Lucas POV

Minha respiração estava frenética, o vendo batia no meu corpo me causando calafrios, continuei correndo, me segurando para não voltar e a segurar perto de mim para que eu cuidasse dela, para que enfrentássemos aquilo tudo juntos, como tínhamos combinado. Fui me afastando até escutar o grito dela, meu coração parou e meu corpo também, minha respiração era o único som tirando os passos atrás de mim que eu conseguia escutar, sentia minhas veias latejando e minhas pernas começaram a ficar bambas enquanto minha mente viajava em meio tudo aquilo que podia ter acontecido com ela.

Porra. Resmunguei, por que ela tem que sempre fazer a coisa errada? Pensei comigo mesmo. Meu cérebro por sorte me obrigou a continuar indo em frente, e foi o que eu fiz até meu corpo não aguentar mais, então me sentei em uma árvore, esperando que eles me achassem, o que não aconteceu. Esperei por horas que pareceram infinitas para que eles me levassem para onde quisessem, ou melhor, me levassem pra ela.

Por sorte escutei o voo dos pássaros e galhos se quebrando. Eles estavam aqui. Meu coração começou a bater rápido e caiu a ficha, eu não queria que eles me levassem. Então me levantei em um pulo e comecei a correr, desviando pelas árvores parecendo que eu já havia visto elas várias e várias vezes, pulei por cima de pedras pequenas mas que se mostravam perigosas.

Nesse momento me questionei sobre tudo, sobre meu amor por ela, sobre Deus, sobre a minha vida, futuro e o caralho a quatro e porra, que droga de futuro que eu vou ter agora hein.

– Parado! - Escutei um grito que fez a minha espinha congelar e meu corpo também, me virei e havia apenas um policial apontando a arma pra mim, eu pensei "fracote" e me virei, my mistake, ele atirou em bem na nuca e meu corpo todo entrou em choque e eu gritava o que os meus músculos não conseguiam.

– Anda coelhinho - Escutei um cara falando e me cutucando, abri os meus olhos e me vi dentro de uma viatura com caras rindo ao meu redor.

– Então o coelhinho acordou. - O motorista disse rindo e eu cerrei os meus olhos tentando soltar a minha mão numa tentativa frustada. - Ta revoltado? - Ele perguntou e só olhei para fora, ignorando o que ele havia dito e conseguindo enxergar a penitenciária bem a minha frente, ótimo.

Sai da viatura quase a ponta-pés, entrei na prisão, troquei as minhas roupas e fui até a minha cela, que felizmente eu ficaria sozinho, sentei no colchão e fiquei olhando envolta, vendo os desenhos bizarramente terroristas nas paredes e buracos e os caramba.

Passaram quatro horas e parecia que eu já estava enlouquecendo. Minha advogada apareceu pela primeira vez e me escutou, passaram-se 2 meses, eu havia conhecido todos daquele lugar, até cara louco se conhecia o filósofo mais importante da história.

Minha barba havia crescido e debaixo dos meus olhos tinham se instalado olheiras fundas, o policial insuportável parou na frente da minha cela.

– Sua advogada veio de novo princesinha. - Ele falou, sendo que era metade do meu tamanho, sorri amarelo para ele mostrando mais meus dentes e quando passei por ele rosnei, só para dar uma assustadinha, que funcionou, andei até a sala que eu iria falar com ela, cheguei na mesma e a cumprimentei educadamente como todas as outras vezes e me sentei de frente para a mesma. Fique esperando que ela falasse qualquer coisa, mas não falou nada, apenas sorriu e me empurrou um envelope pela mesa e logo antes de sair da sala ela sussurrou "Boa sorte" e então saiu da sala.

Tinha meu nome naquele envelope, não aguentei e o rasguei mostrando a folha dentro intacta, a peguei e comecei a ler.

"Posso acabar fugindo da polícia ou de qualquer outra pessoa até o meu ultimo suspiro, desejando que as coisas fossem diferentes, que eu ainda pudesse te ter em meus braços, passar a minha mão em seu cabelo macio e sentir sua pele quente sobre a minha, ter todos aqueles momentos de novo e de novo, você pode me odiar, odiar até o final da sua vida por ter assumido a sua culpa, que eu aposto que você tentou dizer que era sua. Mas não se culpe por eu estar fugindo, eu finalmente conheci o que é liberdade, e estou vivendo o máximo que eu posso da melhor maneira possível, aproveitando todas as cidades pelas quais eu passo e bolando um jeito de ainda te ver, nem que seja uma ultima vez, nem que seja a ultima coisa que eu faça. Eu desejaria que tudo o que tivesse acontecido fosse apenas um pesadelo e acordasse sentindo seu perfume no meu travesseiro, mas a unica coisa que eu sinto é vergonha de mim mesma pela maneira que estou vivendo, indo de caminhão em caminhão fazendo coisas que eu nunca imaginaria que eu faria para sobreviver, você é a pessoa que mais merece sentir o gosto de pelo menos uma noite ser livre, e essa noite fomos livres, sentimos o perigo no mais profundo nervo do nosso corpo e o amor tocou o mais fundo dos nossos corações de uma maneira inexplicável. Ontem você me perguntou o porque de eu não dar o meu coração para você, para que pudesse cuidar de mim, me fazer feliz, sem nem pensar que meu coração já fosse seu e que você me fez o mais feliz que eu poderia ser um dia. Me desculpe por todos os arranhões, dores e tudo o que causei a você sem minha intenção, o meu desejo mais profundo era sua felicidade plena, infelizmente, não consegui. Essa pode ser apenas mais uma carta de amor, mas não é só uma, aqui eu depositei todos os meus sentimentos, todas as minhas lembranças, e uma saída para você desse lugar. Olhe para a porta por onde todos passam para a confissão, a cima dela você encontrará a paz. Amanhã de manhã olhe por onde a água cai, tirando todas as impurezas dos sonhos mais perturbadores, então vá caminhando na direção da luz, e quando chegar no sábio que não é sábio ele lhe dirá o caminho certo a tomar, o caminho da sua liberdade e corra o mais rápido que puder em direção á luz pois ela não poderá te esperar por muito tempo, afinal, devemos lutar o mais bravamente pela nossa liberdade. Eu não o estarei esperando no final dessa jornada, pois para um história verdadeira de amor, os amantes não podem acabar juntos, não do jeito que sonhamos, te vejo em breve, meu amor."