E O Avatar Resurge escrita por Nati


Capítulo 5
Capítulo 5 - Festa de despedida




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Meu treino de fogo ia avançando cada vez mais e quando eu tinha uma folguinha eu treinava a dobra de terra. Fiquei bastante tempo na Nação do Fogo enquanto os membros da Lótus Branca decidiam para qual templo do ar eu ia. Sugeri que eu fosse para o Templo do Ar do Sul que era onde a Avatar Ahpi morava, mas eles disseram que não. Depois de muitas discussões foi decidido que eu iria para a Ilha do Templo do Ar, na antiga Cidade da Republica.

-Caramba, eu nunca pensei em ir para a Cidade da Republica! – exclamei.

-A Cidade da Republica não existe mais Nikki, quer dizer, existir ela existe, mas não é mais do jeito que era antes.

-Como assim? – fiquei confusa.

-Os não-dobradores quiseram a cidade a todo custo então os conselheiros decidiram deixar a cidade para o povo.

-Mas isso é injusto! – reclamei.

-Nem tudo é justo nessa vida Nikki.

-Eu quero dizer que os conselheiros cederam? Deixaram tudo nas mãos deles? Aquilo deve ser o caos!

-Os não-dobradores têm um pouco de ajuda dos dobradores de ar que vivem na ilha. – Ling explicou.

-Nossa! Todos os dobradores de ar são descendentes do Aang, isso é maravilhoso, são todos uma família. – falei encantada.

-Sem mais demora, partimos para a ilha do Templo do Ar amanhã cedo. – Ling falou e saiu do quarto.

Fiquei um pouco triste, era legal ficar na Nação do Fogo, Ming e Lee eram demais, o povo era demais, todos eram demais e eu estava realmente me sentindo da família real.

Fiquei inerte em meus pensamentos até que bateram na porta do quarto.

-Quem é? – perguntei.

-Somos nós!

Ming e Lee entraram quase quebrando a porta de tanta alegria.

-Passou! Você passou pelo teste de dominação de fogo! – Ming me deu um abraço apertado que quase esmagou meus pulmões.

-É... passei... – tentei falar enquanto ela me apertava.

-E você vai partir amanhã, não é? – Lee perguntou tristonha.

-Sim, mas não fiquem tristes. Assim que eu terminar o treino de dominação de ar eu volto para cá, eu prometo! – abracei as duas.

-Tudo bem, sem tristeza. Que tal uma festa de despedida? – Ming estava quicando de alegria.

-Claro! A idéia é ótima! – falei.

-Então fique aqui no quarto e quando estiver tudo pronto nós te chamamos. – Lee sorriu.

-Tudo bem senhoritas, eu fico aqui e espero vocês. – coloquei as mãos para trás e cruzei os dedos.

-Estamos de olho! – Ming colocou o dedo indicador e o do meio nos olhos e depois apontou pra mim.

Elas saíram cochichando e eu sentei na cama pensativa. Fui até o espelho e me olhei. Meu kimono da nação do fogo estava chamuscado em alguns lugares, tirei a calça e olhei minha perna esquerda, a cicatriz ainda estava presente na pele morena, a toquei e ainda estava com algumas partes meio desinformes, não doía, mas me deixava com muita raiva. Continuei olhando meu reflexo até que algo brilhante me fez olhar pro meu pescoço. A correntinha do Reino da Terra ainda estava ali, depois de quase um mês eu tinha esquecido Masami. Tirei a corrente do pescoço e fiquei brincando com ela com as mãos, acabei me lembrando do que Masami falou a ultima vez que nos vimos: “Pra você lembrar de mim.”. Masami era um rapaz muito gentil, a garota que tivesse a sorte de tê-lo como namorado seria muito feliz. Eu tinha gostado de Masami, em uma das noites no Reino da Terra ele me deu uma flor, disse que era para eu nunca esquecer que ele era meu amigo. Em outra noite ainda estávamos sentados no jardim observando as estrelas e ele passou o braço atrás das minhas costas e me deu um abraço de lado, deitei minha cabeça no ombro dele e ficamos olhando o céu.

Fiquei sorrindo que nem uma idiota em frente ao espelho, coloquei a corrente no pescoço de novo e resolvi treinar a dobra de terra enquanto Ming e Lee organizavam a festa de despedida.

Pulei a janela e corri para o bosque, procurei um lugar que fosse mais distante possível do palácio pra ninguém ver que eu estava dobrando. Comecei dobrando pedrinhas, depois comecei a dobrar paredes e rochas sólidas. Me vinham memórias de Masami dobrando a terra com tamanha exatidão que me deixava com um pouquinho de inveja, ele sempre estava de regata branca colada no corpo mostrando os músculos de dobrador de terra e apesar da pouca idade parecia ser um homem completo. Tentei espantar as lembranças que me deixavam com saudades e voltei à dobra, enquanto eu dobrava vi alguém se aproximando de onde eu estava. Era um garoto e vinha devagar e parecia estar sorrindo. Depois de dois minutos consegui distinguir quem era e eu não podia acreditar, era Masami!

-Não acredito que é você! – corri na direção de Masami e o abracei.

-Eu não consegui ficar longe da minha pupila. – ele me abraçou forte.

-E o que o meu super-professor veio fazer na Nação do Fogo? Me vigiar para ter certeza que eu estava treinando?

-Acho que é isso. – ele mordeu o lábio inferior.

-Estou tão feliz que está aqui! – falei mais alegre do que queria.

-E eu estou feliz por estar aqui. – ele sorriu.

-Vem, quero te mostrar o palácio. – puxei ele pelo braço até a cidade.

Ia mostrando tudo pra ele, Masami parecia encantado com tudo que via. Por final eu mostrei o meu quarto e ficamos por ali até Ming e Lee chegarem.

Quando as meninas chegaram levaram um susto com Masami dentro do meu quarto.

-Mas quem é esse?! – Ming perguntou assustada.

-Meninas eu estava treinando a dobra de terra e acabei achando Masami!

-Na verdade, eu que te achei. – Masami falou sorrindo.

-Masami? Você é o dobrador de terra que ensinou a Nikki. – disse Lee.

-Sim, sou eu mesmo.

-Hum... Nikki fala muito de você quando está treinando. – Lee falou com um sorriso maldoso.

Corei na hora e Masami soltou um risinho baixo.

-Ahn... – Ming deu um pigarro. – Nós preparamos a festa Nikki.

-Já? Vocês são muito rápidas com as coisas! – não acreditei.

-Muito obrigada, mas temos que preparar os convidados e o seu convidado não pode ficar aqui dentro, vou levá-lo até um quarto na ala masculina. – Lee empurrou Masami pra fora do quarto e eu fiquei com Ming no quarto.

-Ele é muito bonito. – Ming disse.

-É mesmo... Quer dizer! Ahn... ele é... bonitinho. – tentei disfarçar.

-Sei... – ela me olhou de canto de olho. – Vamos, temos que ir buscar o seu vestido.

-Vestido? Mas eu queria vestir minhas roupas normais! – reclamei.

-Você vai gostar desse, e eu vou te arrumar direitinho pra você se sentir... você mesma.

-Tudo bem, um pouquinho de vaidade não mata ninguém. – dei de ombros.

-E ainda consegue atrair um certo dobrador de terra. – Ming cantarolou.

Joguei o travesseiro no rosto dela e saímos do quarto. Ming me levou até um salão grande com uma cadeira diferente no centro, aos lados havia cabides com várias roupas, uma mesinha de canto com frasquinhos pequenos e uma penteadeira do lado com pentes, escovas e outras coisas que eu não consegui ver bem.

Duas moças com roupas iguais me levaram a cadeira esquisita, era uma cadeira para lavar cabelos. Começaram a lavar o meu cabelo num puxa-puxa insuportável. Depois encheram meu rosto com um creme azul e depois começaram a mexer nos meus pés e mãos. Aquilo definitivamente não era pra mim, passei a vida toda vivendo em uma casa praticamente de gelo, treinando a dobra de água como um garoto e vivia cheia de machucado, e essas coisas de menina nunca me agradaram.

Depois de passarem coisas esquisitas no meu rosto Ming me levou pra frente da penteadeira e voltou a mexer no meu cabelo.

-Espero que você não fique puxando o meu cabelo. – falei.

-Para de reclamar garota!

Depois de arrumar o meu cabelo Ming começou a passar maquiagem no meu rosto, me senti uma boneca, uma garota – que seria a Ming. – brincando com uma boneca – ou seja, eu.

Ming me mostrou o vestido, não era nem um pouco parecido com o do festival, ele ia até os joelhos e era muito parecido com vestidos de festa da Tribo da Água, era azul cheio de detalhes bancos e marrons.

-É muito lindo Ming! – exclamei.

-Eu falei que iria gostar, pessoas me ajudaram a criar esse vestido pra você. – Ming ficou olhando o vestido. – Agora chega de papo e vem logo para eu te ajudar a se vestir.

Vesti o vestido e o melhor de tudo era que eu poderia usar minha bota de lã sem medo, ela combinava com o vestido. Terminei os últimos retoques na roupa e me olhei no espelho. Não acreditava no que eu via, parecia que era uma pintura e não um espelho. A maquiagem estava impecável, o meu cabelo tinha sido preso para cima fazendo uma bagunça organizada, tranças se misturavam com fios soltos e alguns enfeites prateados, o vestido caiu como uma luva e o colar que Masami me dera ainda estava ali, cintilando com a luz.

-Tem certeza que sou eu? – toquei meu rosto.

-Sim, é você sim, e você está linda. – Ming segurou meus ombros por trás.

-Caramba, ainda não acredito que sou eu.

-Acredita sim. Agora quem vai se arrumar sou eu. – Ming ia saindo da sala. – Não saia daqui! Quero que as pessoas fiquem surpresas.

Fiz que sim com a cabeça e fiquei esperando ela sentada em frente ao espelho. Eu estava muito diferente do que estava de tarde, minha pele parecia estar mais macia, Ming fez uma maquiagem muito simples, mas aquilo me deixou tão... outra pessoa. Quer dizer, ainda era eu, mas digamos que melhorada.

Depois de esperar quase uma hora Ming entrou saltitando pela sala até mim. Ela estava com um vestido preto curto e sem mangas, e sapatilhas pretas com detalhes dourados, os cabelos estavam soltos e faziam leves ondas nas pontas, a boca vermelha cor de sangue e as bochechas rosadas.

-Você está linda! – falei.

-Nós estamos. Agora vamos logo por que não quero me atrasar. – ela me puxou pela mão até a porta.

Fomos até o lugar da festa e eu me surpreendi, o lugar estava lindo, todo bem decorado com várias luzes e algumas lamparinas de fogo, várias pessoas já dançavam na pista de baixo. Uma escadaria enorme separava a entrada da pista de dança, várias cadeiras e mesas com enfeites de flores. Consegui ver Lee dançando com Meiko, eles pareciam muito... íntimos.

Ming saiu de perto de mim e foi até um rapaz que controlava a musica e de repente tudo ficou silencioso.

-Meninos e meninas aqui presentes, - garoto começou a falar no microfone. – eu lhes apresento o nosso Avatar: Nikki!

Uma luz forte cegou meus olhos e eu ouvi aplausos, fiquei muito envergonhada, Ming não precisava ter feito aquilo.

Desci as escadas e Ming me deixou sozinha no meio de muitas pessoas, eram em maioria adolescentes mais ou menos a minha idade. Fui até a mesa de bebidas e peguei um suco de lichia e fique ali do lado da mesa olhando as pessoas dançar. Ming e Lee pareciam ter nascido para festas, eram muito animadas, sabiam conversar bem e dançavam bem, além de serem lindas e serem princesas. Lee tentou me puxar para dançar, mas digamos que eu pareço um pato. Continuei ali encostada na mesa até que alguém me chamou.

-Nikki.

Me virei para ver quem era e quase me arrependi de ter olhado.

-Ah... Lin. – falei com tom de desprezo.

-Eu quero te pedir desculpas pela perna. – ele colocou a mão na nuca.

-Tá, desculpas aceitas.

-Vai continuar me dando gelo?

-Não estou te dando gelo nenhum, esse é o meu jeitinho de conversar com quem queima minha perna. – virei de costas pra ele.

-Mas eu acabei de te pedir desculpas! E além de tudo foi você quem me atacou primeiro.

-Eu?! Você é quem me provoca e sou eu quem leva a culpa?!

-Provoquei? Fiz uma carinha sorridente e te provoquei? – ele ficou indignado.

-Quer saber? Eu vou dançar. – peguei o copo de suco e sai de perto dele.

-Deixa de ser turrona garota! – Lin segurou meu braço.

-Solta o meu braço agora antes que eu solte a minha mão na sua cara. – estava me remoendo de raiva por dentro.

-Eu solto, se você dançar comigo. – ele propôs.

-Sabe aquele esfregão ali no canto da parede? – apontei. – Então, dança com ele! – puxei meu braço com força.

Tomei o ultimo gole do suco e sentei em uma poltrona vermelha na varanda, respirando muito fundo pra não voltar e enfiar a mão na cara daquele garoto abusado.

Fiquei ali olhando as estrelas e de repente senti uma mão tocando meu ombro.

-Finalmente te encontrei.

Olhei para trás e um sorriso involuntário surgiu no meu rosto. Masami estava em trajes formais do Reino da Terra.

-Que bom que me encontrou, não gosto de festas e eu estava um pouquinho irritada.

-E eu não te deixo irritado? – ele sentou-se ao meu lado.

-Não, você me deixa alegre. – segurei a mão dele.

-Já que te deixo feliz, quero que você me deixe feliz dançando comigo. – Masami puxou meu braço me tirando da cadeira.

-Se você soubesse o quanto eu danço o mal não pediria pra dançar comigo. – tentei me esquivar.

-Eu te ensino, aulas de dança e bailes de alta sociedade devem servir pra alguma coisa. – ele riu.

-Se você insiste. - dei de ombros.

-Ah! A propósito, você está muito linda. Vestidos lhe caem bem. – o rosto dele se encheu de rubor.

-Obrigada, e você está muito elegante. – também corei.

-Eu sei. – ele sorriu maroto. – Agora vamos antes que a festa termine. – ele pegou a minha mão e me levou até a pista de dança.

Bem na hora que chegamos na pista uma musica lenta começou a tocar. Masami me olhou com os olhos brilhando e pegou minha mão de leve, cheguei mais perto de Masami e segurei o ombro dele. Masami passou o braço na minha cintura e eu o olhei bem nos olhos.

-Masami, eu não sei dançar, é melhor a gente parar. – tentei me afastar um pouco.

-Shh... – ele colocou o dedo indicador na frente dos lábios e me puxou pra ele. – Pisa nos meus pés.

-Mas pra que eu vou pisar nos seus pés? Eu sou mais pesada do que pareço! – tentei reclamar.

-Anda faz isso logo, ta todo mundo olhando. – ele riu baixinho.

Fiz o que ele mandou, pisei nos pés dele e Masami começou a balançar no ritmo da musica.

Era ótimo estar com Masami, finalmente percebi que gostava dele de verdade e o melhor de tudo: Masami parecia sentir o mesmo por mim.

A musica acabou e eu desci dos pés dele. Ficamos ali abraçados olhando um para o outro por segundos até que fiz algo impensável. Sem pensar muito fechei os olhos e beijei Masami na frente de todo mundo, meu primeiro beijo.

Depois de abrir os olhos novamente olhei meio assustada pra Masami, mas ele me olhou sorrindo e me abraçou de novo.

-Não sabe o quanto esperei por isso. – ele falou baixinho.

-E você não sabe o quanto que eu estou envergonhada. – sorri e meu rosto estava ardendo.

-Quer dançar mais um pouco?

-Não, eu acho que quero passear lá fora.

-E o que estamos esperando?

Peguei na mão de Masami e saímos do local da festa. Andar a luz da Lua era incrível, e a Lua estava na fase Crescente, então dava uma boa claridade. Nós passeamos de mãos dadas pela cidade tranquilamente, e pela primeira vez na vida não me incomodei de ser vista com um garoto.

-Posso te dizer uma coisa? – Masami perguntou.

-Pode. – dei de ombros.

-Eu acho que você fica mais bonita sem maquiagem e com sua roupa da Tribo da Água... – eu abri a boca pra falar, mas ele me interrompeu. – Quer dizer, você está linda agora, mas digamos que eu prefira você sem tudo isso. – ele me olhou de cima a baixo.

-Sabe que eu também prefiro ficar sem tudo isso? – sorri um pouco brincalhona. – E você prefere?

Ele me olhou, olhou pra frente e disse:

-Prefiro, não gosto de ver você cheia de frufru, me faz sentir que não tenho chance nenhuma com você.

-Então se eu estiver em meus trajes normais você tem chance comigo?

-Fala a verdade você gosta de mim, eu gosto de você e tudo isso está resolvido. – ele parou na minha frente.

-Ok. Tudo resolvido. – estendi a mão para um aperto.

Masami apertou minha mão e me abraçou.

Passamos o restinho da noite na praça e quando deu meia-noite ele me levou até a janela do meu quarto.

-Vou sentir a sua falta quando estiver fora. – Masami disse triste.

-Não se preocupe vou dar um jeitinho. – franzi o nariz e toquei a ponta do nariz dele com o dedo indicador.

-Fiquei com medo de você agora.

-Pois fique com muito medo, eu sou muito perigosa. – dei meu melhor sorriso ameaçador.

Nos beijamos de novo.

-Boa noite. – eu disse.

-Boa noite. – disse Masami.

Ele fez uma escada com a terra até a janela e me ajudou a subir segurando minha mão de leve até eu estar dentro do quarto. Ele foi saindo de perto da janela e eu fiquei o observando, ele estava andando de um jeito descontraído, estava feliz. Sorri e coloquei minhas roupas normais pra dormir.

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Meu treino de fogo ia avançando cada vez mais e quando eu tinha uma folguinha eu treinava a dobra de terra. Fiquei bastante tempo na Nação do Fogo enquanto os membros da Lótus Branca decidiam para qual templo do ar eu ia. Sugeri que eu fosse para o Templo do Ar do Sul que era onde a Avatar Ahpi morava, mas eles disseram que não. Depois de muitas discussões foi decidido que eu iria para a Ilha do Templo do Ar, na antiga Cidade da Republica.

-Caramba, eu nunca pensei em ir para a Cidade da Republica! – exclamei.

-A Cidade da Republica não existe mais Nikki, quer dizer, existir ela existe, mas não é mais do jeito que era antes.

-Como assim? – fiquei confusa.

-Os não-dobradores quiseram a cidade a todo custo então os conselheiros decidiram deixar a cidade para o povo.

-Mas isso é injusto! – reclamei.

-Nem tudo é justo nessa vida Nikki.

-Eu quero dizer que os conselheiros cederam? Deixaram tudo nas mãos deles? Aquilo deve ser o caos!

-Os não-dobradores têm um pouco de ajuda dos dobradores de ar que vivem na ilha. – Ling explicou.

-Nossa! Todos os dobradores de ar são descendentes do Aang, isso é maravilhoso, são todos uma família. – falei encantada.

-Sem mais demora, partimos para a ilha do Templo do Ar amanhã cedo. – Ling falou e saiu do quarto.

Fiquei um pouco triste, era legal ficar na Nação do Fogo, Ming e Lee eram demais, o povo era demais, todos eram demais e eu estava realmente me sentindo da família real.

Fiquei inerte em meus pensamentos até que bateram na porta do quarto.

-Quem é? – perguntei.

-Somos nós!

Ming e Lee entraram quase quebrando a porta de tanta alegria.

-Passou! Você passou pelo teste de dominação de fogo! – Ming me deu um abraço apertado que quase esmagou meus pulmões.

-É... passei... – tentei falar enquanto ela me apertava.

-E você vai partir amanhã, não é? – Lee perguntou tristonha.

-Sim, mas não fiquem tristes. Assim que eu terminar o treino de dominação de ar eu volto para cá, eu prometo! – abracei as duas.

-Tudo bem, sem tristeza. Que tal uma festa de despedida? – Ming estava quicando de alegria.

-Claro! A idéia é ótima! – falei.

-Então fique aqui no quarto e quando estiver tudo pronto nós te chamamos. – Lee sorriu.

-Tudo bem senhoritas, eu fico aqui e espero vocês. – coloquei as mãos para trás e cruzei os dedos.

-Estamos de olho! – Ming colocou o dedo indicador e o do meio nos olhos e depois apontou pra mim.

Elas saíram cochichando e eu sentei na cama pensativa. Fui até o espelho e me olhei. Meu kimono da nação do fogo estava chamuscado em alguns lugares, tirei a calça e olhei minha perna esquerda, a cicatriz ainda estava presente na pele morena, a toquei e ainda estava com algumas partes meio desinformes, não doía, mas me deixava com muita raiva. Continuei olhando meu reflexo até que algo brilhante me fez olhar pro meu pescoço. A correntinha do Reino da Terra ainda estava ali, depois de quase um mês eu tinha esquecido Masami. Tirei a corrente do pescoço e fiquei brincando com ela com as mãos, acabei me lembrando do que Masami falou a ultima vez que nos vimos: “Pra você lembrar de mim.”. Masami era um rapaz muito gentil, a garota que tivesse a sorte de tê-lo como namorado seria muito feliz. Eu tinha gostado de Masami, em uma das noites no Reino da Terra ele me deu uma flor, disse que era para eu nunca esquecer que ele era meu amigo. Em outra noite ainda estávamos sentados no jardim observando as estrelas e ele passou o braço atrás das minhas costas e me deu um abraço de lado, deitei minha cabeça no ombro dele e ficamos olhando o céu.

Fiquei sorrindo que nem uma idiota em frente ao espelho, coloquei a corrente no pescoço de novo e resolvi treinar a dobra de terra enquanto Ming e Lee organizavam a festa de despedida.

Pulei a janela e corri para o bosque, procurei um lugar que fosse mais distante possível do palácio pra ninguém ver que eu estava dobrando. Comecei dobrando pedrinhas, depois comecei a dobrar paredes e rochas sólidas. Me vinham memórias de Masami dobrando a terra com tamanha exatidão que me deixava com um pouquinho de inveja, ele sempre estava de regata branca colada no corpo mostrando os músculos de dobrador de terra e apesar da pouca idade parecia ser um homem completo. Tentei espantar as lembranças que me deixavam com saudades e voltei à dobra, enquanto eu dobrava vi alguém se aproximando de onde eu estava. Era um garoto e vinha devagar e parecia estar sorrindo. Depois de dois minutos consegui distinguir quem era e eu não podia acreditar, era Masami!

-Não acredito que é você! – corri na direção de Masami e o abracei.

-Eu não consegui ficar longe da minha pupila. – ele me abraçou forte.

-E o que o meu super-professor veio fazer na Nação do Fogo? Me vigiar para ter certeza que eu estava treinando?

-Acho que é isso. – ele mordeu o lábio inferior.

-Estou tão feliz que está aqui! – falei mais alegre do que queria.

-E eu estou feliz por estar aqui. – ele sorriu.

-Vem, quero te mostrar o palácio. – puxei ele pelo braço até a cidade.

Ia mostrando tudo pra ele, Masami parecia encantado com tudo que via. Por final eu mostrei o meu quarto e ficamos por ali até Ming e Lee chegarem.

Quando as meninas chegaram levaram um susto com Masami dentro do meu quarto.

-Mas quem é esse?! – Ming perguntou assustada.

-Meninas eu estava treinando a dobra de terra e acabei achando Masami!

-Na verdade, eu que te achei. – Masami falou sorrindo.

-Masami? Você é o dobrador de terra que ensinou a Nikki. – disse Lee.

-Sim, sou eu mesmo.

-Hum... Nikki fala muito de você quando está treinando. – Lee falou com um sorriso maldoso.

Corei na hora e Masami soltou um risinho baixo.

-Ahn... – Ming deu um pigarro. – Nós preparamos a festa Nikki.

-Já? Vocês são muito rápidas com as coisas! – não acreditei.

-Muito obrigada, mas temos que preparar os convidados e o seu convidado não pode ficar aqui dentro, vou levá-lo até um quarto na ala masculina. – Lee empurrou Masami pra fora do quarto e eu fiquei com Ming no quarto.

-Ele é muito bonito. – Ming disse.

-É mesmo... Quer dizer! Ahn... ele é... bonitinho. – tentei disfarçar.

-Sei... – ela me olhou de canto de olho. – Vamos, temos que ir buscar o seu vestido.

-Vestido? Mas eu queria vestir minhas roupas normais! – reclamei.

-Você vai gostar desse, e eu vou te arrumar direitinho pra você se sentir... você mesma.

-Tudo bem, um pouquinho de vaidade não mata ninguém. – dei de ombros.

-E ainda consegue atrair um certo dobrador de terra. – Ming cantarolou.

Joguei o travesseiro no rosto dela e saímos do quarto. Ming me levou até um salão grande com uma cadeira diferente no centro, aos lados havia cabides com várias roupas, uma mesinha de canto com frasquinhos pequenos e uma penteadeira do lado com pentes, escovas e outras coisas que eu não consegui ver bem.

Duas moças com roupas iguais me levaram a cadeira esquisita, era uma cadeira para lavar cabelos. Começaram a lavar o meu cabelo num puxa-puxa insuportável. Depois encheram meu rosto com um creme azul e depois começaram a mexer nos meus pés e mãos. Aquilo definitivamente não era pra mim, passei a vida toda vivendo em uma casa praticamente de gelo, treinando a dobra de água como um garoto e vivia cheia de machucado, e essas coisas de menina nunca me agradaram.

Depois de passarem coisas esquisitas no meu rosto Ming me levou pra frente da penteadeira e voltou a mexer no meu cabelo.

-Espero que você não fique puxando o meu cabelo. – falei.

-Para de reclamar garota!

Depois de arrumar o meu cabelo Ming começou a passar maquiagem no meu rosto, me senti uma boneca, uma garota – que seria a Ming. – brincando com uma boneca – ou seja, eu.

Ming me mostrou o vestido, não era nem um pouco parecido com o do festival, ele ia até os joelhos e era muito parecido com vestidos de festa da Tribo da Água, era azul cheio de detalhes bancos e marrons.

-É muito lindo Ming! – exclamei.

-Eu falei que iria gostar, pessoas me ajudaram a criar esse vestido pra você. – Ming ficou olhando o vestido. – Agora chega de papo e vem logo para eu te ajudar a se vestir.

Vesti o vestido e o melhor de tudo era que eu poderia usar minha bota de lã sem medo, ela combinava com o vestido. Terminei os últimos retoques na roupa e me olhei no espelho. Não acreditava no que eu via, parecia que era uma pintura e não um espelho. A maquiagem estava impecável, o meu cabelo tinha sido preso para cima fazendo uma bagunça organizada, tranças se misturavam com fios soltos e alguns enfeites prateados, o vestido caiu como uma luva e o colar que Masami me dera ainda estava ali, cintilando com a luz.

-Tem certeza que sou eu? – toquei meu rosto.

-Sim, é você sim, e você está linda. – Ming segurou meus ombros por trás.

-Caramba, ainda não acredito que sou eu.

-Acredita sim. Agora quem vai se arrumar sou eu. – Ming ia saindo da sala. – Não saia daqui! Quero que as pessoas fiquem surpresas.

Fiz que sim com a cabeça e fiquei esperando ela sentada em frente ao espelho. Eu estava muito diferente do que estava de tarde, minha pele parecia estar mais macia, Ming fez uma maquiagem muito simples, mas aquilo me deixou tão... outra pessoa. Quer dizer, ainda era eu, mas digamos que melhorada.

Depois de esperar quase uma hora Ming entrou saltitando pela sala até mim. Ela estava com um vestido preto curto e sem mangas, e sapatilhas pretas com detalhes dourados, os cabelos estavam soltos e faziam leves ondas nas pontas, a boca vermelha cor de sangue e as bochechas rosadas.

-Você está linda! – falei.

-Nós estamos. Agora vamos logo por que não quero me atrasar. – ela me puxou pela mão até a porta.

Fomos até o lugar da festa e eu me surpreendi, o lugar estava lindo, todo bem decorado com várias luzes e algumas lamparinas de fogo, várias pessoas já dançavam na pista de baixo. Uma escadaria enorme separava a entrada da pista de dança, várias cadeiras e mesas com enfeites de flores. Consegui ver Lee dançando com Meiko, eles pareciam muito... íntimos.

Ming saiu de perto de mim e foi até um rapaz que controlava a musica e de repente tudo ficou silencioso.

-Meninos e meninas aqui presentes, - garoto começou a falar no microfone. – eu lhes apresento o nosso Avatar: Nikki!

Uma luz forte cegou meus olhos e eu ouvi aplausos, fiquei muito envergonhada, Ming não precisava ter feito aquilo.

Desci as escadas e Ming me deixou sozinha no meio de muitas pessoas, eram em maioria adolescentes mais ou menos a minha idade. Fui até a mesa de bebidas e peguei um suco de lichia e fique ali do lado da mesa olhando as pessoas dançar. Ming e Lee pareciam ter nascido para festas, eram muito animadas, sabiam conversar bem e dançavam bem, além de serem lindas e serem princesas. Lee tentou me puxar para dançar, mas digamos que eu pareço um pato. Continuei ali encostada na mesa até que alguém me chamou.

-Nikki.

Me virei para ver quem era e quase me arrependi de ter olhado.

-Ah... Lin. – falei com tom de desprezo.

-Eu quero te pedir desculpas pela perna. – ele colocou a mão na nuca.

-Tá, desculpas aceitas.

-Vai continuar me dando gelo?

-Não estou te dando gelo nenhum, esse é o meu jeitinho de conversar com quem queima minha perna. – virei de costas pra ele.

-Mas eu acabei de te pedir desculpas! E além de tudo foi você quem me atacou primeiro.

-Eu?! Você é quem me provoca e sou eu quem leva a culpa?!

-Provoquei? Fiz uma carinha sorridente e te provoquei? – ele ficou indignado.

-Quer saber? Eu vou dançar. – peguei o copo de suco e sai de perto dele.

-Deixa de ser turrona garota! – Lin segurou meu braço.

-Solta o meu braço agora antes que eu solte a minha mão na sua cara. – estava me remoendo de raiva por dentro.

-Eu solto, se você dançar comigo. – ele propôs.

-Sabe aquele esfregão ali no canto da parede? – apontei. – Então, dança com ele! – puxei meu braço com força.

Tomei o ultimo gole do suco e sentei em uma poltrona vermelha na varanda, respirando muito fundo pra não voltar e enfiar a mão na cara daquele garoto abusado.

Fiquei ali olhando as estrelas e de repente senti uma mão tocando meu ombro.

-Finalmente te encontrei.

Olhei para trás e um sorriso involuntário surgiu no meu rosto. Masami estava em trajes formais do Reino da Terra.

-Que bom que me encontrou, não gosto de festas e eu estava um pouquinho irritada.

-E eu não te deixo irritado? – ele sentou-se ao meu lado.

-Não, você me deixa alegre. – segurei a mão dele.

-Já que te deixo feliz, quero que você me deixe feliz dançando comigo. – Masami puxou meu braço me tirando da cadeira.

-Se você soubesse o quanto eu danço o mal não pediria pra dançar comigo. – tentei me esquivar.

-Eu te ensino, aulas de dança e bailes de alta sociedade devem servir pra alguma coisa. – ele riu.

-Se você insiste. - dei de ombros.

-Ah! A propósito, você está muito linda. Vestidos lhe caem bem. – o rosto dele se encheu de rubor.

-Obrigada, e você está muito elegante. – também corei.

-Eu sei. – ele sorriu maroto. – Agora vamos antes que a festa termine. – ele pegou a minha mão e me levou até a pista de dança.

Bem na hora que chegamos na pista uma musica lenta começou a tocar. Masami me olhou com os olhos brilhando e pegou minha mão de leve, cheguei mais perto de Masami e segurei o ombro dele. Masami passou o braço na minha cintura e eu o olhei bem nos olhos.

-Masami, eu não sei dançar, é melhor a gente parar. – tentei me afastar um pouco.

-Shh... – ele colocou o dedo indicador na frente dos lábios e me puxou pra ele. – Pisa nos meus pés.

-Mas pra que eu vou pisar nos seus pés? Eu sou mais pesada do que pareço! – tentei reclamar.

-Anda faz isso logo, ta todo mundo olhando. – ele riu baixinho.

Fiz o que ele mandou, pisei nos pés dele e Masami começou a balançar no ritmo da musica.

Era ótimo estar com Masami, finalmente percebi que gostava dele de verdade e o melhor de tudo: Masami parecia sentir o mesmo por mim.

A musica acabou e eu desci dos pés dele. Ficamos ali abraçados olhando um para o outro por segundos até que fiz algo impensável. Sem pensar muito fechei os olhos e beijei Masami na frente de todo mundo, meu primeiro beijo.

Depois de abrir os olhos novamente olhei meio assustada pra Masami, mas ele me olhou sorrindo e me abraçou de novo.

-Não sabe o quanto esperei por isso. – ele falou baixinho.

-E você não sabe o quanto que eu estou envergonhada. – sorri e meu rosto estava ardendo.

-Quer dançar mais um pouco?

-Não, eu acho que quero passear lá fora.

-E o que estamos esperando?

Peguei na mão de Masami e saímos do local da festa. Andar a luz da Lua era incrível, e a Lua estava na fase Crescente, então dava uma boa claridade. Nós passeamos de mãos dadas pela cidade tranquilamente, e pela primeira vez na vida não me incomodei de ser vista com um garoto.

-Posso te dizer uma coisa? – Masami perguntou.

-Pode. – dei de ombros.

-Eu acho que você fica mais bonita sem maquiagem e com sua roupa da Tribo da Água... – eu abri a boca pra falar, mas ele me interrompeu. – Quer dizer, você está linda agora, mas digamos que eu prefira você sem tudo isso. – ele me olhou de cima a baixo.

-Sabe que eu também prefiro ficar sem tudo isso? – sorri um pouco brincalhona. – E você prefere?

Ele me olhou, olhou pra frente e disse:

-Prefiro, não gosto de ver você cheia de frufru, me faz sentir que não tenho chance nenhuma com você.

-Então se eu estiver em meus trajes normais você tem chance comigo?

-Fala a verdade você gosta de mim, eu gosto de você e tudo isso está resolvido. – ele parou na minha frente.

-Ok. Tudo resolvido. – estendi a mão para um aperto.

Masami apertou minha mão e me abraçou.

Passamos o restinho da noite na praça e quando deu meia-noite ele me levou até a janela do meu quarto.

-Vou sentir a sua falta quando estiver fora. – Masami disse triste.

-Não se preocupe vou dar um jeitinho. – franzi o nariz e toquei a ponta do nariz dele com o dedo indicador.

-Fiquei com medo de você agora.

-Pois fique com muito medo, eu sou muito perigosa. – dei meu melhor sorriso ameaçador.

Nos beijamos de novo.

-Boa noite. – eu disse.

-Boa noite. – disse Masami.

Ele fez uma escada com a terra até a janela e me ajudou a subir segurando minha mão de leve até eu estar dentro do quarto. Ele foi saindo de perto da janela e eu fiquei o observando, ele estava andando de um jeito descontraído, estava feliz. Sorri e coloquei minhas roupas normais pra dormir.


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Notas finais do capítulo

O leitor que me mandou um review (I Love you!) falou sobre os detalhes... é que eu não tenho a imaginação de escrever detalhes... eu sou meio travada. Enfim, prometo que vou tentar :D