Do You Speak Italian? escrita por Caroline Lemos, Caco


Capítulo 3
Tom - parte 2




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-TOM, ACORDA! -Gritou meu pai, batendo a porta.

-Hmm? -Perguntei, abrindo os olhos. -Já é de manhã?

-Claro que não. -Ele falou. -Já esqueceu do jantar?

-Jantar? -Perguntei. -Não to com fome...

-Não, o jantar que eu vou te levar. Da minha empresa nova. -Ele disse. E eu lembrei. Ele tinha dito antes de a gente ir viajar. Que cada funcionário teria que levar um filho para apresentar para os outros. É, mais um daqueles jantares toscos do tipo "olha, esse é meu filho, tenho tanto orgulho dele". Mas eu ia ter que aguentar. Prometi pro pai que iria, afinal.

-Aé. -Eu falei, levantando devagar. -Tem problema se eu dormir no meio?

-Tom, você tem o dia inteiro amanhã pra dormir. -Ele disse. -Da pra fazer esse favor? Vai tomar banho.

-Ta, ta, pai. -Eu respondi, já de mal. Afinal, por que eu tinha que levantar da minha cama e ir pra essa porcaria de jantar? Eu não mereço isso. E sim, eu mudo de temperamento rápido. Peguei as roupas na mala e fui "inaugurar" o banheiro. Tomei meu banho rapidamente, pois eu corria o risco de dormir ali no chão mesmo, se eu desse bobeira. Sério, um garoto como eu, que ama dormir, privado de sono pro quase 24 horas. Não da certo. Simplesmente não.

Sai do banho, coloquei a camiseta social e o blazer que o pai tinha comprado pra que eu fosse "arrumado" na tal festa. Eu não era daqueles garotos que demorava pra se arrumar. Aliás, eu era rápido até demais. De qualquer jeito, botei a calça jenas azul escura, o sapato e desarrumei os cabelos. Sai do banheiro e meu pai já estava de terno me esperando do lado da porta do banheiro.

-Demorou, hein? -Ele perguntou.

-Qual é a pressa? -Perguntei.

-O jantar é as oito. -Ele disse.

-E? -Continuei perguntando.

-Já são oito horas. -Ele disse.

-Ah, você queria chegar na hora? -Eu perguntei, fingindo-me de surpreendido. -Ah, desculpa, pai, mas você devia ter avisado!

-Eu não precisava nem avisar, né, Tom. -Ele falou. -Vamos, vamos, pro carro.

-Ok, pai. -Eu falei, descendo as escadas da casa nova e encontrando minha mãe e meu irmão vendo filmes no sofá. -Ué, por que você não levou o Will?

-Ele é pequeno demais. -Disse meu pai, descendo as escadas depois de mim.

-Depende do que você quer dizer com pequeno. Ele é mais alto que... -Eu fiquei pensando. -Que algumas formigas.

-EI, TOM! -Gritou meu irmão. Ele sempre ficava irritado quando brincavam com a altura dele. Por que ele era baixinho para a idade.

-Tom, pro carro, AGORA. -Falou meu pai. É, agora ele tinha ficado irritado. Eu sorri, dei tchau para os dois no sofá e sai de casa. Meu pai saiu um pouco depois de mim, de cara amarrada, e entrou no carro. Entrei no banco da frente ao lado dele e pus o cinto.

-Escuta aqui, Thomas. -Oh-oh, ele me chamou de Thomas. -Se você não se comportar DIREITO nesse jantar, pode esquecer aquele show.

-Você não faria isso! -Exclamei, preocupado. -Pai, é o GREEN DAY!

-É, aquele barulho que você ouve todo dia. -Ele resmungou. -Espero que tenha escutado.

-Pai, você prometeu.

-Ainda ta prometido. Só toma cuidado com suas ações enquanto estivermos lá. -Ele disse. -Vai que eu esqueço que essa barulheira existe? Bem que seria bom.

-Mas que merda. -Eu disse. Meu pai não falou mais nada, e ficamos em silêncio até chegarmos num restaurante enorme, daqueles que só elite frequentava.

Saímos do carro, meu pai deu uma ultima olhada pra mim do tipo "não esqueça", e continuou andando. Como se eu fosse esquecer. Era a unica coisa que me animou de vir pra cá. O meu primeiro show do green day. Minha banda favorita. Ele não ia tirar isso de mim, mas nem por cima do meu cadáver!

Nós dois andamos então até o restaurante.


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