidadosamente ao redor, até descobrir todo o ataúde. Com um pé-de-cabra, começou a forçar a tampa, até soltá-la. Quando finalmente a abriu, Ikki não pôde conter um grito de horror...

Continua...

—S-A-I-N-T-S-

 


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Notas finais do capítulo

Revisado em fevereiro de 2019