Esperando O Fim escrita por Chiisana Hana


Capítulo 17
Capítulo XVII


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal!!
Sim, um ano de casados para ShiShu, embora esse seja o décimo ano de publicação da história... O_O Décimo terceiro desde que comecei a escrevê-la... O_O E essa fic especificamente, a terceira parte, fez cinco anos no começo do mês... O_O
Já deixei o próximo cap bem encaminhado... Agora seria a vez de “Sorrisos, Segredos e Enganos”, mas tenho que ver se vai ser ela mesmo ou se já adianto o próximo dessa aqui, porque SSE teve uma pequena passagem de tempo e está à frente na cronologia.
Obrigada a todos que acompanham desde o comecinho, desde “O Casamento”, e também aos que chegaram agora!!
Beijosss
Chii



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Os personagens de Saint Seiya pertencem ao tio Kurumada e é ele quem enche os bolsinhos. Todos os outros personagens são meus, eu não ganho nenhum centavo com eles, mas morro de ciúmes.

 

ESPERANDO O FIM

 

Chiisana Hana

 

 

 

Capítulo XVII

 

— Uau! É de tirar o fôlego! – exclamou Esmeralda quando o luxuoso iate alugado por Shiryu aproximou-se de Santorini. O arquipélago, parte restante da caldeira de um antigo vulcão, erguendo-se no azul intenso do mar Egeu era uma visão hipnotizante.  – Que lugar mais lindo, Ikki!

Ela e o marido estavam apoiados no parapeito cromado do deck superior da embarcação, o braço dele ao redor da cintura dela, envolvendo-a de modo protetor.

— É... – concordou o rapaz. – Fico feliz por poder proporcionar esse momento a você.

— Mas é o Shiryu quem está pagando! – brincou Shun, deitado em uma espreguiçadeira, de óculos escuros e calção de banho verde-claro, tomando um pouco de sol. June está ao lado dele, deitada de bruços, usando um biquíni roxo minúsculo.

— Fica na tua, maninho – Ikki respondeu, rindo.

— Só falei a verdade!

Embaixo da cobertura, Shiryu riu dos dois.

— Fui eu que convidei – ele disse. – Então relaxem e aproveitem.

Estava de bermuda, sentado no chão com Keiko, brincando com bloquinhos de madeira. Perto deles, na mesa externa, Shunrei e Dohko conversavam. Shina subiu para o deck principal e parou ao lado de Dohko, decidindo se ficava sob a cobertura ou ia para o sol. Usava um comportado biquíni vermelho com listras brancas.

— Olha, isso é que é um corpo – Dohko disse a ela. – Com todo o respeito às outras belas moças, mas essa italiana aqui é algo fora de série.

Shina deu um tapa forte na cabeça de Dohko e disparou:

— Deixa de ser safado, seu velho tarado em corpo de jovem!

Keiko deu risadinhas ao ver Dohko apanhar.

— Você gostou, princesa? – Dohko perguntou a ela. – Gostou de ver o vovô apanhando, né? Sorriso banguela mais lindo do vô!

— Seu avô é um jovem velho safado, Keiko – Shina disse.

— Felizmente ela ainda não entende nada do que vocês estão falando – disse Shunrei, rindo dos dois.

— Bate de novo, Shina – Dohko pediu.

— Bem que você merece, mas não!

— Bate. Ela gosta! Pode bater.

— Deixa de ser bobo! – Shina disse e decidiu deitar-se numa das espreguiçadeiras para pegar sol.

— Ela tem razão – Shiryu falou. – O senhor anda muito safadinho.

— Fique na seca por dois séculos, depois volte a um corpo jovem cheio de hormônios circulando e aí conversaremos sobre safadeza...

— Certo, já entendi... Não falo mais nada...

Pouco depois, o iate ancorou perto do vilarejo de Oia (1) e Elli, que tinha sido novamente contratada junto com o capitão Christos, serviu-lhes o almoço na mesa interna do deck principal. Antes de começarem a comer, Dohko puxou um brinde.

— Primeiramente, Feliz Aniversário, Shiryu – ele começou.

— Obrigado, Mestre – agradeceu o discípulo.

— Um ano atrás – prosseguiu Dohko – estávamos em Rozan, prestes a celebrar sua união com Shunrei. Esse foi um ano de muito amor, muita felicidade, mas também um ano de mudanças e do momento mais difícil da vida de vocês. Felizmente tudo foi superado e estamos aqui, comemorando nesse iate maravilhoso!

— Graças ao senhor – Shiryu disse. – Só estamos aqui compartilhando esse almoço com o senhor e com meus irmãos, uma parte deles pelo menos, porque o senhor salvou Keiko e Shunrei.

— Se não fosse o senhor, – Shunrei completou, olhando ternamente para o marido e para a filha – isso não estaria acontecendo.

— Não faz ideia da gratidão que sentimos – disse Shiryu. Estava certo de que não teria suportado a perda das duas quase oito meses atrás.

— Sabendo o que ia acontecer – Dohko falou –, eu simplesmente não podia permitir. Fico ainda mais feliz por ver que a Keiko é saudável, pois podia não ter dado certo com tão poucas semanas de gravidez. Ela podia ter sequelas graves, como os médicos de Tinos advertiram, mesmo com o efeito do sangue.

— Felizmente ela tem um desenvolvimento perfeito – disse o pai, grato e orgulhoso da filha. – Nós três só temos o que agradecer.

— Um brinde ao amor! – Dohko disse, erguendo sua taça e foi acompanhado pelos demais.

— Ao amor! – responderam todos em coro, e compartilharam a refeição alegremente, conversando sobre o planos para o fim de semana que apenas começava.

— Antes de irmos embora, podíamos dar uma volta em Naxos – sugeriu Ikki a certa altura.

— Por mim, tudo bem – disse Shiryu. – Na verdade, a gente vai descer pouco mesmo, por isso escolhi esse iate maior e mais confortável. Eu não devo ficar desfilando por aí por causa da “punição”... Supostamente estou cumprindo pena de trabalhos forçados. Por isso mesmo não quis me hospedar em um hotel e o aluguel do iate foi feito em nome da Shunrei.

— Por falar no iate, você abriu a mão mesmo – Ikki disse. – O barco é maravilhoso, enorme, cinco cabines!

— Valeu a pena, não valeu? – Shiryu respondeu. – Foi só uma gracinha de aniversário de casamento. Vou demorar a fazer de novo, pois agora tenho essa mocinha para criar, não posso andar gastando assim.

— E eu agora tenho um rapazinho – disse Ikki. – Levei ele e Pandora no aeroporto antes de ir para a marina e foi estranho me despedir, sabe? Já estava acostumado com ele lá em casa, mesmo abrindo o berreiro de madrugada e tudo.

— E o que vocês resolveram afinal? – Shunrei perguntou, referindo-se à situação do menino e da mãe.

— Pandora topou se mudar pra Atenas – Ikki respondeu. – Vou comprar um apartamento para ela. E já falei com o advogado para dar entrada na retificação do registro do Stephen, é coisa simples, rápida. Ainda bem que ela topou, porque eu ia ficar bem preocupado se eles continuassem na Alemanha.

— O Stephen precisa ficar perto do pai – completou Esmeralda.

— Vai ser melhor assim – Ikki continuou. – Posso dar mais assistência aos dois.

— Eu não esperaria nada diferente de você, Ikki – Shun disse, orgulhoso do irmão. – E vou adorar ter meu sobrinho por perto. Ele é tão lindo!

— É lindo mesmo o danadinho – concordou June. – Pena que é filho daquela Pandora.

— Não começa, Ju... – pediu Shun.

— Tá, já parei, amor!

Depois da refeição, o grupo permaneceu à mesa conversando até o fim da tarde, quando resolveram pegar o bote de apoio e ir até a ilha. Shiryu e Shunrei decidiram ficar no iate com Keiko.

— Vocês não vão mesmo conosco? – perguntou Dohko mais uma vez, já dentro do bote de apoio junto com os outros companheiros de viagem, além de Christos e Elli.

— Não, mestre – Shunrei respondeu. – Vamos ficar.

— Keiko já está quase dormindo – completou Shiryu, com a filha no colo. – É melhor ficarmos.

— Está bem! Divirtam-se! – Dohko disse, e Christos deu partida no motor.

Pouco tempo depois, Keiko adormeceu nos braços do pai e foi colocada no carrinho. Shiryu aproveitou e pegou a champanhe que estava no gelo e abriu. Serviu em duas taças e entregou uma a Shunrei.

— Ao nosso primeiro ano de casamento – ele disse, erguendo a taça para um brinde.

— Que seja o primeiro de muitos – ela falou e provou a bebida. Não costumava ingerir álcool mas a ocasião era especial.

— Será – Shiryu disse, dedicando a ela um olhar apaixonado, e também dando um gole.

— Feliz aniversário, meu amor – ela disse e beijou o marido. – Já que estamos sozinhos... Ela abriu os botões frontais do vestido marrom que usava, revelando a lingerie de renda vermelha, praticamente transparente.

— Deixa eu ver direito... – ele disse e puxou suavemente o vestido para baixo.

Sozinhos no iate ancorado a uma distância considerável da ilha, com Keiko dormindo profundamente, os dois decidiram que fariam amor ali mesmo, nos bancos de couro da flying bridge(2). Estavam muito distantes da ilha e de outros barcos, era remota a possibilidade de serem vistos, mas o fato de estarem ao ar livre era excitante demais para deixarem passar. Shiryu puxou-a mais para perto de si e começou a beijar o corpo dela, dedicando-se a cada pedacinho de pele descoberto. Beijou-lhe os seios, a barriga, desceu até a cicatriz do parto, com pontos grandes e bem visíveis, pois ela tinha sido suturada quando pensavam que já estava morta.

— Isso... – Shunrei murmurou, quando ele desceu mais e pousou os lábios sobre a calcinha rendada.

Ela estava desejando o marido desde cedo, ansiando que pudessem se recolher na cabine sem serem notados. Há exatamente um ano tinham feito amor pela primeira vez e ela vinha lembrando aquela noite na gruta, revivendo o momento em que descobriram os corpos um do outro. Com a filha ainda bebê, nem sempre conseguiam aproveitar como gostariam e muitas vezes foram interrompidos pelo choro dela, mas quando conseguiam uma trégua, amavam-se avidamente como agora.

— Bem aí... – ela gemeu, quando ele a livrou da calcinha e tocou o ponto mais sensível da  sua intimidade com a língua.

—S-A-I-N-T-S-

O grupo que saiu do iate desceu no atracadouro de Oia e seguiu em direção à vila, onde logo encontraram um barzinho com música ao vivo. Dohko pediu uma rodada de ouzo(3) para todos.

— Para animar – ele justificou.

— Você já é bem animadinho por natureza, meu bem – Shina disse. – Não precisa de ouzo.

— Isso é verdade! – ele exclamou, e pegou o cardápio. – Vamos ver o que tem pra comer.

Depois de olharem as opções, escolheram lulas fritas e camarões em molho de laranja como entrada e um risoto de frutos do mar ao estilo grego como prato principal.

— Tira uma foto da gente – Ikki pediu ao irmão, entregando a ele uma câmera. Posou com Esmeralda e Shun bateu várias fotos dos dois, feliz por ver o irmão assim, pensando em fotos e recordações. Ele mesmo nem tinha pensado em trazer uma câmera.

— Agora tira minha com a Ju – ele pediu a Ikki e sentou ao lado da namorada.

Depois, eles pediram a Christos para tirar uma foto de todos juntos.

— Pode bater foto à vontade – Ikki disse. – Eu trouxe um monte de rolos de filme! Não queríamos perder nada!

— Pena que Shiryu e Shunrei não vieram – lamentou-se Shun.

— Não tenha pena, não – Dohko disse. – Se Keiko dormiu mesmo, eles devem estar se divertindo bastante no iate.

— Será? – indagou Shun.

— Com certeza absoluta! – exclamou Dohko. – Um ano de casamento, um ano de... vocês sabem. Estão comemorando... E eles têm mais é que fazer isso mesmo! A não ser que a Keiko não deixe!

— Deve ser complicado com uma bebezinha... – comentou June.

— É, mas alguma hora ela acaba dormindo e eles aproveitam quando e onde dá! – Dohko concluiu.

— Não consigo imaginar os dois assim nesse furor todo – disse Shina, ignorando o pedido de Shun. – Parecem tão... bobinhos.

— Você que pensa, amor – disse Dohko, rindo. – Os aparentemente bobinhos são os piores!

— Parem de falar essas coisas... – pediu Shun, corando. – Que constrangedor.

— Paramos – Dohko disse.

Logo os pedidos chegaram e eles fartaram-se com a deliciosa comida da ilha. Depois do jantar, o grupo seguiu para um passeio pela vila, onde tiraram mais fotos e fizeram compras nas lojinhas. Quando voltaram ao iate, Shiryu e Shunrei já estavam recolhidos na cabine.

Shun também foi logo recolher-se com June, com a desculpa de querer estudar um pouco. O cavaleiro bem que tentou, porém a namorada apresentou-lhe razões bastante convincentes para largar os livros.

— Agora não, Ju – Shun disse, quando ela começou a beijar-lhe o pescoço. – Eu realmente preciso estudar um pouco.

— Você vai ter tempo para estudar quando voltarmos para casa – ela disse e abriu

a bermuda dele. Em poucos minutos, o livro escorregou da mão do rapaz e foi rapidamente esquecido.

Nas espreguiçadeiras do deck principal, Ikki e Esmeralda também namoravam um pouco, ela aconchegada no colo dele.

— Está gostando da viagem, né? – ele perguntou, mesmo sabendo a resposta. Ela mantinha o mesmo olhar de encantamento desde a hora que o iate ancorou perto da ilha.

— É tudo incrível! – ela exclamou. – Eu nasci e cresci naquela ilha horrível, mas isso aqui é um paraíso. É bom ver o outro lado, o lado belo das coisas.

— Você não vai mais ter de ver o lado ruim... – ele disse, acariciando docemente o cabelo dela.

— Eu realmente quero acreditar nisso – ela falou. – Sei que não é possível, que vida não vai ser sempre assim, só festa, felicidade e viagens, mas também sei que nunca voltará a ser o inferno que era.  

— Nunca... – ele repetiu, e beijou os cabelos dela.

— Só por isso já fico satisfeita – ela disse e virou o rosto para ele, pedindo um beijo. Ikki entendeu o recado e beijou-a, a princípio suavemente, depois foi intensificando, querendo mais e mais. Logo as mãos começaram a passear pelo corpo dela, atiçando o desejo em ambos.

— Acho melhor irmos para a cabine – ela disse. – Você já está meio animadinho.

— Sou obrigado a concordar – ele disse, e acompanhou a esposa, torcendo para não encontrar mais ninguém no caminho, pois sua “animação” já era bastante visível.

Enquanto isso, Dohko e Shina estavam namorando na flying bridge. Depois de trocarem alguns beijos, ele viu no chão algo que chamou sua atenção.

— Eu não disse que o negócio tinha sido animado? – ele perguntou, pegando a calcinha vermelha de Shunrei que Shiryu tinha jogado longe e fora esquecida ali.

— Estou realmente chocada com essa calcinha minúscula e transparente... – Shina disse. – Se até a Shunrei usa, vou comprar uma pra mim!

— Apoio totalmente! Inclusive comprarei eu mesmo para te dar, minha deusa italiana.

— Seu velho jovem safado... – ela sussurrou, chamando-o mais para perto. – Será que todo mundo se recolheu mesmo?

— Creio que sim – ele respondeu, deduzindo os pensamentos dela.

— Vem cá, meu tigrão! – ela chamou, dando uma piscadela sensual. Dohko obedeceu.

—S-A-I-N-T-S-

Quando Keiko acordou de madrugada e os pais acordaram para cuidar dela, Shiryu viu algo vermelho pendurado na maçaneta da porta. Colocou os óculos e foi até lá. Era a calcinha vermelha de Shunrei, junto com um bilhete na caligrafia de Dohko, que Shiryu leu em voz alta.

— Meus queridos, sei que o negócio lá fora foi quente, muito quente. Shina e eu também acabamos aproveitando... Aqueles bancos de couro são incríveis... Mas da próxima vez certifiquem-se de recolher tudo!

Ele terminou de ler corado de vergonha, mas rindo muito.

— Eu sabia que tínhamos esquecido algo – ela disse, também rindo, enquanto Keiko mamava.  

— Esquecemos justamente essa calcinha...

— Você que a jogou longe...

— É... – ele admitiu. – Ainda bem que foi o mestre que encontrou! Se o fosse o Ikki, eu ia ouvir piadinhas até a próxima encarnação.

— Provavelmente – ela disse e colocou a filha adormecida no meio da cama. – Vem, deixa isso aí. Vamos voltar a dormir.

—S-A-I-N-T-S-

No condomínio Olympus, Seiya e Saori também tinham acabado de acordar com o choro de Heiwa. A deusa estava abatida, mas esperançosa.

— A essa altura o pessoal está lá em Santorini – Seiya falou, colocando a filha dormir depois que ela acabou de mamar

— Você está triste por não ter ido com eles? – Saori perguntou.

— Não, está tudo bem! Ano que vem a gente vai. A Heiwa ainda é muito novinha e você ainda não está totalmente recuperada da cirurgia.

— Estou melhorando, não estou? Não estou falando da cirurgia, mas da mente...

— Sim, está melhorando, meu amor.

— Não pensei que ia ser tão difícil... Assumi muitas responsabilidades cedo, mas ser mãe é muito mais complicado.

— E quem pode imaginar como realmente vai ser, meu bem? Além do mais, depois de tudo que você já passou…

— A Ying Ying vai ser um boa ajuda – Saori disse. – Eu realmente devia ter cedido antes. Acho que vai ser mais fácil suportar as noites. Eu sei que não devia usar a palavra “suportar”, mas é que vem sendo uma provação.

— Não se cobre tanto, Saori. Está tudo certo.

— A minha maior sorte é ter você, Seiya – ela disse, pensando em como seria se Julian estivesse vivo. Talvez ela ainda estivesse lá na mansão Solo, prisioneira, com a filha. Talvez já estivessem mortas... – Não conseguiria sem você.

— Você sabe que pode contar comigo para tudo. Eu sempre estarei aqui para cuidar de você e da Heiwa.

— É, eu sei – ela disse, sorrindo ternamente.  

Quando Heiwa adormeceu, Seiya recolocou-a no berço e voltou para a cama.

— Eu vou ficar bem – Saori disse, abraçando-se a ele. – Vai ficar tudo bem. Estou satisfeita por ver que o que eu desejava está acontecendo. Cada cavaleiro cuidando de sua vida pessoal, estudando, casando, tendo filhos… Queria muito ver isso. Chega de sofrimento, de guerra... agora só falta eu me recuperar completamente.

— Isso aqui tá virando uma creche, não tá? – ele perguntou.

— Verdade! Mas é bom, nossas crianças vão crescer juntas. Eu fico imaginando o futuro, sabe? Heiwa, Keiko e Natássia sendo boas amigas, Stephen implicando com elas... Menino sempre implica! Vai ser bonito de ver. Quero que a Heiwa seja bem diferente de mim.

— Você não era fácil...

— Eu sei. Mas fui criada para ser daquele jeito. Vamos criar a Heiwa de uma forma muito diferente.

— Vamos, sim! – ele assentiu.

—S-A-I-N-T-S-

No dia seguinte, o iate seguiu para a capital, Fira, onde o grupo desceu para almoçar e fazer mais compras. Dessa vez Shiryu, Shunrei e Keiko também foram e voltaram para o iate no fim da tarde.

No domingo, seguiram para a ilha de Naxos como Ikki sugeriu, e desceram para conhecê-la. Shiryu e Shunrei ficaram novamente no iate. Depois do almoço, quando já estavam voltando ao atracadouro, Shun avistou conhecidos na rua.

— Aquele ali não é o Máscara da Morte? – ele perguntou, apontando para o cavaleiro, que estava acompanhado de Fatma e Nicoletta, todos carregando mochilas e sacolas.

— Ele mesmo! – confirmou Dohko.

Fatma também notou o outro grupo.

— Olha lá, Manu, o Dohko – ela disse, já acenando.

— Não acena, não… – murmurou Máscara da Morte. – Disfarça, finge que não viu…

— Fatma! – Dohko gritou.

— Oh, merda! – exclamou Máscara. – Como a gente veio parar na mesma ilha que eles? Nicoletta, você não disse que iam pra Santorini!?

— Mas eles iam! Foi o que eu soube!

— Nem para informante você presta! A gente devia ter ido pra Mykonos. Eu sabia!

— Deixa de ser antissocial, Manu – Fatma disse, quando Dohko já vinha na direção deles.

— Que coincidência! – o mestre disse alegremente, abraçando Fatma. – Não imaginava encontrá-los aqui!

— Pois é! – ela respondeu. – Decidimos na última hora e pegamos o ferryboat!

— E aí? – cumprimentou Máscara, com um sorriso amarelo.

— Alegre-se, Emanuele! – Dohko disse, dando um tapinha nas costas. – Está com essa cara de velório, nem parece que está passeando!

— Por que será, né? – retrucou Máscara ironicamente.

— Mestruxooo! – gritou Nicoletta. – Vocês não iam para Santorini?

— Pois é, estávamos em Santorini – Dohko começou a explicar –, mas resolvemos passar aqui antes de voltarmos para Atenas. Aliás, vocês podiam voltar com a gente! Estamos em um iate enorme, incrível, uma belezinha, cinco cabines, uma delas vaga porque o Hyoga não veio. Dá até pra vocês tirarem um cochilo durante a viagem.

— Não, estamos bem – Máscara apressou-se em negar. – Já estávamos indo esperar o ferry.

— Tem certeza? – Dohko perguntou. – Estou oferecendo carona num iate, com todo o conforto, e vocês vão recusar pra ir de ferryboat?

— Sim! – respondeu Máscara da Morte, sem pestanejar.

— Ah, vamos com eles, Manu! – pediu Fatma.

— Vamos, vamos, vamos! – Nicoletta fez coro com ela.

— Não, não, de jeito nenhum!

— Economizaríamos uma grana… – Fatma resolveu apelar para o bolso. Não funcionou.

— Não! – ele berrou. – Nós vamos de ferry!

— Não seja orgulhoso! – argumentou Nicoletta. – É só a viagem de volta, o que tem de mais?

— Pois é, vamos todos para o mesmo lugar! – Fatma falou.

— Fatinha, não me azucrina o juízo, minha querida. Eu não quero viajar com eles.

— Mas eu quero! – ela disse com as mãos na cintura. – Vamos, Nic! E se você não for com a gente, que volte sozinho!

— Puta que pariu... – ele resmungou. – Essa mulher é osso duro de roer...

— Então vamos, né? – Dohko disse, rindo da confusão.

As duas seguiram Dohko e Máscara da Morte acabou indo também, emburrado e resmungando. Juntaram-se ao grupo e seguiram a pé para o atracadouro. Ao chegar lá, depararam-se com um iate maior e mais luxuoso do que imaginavam. Fatma e Nicoletta embarcaram animadas com a ideia de ver como era por dentro, já Máscara da Morte caminhava como se estivesse indo para a forca.

— Você é terrível – Máscara da Morte disse a Fatma.

— Meu amor, vamos viajar de graça nesse iate in-crí-vel! Além disso, não queria fazer uma grosseria com Dohko, que sempre foi muito bom comigo!

— Bom… sei como ele foi bom… – ironizou o cavaleiro. – Esse filho da puta quase que não me dava o sangue que curou sua lesão e você aí falando que ele foi bom.

— Não seja assim tão rabugento. Ele me ajudou muito. Você está com ciúmes, Manu?

— Não começa. Eu não estou com ciúmes desses chinês.

— Saiba que ele é ótimo, mas não é o meu italiano gostosão!

— E nunca vai ser! – ele completou, estufando o peito.

Dohko tinha embarcado na frente e falava com Shiryu.

— Espero que não se importe – ele disse –, e se se importar vai levar uma bronca, mas encontrei o Máscara da Morte e convidei pra voltar com a gente.

— Claro que eu não me importo, mestre. Depois do que ele fez pra salvar a Shunrei, eu simplesmente não posso ter raiva dele. Vamos lá recebê-los.

— Sejam bem-vindos – Shiryu disse, aproximando-se do trio.

— Obrigada, Shiryu – Fatma agradeceu. Máscara da Morte tentava, sem sucesso, fazer uma cara de satisfação.  – Foi uma grande coincidência, mas é um prazer seguir viagem com vocês.

— O prazer é nosso. Se eu soubesse que planejavam vir, podiam ter vindo conosco.

— A gente decidiu de última hora.

— E nós decidimos ontem que passaríamos em Naxos, senão nem teríamos nos encontrado.

— E a bebê? – Nicoletta perguntou.

— Está descansando lá embaixo com a Shunrei. Mas sentem-se, acomodem-se. Temos umas três horas de viagem pela frente. Vou pedir a Elli para servir algumas bebidas.

Elli logo serviu ouzo, cervejas, espumantes e sucos, junto com alguns petiscos. Ikki, Esmeralda, Shun e Shiryu sentaram-se à mesa do deck principal, enquanto Máscara da Morte, Fatma e Nicoletta ficaram nos bancos. June pegava sol na espreguiçadeira. Dohko e Shina tinham descido para a cabine.

— A gente podia comprar uma belezinha dessas – disse Ikki, batendo a palma da mão na mesa. – Nós cinco juntos, eu, você, Shun, o pato e o pangaré. Talvez a Saori também. Custa quanto? Uns três milhões? Dividido para nós cinco não ia ser um desfalque muito grande na herança. Eu posso aprender a pilotar. Nem íamos precisar contratar alguém. Capitão Amamiya soa bem, não soa?

— Capitão Amamiya – repetiu Esmeralda, sorrindo sonhadora, imaginando Ikki pilotando. – Gostei da ideia!

— Acho que primeiro você será arrais-amador – corrigiu Shun, referindo-se à nomenclatura da habilitação para pilotar embarcações. – Depois é que poderia vir a ser capitão.

— Arrais o quê? – Ikki perguntou. – Como você sabe essas coisas?

— Eu li em algum lugar.

— Não importa o nome. Aprendo a pilotar, tiro a habilitação e viro isso aí. E aí, topam?

— Eu vou pensar – Shiryu disse. – Tenho uma filha pra criar, não posso ir gastando assim. Uma coisa é gastar uns milhares de dólares para alugar, outra coisa é comprar o barco, ter despesas de manutenção, combustível, seguro, marina.

— Eu não sei – disse Shun. – Tem a faculdade...

— Deixa de ser sovina! – interrompeu Ikki. – Dá pra você comprar a faculdade inteirinha com a herança que recebemos do velho safado.

— Você está louco pra ter um iate, né? – Shun perguntou. Estava prestes a ceder e entrar no delírio do irmão. Antes de Esmeralda, era difícil ver Ikki realmente empolgado com alguma coisa, ele não pensava muito sobre o futuro, apenas ia levando a vida, do jeito que dava, aproveitando o que aparecia. Agora estava ali, empolgado com a ideia de comprar um iate, com vontade de aprender a pilotar. Shun tomou sua decisão e anunciou: – Ok. Eu topo.

Ele olhou para Shiryu, procurando instigá-lo.

— Não me olhe assim, Shun! Já disse que vou pensar! E ainda temos que falar com Seiya e Hyoga.

— O Hyoga agora tá se achando o astro de Hollywood – disse Ikki. – E o Seiya é um tonto que gosta de se mostrar. Certeza que eles topam!

Shiryu ainda não estava convencido de que era uma boa ideia.

— Tá, mas depois a gente compra mesmo e fica com esse negócio parado, só dando despesa – ele argumentou. – Vamos acabar usando uma vez por ano. Não sei se é prudente. Para usar uma vez por ano é melhor alugar, como fiz com esse.

— Fale por você – Ikki disse. – Eu não pretendo usar só uma vez por ano. Já estou planejando trazer a Esmeralda para conhecer as outras ilhas, passar mais tempo, trazer o Stephen quando ele estiver maiorzinho.

— Ah, eu adoraria!! – empolgou-se Esmeralda.

— Vai, Shiryu – Ikki instigou. – Bota logo esse dinheiro pra fora!

O Dragão finalmente ficou inclinado a ceder, mas havia uma condição:

— Se o Hyoga e o Seiya toparem, eu também topo. Pronto.

— Aeeeeeeee! Eles vão topar! – comemorou Ikki, e começou a falar sobre as viagens que pretendia fazer.

Perto deles, Máscara da Morte e Fatma ouvia a conversa e resmungava.

— Olha que babaquice – disse Máscara. – O clube dos babacas parcialmente reunido, faltando apenas o pato gelado e o burro alado, planejando comprar a sede flutuante.

— Você está é com inveja porque eles herdaram milhões – Fatma disse rindo.

— Inveja de ser babaca? Para, né, Fatinha.

— Inveja de ser rico, herdeiro do velhote japonês. Tudo bem, meu amor. Não fique assim. Eu te amo mesmo sem os milhões, mesmo só tendo dinheiro para o ferryboat. O importante não é ter o dinheiro, é ter os amigos certos. E você devia ficar amigo do Shiryu.

— Isso não vai acontecer – ele respondeu.

— Pois a Fatinha está certíssima – Nicoletta falou e sacodiu os cabelos loiros.

Máscara da Morte deu um resmungo ininteligível, que Nic ignorou. Ela colocou os óculos escuros “Chanel” comprados no camelô e cruzou as pernas glamourosamente, com uma taça de espumante na mão.

— Amiga, pega a câmera e tira umas fotos incríveis – Nic disse a Fatma. – Quero guardar pra sempre esse momento! Nunca mais terei outra chance de subir num iate desses, nem como empregada, então vai fotografando enquanto eu estou aqui posando e imaginando que sou rica, muito rica, podre de rica! Que sou dona do iate e do mundo inteirinho!

— A imaginação é uma bênção – Fatma disse rindo. Ela pegou a câmera na bolsa, entregou a Máscara da Morte e sentou ao lado de Nicoletta. – Vai, gatão! Tira um monte de fotos da gente que eu também quero imaginar que sou rica!

Continua...

 


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Notas finais do capítulo

(1) Pronuncia-se “ia”. É um dos vilarejos de Santorini, que fica na ponta da ilha principal.
(2) Flying bridge é normalmente a parte mais alta da embarcação, com vista desobstruída, e que pode ter controles para pilotar o barco de lá.
(3) Pronuncia-se “uzo”. É uma bebida alcóolica tradicional na Grécia, feita à base de anis.



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