O dia havia amanhecido nublado. Harry pegou as cartas diárias e deixou na cozinha para seus tios. Ele leu algo sobre a fábrica de Brocas, a qual seu tio trabalha. Válter, apesar de um homem gordo e arrogante, gostava de manter o trabalho em primeiro lugar. Às vezes, Petúnia reclamava por isso, ela sempre foi uma mulher que gostou de atenção.

Harry foi o primeiro a tomar café. Ele fez um sanduíche e em questão de minutos já havia acabado e lavado a louça. Harry era um menino astuto, em tudo o que fazia, talvez esse fosse um dos motivos de ser alvo de ódio do seu primo Duda.

Durante o café, Harry pensou como poderia entrar no quarto dos tios de maneira rápida. Ele também ia fazer uma procuração no quarto de Duda. Mas aí era mais fácil. Duda sempre estava fora de casa, ou para o piano ou passeando na rua e brincando com a sua gangue.

O ponto difícil era o quarto dos tios, sempre que Válter saia Petúnia estava lá. E quase nunca Petúnia saia do quarto.

Harry escutou passos na escada seus tios estavam descendo.

– Potter, hoje à tarde irei sair – disse tia Petúnia – Válter vai estar na fábrica de Brocas e o Duda estará no piano... bem, o que estou querendo dizer, é que você ficará sozinho em casa.

– Sem gracinhas, seu moleque! – acrescentou Válter, pigarreando.

Válter, Petúnia e Duda sentaram-se para tomar café e Harry voltou para debaixo da escada. Ele ficara tão feliz agora. Teria a oportunidade de procurar na casa inteira, sem riscos. Agora ele deveria esperar até às 16h30. Hora em que sua tia iria sair.

[...]

Mais passos sobre a cabeça de Harry, seus tios estavam descendo a escada.

– Estamos saindo – avisou Duda – e espero que não entre no meu quarto. Ou você já sabe, não sabe?

Duda fez um gesto com o indicador de como se alguém tivesse cortando o pescoço. Harry não tinha medo de Duda. Apesar de seu primo ser bem maior que ele.

Os tios fecharam a porta da casa. Era hora de Harry entrar em ação. Ele subiu as escadas correndo e atravessou o corredor do 2° andar e abriu a porta do quarto dos tios. Era um quarto nem tão espaçoso, nem tão apertado. Tinha uma cama no centro, com dois criados-mudos com abajures em cada lado da cama. O guarda-roupa ficava a direita, e obviamente, seria lá o primeiro lugar que Harry ia procurar algum indício de magia ou livros avançados.

O garoto se encaminhou até a porta do guarda-roupa e abriu. Ele revirara algumas gavetas e algumas roupas e não achara nada. Não tinha nada ali. Harry procurou debaixo da cama, no criado-mudo e alguns outros possíveis lugares. Mas, nada. Não estava ali, pelo menos não naquele quarto.

Harry saiu desanimado e entrou no quarto do Duda para procurar lá. Também procurou no guarda-roupa, revirou alguns brinquedos, e até achou uma varinha. Pegou-a para usar de brincadeira. Sempre gostou de gravetos e esse parecia bem convincente.

Por fim, Harry ia descer as escadas quando deu de cara com uma porta. Era uma dispensa para produtos de limpeza e comida. Não estaria lá. Mas ele não exitou, abriu a porta e procurou. Tinham muitos livros para uma dispensa, e realmente, depois de procurar muito. Harry encontrou mais dois livros. Iguais ao que Harry encontrara debaixo da escada. Capas Marrom e em dourado escrito “Livro de Feitiços – 3° ano” e “Livro de Feitiços- 4° ano”. Harry pegou os 2 livros, fechou a porta silenciosamente e voltou para debaixo da escada. Bem no momento em que os Dursley chegaram, Harry jogou a varinha e os livros pra dentro da escada.

– Espero que não tenha aprontado – pigarreou Válter – é claro que nós vamos descobrir se tiver algo diferente em nossa casa, ouviu bem, Potter?

– Sim, tio – resmungou o menino – eu já sei as regras dos Dursley.

Os Dursley foram para seus quartos. Já era noite. Todos foram se deitar. Menos Harry, por mais uma noite ele ficara estudando os livros de feitiços. Ele começou com o do 4° ano, pois achava que assim ia aprender feitiços mais fortes. Na última página, também havia escrito “Este livro pertence à Lílian Evans”. Harry folheou um pouco e encontrou algo como “Estupefaça”. Foi na cozinha dos Dursley e pegou um copo. Ele sabia que os seus tios iriam acabar com ele se descobrissem, mas era só um copo. Harry não tinha muito a temer. Na folha estava escrito da seguinte maneira:

“Estupefaça – Grau de dificuldade: 8,

É um feitiço muito difícil, porém, extremamente poderoso. Ele lança um raio azul e a pessoa pode voar metros de distância. Este feitiço tem a capacidade de deixar a pessoa desacordada por alguns minutos”

Harry surpreendeu-se com tamanha força deste feitiço e resolveu praticá-lo. Olhou para o copo, fixou-se nele e repetiu em voz alta.

– Estupefaça

Nada aconteceu. O copo continuou ali, imóvel. Harry não entendera porque não teve efeito. Será que ele não tinha capacidade?

Para fazer um pequeno teste, ele repetiu em voz alta.

– Wingardium Leviosa.

E então o copo levitou. Era magia. Estava diante dos olhos dele. Então porque ele não pode usar o “Estupefaça”? Ele olhou para os lados e... avistou a varinha que havia pego do quarto de seu primo, Duda.

Ele pegou a varinha com cuidado. Ela tinha ondulações e tinha uma cor marrom claro. Ele segurou firme, e com alguma esperança, segurou o copo na outra mão e repetiu:

– Estupefaça

TLIIIIIIIM. Esse fora o barulho que Harry escutou. O copo havia quebrado, um raio azul saiu da varinha e explodiu o copo. Os Dursley não acordaram, pelo menos Harry não escutou barulho algum, além de sua respiração acelerada. Ele tinha apenas 11 anos e usou o feitiço Estupefaça perfeitamente.

Em outra página encontrou algo sobre o feitiço Expecto Patronum e sobre Dementadores. Aqui um trecho:

“Expecto Patronum, grau de dificuldade: 8,

Este é um feitiço do patrono usado para derrotar Dementadores. Os patronos de cada bruxo podem variar em alguns animais. Ao usar o feitiço, sua varinha se ilumina e seu patrono espanta os Dementadores. O feitiço do patrono deve ser usado com alguma lembrança muito feliz do bruxo, caso contrário, o feitiço não terá efeito.”

No mesmo momento, Harry teve curiosidade de qual seria seu patrono e tentou usar o feitiço. Entretanto, tinha um problema: ele não tinha lembranças felizes o suficiente.

Folheou mais algumas páginas. Algumas não, várias. Harry passou mais uma noite em claro estudando os feitiços. Desta vez não quebrou mais nenhum copo. Testou feitiços leves e todos funcionaram. Harry agora estava certo do uso da magia. Realmente sabia que ela existia. Ele era um bruxo! Agora, só queria descobrir um pouco mais sobre seu passado, e talvez seu futuro... quem era Lupin, Bartô ou o tal Lord? Ele precisava descobrir.

Continua...