Esperando O Fim escrita por Chiisana Hana


Capítulo 18
Capítulo XVIII




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Os personagens de Saint Seiya pertencem ao tio Kurumada e é ele quem enche os bolsinhos. Todos os outros personagens são meus, eu não ganho nenhum centavo com eles, mas morro de ciúmes.

 

ESPERANDO O FIM

Chiisana Hana

 

Capítulo XVIII

 

24 de dezembro de 1991

— Segundo Natal no condomínio – Saori suspirou ao entrar na quadra, iluminada e arrumada para a ceia, com uma grande árvore de Natal montada no centro e presentes aos pés dela.

A deusa sorriu orgulhosa por ver boa parte de seus cavaleiros sentados às mesas ao redor da árvore, com suas pequenas famílias, felizes, comendo os petiscos que estavam sendo servidos antes da ceia. Era o que ela mais queria, vê-los levando vidas normais, formando uma comunidade que convivia bem no pequeno universo formado pelo condomínio e pelo Santuário.

Saori sentia-se incrivelmente bonita em seu vestido novo, um modelo vinho na altura dos joelhos, com mangas longas e gola alta. Aproveitou a ocasião para mudar o visual e cortou os cabelos na altura dos ombros.

Tinha passado por tempos muito difíceis depois da guerra, tempos de temor, culpa e solidão, acentuados depois do parto. Agora, com a ajuda da terapia, ela começava a se sentir melhor. Já não carregava o semblante abatido dos últimos meses, embora ainda sentisse algumas inquietações, e finalmente tinha vontade de curtir a filha e o “namorido”, com quem gostaria de casar se não tivesse o problema de ele ter sido reconhecido legalmente como filho de Mitsumasa Kido. Para efeitos legais, Seiya era seu tio, meio irmão da “falecida filha grega” que o seu avô inventou para justificar a existência de uma “neta”. Ela encostou a cabeça no ombro dele, que estava ao seu lado com Heiwa nos braços, e riu. Seu amor, que sempre tinha sido sua força, que sempre esteve com ela, em todos os momentos, que nunca desistiu dela, mesmo quando ela tentou fazê-lo se afastar, também era seu “tio”.

— O que foi? – ele perguntou ao vê-la rindo.

— Só me lembrei que você, legalmente, é meu tio e tio-avô da Heiwa.

Seiya sorriu encabulado. Não gostava muito de lembrar disso. Se pudesse, anularia o reconhecimento de paternidade para casar com ela e registrar a menina como sua.

— Tudo bem – ela disse. – Não é importante. Somos uma família de qualquer jeito. E ainda podemos fazer uma cerimônia simbólica algum dia.

— É, podemos. Seria legal fazer isso quando Heiwa estiver maior para ela entrar carregando as alianças.

— Ah, ia ser lindo! – ela exclamou, imaginando a cena.

— Vamos elaborar esse plano. Lembra que no ano passado você chegou aqui numa motoca roubada?

— Emprestada – ela corrigiu. – E não sei como cheguei viva!

— Foi a vontade de chegar.

— Deve ter sido isso.

— Parece que foi há tanto tempo, tanta coisa aconteceu, mas faz só um ano. Somente um ano que saímos daqui para a nossa primeira noite de amor.

Seiya deu um beijo no rosto dela e outro em Heiwa, que tinha acabado de completar quatro meses. Ela não era sua, bastava fazer as contas, bastava olhar para ela e seus cabelos loiros, mas a amava como se fosse.

— Eu amo vocês – ele murmurou ao ouvido de Saori.

— Eu sei... – ela respondeu. – E nós também amamos você.

— Não vão sentar? – Shiryu perguntou aos dois quando entrou na quadra com Shunrei, ambos em trajes festivos tipicamente chineses, ele de azul marinho, ela de branco.

— Estava admirando a cena – Saori respondeu. – É o segundo Natal do condomínio Olympus... E onde está a Keiko?

— Ela vem com o Mestre – Shunrei respondeu.

— Vestida de Mamãe Noel – completou Shiryu. – E ele de Papai Noel, claro. Ele simplesmente não resiste. Ainda mais esse ano, com todas essas crianças!

— Os aspirantes estão uma graça – observou Saori, notando a mesa perto da árvore onde eles estavam sentados. – Todos comportados, mas olhando para tudo com encantamento.

Estão mesmo – concordou Shunrei. – Vai ser importante para eles passar o Natal com a gente, com festa, comida boa, presentes.

— É o tipo de coisas que nós não tivemos na infância – completou Shiryu.

— E que nos fez falta… – completou Seiya.

— Pois é, queremos construir essas boas lembranças para eles – continuou Shunrei. – E já arrumamos tudo para depois. Eles vão ficar aqui uns dias para umas pequenas férias de fim de ano.

— Foi uma excelente ideia, Shunrei – Saori elogiou, e os dois casais foram para a mesa reservada para eles.

— Nós vamos hospedar a Yu Lin – Shunrei falou enquanto se acomodava. – E consegui voluntários para ficarem com os outros. Ficaria com todos mas tenho a Keiko e… bom, são muitos.

Logo depois que eles se sentaram, Ikki chegou de mãos dadas com Esmeralda, etérea em um esvoaçante vestido de organza cor de rosa. Pandora veio logo atrás deles, carregando Stephen, vestindo um tubinho preto de couro, bem decotado e ajustado ao corpo. Só tinha vindo por causa do menino, para que ele passasse seu primeiro Natal com o pai, pois se pudesse tinha ficado em casa, sossegada, tomando um bom vinho e vendo algum filme.

Um mês atrás, a alemã tinha se mudado de Munique para um apartamento confortável em um bom bairro de Atenas, comprado por Ikki. Combinaram que ele podia ver o filho sempre que quisesse, desde que avisasse antes, e ele vinha fazendo isso várias vezes por semana, sempre acompanhado pela esposa.

— Feliz Natal, pessoal! – cumprimentou Shun, que acabava de chegar com June.

Todos responderam ao cumprimento, trocaram abraços e Shun logo foi na direção de Pandora.

— Ele está ficando cada dia mais parecido com o Ikki – disse, pegando o sobrinho no colo. – Só tá faltando a cicatriz na testa.

— Nem fale nisso – Pandora disse.

— Sendo meu filho, acho que não vai demorar – comentou Ikki, rindo. – Ele vai ser o tipo de criança que vai acabar se estatelando por aí e levando uns pontos… Espera ele começar a caminhar.

Pandora fez um bico e rolou os olhos.

— Mas isso é bom, Pandora! – ele tentou justificar. – É sinal de saúde!

— Ele vai ser bem educado, Ikki – ela disse.

— Mas não se trata de educação! – ele rebateu. – Tô falando de energia, de correr por aí, brincar, jogar bola… eventualmente vai rolar alguma queda, um joelho ralado. É assim mesmo.

— Pandora está certa – Shun disse. – Ele vai ser uma criança comportada e educada como o tio.

— Chorão como você era? – indagou Ikki. – Acho que não.

— Deixa seu pai pra lá – Shun falou para Stephen, ignorando o irmão. – Você vai ser gentil e doce.

June deu uma risadinha pensando que seria impossível alguém que carregava os genes de Ikki e Pandora ser como Shun queria. 

“Meu Deus, que chatice!”, pensou Pandora e, discretamente, rolou os olhos novamente. “Cala essa boca, moleque chato...”

— Já terminou de arrumar o apartamento, Pandora? – Esmeralda perguntou.

— Não, está uma bagunça – respondeu Pandora, grata pela sensibilidade da esposa de Ikki. Precisava mesmo mudar de assunto. – Ainda não entregaram os armários da cozinha.

As duas continuaram conversando sobre o apartamento, enquanto June as olhava sem saber direito o que pensar. Elas estavam ficando amigas! Era inacreditável!

Então Hyoga juntou-se a eles. Antes tinha dado uma boa olhada ao redor e não viu Eiri e Natássia.

— E aí, pessoal? – ele perguntou, sentando-se perto de Shiryu.

— Achei que você nem vinha – comentou o amigo.

— Acabei de chegar de Los Angeles. Só fui em casa tomar um banho. Queriam que eu ficasse lá, tinha uma ceia com uns colegas do cinema, mas eu não ia perder o Natal aqui, com a minha filha, com vocês.

— Isso mesmo, pato – disse Ikki. – A família é mais importante. Por falar nisso... – Ikki aponta a entrada.

Mu, Eiri, Natássia e Kiki acabavam de chegar. Hyoga levantou-se e foi até eles, cumprimentou o casal, desejou-lhes um Feliz Natal e pegou a filha no colo.

— Oi, minha kukla, minha bonequinha – ele disse, encantado. Aos sete meses, Natássia estava grande, esperta e cada dia mais parecida com a avó de quem herdou o nome. – Sinto tanto sua falta quando estou longe. Como ela passou essas semanas, Eiri?

— Muito bem – Eiri respondeu. – E você, como foi lá nos Estados Unidos? Muito trabalho?

— É, estava trabalhando sem parar nos últimos dois meses, por isso acabei vindo pouco, mas agora terei duas semanas de folga para curtir a Nat. Posso ficar com ela amanhã?

— Claro. É sua filha.

— A Mino chegou!! – gritou Kiki ao vê-la entrar com Jabu e três crianças.

— Kiki! – Mino respondeu, abrindo os braços para o garoto que já vinha abraçá-la. – Você cresceu tanto! Está virando um rapazinho muito bonito!

— Obrigado – ele respondeu, corando. – Akira e Makoto! – ele exclamou para os meninos e também os abraçou. Tinham se conhecido em Tóquio quando ainda eram pequenos, agora os três já eram pré-adolescentes.

— E Mimiko – completou Mino. Tímida, a menina estava agarrada a ela.

Eiri se aproximou emocionada por rever a amiga e uma pequena parte das crianças do orfanato onde trabalhou.

— Ah, que saudade, Mino! – ela exclamou e as duas abraçaram-se longamente. Depois, ela voltou-se para as crianças. – Meu Deus, Akira e Makoto, como vocês dois cresceram! E você, Mimiko? Está tão linda!

Eiri pegou Natássia no colo de Hyoga para apresentá-la a Mino às crianças.

— Essa aqui é a minha Natássia!

— Finalmente estou vendo essa princesa pessoalmente – Mino disse, pegando-a no colo. – Coloquei as fotos que você mandou em um grande painel. Ai, ela é a bebê mais linda que eu já vi.

— Você vai acabar ganhando a inimizade de alguma mãe! – riu Eiri. – Agora são muitas aqui.

Mino riu e deu uma boa olhada nas mães e pais ao redor e também notou o grupo de crianças maiores.

— São os novos aspirantes – explicou Eiri. – São órfãos... Vão passar as festas aqui no condomínio.

— Ah, sim! Que legal integrá-los. Acho que deviam ir lá conhecê-los – ele disse às crianças, então Kiki os acompanhou até a mesa.

— Sinto muito sua falta, Mino – Eiri disse, pensando que, apesar de se dar bem com as outras mulheres do condomínio, não era a mesma coisa.

— Eu também. Muita falta mesmo, amiga. Temos tanta coisa pra conversar, né?

— Vocês deviam ficar aqui pra sempre!!

— Não seria má ideia mas ainda temos que resolver umas coisas no Japão...

Dohko entrou no salão, vestido de Papai Noel, com Keiko em um dos braços e um saco no outro, interrompendo a conversa das duas. A bebê de dez meses sorria e balançava os bracinhos, enquanto o pai estava a postos com uma câmera, fotografando tudo.

— Estamos mais uma vez reunidos – Dohko parou perto da árvore e começou a falar. – Esse é o nosso segundo Natal no condomínio Olympus. É um Natal muito especial, pois é o primeiro dos nossos adoráveis bebês: minha preciosa neta, Heiwa, a doce filha da nossa deusa, Natássia, Grace, Stephen e Aiolos. Além deles, temos os nossos aspirantes, os novos e o veterano, Kiki. Tivemos um ano conturbado, mas juntos conseguimos superar todas as adversidades. Não vou me estender muito, sei que querem comer. Só espero que desfrutem dessa ceia como a família que todos nós formamos. Depois do jantar, vou distribuir os presentes! Ho! Ho! Ho! Mas esse ano só tem para as crianças!

Dohko recebeu aplausos e os criados começaram a servir a comida. Ele entregou Keiko a Shiryu e foi cumprimentar os companheiros dourados.

— Você adora essas coisas, né, Kei? – riu Shiryu, quando voltou a sua mesa. – Achei que ela ia se incomodar com o monte de gente olhando, mas ela nem ligou.

— Ela é bem despachada, como o avô – Shunrei disse, ajeitando o vestido de Mamãe Noel.

— O tempo podia ir mais devagar para a gente aproveitar ela bebezinha.

— Não se preocupe, logo teremos mais um bebê – ela disse despretensiosamente.

— É, acho que podemos começar a pensar nisso.

— Eu quis dizer que daqui a mais ou menos oito meses teremos outro bebê.

Ele abriu um largo sorriso e deu um abraço carinhoso nela. Queria beijá-la mas, discreto, não o fez.  

— Quando você soube?

— Há alguns dias. Estava desconfiada, então fiz um exame de sangue. Guardei segredo porque queria revelar no Natal. É o seu presente e o meu!

— Ah, meu amor! Que bom saber que nossa família vai crescer. Estou muito feliz!

— É isso que eu ouvi? – Seiya perguntou. – Vocês vão ter outro filho?

O casal confirmou.

— Parabéns!! Isso aí, vamos povoar o condomínio!

— Vou aproveitar para dizer que também terei filhos em breve – disse Jabu.

— Você está grávida, Mino? – indagou Eiri, surpresa.

— Não, não é isso – ela respondeu. – Ainda não. Era o que eu ia falar quando o Papai Noel chegou. Vamos adotar Akira, Makoto e Mimiko. Nosso advogado já pediu a guarda provisória deles.

— Isso mesmo – disse Jabu. – Vamos ficar com os três.

— Ah, que incrível, Mino! – Eiri disse, comovida.

— Os meninos já estão com quase doze anos – Jabu prosseguiu. –  A chance de serem adotados é praticamente inexistente. Então resolvemos ficar com eles. E a Mimiko veio junto no pacote.

— Não quis deixá-la no orfanato – Mino completou.

— Eles merecem uma família como vocês  – Seiya disse.

— Obrigada, Seiya – agradeceu a moça.

Mino orgulhava-se de ter superado completamente o que sentiu pelo cavaleiro um dia. Estava muito feliz com Jabu, apaixonada por ele e pela família que começavam a formar. E Jabu se sentia da mesma forma. Tinha descoberto em Mino um amor doce e sereno que em nada lembrava a tempestade que era amar Saori.

— É lindo o que vocês estão fazendo por eles – comentou a deusa. – Parabéns aos dois.

— Queria poder adotar todos – Mino disse –, mas tive que escolher.

Jabu concordou e olhou docemente para a esposa.

— Vamos continuar acompanhando o orfanato de perto – ele disse –, ajudando em tudo, apesar de Mino não trabalhar mais lá. Sabe como é, eu também sou um dos herdeiros do senhor Kido, ela não precisa trabalhar.

— Vocês podiam vir morar aqui – sugeriu Seiya. – A casa vocês já têm. É um ótimo lugar para as crianças e estamos todos juntos, uns ajudando os outros.

— Primeiro vamos resolver o processo de adoção das crianças – Jabu explicou. – Depois, quem sabe. Se a Mino quiser vir...

— Vamos ver! – ela disse.

Depois de servida a ceia, Dohko chamou as crianças e começou a entregar os presentes às maiores. Em seguida, vieram os bebês, com pais ávidos por algumas fotos de suas crias com o Papai Noel, mas o que a maioria conseguiu foi uma foto do bebê chorando no colo de Dohko.

— Eu não ganhei presente... – Kiki resmungou, aproximando-se de Shiryu.

— Acho que você já está meio grandinho – brincou o Dragão, bagunçando o cabelo ruivo do garoto.

— Foi isso que o Mestre disse, mas eu queria ganhar…

— No Japão, a gente presenteia com dinheiro – ele disse e tirou do bolso um envelope o qual deu a Kiki. – Feliz Natal!

— Obrigado, Shiryu! – agradeceu o garoto, comovido, e abraçou fortemente o cavaleiro.

— Sei que Mu vai começar a intensificar seu treinamento – Shiryu disse – e que você vai passar mais tempo no Santuário do que aqui, mas quero reforçar que pode contar comigo e com a Shunrei para o que for preciso, coisas de treinamento ou não. Estamos sempre aqui para você.

— Eu sei. Muito obrigado. Você e Shunrei são muito especiais para mim.

— Pra mim também! – brincou Dohko, aproximando-se deles.

— Na próxima ceia, o senhor terá que comprar mais um presente – Shiryu anunciou. – Para o irmão ou irmã da Keiko.

— Ah, que notícia maravilhosa! – ele exclamou e abraçou o discípulo, a quem sempre considerou um filho.

Ali perto, Ikki era só carinhos com Esmeralda.

— Está gostando? – ele perguntou, já que essa era a primeira ceia de Natal dela.

— Estou encantada! – ela respondeu. – Tem até Papai Noel!

— É uma ceia com um bando de gente louca, mas fazer o quê, eles são minha família.

Esmeralda sorriu. Gostava do clima alegre do condomínio e das pessoas que viviam lá. Era perfeito.

Ikki tirou do bolso uma caixinha de couro vermelho e entregou a ela.

— Feliz Natal, meu amor – ele disse.

— Obrigada, querido! – Esmeralda abriu a caixa e deparou-se com um par de brincos com a pedra que deu nome a ela. – São lindos! Eu amei!

— Você merece muito mais que isso.

Pandora viu o logotipo da Cartier na caixa e percebeu que não era bijuteria, mas uma joia muito cara. Como Stephen estava com o tio por algum lugar da quadra, ela se levantou da mesa e saiu um pouco dali. Foi para a área da piscina, deserta, tomar um pouco de ar, embora estivesse bastante frio do lado de fora.

— Aquele filho da mãe nunca me deu uma joia... – murmurou consigo mesma. – Fez o maior drama para me levar para jantar em um restaurante caro... Que seja... Tudo bem, ele me deu algo muito melhor, o meu Stephen.

— Ficou chato lá dentro? – Hyoga perguntou, surpreendendo-a.

— Eu já não estava muito à vontade lá dentro – ela respondeu – e acabei segurando vela para o casalzinho do ano...

— É, isso é bem ruim... ver o seu ex com outra.

— Ela sempre esteve lá, mesmo quando estava “morta”. Não me entenda mal, estou feliz porque meu filho tem um bom pai, que tem sido muito presente desde que soube, e preciso admitir, uma boa madrasta. Ela realmente gosta dele, sabe? O mínimo que eu esperaria é que ela não o tratasse mal, até porque eu arrancaria os olhos dela se fizesse algum mal ao meu filho, mas eu vejo que ela gosta dele de verdade. E ela me trata muito bem. Queria que ela me odiasse para que eu pudesse retribuir com ódio também, mas ela é um doce, não consigo odiá-la.

— É o caso do Mu – admitiu Hyoga. – Ele é bom para a Natássia. Já pensei muito sobre isso... Se ele fosse ruim, eu lutaria para ficar com a minha filha, mas ele é ótimo. No final das contas, é melhor para ela ter dois pais que a amam do que nenhum. Eu não tive pai e também acabei sem mãe... Então Natássia tem sorte por ter dois pais.

— Com certeza. Foi por isso que eu desisti de esconder o Stephen do Ikki. Não era justo. Ele precisa do pai. Mas isso não quer dizer que ame ficar aqui ouvindo bobagens, vendo o Ikki dando joias da Cartier para a esposa, enquanto se derrete por ela.

— Eu sei como é... Mas temos que conviver com isso infelizmente.

— Infelizmente – ela repetiu, pensativa.  – E aí, como é que vai Hollywood? Você está fazendo sucesso. Seu rosto está em todo lugar, nas capas de revistas, comerciais de tevê, eu vi até um outdoor em Munique antes de mudar pra cá...

— É, eu não imaginava que a coisa deslancharia tão rapidamente. Mas eu tô curtindo, sabe? É muito bom.

— Posso imaginar. A mulherada que deve estar louca atrás de você.

— Não é tanto assim. E foram bem poucas as que eu quis que se aproximassem.

— Sei... vai ficar chateado se eu disser que não acredito? Falando sério, não rolou nem uns casinhos rápidos?

— Alguns – ele respondeu, sorrindo de modo sensual e admirando a exuberância de Pandora. Normalmente não falava sobre seus casos com ninguém, mas ela tinha algo que fez com que ele se abrisse.

— Eu sabia.

— Mas elas não eram tão bonitas quanto você – ele provocou. Queria ver aonde ela iria.

— Ah, com certeza não eram! – ela respondeu, sem hesitar. – Essas vadias americanas nunca serão igual a mim.

De repente, Pandora flagrou-se imaginando como ele seria na cama. Estava sozinha há tanto tempo... Apesar do clima frio, começou a sentir um calor espalhando-se por seu corpo. Achou que valia a pena pagar para ver, então voltou-se para Hyoga, dedicando-lhe seu melhor olhar sensual e aproximando-se até deixar seu rosto muito próximo do dele. Olhou bem no fundo daqueles olhos azuis cristalinos e entreabriu os lábios.

“Ela quer um beijo?”, perguntou-se o russo. Pareceu-lhe bastante claro que sim, então ele se aproximou um pouco mais, até os lábios quase tocarem os dela, avaliando se aquilo era o que ela queria.

— Pandora, eu... – ele começou a dizer, mas ela o interrompeu:

— Vai, me beija logo de uma vez.

Hyoga atendeu e saciou a vontade que também estava sentindo de beijá-la, envolvendo os lábios dela com os seus e a invadindo com a língua, saboreando a boca macia e carnuda da alemã, enquanto as mãos se atreviam a passear pelas costas dela.

— Pandora… – ele sussurrou, puxando-a mais para perto, sentindo o volume dos seios dela contra si.

Quando se separaram brevemente para tomar um pouco de fôlego, a alemã mordeu os lábios. Tinha conseguido o que queria, Hyoga estava ali, desejando-a, e ela o desejando na mesma medida… Por que não? Eram dois adultos solteiros...

— Eu estou adorando isso – ela disse – mas acho que se vamos avançar, não dá pra ser aqui na beira dessa piscina gelada...

— Você podia ir para a minha casa depois da ceia… – ele sussurrou ao pé do ouvido dela, intercalando as palavras com beijos e mordidelas no pescoço.

— Eu adoraria, Hyoga. De verdade. Mas tenho um filho pequeno que acorda para mamar de madrugada... Se não for agora, enquanto ele está lá com o pai e o tio…

— Você leva ele – Hyoga disse, beijando a nuca dela. – Vão estranhar se a gente sumir agora. E, além disso, você não merece só uma rapidinha…

— Eu não sei se isso vai dar certo... – ela murmurou, completamente eriçada de desejo. Exatamente, ela não merecia só uma rapidinha.

— Tem o quarto da Nat – ele disse, e deu mais um beijo, agora na orelha. – O berço dela, a babá eletrônica. – Outro beijo na nuca, enquanto uma mão apertou o bumbum dela com firmeza. – E tudo que ele precisar.

— O.k. Você me convenceu. Quero saber o que você tem pra mim... Agora vamos voltar para a quadra, sim? Eu fico um pouco mais, saio com o Stephen. Você vai um pouco depois e me espera na sua casa.

— Vai ser bem difícil me concentrar depois disso. Vou ficar pensando em você.

— Pode ter certeza de que eu também… – ela disse, recompondo-se, e agradecendo mentalmente por, na última hora, ter decidido usar o batom nude ao invés do vinho.

Continua...

 

 


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Notas finais do capítulo

Aeeeeeeee!

Demorou mas saiu!! Esse capítulo deu muuuuuuuuuito trabalho. Essas cenas com muitos personagens juntos são terríveis de escrever... A parte dos dourados, que é ainda pior, estará em SSE.

Eu estava muito ansiosa para terminar o cap por causa desse novo casal!!! *_* Ainda não tinha um plano traçado para Hyoga e precisava resolver isso para avançar no tempo. Aí, sem querer querendo, Thairez, minha leitora e amiga desde o começo, deu a ideia num review! Foi a iluminação, people! Eu amei tanto, mas tanto!!! *_* Por enquanto, vai ser só sexo, mas depois...

Também estava empolgada pelo retorno de Mino e Jabu. Vários leitores me cobravam isso mas eu achava que ainda não era hora, que eles precisavam desse tempo afastados.

É isso!!

Obrigada a todos que continuam acompanhando!!

Agora estou de férias e vou fazer o possível para atualizar todas as fics.

Beijooooo



Chii



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