Jessica POV

Quando acordei na manhã seguinte, era como se na noite anterior tivesse saido e enchido a cara, minha cabeça estava explodindo. O sol estava batendo no meu rosto e poxa, o dia estava lindo lá fora. Olhei para o relógio que tinha na comoda do lado da cama e eram 8h48 da manhã. Olhei para o Mateus, o Guilherme e a Pamela e minha mãe, ambos dormindo ainda. Mateus estava dormindo feito um anjo, com a cabeça apoiada na mochila da escola. Guilherme e Pamela nem se fala, os dois estavam igual dois anjos dormindo. Perfeitos. E minha mãe estava dormindo, mas como eu a conhecia muito bem, sabia que um miado do outro lado do hospital acordaria ela, o sono dela estava muito leve.

Sentei na cama, me ajeitando. Sem querer, esbarrei no vaso que estava na comoda, e ele bateu na parede, fazendo um barulho, digamos, alto. Minha mãe acordou na hora. Ela se sentou no sofá aonde estava deitada e ficou me encarando.

– Então...? - eu disse, com um pouco de medo.

– Então oque Jessica? - ela respondeu, friamente.

– Porque está me olhando assim? Até parece que eu fiz alguma coisa de errado.

– E não fez?

– Não, eu apenas fui atropelada, isso não foi culpa minha.

– Você esta bem? - ela se levanta e vai para perto da cama.

– Estou. Quando vou poder sair desse hospital? Tu sabe... Eu odeio hospitais.

– Acho que hoje mesmo tu já sai. O médico só queria que você ficasse de observação por uma noite.

– Ótimo. - eu me levanto e vou ao banheiro para fazer minha higiene matinal.

Voltando ao quarto vejo que todos já acordaram, e minha mãe estava com uma careta que eu nunca tinha visto antes.

– Ta, oque esta acontecendo aqui?

– Nada filha - minha mãe levanta e passa levente a mão no rosto, como se quisesse limpar as lagrimas.

– Quando vocês vão parar de esconder as coisas de mim?! Isso já cansou, ok? - eu falo meio irritada. O Mateus olha para mim com cara de "por favor, não complica as coisas." - Ta legal, si vocês não vão me contar, eu descubro sozinha. - entrei para o banheiro novamente e bati a porta.

Fiquei com o ouvido colado na porta, tentando ouvir oque eles estavam falando. Mas eles falavam muito baixo, qua não dava para escutar quase nada.

– Como aconteceu? - era minha mãe, senti que ela estava chorando.

– Só sabemos disso, um caminhão passou por cima.

Um... Caminhão?! Do que eles estavam falando?

– Eu estou com medo, a Jessica... - era a Pamela, ela estava quase chorando também.

– Nós vamos cuidar dela, Pam. Para de chorar, por favor. - o Guilherme falou, tentando acalma-la.

– É.... Podemos conversar Gui? Digo, a sós. - (????) Será que a Pamela iria contar tudo para o Guilherme? Do Otavio e companhia?

– Claro, vamos tomar café. Aproveitamos e já conversamos sobre ele.

– Ele?

– Nada Pam, nada. Vamos?

Pamela POV

Eu estava prestes a abrir o jogo com o Guilherme. Falar para ele que achava que estava gostando de outro garoto. Não queria mentiras entre nós, não mesmo. Mas eu o amava. Eu o amava muito, com todas as minhas forças. O Otavio foi apenas... Um engano. Dormir com o Guilherme ontem anoite, abraçados, me fez perceber isso. Era com ele que eu me sentia protegida, apenas com ele. Com ninguém mais, eu amava ele, eu queria ele. Ele.

– Então, oque tu quer conversar comigo Pam? - ele diz.

– Gui... Eu, realmente não sei comote falar isso, é sério. Mas não quero que haja mentiras entre nós.

– Contar oque? - ele levanta uma sobrancelha.

– Eu... Na verdade, eu.. - ele me interrompe.

– Você conheceu outro garoto e esta gostando dele, e o nome desse garoto é Otavio. - ele dá um sorrisinho, que na verdade, eu não entendi.

– É.... Como tu sabe disso? Eu não contei isso nem para a Jessica.

– Mas contou para a sua mãe, na casa da Jessica, véspera do Natal...

– E você ouviu, claro.

– Ouvi. - ele ri.

– E porque não falou nada? Porque não veio tirar satisfação comigo?

– Porque.... Sem mentiras entre nós, certo?

– Certo!

– Eu não liguei muito, porque... Por favor, não foi culpa da Jessica, é sério! Por favor, não briga com ela.

– Porque eu brigaria com ela? - dei um sorriso amarelo - continua...

– A Jessica é apaixonada por mim, ou era, não sei direito. E... No dia que você esqueceu meu aniversário, eu fiquei muito chateado com você, e.... Eu a beijei.

– Você... OQUE?! - eu não estava acreditando naquilo, não mesmo!

– Me perdoa, foi tudo culpa minha. Só minha, eu tomei a iniciativa, somente eu! E... Naquele dia, eu descobri que eu amo a Jessica mais do que imaginei.

– Você ta me falando que é apaixonado pela Jessica? Sério mesmo? Pela minha melhor amiga, a minha melhor amiga, porra!

– A nossa melhor amiga Pamela. E sim, eu estava apaixonado por ela. Mas depois que ela voltou com o Mateus... Eu estava confuso, você não estava mais presente na minha vida e além de tudo apaixonada por outro. Como queria que eu me sentisse?!

Meus olhos encheram de lágrimas, mas eu não podia chorar. Não mesmo.

– Isso... Aconteceu, quantas vezes?

– Várias. Nós estavamos apaixonados Pam, entenda...

– Entender? Entender oque? Minha melhor amiga e meu namorado se pegam todos os dias e me fazem de trouxa e você quer que eu entenda? Realmente Guilherme, entender isso é uma coisa que eu nunca vou entender. Quem dera então admitir isso, ou até mesmo.... Perdoar.

– Olha, eu sei que nós erramos, ta? Mas eu te amo. Eu percebi isso alguns dias atras, eu te amo! De verdade, eu te amo! Eu não quero te perder princesa, por favor... - porque ele tinha que complicar tanto as coisas? Porque me chamar de princesa e segurar minha mão como si nunca fosse segura-la novamente? Porque na verdade, ele não ia segurar novamente. Eu estava muito magoada, estava com raiva dele, da Jessica, de mim.

Eu precisava pensar, precisava sair dali, não queria mais olhar para o Guilherme ou para a Jessica, só queria sumir. Eu levanto e vou andando para o quarto da Jessica, para pegar minhas coisas. Eu não podia discutir isso com ela no hospital. O Guilherme vai atrás de mim, tentando me parar. Sem sucesso.

Entro no quarto da Jessica e ela estava na cama com o Mateus, olho para ela com cara de raiva pego minhas coisas e vou andando em direção a porta. Quando chego a porta o Guilherme me barra.

– Nós não terminamos nossa conversa Pam!

– Terminamos, ah se terminamos. E aliás, terminamos a conversa, o namoro, a amizade... Tudo, ok? Sai da minha frente Guilherme!

– Não Pamela! Para, precisamos conversar!

– Ei Pam, oque aconteceu? - a Jessica pergunta.

– Você sabe muito bem oque aconteceu Jessica! Como você pode? Eu confiava em você mais do que confiava em mim mesma, como pode? Como pode ser tão... Vadia?

– Oque? Do que você esta falando Pamela? Você está ficando louca? - ela fala falando a ultima palavra olhando para o Guilherme com cara de "como você pode contar para ela?"

– Não se faça de sonsa Jessica! Agora sai da minha frente Guilherme! Sai logo antes que você fique no lugar da Jessica, no leito de um hospital.

– Não Pamela, vamos conversar!

– VAZA! - falo com muita raiva, quase chorando de tanta raiva.

– Te ligo mais tarde - ele abre caminho para mim passar.

– Pode crer que eu não vou atender. - saio do quarto e vou embora.