Passei aquela manhã inteira desejando que as aulas passassem rápido e quando o sinal finalmente tocou a vontade de sair do ombro do Tom era mínima. Ele me abraçava com um dos braços por cima do ombro agora. Tinha um perfume realmente bom. Tom sorriu pra mim quando o sinal tocou e então nos levantamos para guardar os materiais. Ficamos em silêncio por todo o corredor até a saída da escola.

–O que você gosta de comer? – perguntei quando já estávamos do lado de fora do prédio.

–Hm. Não sei. – ele disse, pensativo. –O que você for comer pra mim está bom. – ele sorriu.

–Olha, tem um cara que vende cachorro quente no parque aqui perto. É ótimo. E tem bastante tempo que eu não vou lá, o que acha?

–Cachorro quente no almoço? – ele riu, me encarando.

–Que foi? Vai dizer que nunca comeu um? – eu o olhei, perplexa.

–Já, mas... não no almoço. – ele riu.

–Italiano só come macarronada? – eu ri e ele apenas girou os olhos – Vamos lá, vai. Sempre tem uma primeira vez – eu ri e puxei-o pela mão. Andei todo o caminho alegremente ao lado dele, que não soltou minha mão nem por um momento. - Então, me conta como era a vida lá na Itália – perguntei para quebrar aquele silêncio chato.

–Ah, era normal... – disse, olhando fixamente pra mim.

–Que foi? Porque ta me olhando assim? – o encarei, confusa.

–É que... – ele se interrompeu, olhando para os próprios pés.

–É que o que? – perguntei, já bastante curiosa. Ele ficava tão fofo com vergonha.

–Eu queria te dizer uma coisa... – ele olhava pra frente agora, sorrindo.

–Diz, ué. – sorri, olhando pra frente também.

–É que eu to meio.. hm.. afim de você.

–Ah... – eu disse, corando violentamente. Meu coração começou a bater acelerado. –Só meio? – eu provoquei, fingindo estar desapontada.

–Não! – ele disse, apressado, mordendo o lábio inferior de um jeito extremamente provocante. –É só que...

–Também to afim de você – o interrompi e ficamos sorrindo sem olhar um pro outro por um momento. Então ele parou de andar, olhando bem para os dois lados, certificando-se de que não tinha ninguém por perto pra interromper outra vez e me puxou bem rápido pela cintura pra perto dele. Tom aproximou seu rosto do meu e mordeu meu lábio inferior, puxando de leve e sorriu, separando-se de mim. Fiquei parada, com cara de quem não tava entendo nada. Ele estava me provocando, é isso? Provavelmente se vingando pelo que acontecera no corredor antes da aula de física. O garoto estava com sorrisinho vitorioso e voltou a andar, segurando a minha mão de volta. Eu não comentei nada sobre aquilo até chegarmos ao parque. Ele ainda ia conseguir me enlouquecer.

Pegamos o cachorro quente e fomos sentar na grama, debaixo de algumas árvores. O dia estava simplesmente perfeito.

–É ótimo! – o moreno disse, depois da primeira mordida. Eu não respondi nada. Ficamos comendo em silêncio por um tempo –você tá brava comigo, Claire? – ele parou de comer.

–Porque eu estaria? – o encarei.

–Desculpa por aquilo. É que eu pensei que... – ele disse, olhando para cima –Já que esperamos tanto por esse beijo... Ele podia ser um pouco mais romântico do que isso – ele olhou fundo nos meus olhos. Por um instante, eu acho que esqueci de respirar. Senti minhas bochechas esquentando.

–Você diz isso pras italianinhas, é? – o encarei, dando uma grande mordida no último pedaço de cachorro quente. Ele riu, girando os olhos. –O que? – eu disse, ainda mastigando. –como você faz pra beijar elas então? – o encarei.

–Normalmente é mais fácil. – ele disse, limpando a boca com o guardanapo.

–Ah, então é só você sorrir e dar uma piscadinha com esses lindos olhos verdes e ai tão na tua? – eu brinquei e ele riu.

–É que eu nunca fiquei tanto afim assim de alguém tão rápido. – ele me encarou outra vez e eu tive que me lembrar de como respirar era importante.

–Eu nem sou tão bonita assim – olhei pros meus pés.

–É claro que é. Mas não é só isso. – ele sentou mais perto. BEM perto.

–Não é? – eu disse olhando pro chão.

–Olha só, você é linda, tua banda preferida é a mesma que a minha, tem um voz linda, fala italiano, toca violão... – ele sorriu. –Você é perfeita – ele afastou uma mecha do meu cabelo que tinha caído no rosto, como do lado de fora do restaurante naquele dia.

–Não sou perfeita. – fiz uma carranca.

–Tem razão, não é. – ele riu e eu o encarei. –Você é difícil – ele parou, parecia pensativo –Quer saber? é melhor assim.

–Ah, vem cá, vem – eu sorri e preenchi o vazio de seus lábios com os meus. Tom correspondeu o beijo logo de cara me trazendo pra perto dele. E que beijo. Começou suave, e depois o moreno foi aumentando o ritmo. Quando ele finalmente separou sua boca da minha, estávamos ofegantes.

–Finalmente – ele sorriu e eu fiquei olhando em seus olhos. Estavam com um brilho diferente. Então o moreno voltou a me beijar, com mais vontade ainda. Fiquei brincando com uma mecha do cabelo dele. O garoto foi aprofundando o beijo, cada vez grudando mais o meu corpo contra o seu. Ficamos um bom tempo assim, brincando com nossas línguas, sem desencostar os lábios, até que eu parei, arfando por ar. Tombei na grama com um sorriso bobo nos lábios e Tom riu, deitando ao meu lado.

No próximo capítulo...

(...)

Estava ficando frio, então eu emprestei meu casaco a ela. Na verdade nem estava tão frio assim, o que eu queria mesmo era poder sentir o cheiro dela naquele casaco quando ela devolvesse. Eu sei que parece idiota, mas ela tem um cheiro realmente bom. Claire vestiu o casaco depois de muito protestar e ela ficava bonita com ele, mesmo ele sendo maior do que ela.

(...)