Thomas abriu a porta do apartamento subterrâneo, dando espaço para que Brenda passasse. Ela deu um passo para dentro e parou. Era como entrar num sonho e num pesadelo ao mesmo tempo. O lugar parecia o mesmo. A cama encostada contra a parede, a estante de livros, o sofá,  o armário que escondia a televisão, que não era muito usada, a porta para a micro cozinha e a porta para o banheiro, as paredes coloridas. Nada tinha mudado.

-Esse lugar me trás lembranças extremamente desagradáveis, assim como lembranças muito boas. –Ela falou, sentando no sofá, ainda olhando em volta, procurando pelos pequenos detalhes que talvez tivessem mudado um pouco. Tinham vários novos livros na estante, mas fora isso, nada parecia muito diferente. –Mas em geral me lembra um esconderijo secreto de um super-herói , tipo uma bat caverna.

-É uma visão interessante. –Ele respondeu, colocando a mochila dela em cima da cama. -Você nunca consegue manter nada organizado? –Ele perguntou, enquanto examinava o conteúdo da mochila.

-Você não consegue passar um minuto sem olhar o conteúdo da minha mochila? –Ela perguntou, tirando os sapatos e jogando as pernas em cima do sofá.

-Se eu não arrumar isso, você com certeza não vai. –Ele respondeu. –Tem problemas?

-Nops. Pode continuar, se é isso que você quer. –Brenda falou, encarando o teto.

-Me avise se achar alguma rachadura, está bem?

-Ok, eu aviso. –Ela respondeu. Antes que ela mesma pudesse perceber, ela já estava dormindo.

Brenda acordou assustada. Ela estava deitada numa cama, e um lençol a cobria. Estava tudo escuro. Mas não aquele tipo de escuro que você conseguia identificar a silhueta das coisas a sua volta, e sim, aquele tipo de escuro tão escuro que você mal enxergava um centímetro na frente do nariz. Talvez ela estivesse de volta a clinica, e tudo que tinha acontecido não tinha se passado de um sonho. Com o pânico dominando sua mente, ela fez o que sempre fazia quando acordava assustada.

-Thomas? –Ela chamou. –Thomas! –Um pouco mais alto. –THOMAS? –Ela ouviu um barulho do canto do quarto. Talvez um dos enfermeiros vindo seda-la, como eles sempre faziam. –THOMASS! –Uma luz fraca acendeu do seu lado, iluminando o rosto de Thomas. O seu cabelo estava bagunçado, e ele parecia sonolento, como se tivesse acabado de acordar. Talvez por que ele realmente tinha acabado de acordar. Ele parecia assustado.

-Brenda, eu estou aqui. –Ele falou, passando os braços em volta dela. –Tá tudo bem, eu estou aqui.

Ela puxou ele para mais perto, se aninhando em seus braços, e deixando os soluços escaparem. Ele não parecia se importar com o fato de ela estar molhando toda sua blusa, e acariciava seus cabelos de leve.

-Não me deixa sozinha. –Ela pediu, quase num sussurro. –Fica aqui comigo, por favor.

-Eu nunca mais vou te deixar sozinha Brenda. –Ele falou, beijando o topo da cabeça dela.

-Ok, eu vou acreditar em você. –Ela murmurou, abraçando ele com mais força. –O que foi aquele barulho que eu ouvi?

-Aquilo fui eu caindo do sofá.

-Ah sim, imaginei que fosse isso.

-Pode dormir. –Ele falou baixinho em seu ouvido. –Pode dormir, por que eu estou aqui.

-Eu gosto quando você está aqui. –Ela respondeu, fechando os olhos, deixando o sono a levar.