Lucas POV’s

Fiquei meia hora tentando ligar para alguém vir nos buscar, mas não tinha a porra do sinal, tentei ligar o carro ou ver o que tinha dado de errado, má escolha, me queimei encostando em algo quente, fui chamar a Lucy para me ajudar mas ela nem acordou quando eu berrei seu nome, depois de um tempo deixei o cansaço vencer o meu corpo e sentei no capô.

- O que você ta fazendo ai? – Disse a Lucy, saindo do carro, com cara de sono e com o cabelo todo zuado, comecei a rir, depois me virei, bem na hora de ver que o sol estava para nascer, ela veio e se sentou do meu lado, ficamos olhando em silêncio aquelas cores se misturando e no fim tornando se apenas uma, o amarelo, da porra do sol que começou a queimar os meus olhos, saímos do capô e entramos no carro. – Então, o que faremos agora? – Ela perguntou.

- Eu não sei você, mas eu vou dormir. – Então eu virei e encostei a minha cabeça na janela do carro.

Lucy’s POV

Aquele filho da puta ia me deixar lidando com os problemas sozinha? Legal cara, valeu Lucas! Respirei fundo e sai do carro, encostei na lateral do carro e fiquei olhando para os carros que agora passavam em alta velocidade pela BR, sentindo aquele vento gostoso pelo meu pescoço, fazendo com que o meu cabelo voasse um pouco para longe do meu rosto, cruzei os braços, coloquei meu fone de ouvido e comecei a escutar música, não sei quanto tempo se passou, só sei que o sol estava ficando quente, muito quente, e muito mais do que antes, então abri a porta, soltei o freio de mão, fechei a porta e comecei a empurrar, e vou te contar, aquele salto machucava os meus pés, maldito, e aquela porreta não andava nunca, então de repente começou a andar, e eu comecei a fazer mais força e mais, até começar realmente a andar, só que foi muito rápido e eu sai correndo atrás mas não consegui chegar a tempo, o carro já estava longe, então parei e fui andando devagar, o Lucas teria que vir me buscar de um jeito ou de outro, o Di sentiria a minha falta, o Diego, tenho que falar com ele.

Lucas POV’s

Acordei com um vento forte batendo no meu rosto, olhei para a frente e vi a paisagem em movimento, me arrumei melhor e quando pisquei forte vi um caminhão na contra mão, ou era eu na contra mão, eu acabei não descobrindo o que era o que, apenas virei o volante para fora da estrada.

- PORRA LUCY, deveria ter me acordado não acha? – falei meio fulo e me virei, e cadê a Lucy? Nada de Lucy aqui, nem atrás, olhei pelo espelho retrovisor e vi ela bem longe, bem pequena, parecia até uma bonequinha, mas que graça, virei o carro na direção dela fodasticamente como em filmes, e fui em sua direção, chegando lá ela estava toda vermelha.

- Pra que demorar mais docinho. – Ela falou em tom sarcástico.

- Baby, estou aqui não estou? Não reclame. – Imitei com uma voz de gay, logo após ela ter entrado no carro me toquei que ela iria me zoar por aquilo eternamente, pois é, vou me arrepender profundamente disso. Fomos em direção ao nosso prédio, chegando lá parei o carro e subimos as escadas conversando alto e rindo, quando chegamos no nosso apartamento a porta estava escancarada e tudo estava revirado.

- O que aconteceu aqui? – Lucy perguntou baixinho, neguei com a cabeça, insinuando que eu não sabia o que havia acontecido, entramos em silêncio pela casa até chegarmos no nosso quarto no segundo andar, a cama estava quebrada, todos os armários abertos, a janela quebrada.

- ONDE TA? CADE? – Escutamos uma voz masculina gritar, e ficar repetindo isso várias vezes, peguei na mão dela e a puxei para dentro do armário, fiz sinal de silêncio e logo após ela relutou, me segurando forte, mas eu sorri fraco e fechei a porta, trancando-a pelo lado de fora, peguei uma madeira que estava no chão do quarto e fui caminhando lentamente em direção a voz, eu iria me arrepender profundamente disso, quando cheguei na fonte da voz, era apenas Alex, com arranhões profundos, nos quais saiam sangue, ele estava todo suado e revirava a mesinha de cabeceira, deixei a madeira cair e sussurrei.

- Pai?

- QUE? – Ele gritou e se virou, então respirou fundo, pareceu mais calmo. – Filho, preciso do dinheiro, eu preciso... – Ele disse então olhou para o teto e deixou a frase no ar, sem fim, de repente voltou, me encarou e se virou, continuando a procura pelo dinheiro, eu acho.

- Pai, esta tudo bem? – Perguntei novamente.

- Sai daqui Michael, saia, o Lucas logo logo chega. – Ele repetiu e eu o encarei, Michael era o nome do meu irmão mais velho que hãhã, morreu a dois anos atrás.

- Pai, Michael morreu, lembra? Sou eu pai, Lucas. – Repeti, me aproximando dele.

- Michael? Ele o que? Ele não pode... – Ele falou e então deixou a frase no ar de novo, ele ta ficando velho, só pode ser isso. Respirei fundo e me aproximei tocando em seu ombro, má escolha.

- SAI DAQUI, LADRÃO, LADRÃO! – Ele gritava adoidado, me afastei dele enquanto ele gritava “LADRÃO” sem parar, depois de um tempo ele cansou, mas eu o puxei e o obriguei a ir para o carro, peguei a Lucy e fomos para o hospital. Chegando lá eles passaram quatro horas fazendo exames, para chegar em nada, nenhum resultado, simples assim.

- Olha, eu estou cansada, vou pra casa. – Lucy falou e eu nem tentei impedi-la.

Lucy’s POV

Eu ia entrar no meu apartamento mas fui direto para o do Diego, toquei a campainha e fiquei esperando. Ele demorou um pouco mas abriu a porta.

- Di? – Perguntei, ele me olhou meio assustado.

- Lucy? Você aqui? Eu pensei que você não estava em casa, te vi levando o ... – Ele ia terminar de falar, mas eu o cortei, ele foi me empurrando para trás de leve até fechar a porta.

- Alex para o hospital, é eu sei. – Eu falei o encarando. – Posso entrar? A gente precisa conversar.

- Sabe, é que ... a gente pode conversar aqui fora. – Ele respondeu me olhando.

- Eu realmente gosto de você, muito mais do que um dia eu imaginei que eu gostaria, mas a gente está junto mais de  um mês e você não da passo algum em direção alguma, estamos parados, no tempo, sem saber em que direção ir! – Eu disse aquilo, debulhei praticamente em cima dele, falando o mais rápido possível.

- Eu... eu não quero nada sério com ninguém agora. – Ele disse, logo após a porta atrás dele se abriu e olha, a Tracy!

- Ah, agora eu sei o porque. – Eu falei, o encarando, merda, me virei e fui em direção a minha porta, antes de fechar a mesma eu falei a coisa mais suja da minha vida. – Espero que você se arrependa, profundamente, e que vocês dois, dêem certo, e que você Diego, sinta na pele a diferença de ter uma garota de verdade louca por você, e uma vadia que deu para você no primeiro encontro que tiveram. – Então fechei a porta e subi as escadas, desviando dos destroços, entrei no meu quarto e fechei a porta, Lucas que durma na sala, deitei na cama e chorei, alto, com direito a soluços até, abracei o mais forte possível o meu travesseiro e chorei a noite inteira, até a dor amenizar e o cansaço tomar conta do meu corpo.

Lucas POV’s

Cheguei em casa, tinha me esquecido de toda aquela bagunça, Alex havia ficado internado no hospital para eles fazerem mais exames e ele ficar essa noite em observação. Fui arrumando por cômodo, primeiro a sala, depois a cozinha, banheiro, escritório, quartos e etc, até chegar no quarto da Lucy, no nosso quarto. Entrei lentamente para não fazer barulho, olhei para ela encolhida, tão frágil, abraçada no travesseiro com toda a força possível, como se isso dependesse de sua vida, seu cabelo estava desarrumado e sua maquiagem estava toda borrada, ela havia se matado de tanto chorar essa noite, puxei a coberta e a cobri, fiquei decidindo entre deitar ou não deitar na cama com ela, no final das contas acabei deitando do lado dela.

   Me arrumei e cheguei mais perto dela, perto o suficiente para sentir seu perfume, tirei uma mecha do seu rosto, alisando seu cabelo delicadamente para que ela não acordasse. Depois de muito tempo acabei adormecendo, com a garota que possivelmente, vai acabar se tornando o meu mundo.