Esperando O Fim escrita por Chiisana Hana


Capítulo 15
Capítulo XV


Notas iniciais do capítulo

Tentando postar pela milonésima vez...



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Os personagens de Saint Seiya pertencem ao tio Kurumada e é ele quem enche os bolsinhos. Todos os outros personagens são meus, eu não ganho nenhum centavo com eles, mas morro de ciúmes.

 

ESPERANDO O FIM

Chiisana Hana

 

 

 

Capítulo XV

— Bom dia, Saori! – Dohko cumprimentou alegremente ao entrar no quarto da maternidade para visitar a deusa e sua bebê nascida no dia anterior. Saori sorriu-lhe de volta, enquanto Seiya roncava na poltrona ao lado e Heiwa dormia tranquilamente num bercinho de acrílico. – Como se sente a mais nova mamãe do Santuário? – ele perguntou.

— Melhor agora, Dohko – Saori respondeu, com um suspiro de alívio. Aguardava ansiosamente a visita dele.

— Trouxe uma lembrancinha para a pequena – ele disse, entregando a ela uma caixa. Saori abriu-a e tirou dela um vestido amarelo de patchwork com apliques de corujinhas. –Dizem que uma coruja revelava os segredos à deusa Athena.

— Eu adorei! – exclamou a deusa. – Na verdade, tinha dito a Shunrei que esperava algo assim de você. Heiwa vai ficar linda nele.

— Me fale sobre ela – ele disse. – E sobre essa ruga de preocupação na sua bela face.

— Ela é uma graça – Saori respirou fundo e começou a falar. – A bebê mais linda do mundo, mas...

— Me fale sobre o que realmente a preocupa – instigou Dohko, ao ver que ela hesitou.

— Ela é claramente minha filha com o Julian... com Poseidon. E isso tem me assustado muito.

— Ela é só uma recém-nascida – Dohko disse, olhando a pequena. – Esqueça esse tipo de preocupação. Não há motivos para pensar em outra coisa que não seja cuidar dela.

— Você tem certeza? Eu tenho tanto medo do futuro... Tanto medo...

— Não tenha. Está tudo bem e vai continuar assim. Cuide da sua corujinha e pronto. Confie em mim. 

Seiya acordou do cochilo e, esfregando os olhos, cumprimentou o mestre.

— Olá, Dohko! Que bom que veio visitar a gente. A Heiwa não é uma coisinha linda?

— Ela é uma mocinha bonita como a mãe – Dohko disse, depois recomendou: – Cuide bem das duas! Não permita que nada as perturbe.

— Pode deixar, mestre! – ele respondeu alegremente, fingindo não saber do que Dohko estava falando. Prometeu a si mesmo não deixar jamais que qualquer coisa relacionada à paternidade de Heiwa perturbasse a história que ele vinha construindo com Saori. Não importava o que as pessoas pudessem pensar, ele era o pai de Heiwa e pronto.

Depois de mais alguns minutos de conversa, Dohko despediu-se do casal e seguiu em direção ao centro de Atenas, onde tinha uma tarefa a cumprir.

 

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Condomínio Olympus.

— Se fosse conosco, eu também não me importaria... – Shiryu falou de repente, surpreendendo Shunrei, que amamentava Keiko. Os dois tinham acabado de tomar o café da manhã e agora ele se arrumava para sair.

— Do que está falando? – Shunrei perguntou.

— Se por algum motivo acontecesse o que aconteceu com a Saori, se você estivesse no lugar dela... eu aceitaria a criança.

— Se está dizendo isso é porque acha mesmo que a Heiwa é filha do Julian...

— Depois de vê-la, acho sim. Mas sei que o Seiya será o melhor pai que puder para ela, sem nunca se importar com isso.

— Também tenho essa certeza. 

— Mudando de assunto, vou precisar ir até o Santuário. O mestre me pediu para verificar algumas coisas nos alojamentos, ver o que tem, fazer uma lista do que falta... Em breve chegarão os novos discípulos. Sabe, Shunrei, como nós estamos aqui por tempo indeterminado, estou querendo dar aulas nesse novo sistema de treinamento. O que acha?

— Acho uma ótima ideia. E andei pensando que talvez eu também pudesse ajudar. Gostaria de fazer algo pelas crianças. Tenho muitas ideias para tornar o treinamento mais suportável.

— Eu tive muita sorte por ter um mestre bom como o Dohko e mais sorte ainda por ter você, coisa que a grande maioria das crianças enviadas para treinar não teve. Poucas conseguiram terminar e muitas morreram no processo...

— É por isso que eu tenho ideias para amenizar o sofrimento – disse Shunrei, empolgada com a ideia de participar de alguma forma. – Coisas simples como garantir uma boa alimentação, dar alguma atenção, um pouco de carinho, sabe? São só crianças órfãs como nós fomos. Sabemos como essas coisas fazem falta e, como você disse, nosso caso ainda foi dos melhores por causa do mestre. Pensei até em organizar umas festinhas de aniversário para eles, sabe? Pelo menos uma festinha coletiva com  os aniversariantes do mês.

Shiryu abraçou e beijou carinhosamente a esposa.

— Você é incrível! – ele disse. – Quando tudo aquilo aconteceu em Tinos, eu disse ao mestre que não gostaria de vê-la envolvida com as coisas do Santuário. Eu estava errado. Vou contar suas ideias ao mestre, com certeza ele vai gostar.

Shiryu beijou novamente a esposa, deu também um beijinho na filha e saiu. Shunrei dedicou-se a fazer anotações sobre suas ideias para os novos discípulos, já pensando em quem convidaria para ajudá-la na missão.

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Na casa de Shun, o assunto entre ele e o irmão também era a filha de Saori.

— Levando em consideração as condições em que encontrei a Esmeralda – Ikki começou a dizer –, eu fiquei muito surpreso por ela não estar grávida ou ter um ou mais filhos. Depois ela me contou que, ao longo desses anos, foi obrigada a fazer alguns abortos que causaram problemas... Ela ainda está se tratando... Enfim, ainda não sabemos se algum dia poderemos ter filhos, mas isso na verdade não importa. Existem tantas crianças nos orfanatos, se não pudermos, adotaremos sem problema. O que eu quero dizer é que sei o que o pangaré sente porque eu sinto o mesmo: aceitaria a moleca sem pensar na origem dela.

— Acha que algum dia ele vai querer confirmar a paternidade? – Shun perguntou, ainda pensando na situação de Esmeralda antes de reencontrar Ikki. Queria saber mais, mas deixava que Ikki contasse tudo aos poucos, quando e como ele preferisse.

— Ele nunca vai querer – respondeu Ikki, convicto. – O Seiya é um retardado da boca grande que tem um coração ainda maior.

— Isso é verdade.

Esmeralda e June desceram juntas a escada.

— Bom, nós temos que ir para o Santuário – disse Shun, levantando-se. – Ainda temos muito trabalho no arquivo, não é, Ju?

— Nem me fale – June respondeu. – Mas tenho esperanças de que encontraremos alguma coisa.

— E nós vamos dar uma volta por aí – disse Ikki. – Quero levar a Esmeralda para conhecer a cidade.

— Acho uma ótima ideia – ela disse, empolgada.

Depois de passearem pela cidade, os dois acabaram no shopping, onde Ikki encarou com alegria uma maratona de compras que incluiu roupas, sapatos e utensílios para a casa nova. Para compensar, antes de voltarem para o condomínio, passaram numa concessionária onde Ikki encomendou um carro esportivo preto, igual ao que deixou no Japão.

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No arquivo, Shun e June decidiram otimizar o trabalho, pois setembro se aproximava e com ele, o início do ano letivo. Shun já estava matriculado em uma escola e mantinha firme seu plano de tornar-se médico, mesmo sabendo que não seria fácil. Apesar de ter tentado convencer June a voltar para a escola também, ela não aceitou. Decidiu que queria continuar no Santuário e aprimorar seus conhecimentos como amazona. Com os cinco cavaleiros de bronze principais sendo chamados de “lendários” e tendo feito tudo que fizeram, ela sentia-se inferior, mesmo sentimento partilhado pelos outros cinco de bronze considerados “menores”. O Mestre já havia dito que ministraria ele mesmo treinamentos específicos para esses cavaleiros e June esperava ansiosamente por isso.

Ela e Shun já tinham separado todos os documentos por tipo e começaram a arrumar as pastas de documentos pessoais. Depois de algum tempo mexendo nelas, encontraram algo.

— Acho que vai querer ver isso... – murmurou Shun com uma pasta na mão. Passou-a para June. O nome dela estava escrito na capa. Ela abriu e leu a primeira página, que continha uma breve ficha de identificação.

— June Annie Coleman. Nascimento: Adis Abeba, Etiópia, 17 de abril de 1972(1). Mãe: Kathryn Coleman. Pai: Paul Coleman. Dei entrada no orfanato aos cinco meses de vida, depois do acidente de automóvel que matou meus pais. Parece que aquela história do Saga... – ela murmurou, mas não conseguiu completar seu raciocínio. Sabia que a história toda era confusa e improvável, tinha lembranças muito vagas do tempo do orfanato, das cuidadoras falando que seus pais eram missionários ingleses numa igreja. Gostaria que a história de Saga fosse verdadeira, mas no fundo sabia que era impossível.

— Era tudo invenção! – Shun completou.

— As coisas simplesmente não batiam – June disse, sentindo-se um pouco atordoada, enquanto lia o restante das informações da pasta. – Eu nasci em Adis Abeba e só saí de lá para ser treinada na Ilha de Andrômeda. Eu sabia que não tinha como ser filha da Agatha, mas ainda tinha alguma esperança, principalmente por causa dela. Ela vai ficar muito decepcionada. Na verdade, ela vai ficar louca de ódio por ele ter brincado com isso.

— Acho que essa parte é inevitável. Quem não ficaria com ódio dele?

— É, e com isso, ela vai embora – June constatou tristemente. – Não queria que as coisas terminassem assim.

— Nem eu – Shun disse, abraçando-a. – Vamos falar com ela agora?

— Não... Me dê um tempo. Preciso digerir isso até conseguir falar com ela.

— Está bem. Vamos continuar o trabalho. Podemos fazer isso mais tarde, mas é bom que seja ainda hoje. Não vai ser legal adiar por muito tempo, June.

— Eu sei... Vai ser hoje... Mas agora vamos continuar o trabalho, certo?

No fim do dia, os dois retornaram ao condomínio e foram diretamente até a casa de Saga, levando a pasta.

— Eu preciso falar com a Agatha – June disse, grave. Pelo tom e pelo olhar feroz dela, Saga deduziu o assunto.

— Ela está no quarto – ele disse. – Acho melhor não incomodar.

— Não sairei daqui até falar com ela – June retrucou e Saga percebeu que não havia maneira de adiar essa conversa.

— Vou chamá-la – ele disse e subiu as escadas. Depois de alguns minutos, desceu com Agatha e fez menção de se retirar, mas Shun impediu.

— Acho que você deve ficar, Saga – disse o cavaleiro de bronze.

— Então, Agatha... – June começou, falando devagar, procurando as palavras certas. – Nós encontramos uma coisa nos arquivos do Santuário e queremos que você veja.

A amazona entregou a pasta a Agatha e seguiu falando. – É a minha pasta de registro do Santuário. Tem todos os meus passos da hora em que cheguei ao orfanato, com alguns meses, até o final do treinamento, inclusive os relatórios semestrais do meu mestre.

Agatha abriu a pasta e leu.

— No fundo eu sabia – ela disse, com a voz embargada. – Mas eu não queria acreditar que esse sujeito foi capaz de uma mentira tão suja.

— Não, Agatha, eu realmente acreditei que... – Saga tentou justificar-se.

— Não tente me enrolar de novo! – gritou a americana, interrompendo. – Isso tudo foi um erro... Vir pra cá, trazer as meninas... tudo errado... tudo!

— Não, Agatha – June tentou consolá-la.

— Eu larguei tudo! – Agatha gritou, levando as mãos à cabeça. – Larguei os campeonatos, minha casa, tudo! Agora chega!

A treinadora subiu a escada a passos largos e eles sabiam bem o que ela ia fazer: arrumar suas coisas.

— Por que você foi mexer nisso? – Saga indagou aos berros, com o dedo indicador em riste apontando para June. 

— Porque a Agatha merecia saber a verdade! – June gritou, depois segurou a mão dele. – E não aponte esse seu dedo pra mim! Eu não tenho medo de você!

— June, calma... – Shun tentou apaziguar.

— Você é órfã, sua maldita! – Saga prosseguiu gritando. A tensão entre os três se avolumava rapidamente. – Por que não aceitou a Agatha e pronto? Por que não ficou feliz por finalmente ter uma mãe, sua idiota?

— Porque não era verdade!!! Será que você ainda não aprendeu que não pode manipular o destino das pessoas? O idiota aqui é você! Tentar ficar com a Agatha usando uma mentira dessas não é nem um pouco inteligente.

— Cala essa boca, sua... – Saga começou a gritar, mas Shun o interrompeu:

— Já chega, Saga – ele disse, num tom de voz baixo porém muito firme. – Eu não vou deixar que você continue ofendendo a June.

Saga não se sentiu intimidado, pelo contrário, a raiva que estava sentindo só aumentou, junto com seu cosmo.

— E vai fazer o quê, seu pirralho?

— Já faz muito tempo que eu deixei de ser um pirralho! – Shun gritou. – Não esqueça que eu sou um dos cavaleiros que chamam de lendários! Quer que eu diga o que você é?

— Você é um imbecil que vive na sombra do irmão! Eu vou ensinar você a me respeitar, moleque!

Antes de um deles disparar o primeiro golpe, a porta abriu-se violentamente.

— O que é que está acontecendo? – perguntou Dohko que, sentindo os cosmos exaltando-se, resolveu intervir.

— Não é nada, Mestre – Saga disse, o rosto ainda congestionado de raiva.

— June? Shun? – instigou Dohko.

— É apenas um pequeno problema pessoal, mestre – ela respondeu, procurando controlar.

— Então resolvam como um problema pessoal – ele aconselhou. – Não com essa exaltação, esses cosmos se elevando rapidamente.

— Já está resolvido – Shun disse, segurando a mão de June e puxando-a para fora. – Sinto por ter chegado ao ponto de incomodá-lo, mestre. Vamos embora, June.

— Vamos, sim. Mas eu vou ficar do outro lado da rua esperando que a Agatha saia sã e salva daqui!

Shun concordou e saiu com ela. Dohko ficou mais um pouco e conversou com Saga, procurando acalmá-lo e, ao mesmo tempo, adverti-lo de que não admitiria esse tipo de comportamento no condomínio outra vez. Depois saiu e foi falar com Shun e June, que estavam sentados na calçada da casa em frente.

— Então vocês descobriram – Dohko afirmou.

— O senhor já sabia? – June indagou.

— É, eu sabia. O Saga não foi muito inteligente ao inventar essa história. Mas eu queria que vocês descobrissem sozinhos.

— Estou morrendo de pena da Agatha – June disse. – Ela não merecia isso.

— Infelizmente ela terá de lidar com isso... – Dohko disse. – E ele também, não pensem que será fácil para o Saga.

— Bem feito! – exclamou June. – Como é a que pessoa pode achar que é certo manipular a vida dos outros dessa forma?

— Foi o jeito torto que ele achou... Ele já entendeu que foi errado. E eu já o adverti sobre o que quase aconteceu dentro da casa. Agora vou advertir vocês dois. Não quero exaltação de cosmo aqui no condomínio. Espero que não se repita.

— Não se repetirá, mestre – prometeu Shun, envergonhado.

Quando Agatha saiu, arrastando duas malas, os três se levantaram. June correu até ela.

— Vamos lá para a minha casa – convidou a amazona. – Você pode ficar lá o tempo que quiser.

— Eu quero distância desse lugar – Agatha respondeu. – Desse lugar, desse seu mundo maluco de cavaleiros, deuses e armaduras coloridas. Eu quero esquecer tudo isso. Espero que seja feliz com seu cavaleiro, June, mas nunca mais quero voltar aqui.

— E para onde vai?

— Essa noite vou para um hotel. Depois, eu não sei.

— E as meninas?

— Eu vou falar com elas amanhã, mas são livres pra fazerem o que quiserem. A equipe já acabou mesmo... Se elas resolverem ficar aqui, não posso impedir, mas vou aconselhá-las a não fazerem essa besteira.

June abraçou Agatha, que não correspondeu ao abraço. Sentia-se cansada, irritada e humilhada demais para expressar o carinho que sentia pela garota.

— Eu sou muito grata por tudo que fez por mim... – June disse. – De verdade.

— Não precisa agradecer, June...

— Eu queria que fosse verdade, mas...

— Fica bem, querida. Tome cuidado com esse mundo insano, porque ele pode te consumir.

— Vamos lá em casa pelo menos para chamar um táxi – June insistiu.

— Eu já chamei antes de sair.

Ela e Shun pegaram uma mala cada um.

— A gente vai te acompanhar até a portaria e esperar até o táxi chegar – Shun disse.

— Não precisa.

— Precisa, sim! – June reforçou. – Nós vamos!

Os três esperaram o táxi que não demorou a chegar. Agatha despediu-se deles e partiu para sempre do condomínio Olympus. Ainda deu uma olhada para trás e viu June e Shun abraçados. Seria bom se fosse verdade. Adoraria que June fosse sua filha, adoraria ter Shun como genro, mas agora não lhe restava mais nada.

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Cerca de um mês depois a casa de Ikki e Esmeralda ficou pronta. Ela tinha se divertido nas últimas semanas escolhendo cada detalhe: móveis, utensílios, tintas, pisos e papeis de parede. A fachada foi pintada num tom de rosa antigo e o interior ganhou cômodos de várias cores: lilás para o quarto, azul para os banheiros, amarelo na sala. Ikki pouco opinou, deixou que ela fizesse como preferisse. O resultado foi um pouco colorido demais para o gosto dele, mas ela estava feliz e era o que importava.

Ele estava na porta da casa de Shun, esperando Esmeralda se arrumar para irem buscar Pani no aeroporto, quando Shiryu passou em seu passeio matinal com Keiko.

— Achei que eu era o dominado – brincou Shiryu, apontando para a casa rosa em frente. – Mas é você quem vai morar numa casa rosa.

— Fica quieto que a tua vida não é lá muito diferente. Tua mulher que manda em tudo mesmo que eu sei. 

— Logo você se acostuma – riu Shiryu. – Eu sou mesmo voto vencido naquela casa. Keiko e Shunrei mandam em tudo.

— Aqui não é bem assim porque EU deixei ela escolher tudo. Logo, EU que mando.

— Continue se iludindo que “deixou” ela fazer algo... – Shiryu disse, ainda rindo.

— Tá, eu sei... Se ela quisesse um elefante em tamanho natural na porta de casa, eu ia comprar! É a primeira vez que ela tem uma casa dela. Ela nunca teve sequer um quarto só dela. Então que seja tudo do jeito que ela quiser. Felizmente posso proporcionar isso, mas não pense que vou virar um otário mandado.

— Sei... – debochou Shiryu. – Mas, falando sério, eu entendo você. De verdade,

— Ela, Shunrei, Saori e June estão se dando bem, né? – indagou Ikki, mudando de assunto. – As três estão ajudando muito a Esmeralda na adaptação.

— São as melhores amigas. Fico feliz por isso, sabe? Shunrei sempre ficou muito isolada em Rozan. A Saori também, porque a riqueza dela de certa forma a afastava das outras pessoas. É muito bom que as quatro sejam amigas.

— É, sim. Menos na parte que elas vão para o shopping e nós ficamos carregando as sacolas.

— Eu já me acostumei a carregar sacola, empurrar carrinho de bebê e também a ver as mães me olhando assustadas quando entro no trocador com a Keiko.

— Ela tá grandona, né? – pergunta Ikki, olhando ternamente para a bebê que acabara de fazer sete meses.

— Está – respondeu o pai. – E é muito esperta! Os dias felizmente têm sido de paz e tranquilidade, mas às vezes tenho muitas tarefas no Santuário e volto para casa cansado... Aí ela está lá me esperando com esse sorriso banguela. É muito bom. Renova as forças imediatamente.

Ikki sorriu. Ainda ia demorar até que ele e Esmeralda estivessem prontos para um bebê, biológico ou adotivo, não importava, mas ele estava certo de que queria ser pai.

Esmeralda finalmente saiu de casa e cumprimentou os dois.

— Vamos lá? – perguntou Ikki, segurando a mão dela. Esmeralda assentiu. Ele explicou a Shiryu que iriam buscar Pani no aeroporto, e o amigo seguiu seu passeio com a filhinha.

— Você vai gostar dela – Ikki disse a Esmeralda, no caminho para o aeroporto. – É uma boa moça, trabalhadora, muito na dela, nunca me deu problemas.

Ele foi totalmente transparente e contou a verdade sobre como a moça entrou em sua vida. Ao invés de sentir ciúmes da ex-prostituta, Esmeralda identificou-se com a história dela e sentiu apreço antes mesmo de conhecê-la.

— Sim, acho que vou gostar dela – disse a moça. Continuou a ter aulas de grego e agora já falava bem melhor. Também já estava quase totalmente recuperada de seus problemas de saúde.

Quando chegaram ao aeroporto, os dois dirigiram-se ao setor de desembarque onde logo avistaram Pani, com olhar assustado.

— Achei que tivessem me esquecido – ela disse a Ikki em japonês, sinceramente aliviada.

— Deixa de drama, só nos atrasamos um pouco – ele retrucou, no mesmo idioma. – Essa é Esmeralda, minha esposa.

Pani a cumprimentou com um aperto de mão, mas Esmeralda a puxou para um abraço. Achou que seria recebida com desconfiança, entretanto a primeira impressão já era a melhor possível. Ainda não sabia como seria a comunicação entre as duas, já que ela ainda não falava grego e Esmeralda não sabia japonês, porém sentia que correria tudo bem.

— Vamos lá para o condomínio – Ikki disse a Pani. – A nossa casa está pronta, só estávamos esperando você chegar para nos mudarmos.

— Estou pronta para isso, senhor. Estava mesmo me sentindo entediada sozinha lá no apartamento. Está tudo certo lá, fiz como o senhor mandou, está na imobiliária para vender. Ah, preciso dizer que a senhora Pandora andou ligando esse tempo todo, principalmente nos últimos dias.

— Sério? Mas que diabos ela queria?

— Eu não sei. Ela só insistia que tinha um assunto importante para falar com o senhor e queria saber onde estava e quando voltava. Perguntou se estava aqui na Grécia e eu respondi que não sabia, que mensalmente meu salário era depositado e eu não fazia perguntas.

— Fez muito bem, Pani.

Esmeralda ouvia os dois conversando sem entender uma palavra sequer, até que Ikki explicou-lhe sobre o que estavam falando.

— Ela tá dizendo que minha ex-namorada ficou ligando para lá, dizendo que tinha um assunto importante e tal. Não se preocupe, ela é um passado bem distante.

— Mas será que não era importante mesmo? – Esmeralda perguntou.

— Com certeza, não. Ela é louca. Completamente louca.

Dias depois, com o casal já instalado na nova residência, Pani e Esmeralda estavam às voltas com os preparativos para uma pequena recepção que dariam aos amigos quando o interfone tocou.

— Ikki, a Pandora está no interfone... – Esmeralda anunciou. – Devo mandar entrar?

Pani entendeu o nome e olhou para ela surpresa, depois voltou-se para Ikki, temendo o que viria a seguir.

— A Pandora? – Ikki indagou, mais surpreso ainda e já sentindo certa irritação.

— Sim. Deve ser por causa do tal assunto muito importante que ela tem pra falar com você.

— Eu não tenho mais nenhum assunto com ela, mas manda entrar. É bom que ela saiba logo sobre você.

Esmeralda autorizou a entrada e alguns minutos depois, soou a campainha. O próprio Ikki abriu a porta, pronto para despachar Pandora dali mesmo, mas estacou ao dar de cara com a alemã carregando um bebê no colo. Ela fitou o cavaleiro seriamente, respirou fundo e disparou:

— Eu só vim porque acho que meu filho tem o direito de conhecer o pai.

Continua...

(1) Somente a data de nascimento e o país são dados da ficha oficial da June, contida na Enciclopédia de CDZ, o restante é criação minha.

 

 


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Notas finais do capítulo

Saiu!!! Ou saíram, porque postei também o cap novo de SSE. Aleluia! Nem acredito!

Finalmente chegamos na parte “the bitch is back”! Muita gente me perguntava sobre a Pandora e eu sempre dizia que ela ia voltar e tal, só não podia dizer que voltaria acompanhada! ;) Hehehehe! E agora, Ikki?

 

Obrigada a todos que ainda estão acompanhando, especialmente aos que acompanham desde o começo que foi em “O Casamento”!!!

 

Beijos e até o próximo!

 



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