A Nova Grande Profecia escrita por Lu Carvalho, Manô Ribeiro
PETTER
Após dar um sorriso de volta, Petter abraçou a amiga muito forte. Ele tinha vontade de beija-la, mas tinha medo, não sabia se ela iria aceitar bem, ou ia ficar constrangida e nunca mais falaria com ele. Quando parou de pensar sobre isso, percebeu que Juliet estava a ponto de beija-lo. Seus lábios estavam a menos de um centímetro de sua boca. Tudo estava perfeito, até o momento em que um sátiro enfezado disse:
-Por acaso eu vou ficar segurando vela, ou os pombinhos vão se levantar e vão me deixar cumprir meu dever, levando-os ao Acampamento Meio Sangue?
Nesse exato segundo, Juliet se deu conta de que estava quase beijando o amigo e levantou-se rapidamente. Ofereceu sua mão para ajudar Petter a se levantar. Então o trio partiu em direção a Long Island. Seguiriam a pé até o tal Acampamento Meio Sangue. Durante o trajeto, Juliet não parava de atazanar o pobre Edge com várias e várias perguntas. Em um determinado ponto do caminho, o menino bode teve que parar para ir ao banheiro. Enquanto Juliet e Petter esperavam, o garoto ouviu em sua mente a voz do pai:
“Conte toda a verdade sobre o bilhete, ela vai entender!”
Petter hesitou, mas no final se abriu para a amiga:
-Ju, sabe aquele bilhete que encontrou no seu armário?
-Claro, só que o perdi. Queria tanto ele de volta...
-Aqui está, encontrei caído em frente ao armário.
-Muito obrigada, não sei se James ia me perdoar por te-lo perdido e...
-Não foi o James que escreveu para você. Ele nem se quer gosta de você.
-M-mas ele me beijou, disse que me amava e... Se não foi ele, quem foi então?
Petter estava suando frio, não sabia se contava. Estava com medo de a amiga ridiculariza-lo. A cada momento de silencio que passava, a voz do pai em sua mente se tornava mais forte, encorajando-o. Então, contra sua vontade acabou deixando escapar:
-Juliet, guardei esse segredo por dois longos anos e só James sabia. Agora você também vai saber. Desde a primeira vez em que coloquei os olhos em você me apaixonei perdidamente. Nunca tive coragem para me declarar, mas na quinta-feira tomei coragem e escrevi esse poema para você, na esperança de que aceitasse o meu pedido de namoro, mas esqueci de assinar o poema e o meu plano foi por água abaixo. Agora lhe pergunto: você quer namorar comigo?
Juliet corou, parecia indecisa. Petter não sabia como aquilo acontecera, sabia que tinha algo a ver com o pai. Dois longos e intermináveis minutos de silêncio se sucederam. Petter não conseguia abrir a boca para explicar que não tinha sido ideia dele contar toda a verdade, mas estava envergonhado demais para pronunciar qualquer palavra.
Der repente, Juliet abriu a boca para responder. Estava vermelha. Petter tinha certeza de que ela responderia SIM:
- Petter, pensei muito e finalmente cheguei a conclusão...
Foi interrompida por um maldito sátiro, de novo, que dessa vez gritava entusiasmado:
-Consegui, consegui! Aluguei um carro! É velho, mas ainda anda!- parou de falar quando percebeu que Petter e Juliet o encaravam de um modo estranho- O que foi? Interrompi alguma coisa importante?
-Não, claro que não! Só a decisão mais importante da minha vida!- Petter gritou enfezado pois sabia que depois disso Juliet nunca mais o encararia da mesma forma, e também nunca iria responder a pergunta. Não era a primeira vez que isso acontecia.
Pegaram o carro e partiram pela Quinta Avenida.
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