Capítulo 20 – Jantar de Boas-Vindas

Aquele era “o” dia. A primeira vez ela iria conhecer todos os seus professores e futuros colegas no jantar.

Teresa olhava-se ao espelho, alisando a parte da frente do vestido que Klaus lhe tinha dado no seu aniversário. As joias eram vermelhas e ficavam-lhe lindamente, assim como o cabelo apanhado num coque de lado.

Bateram à porta do seu quarto e ela falou:

-Podes abrir!

Klaus entrou e Teresa saiu da casa de banho, pegando na sua mala que estava em cima da cama.

-Estás linda. Como sempre.

Teresa corou e olhou para o chão. Ele também estava impecável com um smoking que o tornava ainda mais elegante.

-Obrigada. Vamos?

-Claro – disse ele e entrelaçaram os braços.

Saíram do apartamento e Klaus guiou até Cambridge. Teresa estava para além de nervosa. Ela nunca tinha estado num evento social tão importante e queria as suas amigas ali.

-Vais estar numa mesa com outros alunos, enquanto que eu estarei na mesa dos professores – Klaus explicou quando entraram no campus com o carro. – E haverá fotógrafos, mas não te preocupes com eles que estarão lá para relatar o evento só para a escola.

-E se houver alguma coisa que eu não perceba? – ela perguntou, nervosa. – Eu percebo-te claramente, mas haverá tanto barulho e eu posso confundir as palavras ou esquecer-me do vocabulário ou…

-Relaxa. Ninguém te vai fazer um inquérito. – Klaus interrompeu-a. – Só sorri.

Klaus parou o carro á entrada de uma grande porta e entregou as chaves a um arrumador de carros. Depois abriu a porta do lado de Teresa e os dois caminharam até á entrada de braço dado.

A pequena caminhada até às portas tinha uma passadeira vermelha e alguns fotógrafos para registar a entrada deles. Klaus e Teresa sorriram para as máquinas enquanto continuavam. Quando entraram, havia uma enorme escadaria, também com o tapete vermelho.

-Não me deixes cair com estes saltos, por favor – Teresa murmurou, agarrando o braço de Klaus com mais força.

-Nunca – ele prometeu e aquilo teve mais intensidade do que ele queria. Um arrepio subiu pela espinha de Teresa, e não era do frio, de certeza.

Entraram num salão enorme, todo em tons de dourado. Havia mesas redondas e por cima de um estrado, mais mesas redondas. As mesas dos professores, ela pensou.

Klaus beijou-lhe as costas da mão e falou:

-Naquele placard estão os nomes de cada aluno e em que mesa se devem sentar. Se me permites, agora tenho que ir ter com o corpo docente. Encontramo-nos aqui às duas?

-Sim, pode ser.

Ele sorriu e quebrou o contacto físico com ela.

-Porta-te bem.

Ele avançou por entre a multidão e Teresa viu-se sozinha. Olhou para o placard e viu um mapa do salão enorme. As mesas estavam numeradas com números e Teresa procurou o seu nome e o número da mesa, rondou pelo salão à procura da mesa certa. Foi um pouco difícil naquela multidão de pessoas a cumprimentarem-se e a rirem-se, mas quando a encontrou, havia duas pessoas lá sentados: um rapaz com uns incríveis olhos azuis e cabelos encaracolados negros, e uma rapariga de cabelo loiro e também olhos azuis. Teresa sentou-se ao lado da loira.

-Boa noite – disse ela.

-Olá – a loira sorriu.

-Olá – o lindo gato de olhos azuis falou para ela. – Chamo-me Wren.

-Teresa –respondeu ela, não conseguindo evitar e sorrindo para ele. Céus, ele tinha um sorriso tão lindo! Fazia covinhas e os seus olhos iluminavam-se.

-Rebekah – a loira falou. – Deixa-me adivinhar: primeira vez na festa.

Teresa acenou.

-Primeiro ano.

-Eu também – Rebekah concordou. – Mas tenho amigos que já estudaram cá.

-Ah, então são duas novatas! – Wren exclamou. – Qual é o vosso curso?

-Línguas Modernas e Medievais – Teresa respondeu. – E vocês?

-História – Rebekah respondeu.

-Medicina - as duas arregalaram os olhos. – Não é assim tão difícil!

-É vocação – Teresa falou. – Eu jamais conseguiria ir para Medicina. Abrir corpos ao meio e fazer aquelas cirurgias todas… Credo, já estou arrepiada!

Wren e Rebekah riram e Teresa acompanhou-os. Ela estava a começar a descontrair-se. Então, apareceu uma rapariga pequenina, muito bem arranjada com o cabelo preso no alto e alguns fios encaracolados a emoldurarem as suas maçãs do rosto bastante salientes.

-Olá – ela falou.

-Olá – disseram os três em conjunto e ela sentou-se, ajeitando o vestido para não ficar amachucado.

-Sou a Melissa – ela sorriu para todos eles.

-Sou a Teresa – apresentou-se logo a nossa heroína.

-Rebekah.

-Wren.

Eram apenas eles os quatro na mesa e o jantar iria começar. Os quatro começaram a conversar sobre os seus cursos e o que esperavam fazer depois da Faculdade. E depois do jantar houve um espetáculo que os alunos do segundo ano de Música fizeram. Era música clássica misturada com contemporânea, que resultou numa perfeita combinação.

Depois do concerto que durou uma hora, eles trocaram os números de telemóvel entre eles e despediram-se. Ali estariam os amigos que iriam durar três anos, se tudo desse bem, para Teresa. Ela foi para a entrada e ficou à espera de Klaus. Via todos a irem-se embora, felizes e entusiasmados para o dia seguinte.

Dia seguinte. Teresa tremeu de nervosismo. O dia seguinte seria o seu primeiro dia de aulas. Felizmente que ela teria apenas uma aula, que ia das dez ao meio dia, ou então iria para a aula como um zombi.

-Estás pronta? – Klaus indagou, aparecendo atrás dela.

-Sim – Teresa respondeu e os dois começaram a descer a enorme escadaria. Quando saíram do edifício, a porta do carro dele já estava aberta para Teresa entrar. O arrumador de carros entregou as chaves a Klaus e ele assim que ele entrou, começou logo a guiar.

-Divertiste-te? –indagou ele, quebrando o silêncio entre eles.

-Sim – respondeu Teresa, mas não prolongou a conversa.

-Vi que ficaste numa mesa muito animada.

-A dos atletas era a mais divertida – ela contrapôs. A mesa dos atletas tinha consistido numa mesa de quatro alunos da equipa de basquetebol da escola, que não tinham parado de gargalhar e falar alto um só segundo.

-Era a mais ruidosa. Afasta-te deles, não quero problemas com eles.

-Oh, não te preocupes com isso. Eu nem pretendia aproximar-me um metro deles.

Teresa tinha uma altura média: 1,57m. Pronto, não era muito alta, mas os jogadores de basquetebol tinham quase dois metros! Dois metros! E isso assustava tremendamente Teresa, já sem falar que para além da altura, eles também tinham muito músculo, ou seja, muita força.

-Vi que há uma boa equipa de natação. Estava a pensar em inscrever-me para as provas. O que achas?

-Acho ótimo. Desde que não interfira com os teus estudos.

Tinham chegado à garagem, e os dois saíram. Subiram o elevador, entraram em casa e a primeira coisa que Teresa fez foi tirar os saltos agulha de seis centímetros.

-Argh, eles mataram-me a noite toda! Amanhã ando de ténis! – ela exclamou enquanto de equilibrava numa parede para tirar o outro sapato.

Klaus riu, mas não comentou nada.

-A que horas tens a tua primeira aula?

-Ás dez. E tu?

-Amanhã só tenho aulas da parte da tarde. Mas vão levar a tarde toda.

-Oh, então não nos encontramos – ela ficou triste e pegou na ponta do vestido para não tropeçar enquanto andava.

-Claro que sim! Eu levo-te amanhã.

-Klaus, não é…

-Para tua proteção. Queres que te raptem?

Ela revirou os olhos e abriu a porta do quarto.

-Como quiseres. Até amanhã.

-Até amanhã – disse ele e também entrou no quarto dele.

Teresa tirou o vestido, mudou para o seu pijama que consistia numas calças de fato de treino e numa T-shirt azul clara e deitou-se na cama, apagando logo.

©AnaTheresaC