-Finalmente chegamos! -Exclamou o Sr. Watterson, mais conhecido como meu pai, abrindo a porta. Ok, a casa não era tão ruim assim. A porta da frente dava nessa sala com paredes brancas e piso de madeira. O nosso velho sofá estava lá. As duas poltronas brancas... a estante, a TV... tudo igual. Exceto pela casa, lógico. Ao meu lado havia uma escada para o segundo andar e do outro lado do aposento, uma porta que daria para algum outro lugar.

-Podemos ver os quartos? -Perguntei.

-Vai lá. -Disse meu pai, dando um tapa na minha cabeça. Então eu e Will, meu irmão mais novo, subimos as escadas correndo para ver os quartos, deixando meu pai e minha mãe lá embaixo. Tudo que eu queria era uma cama, depois de tanta viagem. A escada dava num pequeno piso onde havia quatro portas. Abri a primeira a direita, e era o banheiro. Fechei, abri a próxima. Quarto do meu irmão. Dava pra ver pela cama e pela cor verde das paredes. Will entrou de primeira, esbarrando em mim e começou a procurar os brinquedos nas gavetas. É, ter dez anos deve ser difícil. Eu não me lembro dessa época. Ri comigo mesmo e abri a próxima porta. Sim, o meu quarto. Grande, espaçoso, com um armário, uma cama, uma estante com os meus livros, uma outra com quatro gavetas e a minha TV, e a minha cama. Corri e me joguei na cama.

Ah, como era bom deitar novamente. Depois do atraso do avião, já fazia quase um dia que eu não me deitava direito. Eu sabia que daqui a pouco eu desmaiaria. E quando eu desmaio de sono, ninguém consegue me acordar até o outro dia. A sorte é que havíamos chegado lá sábado, e só teria que ir enfrentar as pessoas no novo colégio na segunda. É, eu não estava muito afim de aprender a falar outra língua. Me inglês era bem escasso para morar na Inglaterra, mas meus pais me obrigaram a vir para Liverpool assim mesmo.

A propósito, meu nome é Thomas. Thomas Watterson. Claro que meu apelido era Tom. Mas isso não fazia muita diferença agora. Meus pais são ingleses, e sempre foram, mas moraram na Itália por um bom tempo. E foi lá que eu e meu irmão nascemos. E só sabemos falar italiano. Nosso inglês é terrível, e entendemos pouco demais. O pai disse que logo vou me acostumar, mas acho difícil. Deixei TODOS os meus amigos pra trás. Tudo que eu tinha. Sim, foi a pior época da minha vida. Mas com isso, eu já lidei. O que eu quero ver é eu arrumar amigos aqui, falando o que eu sei de inglês.

Tudo que eu posso fazer é ME desejar boa sorte.