Diário De Uma Garota Meio Bipolar escrita por Cici


Capítulo 23
Receita pro desastre


Notas iniciais do capítulo

Amores!!! Olha quem tá aqui!! Não me matem! Eu to postando. O próximo cap já está começado até, vou demorar menos pra postar.
Gente, eu preciso de uma leitora ou leitor pra chegar a 50!! Me ajudem!! Chamem os amiguinhos pra ler!!!!
Então gente, boa leitura, espero que gostem dos caps, deixem reviews dizendo o que acharam e nos vemos lá em baixo.
Amo vocês



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-Daniel, você pode, por favor, tirar a sua criatura peluda de cima do piano? –A mãe do Daniel reclamou. Eu estava mentalmente tentando lembrar o nome da mãe do Dan, mas eu não conseguia. Comentário meio aleatório, desculpem, é que eu odeio quando eu não consigo lembrar de alguma coisa!

-Mãe, deixa o gato em paz. –Ele revirou os olhos, e falou baixinho pra mim. –Minha mãe odeia o Sombra com todas as forças. Ela só se refere a ele como a bola de pelos ou a coisa peluda.

-Tira a bola de pelos de lá e, de preferencia, tranca ele no seu quarto. –O Dan me puxou pela mão, me carregando pra não sei onde. Até eu descobrir que não sei onde era na verdade uma espécie de sala de música/biblioteca.

-Isso é o santuário da minha mãe. O meu pai tem o escritório dele, a minha mãe tem essa sala. Menos os livros, que são as únicas coisas que os meus pais dividem sem discutir.

Tinha um piano contra uma das únicas paredes que não era ocupada por estantes. Deitado em cima do tampo fechado do piano, estava o amável gato preto preguiçoso do Dan, o Sombra. Eu achava que o meu cachorro era preguiçoso, mas esse gato consegue superar ele.  Ele é quase tão preguiçoso quanto eu!

-Só me explica, seus pais gostam de ler, certo? –Ele concordou. –Como você não gosta?! Tem uns clássicos maravilhosos aqui! –Dan sentou numa poltrona que tinha num canto enquanto eu olhava os livros, animada, como eu sempre fico perto de livros. –Um conto de duas cidades, Orgulho e Preconceito, Oliver Twist, Volta ao mundo em oitenta dias, Viagem ao Centro da Terra, a Ilha do Tesouro, Poliana, Hamlet! Eu amo Hamlet.

-É bom ver que alguns jovens se interessam pelos clássicos. –Uma voz masculina que eu não conhecia falou atrás de mim. Eu me virei pra encarar um homem que eu presumi que só podia ser o pai do Dan. A semelhança era clara. Ele tinha o mesmo cabelo escuro que o Dan e os mesmos olhos azuis. Dan revirou os olhos.

-Não pai, a Emy gosta dos clássicos. Ela é uma exceção. Eu por exemplo, acho um saco.

-Você já leu algum? –Perguntei. Ele me encarou, um pouco contrariado e depois negou com a cabeça. –Os clássicos são muito legais, tá? Eu tenho uma versão de Hamlet em manga, que é com o texto original do livro. Bem é um pouco adaptado, pra caber nos balõezinhos, mas é como o livro. Você iria gostar.

-Você gosta de Shakespeare? – O pai do Dan perguntou, e eu concordei com a cabeça. –Quais você já leu?

-Hamlet, Sonhos de Uma noite de verão, Romeu e Julieta, MacBeth, A Megera Domada e Muito Barulho por nada. Mas o que eu mais gosto mesmo é Hamlet.

-O meu favorito é Rei Liar. Mas Hamlet é realmente muito bom. – Ele falou, passando a mão pela lombada dos livros, ignorando a cara de tédio forçada do Daniel. –Acho que não fomos apresentados ainda. –Ele estendeu a mão para mim. –Eu sou Elias Oakland, pai do Daniel. E você deve ser a Emy...

-Emily Silver, senhor.

-Eu ouvi algumas coisas ao seu respeito. Supreendentemente, a maior parte delas vindo da Valentina. –Não exatamente surpreendente para mim, por que pelo jeito que o Dan fala do pai, eu acho que ele nunca falaria nada sobre nenhum dos amigos ou namoradas dele pra ele, mas deixa quieto.

-Então, eu tenho que trancar o meu gato... –O Dan levantou, indo na direção do piano, mas parou. –Cadê o gato?

-Deixe o gato dormir em paz. –O pai do Daniel resmungou.

-Se a minha mãe reclamar, você que falou isso.

-Se a sua mãe reclamar, eu falo com ela. –O pai dele não pareceu notar a semelhança dos movimentos dos dois. Eu notei, o Dan também,  por que ele olhou para o chão envergonhado.

-Então a senhorita gosta de ler.

-Pai, deixa a Emy em paz. –O Dan resmungou enquanto a gente ia andando para a sala, onde a mãe dele estava sentada no sofá, mandando a Valentina sentar direito.

-Deixe a menina conversar, Daniel. –A mãe dele repreendeu, deixando Valentina confusa, por que aparentemente, ela estava no meio de uma frase de como a Valentina tinha que ser educada pra usar um vestido quando ela mudou o assunto completamente. Isso a minha mãe faz também. Pior mesmo é quando a minha mãe sem perceber, começa a falar italiano, mas bem, voltando ao assunto. Diana? Não, não é.... Qual o nome, meu Deus?!

-Eu adoro ler.

-Acredite, ela tem pilhas de livros. Que ela não arruma, mas...

-Como se você fosse muito organizado, né? –Valentina debochou. Daniel fez uma careta pra ela.

-Sou mais que a Emy. Ela consegue se perder dentro do próprio quarto.

-Eu não me perco dentro do meu quarto, vocês se perdem dentro do meu quarto. Eu sei onde está tudo. –Ele ia responder, quando a Valentina interrompeu.

-Então, a gente pode sentar pra comer, por que eu to com fome. –Depois da bronca que a Valentina tomou por que isso era “falta de educação” o Dan me puxou para uma sala de jantar. Os pais do Daniel eram tudo que os meus pais não eram. A mãe do Dan era um exemplo de etiqueta e ordem, o total contrário da minha mãe.

Por exemplo, na mesa tinham uns 30 talheres diferentes, que parecia aqueles filmes antigos e eu não sei pra que usar tanto talher! Ai senhor.

-Então Emy, -O pai do Dan falou, ignorando o olhar repreensivo do Dan. – o que você está lendo?

-O tijolo. –Dan resmungou.

-Eu to lendo Os Miseráveis. E para Daniel, é um ótimo livro. –Eu recebi alguns olhares surpresos.

-Ah é, ótimo. –Ele murmurou, enquanto puxava a cadeira dele pra mais perto da minha. –Ótimo pra matar alguém, pra isso ele é ótimo. Já viu o tamanho daquilo? Se você bater com aquilo na cabeça de alguém, mata!

-Não é por que o livro é grande que quer dizer que ele é ruim.

-Mas dá preguiça de ler.

-Não é minha culpa que você é preguiçoso. –Dei ombros, e ele riu.

-Olha quem fala.

-Eu não tenho preguiça pra ler.

-Não, pra ler não, só pra todo o resto.

-Vocês dois são duas crianças grandes. –Valentina resmungou. –A Emy nem tão grande assim.

-Ei!

-Ela começou. –Daniel apontou pra mim fazendo bico, que nem uma criança.

-Eu?!

-Você!

-Eles!- A Valentina falou. Nós dois que viramos pra olhar pra ela, com cara de perdidos.

Ai, eu senti alguma coisa se esfregar pela minha perna.

-Ai!! –Eu dei um gritinho agudo. Todos viraram pra olhar pra mim e eu escondi o rosto na mão, que estava... bem, vocês sabem a maldita da cor do meu rosto.

-Que foi? –O Dan perguntou, no momento que o Sombra pulou no meu colo e se instalou lá.

-Seu gato quase me matou do coração agora. –Eu murmurei, com a voz abafada, e o Daniel achou graça, como sempre, por que ele ama rir dos sustos que eu tomo, ou das vergonhas que eu passo. Meu namorado adora ficar rindo da minha cara, olha que divertido. (Sintam o sarcasmo na palavra divertido.).

-Daniel, eu não falei pra você trancar essa coisa no seu quarto? –A mãe do Daniel reclamou.  

-Meu pai falou que não precisava. –Ele apontou para o pai, acusatoriamente.

-Mas eu mandei você trancar.

-Denise, deixa o gato! –Denise!!! Isso mesmo! Tá, ok, deixa quieto.

-Elias, o gato não é pra ficar deitado no colo de alguém enquanto as pessoas estão comendo. –E eles começaram a discutir sobre o fato de que se devia trancar o gato ou não.

-Então meninas... –O Dan falou, com o rosto um pouco vermelho. Não precisa ficar com vergonha, Dan, meus pais fazem a mesma coisa. –Alguém quer suco de maça?

-Eu quero! –A Valentina falou.

-Eu aceito também. –O Dan serviu suco pra gente.

-Emily, o gato está de incomodando? – O pai do Dan perguntou, e todo mundo olhou pra mim de novo. Droga!

-Hum... Não. –Eu não tinha muita certeza do que responder, então... é, não.

-Vocês podem por favor parar? –O Daniel perguntou, parecendo envergonhado. A mãe dele levantou o queixo e olhou pra qualquer lugar que não fosse para o pai dele.

Ai tinha a comida. E só tinha um problema nessa parte. Era peixe, e eu não como peixe. Eu como quase tudo nesse planeta, mas eu não como frutos do mar. A única vez que eu comi, eu passei mal e achei que era uma das piores coisas que eu tinha colocado na boca. Eu tinha seis anos, e depois daquela, nunca mais.

Ah, tinha mais um problema. Tinham VÁRIOS talheres na mesa, e eu não sabia qual deles usar! O Dan riu da minha cara de perdida e me apontou o talher que eu tinha que pegar.

Tá, eu vou tentar não ser mal educada e comer a comida.

Eu cortei um pedaço, e levei a boca. Ai eu me arrependi amargamente do momento que eu decidi fazer isso. É, continua sendo a pior coisa que eu já comi na vida, não mudou muito de dez anos pra cá. Eu tentei meu máximo fazer uma cara neutra, e engolir o negócio sem fazer careta.

-Então Emily, você pratica algum esporte?–A mãe do Dan perguntou. Eu me senti aliviada de ter uma desculpa pra momentaneamente não ter que comer. Não se fala de boca cheia.

-Não, eu não sou muito fã de esportes. Eu saio pra correr de vez em quando, mas só isso.

-Nenhuma dança, nenhum jogo? Natação? –Ela sugeriu. Eu tremi no lugar só de pensar em entrar na água. Ou era disso que eu estava tremendo, ou o que eu comi não estava me fazendo bem, e olha que eu só comi um pedaço.

-O Daniel era da equipe de natação. –O pai dele falou, pensativo, fazendo o Dan fazer uma careta. -Ele era um dos melhores, não entendo por que saiu.

-Por que eu não tinha mais tempo pra nadar, pai. –Ele falou, um pouco irritado. Se o pai dele percebeu o tom, ele ignorou.

-E a sua matéria favorita? –Ele perguntou. Eu parei pra pensar, tentando formular as palavras pra não falar besteira, nem nenhum palavrão.

-Eu gosto muito de história.

-História é uma matéria tão decoreba. –A mãe do Dan resmungou. –Exemplo de matéria de humanas.

-Tem alguma área favorita na história? –O pai dele perguntou, ignorando o comentário.

-Eu gosto da segunda guerra, e da revolução russa.

-Eu prefiro sociologia. –o Dan resmungou. –E física. Física é legal.

-Física é matemática com formulas. –A Valentina resmungou. –Eu não gosto.

-Você gosta de alguma coisa? –O Dan retrucou.

-Eu gosto de filosofia.

-Maluca desse jeito, tinha que ser. –Eu peguei o copo de suco, segurando o riso. A minha mão tava tremendo e eu estava começando a suar frio. Isso não é legal. Ai eu consegui fazer mais merda ainda. Eu considero essa a pior da noite, viu.

Eu derramei suco em cima de mim. Legal Emily, parabéns, você conseguiu.  

-Droga. –Eu murmurei. O gato tinha pulado do meu colo, mas não tinha escapado por completo do banho de suco. Eu estava tentando limpar a minha saia com um guardanapo. Minha saia nova tão bonitinha.

-Eu te mostro onde é o banheiro, Emy. –O Dan ofereceu, levantando. Eu levantei, indo atrás dele, morrendo de vergonha.

-Eu não to me sentindo muito bem. –Murmurei, com o estomago rodando. Realmente, nunca mais como peixe na vida.

-Quer que eu te leve pra casa? –Ele perguntou, segurando a minha mão e apertando de leve.

-Seus pais não vão ficar ofendidos, ou alguma coisa, se eu sair agora?

-Eu invento algo.

Alguns minutos depois, eu e o Dan estávamos andando a caminho da minha casa. Ele tinha dito para os pais que o meu irmão tinha ligado e que tinha acontecido uma emergência e que eu precisava ir pra casa.

-Fui péssima hoje. –Resmunguei.  

-Não foi tão mal assim. –Dan falou, passando o braço por cima do meu ombro.

-Eu derrubei suco em mim, Daniel. Foi mal assim.

-O meu pai parece ter te adorado. –Ele comentou. –Só você mesmo pra fazer meu pai gostar de você, viu? –Ele murmurou, me beijando de leve quando chegamos na minha casa. O Vince estava assistindo alguma coisa com a Nat.

-Chegaram cedo. Desastre total? –Ele perguntou, pausando o filme.

-Olha pra mim e diga você mesmo. –Resmunguei.

-A saia nova. –Nat choramingou.

-A Emy tá exagerando. –Daniel murmurou.

-Mozi, você tá pálida. Cê tá bem?

-Ai, eu to passando mal. –Sentei no sofá.

-Você comeu alguma coisa.

-Só um pedaço de peixe, acho que me fez mal. –Resmunguei, me recostando no Dan.

-Emy, meu amor, tem um motivo pra você nunca ter comido comida japonesa, cê sabe, né? –O Vince falou.

-Tem é? Achei que era só que a mamãe detestava.

-Cacete, é muito lerda mesmo. –Vince sacudiu a cabeça. –Você é alérgica a frutos do mar, gênio.

-Ia morrer sem saber dessa. –Resmunguei.

-Se soubesse, eu tinha falado com a minha mãe. –Dan comentou, me beijando no rosto. –Desculpa.

-Não foi sua culpa. –Murmurei, deitando a cabeça no ombro dele. –Seu celular tá apitando.

-Falando na ferra... –Ele suspirou. –Tenho que voltar.

-Poxa. –Fiz bico, recebendo um beijo. Eu já descobri que se eu fizer manha eu ganho beijo. É um bom plano. –Com todo o respeito, eu não vou levantar não, tá?

-Boa noite Emy. –Ele riu, me dando um ultimo beijinho.

-Boa noite Dan. –Ele deu tchauzinho antes de sair pela porta.

-Põe essa saia pra lavar antes que manche, que eu ainda quero pegar ela emprestada.

-Minha cintura não é exatamente compatível com a sua, Natacha. –Falei, enquanto me arrastava pro meu quarto.

-Eu ainda quero usar! –ela gritou.

-Boa noite irmãzinha. Tente não morrer enquanto dorme. -Vince falou.

-Tá, boa noite. Vou tentar. –E me tranquei no meu quarto, trocando pro meu pijama e me jogando na cama.

É, talvez tenha sido um desastre, mas não foi um desastre total. Acho que eu posso viver com isso. 


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Notas finais do capítulo

E ai? Muito ruim? O que acharam?
O próximo cap tem a ver com o aniversário da Emy e patinação no gelo.
Eu tava com um monte de ideias pra escrever, coisas tipo segunda temporada e uma fic meio que spin off dessa (Já mencionei que essa fic é meu xodó?) Mas isso deixa pra outra hora.
Espero que tenham gostado
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