Te Odeio Tanto Quanto Te Amo escrita por gui


Capítulo 3
Capítulo 3: Dois Sóis no Mesmo Dia


Notas iniciais do capítulo

Não digo que não me surpreendi
Antes que eu visse, você disse
E eu não pude acreditar...
Cássia Eller - O Segundo Sol



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- Cath? – eu a chamo percebendo que ela estava cansada, mas não queria parar. Ela continua caminhando na minha frente puxando o meu braço, eu paro e ela para também por causa da algema.

- o que foi? – ela olha pra mim e dá um suspiro.

- isso não faz sentido, a gente nem sabe pra onde está indo. E você esta cansada, eu também estou vamos descansar e pensar em como sair daqui.

- tudo bem. – ela aceita depois de pensar um pouco, ela se senta puxando meu braço para baixo, eu me sento ao lado dela. Nos tínhamos andado bastante, talvez estivéssemos ficando ainda mais longe da cidade, pois não sabíamos para onde ir, todo parecia igual, o sol já tinha uma força ainda maior, eu sentia um calor desgraçado, eu decido tirar a camisa. Começo a desabotoar os botões e ela me para.

- não o que está fazendo?

- tirando a blusa. – ela começa a rir. - O que? Não quer me ver sem camisa?

- te ver sem camisa parece tentador, mas esse sol vai deixar você ardendo, acredite é melhor ficar de camisa. – ela me olha ainda sorrindo.

- o que eu faria sem você? – eu pergunto, ela me olha e depois olha para frente, o que era só areia, uma brisa nos atinge e os cabelos dela balançam bem pouco, pois a brisa foi fraca, ela fecha os olhos. Seus cabelos estavam molhados de suor em volta da testa, uma gota de suor desce de sua testa e escorre pelo pescoço dela entrando em seu decote, eu me perco por um minuto a olhando, olhando seu corpo, Deus como ela é linda.

            Ela me corta de meus pensamentos impuros se levantando e me puxando para cima.

- ta legal, acabou a folga, vamos continuar.

- mas Cath não podemos andar sem rumo se estivermos nos distanciando da cidade?

- o que não podemos é ficar aqui, se não vamos morrer torrados.

- é não me parece uma maneira legal de morrer. – eu me levanto e continuamos a caminhar.

            Andamos pelo que me pareceu uma hora e cada vez mais eu tinha certeza de que a cidade estava ficando pra trás.

- você fuma? – ela me pergunta do nada enquanto caminhávamos sabia que era por causa do isqueiro.

- fumo, maconha! – eu disse olhando para ela com uma cara muito seria, e ela me olhou com uma cara também seria e surpresa. Ela parou de andar e disse

– ah ótimo estou acorrentada a um maconheiro irritante. – gostando da brincadeira começai a enfiar as mãos nos bolsos como se estivesse procurando alguma coisa.

- eu ainda devo ter algum aqui, está afim? – ela me olha ainda mais seria.

- você está louco? – ela me pergunta e eu começo a rir, não consegui segurar a cara de espanto que ela fez foi muito fofa.

- isso não é engraçado!

- é sim – eu digo ainda rindo. – eu não fumo maconha, nao fumo nada foi uma brincadeira.

- idiota. – ela começa a me dar tapas no braço. Eu seguro as mãos dela.

- você gosta de me bater heim? Talvez seja um pretexto pra me tocar.

- ah coitado! – ela começa a andar de novo soltando suas mãos da minha como se adiantasse por causa da corrente, merda lá vai ela, não aquento mais andar de onde essa mulher tira tanto fôlego?! Vou tentando acompanhar ela, voltando a pergunta que ela me fez eu a respondo.

- O isqueiro foi um presente de um amigo, eu sabia que ia me ser útil algum dia. – eu ando ao lado dela, nossos braços se encostavam por estarmos algemados, o calor era insuportável e a cada momento eu tinha mais vontade de agarrar ela.

- quando eu fui para o Afeganistão, nos ficamos no mesmo batalhão e nos tornamos amigos, serio ele é um idiota, mas naquele lugar você faz amizade até com uma pedra.

- deve ter sido horrível, não é? – ela me olha com um olhar de pena, eu odiava esses olhares, mas ela fez de um jeito que pareceu mais um olhar de compreensão do que de pena.

- é foi sim, Jerry o meu amigo do isqueiro decidiu que iria ficar mais um ano servindo ao nosso país, mas eu não, não via a hora de sair de lá, correndo risco de morrer a qualquer momento, sem conforto nenhum, sem mulheres, aquilo era o inferno. No mês passado recebi a noticia de que Jerry tinha morrido, foi baleado em uma missão.

- eu sinto muito. – eu levanto o olhar para ela e seu olhar me dizia que ela realmente sentia muito, seu olhar tinha uma verdade, uma confiança que me encantavam.

- acha que valeu a pena? – ela me pergunta e eu a olho com um sorriso triste.

- claro, eu nunca me arrependo de nada.

- não perguntei se você se arrependeu.

- na verdade eu acho que não valeu de merda nenhuma para a guerra, mas pra mim valeu muito, eu aprendi muitas coisas, eu pude entender melhor a vida e agora eu não deixo nada me abalar, eu digo que se você já teve uma arma apontada pra sua cabeça você pode passar por tudo.

- bom saber disso. – eu sorrio pelo comentário dela e ela também sorri pra mim.

- bem, agora é a sua vez!

- minha vez de que? – ela me pergunta

- de se abrir comigo como eu fiz.

- ah pode esquecer não gosto de falar da minha vida.

- ah qual é senhora durona. – eu digo em tom de brincadeira a fazendo sorrir.

- ta bem! O que você quer saber?

- o que mais te irrita nesse trabalho. – ela me olha com uma cara de que lá vem piada.

- o que mais me irrita é apanhar de um terrorista, ficar perdida no deserto, com sede, fome e acorrentado com uma pessoa completamente irritante, mas o pior de tudo isso é estar gostando de ficar acorrentada a ele. – eu a olho um pouco surpreso não esperava que ela fosse dizer isso assim de uma vez, eu fico olhando nos olhos dela por um longo momento eu deveria estar parecendo um idiota, mas eu me perco em seu olhar. Eu levo minha mão ao rosto dela e acaricio sua face retirando uma mecha de cabelo dos olhos dela, nos estávamos de frente um para o outro, proximos, sua pele estava quente, me aprximo ainda mais, então ela morde seus lábios e desvia seu olhar começando a caminhar e me puxando mais uma vez.


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