Sabe quando você tem aquela sensação de estar sozinha? Eu me sinto assim o tempo todo, mesmo estando cercada de pessoas, pessoas que me amam e querem meu bem, eu não posso evitar me sentir assim, é como se nada fizesse sentido, nada fosse bom o suficiente, eu queria mais. Eu queria ser feliz, mas será que é tão difícil?

Meu celular tocou, olhei no visor e vi que era Caroline, minha melhor amiga. Eu não atendi, sabia que ela queria falar sobre a festa que teria na escola, que eu não estava nem um pouco a fim de ir. Ela adora essas coisas, mas eu não. Prefiro ficar em casa e ver um filme, ler um livro, ficar ouvindo minhas músicas do que ir a festas.

Ela ligou novamente. Então desliguei meu celular. Sabia que não devia fazer isso com ela, mas quando ela coloca uma coisa na cabeça, é impossível tirar, e ela colocou na cabeça que eu vou nessa festa, e é claro que eu não vou.

– Elena - minha mãe abriu a porta devagar – Caroline está ai, ela quer te ver - ela sorriu.

– O QUE? - dei um pulo da cama e gritei sem querer.– Ela não desiste nunca!

– Vou falar pra ela subir - ela saiu rindo.

Bufei de raiva, até que ela entrou no meu quarto sorridente.

– Não pode fugir de mim - ela cantarolou.

– Eu te odeio - bufei.

– Eu também te amo, mas agora vamos resolver os detalhes da festa - ela sorriu.

– Eu não vou ir nessa festa Caroline!

– Ah, você sabe que vai! 

– Não, não e não. Você não vai me controlar com esse sorrisinho. Não mais - me levantei e fechei a porta do guarda-roupas que ela estava abrindo.

– Por favor Elena! Você precisa disso, de novos ares. Quem sabe até um namorado, e isso não se encontra dentro de casa! -ela falou e fez um bico.

– Não me faça brigar com você- falei irritada.

– Qual é o seu problema? - ela falou alterada.– Elena eu não aguento mais! Eu faço tudo pra te ajudar, pra tentar de salvar de você mesma! Você está se destruindo. Eu sou sua única amiga, porque ninguém mais aguenta essa sua melancolia, essa sua depressão. E eu não sei se posso mais também. Você faz de tudo pra afastar as pessoas, sendo que o que você mais precisa é da ajuda delas- ela parou um segundo, e enxugou uma lágrima– Lute! Você tem apenas dezessete anos, sua vida está no começo, não no fim, não fique se lamentando pelo que não aconteceu, e sim faça acontecer! Sei que você sofreu com Matt, mas ele não é o único cara da Terra, ele não é a única pessoa do mundo. - pausa – Você não vai na festa que todos vão, pra que? Pra ficar lendo livros depressivos? Ouvindo músicas tristes e se afundando nisso? Você não está sozinha, por mais que queira estar, então deixe-nos te ajudar, ou se ajude! - ela saiu batendo a porta.

Não pude controlar minhas lágrimas, porque por mais que tenha doído, essa era a verdade. E eu me senti mal por estar fazendo isso com Caroline, por estar acabando com minha vida e não deixá-la me ajudar, ela tinha razão afinal, ela é minha única amiga, e nem sei se ainda é. E Matt, bom foi meu primeiro e único namorado, que me fez sofrer, justamente por ser a namorada perfeita, ele não queria isso, ele só queria alguém para comer. E eu o amo, ou acho que amo. Não posso simplesmente apagar meu passado, mas Caroline tem razão, tenho que me ajudar. 

– Elena, você está bem? - minha mãe perguntou entrando em meu quarto.– Eu ouvi tudo, eu sinto muito... -ela me abraçou. 

– Não, mãe. Ela está certa, não vê no que me transformei? Nem me lembro qual foi a última vez que dei um sorriso- falei soltando minhas lágrimas.– Isso tem que acabar!

– Querida... -ela ia falar algo mais a cortei.

– Eu vou nessa festa da escola! - falei a encarando. Pude ver seu sorriso, seria hoje que eu me libertaria.